SAN PEDRO DE ATACAMA - 2º dia
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Gêiser del Tatio ao amanhecer |
Antes de relatar as aventuras do dia, que começaram MUITO CEDO para os Abutres, pois seguiram até os Gêiseres del Tatio às 4h, gostaríamos de dividir com os amigos a situação insólita vivida:
O Garça teve problemas com a embreagem na Bolívia, em pleno Parque Nacional Eduardo Avaroa, há 4 dias e a 4500m de altitude. Acabei rodando mais de 300 km sem embreagem trocando as marchas "no ponto" do motor e inexplicavelmente, não mais do que de repente, ela voltou a funcionar lentamente em San Pedro... ou o santo é realmente forte ou o Garça não gosta de altitudes!!!!
Felizmente, com esse problema resolvido, as peripécias familiares e "voltinhas" por aí se tornam mais tranquilas e relaxantes!
Pois bem... então vamos ao que interessa: Gêiseres del Tatio!!!
Às 4 da manhã a Edu e o Luiz tomaram o Diamox e foram para a frente da pousada aguardar o transporte da empresa Altiplano (conseguiram um preço muito bom por pessoa: P$15000).
Cerca de 4h20min foram apanhados por uma Sprinter e, depois de pegar mais alguns turistas, pararam no hotel La Ruca para buscar um grupo de seis brasileiros... Depois de um bom tempo de espera sem que ninguém aparecesse, passaram na delegacia para fazer um B.O. (maneira da empresa se precaver de futuras reclamações).
Nesse momento o motorista Carlos recebeu uma ligação do hotel Don Raul onde o grupo estava aguardando... a empresa havia feito uma confusão com os nomes dos hotéis.
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Edu, Billy e Luiz - encontro inusitado! |
Chegando ao Hotel Don Raul subiram os 6 homens e um deles se sentou no banco da frente, entre o Carlos e o Juan (guia).
O Luiz, curioso e perguntador como é, puxou papo com o rapaz (Júnior) e acabaram descobrindo que eles estavam viajando de moto e eram de Guarapuava, com exceção de um deles, que era de Curitiba e cujo nome era Billy. O Luiz pulou:
- Billy Bizineli? Billy, seu via... te amo!!!
Todos começaram a rir. Foi uma incrível coincidência encontrarem o grande amigo Billy nesse local, pois em San Pedro há inúmeras operadoras de turismo que organizam o passeio até os Gêiseres!
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Que romântico: casal ao amanhecer! |
Após algumas orientações básicas do Juan sobre os campos geotérmicos, foi sugerido que todos descansassem, pois o caminho era longo (cerca de duas horas). Às 7h da manhã chegaram à portaria do parque, pagando uma taxa de P$ 5000 por pessoa. Estava claro, mas o sol ainda não havia aparecido por detrás das montanhas. Quando isso aconteceu, foi um espetáculo deslumbrante! Foi lindo ver a luz dos sol refeletidas nas fumarolas.
O campo geotérmico del Tatio é enorme e estes são considerados os gêiseres mais altos do mundo. O Sol de Mañana (Bolívia) está numa altitude um pouco maior, mas não emite jatos d'água. Luiz e Edu passearam por entre as fumarolas e jatos d'água por cerca de uma hora, recebendo explicações de seu guia, Juan, carinhosamente chamado de Bin Laden pelos brasileiros.
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Luiz e Edu no amanhacer, nos Gêiseres |
Grupo reunido, dirigiram-se até as termas del Tatio para tomarem o café da manhã e um banho. Desistiram do banho, pois a troca de roupa teria de ser feita enrolados na toalha, já que o local não tem banheiros e nem cabines para isso. O Luiz apenas molhou os pés.
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Luiz mostrando a água borbulhando |
Curtiram o local mais um pouco e, seguindo pelo altiplano chileno, puderam observar o Vulcão Putana (único ativo na região) soltando fumarolas. Muitas vicunhas, algumas espécies de aves e um tipo de lebre também puderam ser vistos.
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Vulcão Putana |
Pararam num pequeno vilarejo, Machuca, que está sendo repovoado com incentivo do Governo, uma vez que estava praticamente abandonado. Lá puderam visitar a igreja e passear por entre bancas onde são vendidas plantas medicinais e lanches, como anticuchos e empanadas. Depois de descer todo o altiplano, chegaram a San Pedro, onde encontraram o restante do grupo ViagemFamília, não sem antes se despedirem do Billy e de seu grupo de motoqueiros.
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Povoado de Machuca |
Enquanto isso, os Garças: Mari, Marcos, Doug e Nati e o Pedro Abutre dormiam relaxadamente em San Pedro...
Acordamos às 8h e nos dividimos em dois grupos: Doug e Pedro alugaram bikes (a P$1500 por duas horas e meia) e foram passear perto da Pucará de Quitor e Mari, Marcos e Nati seguiram até a Aldeia de Tulor, situada a uns 10 km de San Pedro.
Essa Aldeia remonta a um período precolombiano, de aproximadamente 3000 anos, em que os atacamenhos viviam nessa região, em comunidades pequenas, casas circulares e interligadas entre si.
