Viagem Família______________________________________

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terça-feira, 1 de outubro de 2019

EUA 4 - Meio Oeste: desbravando as montanhas e planícies norte-americanas

Glacier National Park, Montana
Quando deixamos o estado canadense de Alberta para trás e entramos no estado americano de Montana, no começo de setembro, já tínhamos como primeiro objetivo conhecer o Glacier National Park.

ADUANA AMERICANA 
Os trâmites na aduana americana em Roosville foram rápidos e como os nossos 6 meses de permanência (visto) não seriam suficientes para chegarmos na Costa Leste dos EUA (nossa permanência inicial expirava em 11/11) com tranquilidade para embarcar nosso carro para a Europa, solicitamos extensão de visto e ganhamos mais 6 meses (até março/2020), apenas pagando novamente a taxa de entrada, de U$ 6 por pessoa. 
Cabe aqui uma curiosidade que o oficial aduaneiro nos explicou: pode ser solicitado um visto mais extenso do que os 6 meses usuais nos EUA. Para isso deve ser feita a solicitação quando for feita a primeira entrada, justificando o porquê de se necessitar mais de 6 meses para conhecer ou ficar no país. Esta extensão pode ser solicitada para um período de até dois anos, conforme legislação vigente no país. Nós havíamos feito essa solicitação em Laredo (Texas), quando entramos nos EUA em maio/2019, porém os oficiais aduaneiros acharam melhor não dar mais tempo ali, nos orientando de que poderíamos efetuar esse pedido em qualquer outra aduana com o Canadá. E foi o que fizemos! Tranquilo e rápido !

MONTANA: Glacier National Park (Lake MacDonald, Fish Creek, Avalanche Creek, The Loop, Logan Pass), Yellowstone National Park (Old Faithful, Yellowstone Lake, South Rim do Canyon, Upper Falls), Big Fork, Seeley Lake, Three Forks 



A primeira cidade americana por onde passamos foi Whitefish, muito linda e organizada, onde fomos ao Centro de Informação Turística para pegar mapas, informações sobre os parques nacionais do estado (Glacier e Yellowstone) e outras curiosidades.  
Entramos no Glacier National Park pela entrada Oeste (West Glacier) e descobrimos que muitos locais (restaurantes, informação turística, etc) estão fechados, pois "acabou" a temporada no último dia 02/setembro: Labor's Day! Até o serviço de shuttle diminuiu a quantidade de ônibus/motoristas disponíveis... um absurdo, visto que há centenas de pessoas aproveitando o bom tempo para passear!!!

Primeira fila de shuttle

Segunda fila de shuttle... afff!!!
Paciência... tivemos de esperar 40 minutos pelo bus e depois descobrimos que cabiam apenas 20 pessoas nele! Este shuttle só ia Avalanche Creek, com começo da subida das montanhas. De lá, precisamos esperar mais 45 min até uma van menor (apenas 14 lugares) vir nos apanhar para seguirmos o passeio! Resultado: com todo o delay de tempo, acabamos optando por fazer o passeio no Logan Pass, não indo até as St. Mary Falls, pois não haveria bus para retornarmos (o último horário de transporte pequeno de retorno era 17 h). 

Subindo a Going-to-the-Sun Road, com a Tonya (nossa motorista na subida e descida)!




Só pra explicar: esse trajeto feito pelas vans na Going-to-the-sun Road é de subida forte nas montanhas e pode até ser feito por veículo próprio, porém o Garça está muito pesado e a subida poderia comprometer algo, além de o Marcos não poder curtir o passeio se tivéssemos optado por irmos sozinhos, visto que a estrada é sinuosa e bastante perigosa. Locais para estacionar também são poucos, portanto esses fatores devem ser levados em consideração quando se vai fazer um passeio dirigindo veículo próprio dentro dos parques nacionais. Percebemos que os carros que estavam estacionados irregularmente receberam "ticket"(multa)! O uso do shuttle é mais adequado dentro dos parques, sem dúvida!