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Reprodução de habitação da Aldeia |
Para alcançar essa aldeira, segue-se a mesma direção do Valle de la Luna, e a entrada é de P$ 5000 por adulto e P$ 3500 menores.
A nossa guia Carla inicialmente foi bastante reticente, porém, com um pouco de conversa mostrou-se conhecedora e crítica em relação a história de seus antepassados, explicando como foram feitas as escavações (apenas um dos seis sítios foi escavado) e o que se descobriu sobre essas aldeias.
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Ouvindo as explicações da Carla dentro da casa de adobe. |
O padre Gustave Le Paige, jesuíta belga, chegou a essa região nos idos de 1955 e era afixionado por arqueologia. Assim, devido a mudanças climáticas e ventos, descobriram-se as primeiras ruínas da antiga civilização e ele orientou as escavações, juntando un grande acervo (tecidos, utensílios, cerâmicas, metais preciosos etc, mais de 380000 peças), que hoje se encontra no Museu que leva seu nome.
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Vista do interior da casa |
As múmias encontradas inicialmente foram colocadas também no museu, mas por pressão da comunidade e questões religiosas, voltaram ao seu local de origem.
Há muitas histórias sobre maldições que acometeram as pessoas envolvidas nas escavações, por terem mexido com o local dos antepassados; inclusive diz-se que o padre Le Paige morreu louco, assombrado pelas almas das pessoas que foram retirados das tumbas.
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Observando o local onde está o sítio escavado |
A Carla ainda nos explicou sobre a festa do carnaval, que é diferente daquela que temos em nosso país. É uma festa que envolve a comunidade, em que um casal (de família tradicional) oferece comida a todos que quiserem participar (assim como na Festa do Divino, no Brasil) e começam as danças com a presença dos carnavais (dois homens, em que um se veste de mulher) e que fazem a festa indo de casa em casa e tomando um trago e brincando e dançando.
Esta festa acontece sempre 40 dias antes da Páscoa... e pela animação com que ela nos contou como é, ficamos com vontade de participar, pois é uma brincadeira familiar e divertida.
Terminada nossa visita ao Sítio Arqueológico, voltamos ao centro da cidade para visitarmos o cemitério de San Pedro, onde está enterrado o Padre Le Paige.
Para algumas pessoas da cidade, o padre foi uma pessoa muito importante por ter descoberto e revelado costumes dos primeiros moradores da região; já para outros, é considerado maldito por ter violado e profanado tumbas de seus antepassados.
Já havia dado a hora de nos encontrarmos com o Luiz e a Edu, então voltamos ao Hostal para juntarmos o grupo novamente e seguirmos apra a segunda etapa do dia: termas de Puritama, não sem antes lancharmos umas salchipapas (batatas fritas com salsicha). A demora no atendimento foi grande e a decepção com o tamanho e quantidade de salsichas também (UMA em cada prato)! Pior mesmo foi ficar tendo que ouvir um cidadão que se achava músico tocando e cantando horrivelmente e achando que estava bom. Não vou citar os adjetivos que usamos quando o cidadão passou na nossa mesa pedindo dinheiro pela "apresentação"! Mas... tudo bem!
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Acesso as piscinas de águas calientes - 37°C |
As Termas de Puritama ficam no caminho para os Gêiseres del Tatio - quebrada de Guatin, assim, o Luiz e a Edu refizeram uma parte do caminho de subida (3400m de altitude), 30 km de San Pedro, e ali pelas 16h chegamos ao local. O acesso da portaria até as piscinas é feito por uma estradinha muito íngrime e cheia de pedras e cascalho solto, fazendo com que seja transitável apenas por veículos com 4x4. Quem não o tem, deixa o carro no estacionamento e percorre mais ou menos 1 km a pé sob sol e muito pó, dividindo a estrada com os veículos.
As piscinas são gostosas e a temperatura da água, uma delícia!!! O contraponto com o vento externo faz com que se fique submerso o tempo todo! Muitos mergulhos e brincadeiras depois, saímos já às 17h30min, hora de fechada em que um fiscal avisa a todos para "se retirarem"de forma gentil e educada!
São oito piscinas no total e há estrutura para troca de roupa e banheiros. Há, também, uma pequena loja em que se pode comprar algum artesanato ou badulaque.
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Formação rochosa interessante nas Termas |
Voltamos pra casa felizes e relaxados... resolvemos de comum acordo fazermos o jantar no hostal, visto que os preços praticados pelos restaurantes e o serviço apresentado não estavam nos agradando. Assim, fomos ao mercado e compramos macarrão, molhos, tomates, cebola e alface, cervejas, refris e sucos e atacamos a cozinha.
Nosso jantar foi soberbo: frango assado (comprado ao lado do Hostal, a P$6500), macarronada com creme de champignon e molho de tomate, salada de tomate com cebola e alface, regados a cervas geladas, suco e refris.
UMA DELÍCIA!!! Para fechar a noite, sorvete artesanal da sorveteria Babalu (a única da cidade e que também faz câmbio de $)) uma taça de vinho para cada adulto (compramos uma embalagem tetra pack de vinho chileno e ganhamos 4 copos lindos para tomá-lo com estilo!)
Essa viagem ficou na História!!! Os geisers são loucos heim!!! Abração.
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