Hiden Lake




Outro tipo de transporte coletivo, porém pago!! U$15 por pessoa
No Logan Pass há local para lanche, restaurante, banheiros e a trilha para Hiden Lake, que tínhamos 1,5 h para fazer. Aproveitamos bem o tempo disponível para caminhar e curtir o visual, lindíssimo! De quebra ainda vimos o animal símbolo do parque, o Mountain Goat (cabra montês), bem de pertinho!! 

Mountain Goat (cabra montês)



No retorno ao ponto de ônibus aproveitamos para ir ao banheiro, dar uma olhada no centro de informação turística do local e tivemos de esperar a próxima van, pois éramos os 16º na fila... rsrsrsrs

Camping na National Forest

Com nossos vizinhos Alexia, Jordan e o cãozinho Oggi
Deixamos o parque e buscamos um local para pernoitarmos free, na área de National Forest que fica do outro lado do rio. Pelo IOverlander (aplicativo usado pelos viajantes) o local escolhido já tinha um RV parado e o casalzinho (Alexia, Jordan e o cão Oggi) muito bacana nos recebeu, dizendo que dia anterior tiveram a visita de um urso pardo na região. Oba!!! Infelizmente não tivemos a mesma sorte!


Na manhã seguinte voltamos ao Glacier (com o Annual Pass) e fomos até o Avalanche Creek, onde queríamos fazer a trilha até o Avalanche Lake. Depois de quase 15 minutos rodando sem sucesso para achar vaga nos estacionamentos, desistimos e retornamos até o McDonald River, contornando o rio de mesmo nome em meio às árvores. Vimos as McDonald Falls e aproveitamos para molhar os pés na água geladinha.




Os primeiros nativos chegaram ao local há mais de 10 mil anos. Os Blackfeet viviam nas encostas orientais, os Salish (Flathead), Kootenay, Shoshone e Cheyenne também  frequentavam a área, por ter caça e pesca abundantes. Das 150 geleiras que existiam no parque no século XIX durante o final da Pequena Era Glacial, apenas 25 permaneciam ativas até 2010. Existe uma previsão pessimista alertando que com o atual aquecimento, provavelmente até 2030 essas geleiras desaparecerão!!

McDonald Falls
Lake McDonald



Deixamos o parque e seguimos em direção a Bigfork, numa área de National Forest. Foi difícil encontrar local de free camping, pois há muitos condomínios fechados entre os lagos (área do Swan Lake), mas observei uma entradinha despretensiosa e fui a pé verificar se era possível acamparmos no meio do mato. O local era incrível, tinha uma pequena represa construída há muitos anos e restos de uma construção. Chamei o Marcos e nos instalamos onde deveria ter sido a sala da casa!!! Aproveitamos para tomar banho de laguinho e fazer nossa refeição enquanto ainda havia luz natural.


Amanheceu chovendo... o clima tem estado bastante instável, característica comum em mudança de estação, afinal, é setembro e no Hemisfério Norte logo começará o outono!! Neste dia seguimos em direção ao Yellowstone Park, porém paramos no caminho, em Three Forks, onde fomos surpreendidos pelo vento com chuva, que acabou levando nosso jantar embora, literalmente! A panela onde estava sendo cozido o arroz voou e o toldo lateral do carro só não saiu voando porque ficamos o segurando por quase 2 horas, até quando o vento diminuiu. Encharcados e com frio e fome, tiramos a roupa ali mesmo onde estávamos (estacionamento de um posto de combustível/cassino), jogamos tudo em cima dos tapetes do carro (pois estava tudo molhado) e entramos na barraca só com roupas de baixo... nosso jantar se resumiu a: 1 maçã, 2 bananas, salgadinhos Stiksy e Jim Bean Bourbon!!! Demos muita risada depois!!!

Nosso "jantar", depois do vento e chuva levarem nossa refeição embora!
Como precisávamos fazer compras e usar uma boa internet para enviar fotos, no dia seguinte seguimos até a cidade grande de Bozeman. A cidade de quase 40 mil habitantes é bem estruturada e a 4ª maior de Montana, tendo sido fundada em meados do séc XIX, pelos pioneiros. Além de possuir uma Biblioteca Pública invejável, contando com diversos computadores à disposição da comunidade com excelente conexão e espaço para exposição, entre outros, a cidade também conta com o Museu Americano do Computador, onde há uma réplica da Máquina de Anticítera (computador analógico e planetário mais antigo que se tem notícia, criado no séc I a.C., na Grécia Romana).

Biblioteca Pública de Bozeman, Montana



Com tudo resolvido, fomos até a área de National Forest, nos arredores de Yellowstone National Park, onde buscamos uma área sem sinalização de Day Use Only. Achamos um cantinho pra acampar e aproveitamos para abrir tudo (barraca, toldo, cobertor, travesseiros, colchão, roupas, etc) para secar, pois o sol resolveu aparecer!!

Secando tudo depois de dias pegando chuva

Ninho próximo de nosso acampamento



Entrada pelo West Yellowstone
O Yellowstone National Park é o mais antigo parque nacional criado no mundo,  tendo sido inaugurado em 1872, cobrindo uma área de quase 9000 km². Ele fica bem nas divisas dos estados do Wyoming (maior parte), Idaho e Montana, e conta com gêiseres, fontes termais e vida selvagem abundante.






Pontas de flecha feitas em obsidiana encontradas na região denunciam a presença humana aqui há 11 mil anos. Os nativos norte-americanos utilizavam a  área para caçar e usavam as peles dos animais para fazer vestimentas que os protegessem dos invernos gelados!



Quem nunca assistiu os desenhos animados onde o Parque Jellystone era retratado, com o Zé Colmeia (Yogi Bear) e o Catatau (Boo-Boo) ficavam sempre em embate com o Seu Gualda (Ranger Smith), por quererem roubar as cestas de picnic dos visitantes!!! Pois é, antigamente os rangers alimentavam os ursos negros que viviam no parque, atraindo turistas e animais, que "roubavam" literalmente a comida! Hoje existem muitas regras e restrições sobre alimentar animais ou deixar comida abandonada em mesas de picnic... Durante as horas em que ficamos percorrendo a estrada parque, tivemos a oportunidade de ver alguns ursos negros, um grizzly, antílopes, bisões (búfalos) entre outros animais.





Chegamos ao Old Faithful, o gêiser mais famoso do mundo e que tem hora marcada para espirrar (a cada 90 min) faltando uns 20 min para a próxima erupção! Assim, aproveitamos o tempo para ler e conhecer mais sobre a atividade geotermal do parque, a composição das águas coloridas e aquecidas que são encontradas no parque e outras particularidades.

Old Faithful apenas com fumarolas, ao fundo




Um pouco antes do horário, nos dirigimos ao local onde o Old Faithful faz seu show.... havia centenas de pessoas por lá! Ele foi o primeiro gêiser a ser nomeado, em 1870, durante a Expedição Washburn.




Hoje ele estava com preguiça de espirrar "bem alto"! Acho que ficou nos 15 m!!
Ao deixarmos o Old Faithful, iniciou uma chuva fina que continuou nos perseguindo por algum tempo. Contornamos o Yellowstone Lake e nem paramos, pois a visibilidade estava muito ruim e a chuva continuava caindo. Fomos até o South Rim do Canyon do rio Yellowstone e, com guarda-chuva, fomos ver a Upper Falls.

Upper Falls, Canyon do Yellowstone River


Com o mau tempo e o entardecer se aproximando, os campgrouds cheios e caros (U$ 25 o pernoite, sem oferecer nada), nos encaminhamos à saída nordeste do parque.
Antílope ao longe, fugindo de ursos

Mommy bear and cubs
De repente fomos alcançados por uma caminhonete que deu sinal de luz e ficou insistindo. Pensamos: "deve ser alguém conhecido!" E era!! O casal Tony e Connie que havíamos conhecido em Kanab (Utah) e que nos levou de ATV para um passeio incrível pelas dunas nos viu no parque e fez questão de falar conosco e nos apresentar seus amigos (estavam em 3 casais)!!! Muito legal revê-los!!


Com os amigos de Utah, depois de meses nos reencontramos em Montana: Connie e Tony
Antes de deixarmos o parque ainda tivemos que esperar um bando de bisões atravessarem a pista... pelo IOverlander (aplicativo) encontramos uma área de camping bem legal e onde já havia alguns traillers e outros carros, já na National Forest.




Tomamos nosso café da manhã com o casal de australianos, John e Mimi (natural de Taiwan), nossos vizinhos de acampamento.

Com John e Mimi, australianos e nossos vizinhos de acampamento
WYOMING - Chief Joseph Scenic Hwy, Cody, Greybull, Museum of Flight and Aerial Firefighting, Shell Canyon, Sheridan, Buffalo, Gillette, Moorcroft

Pegamos a Chief Joseph Scenic Hwy... pensem numa estrada bonita!!! Serpenteando as montanhas, subimos até o Dead Indian Pass, de onde se tem uma vista privilegiada do local.

Chief Joseph Scenic Hwy, no Dead Indian Pass


Na chegada a Cody, cidade de Buffalo Bill, descobrimos que o valor da entrada no Museu Buffalo Bill e Velho Oeste estava meio salgado, U$ 19,75 por pessoa!!! Demos apenas um giro pelas lojas de souvenir e seguimos adiante. A cidade é bem bonitinha, mas meio cara!



Estátua em homenagem ao Buffallo Bill, em Cody


No nosso caminho encontramos um museu de aviões e acabamos conversando com o Bob, curador do local, pagando o ingresso de U$ 5 por pessoa e visitando o local. Há dezenas de aviões que foram usados em guerras pelo mundo e, como sobras de guerra, foram doados para a Defesa Civil (Guarda Nacional e Combate à Incêndios). Muitos dos aviões expostos foram comprados por particulares e estão em locais não acessíveis à visitação (do outro lado da pista de pouso).











Com Bob
Seguindo dicas do Bob, fomos até o Shell Canyon (região linda, que queremos voltar a explorar em outra ocasião), umas 20 milhas adiante, onde há o Big Horn National Forest, e encontramos um lugar bem tranquilo para acampar. Recebemos até a visita de um moose jovem e bem curioso, que ficou rondando nosso acampamento.

Route 14




Nosso vizinho de camping


Seguindo em direção leste, passamos pelas cidades de Sheridan e Buffallo, e antes de alcançarmos Gillette, paramos numa Rest Area onde vimos a van de um brasileiro. Tratava-se do casal Andrade: Marcelo e Ana Lúcia, naturais do Espírito Santo, que tinham acabado de voltar do Alaska. Batemos um bom papo e trocamos ideias de roteiro e atrações no trajeto. Por termos ritmos de viagem diferentes, acabamos nos despedindo e cada um seguiu seu caminho.

Sorvetinho com o casal Ana Lucia e Marcelo, Expedição Extremos das Américas
Na região de Moorcroft fica uma atração turística bem famosa: a Devils Tower National Monument, onde mesmo com o Annual Pass*, paga-se o ingresso de U$25 por veículo. Parece que não há estacionamento público na região e o valor cobrado refere-se ao estacionamento. Apesar da beleza do lugar, acabamos não o visitando pelo alto custo para parar.


SOUTH DAKOTA: Spearfish, Deadwood, Mt Rushmore, Black Hills, Badlands, Wall Drug, Keystone, Rapid City, Minuteman Missile National Historical Site, Chamberlain, Museu Sioux Akta Lakota, Rio Missouri, Mitchell, Salem

Após pegarmos dicas e materiais sobre South Dakota no Centro de Informação Turística de  Spearfish, seguimos até o lago da represa em Deadwood, onde conhecemos um casal muito simpático com quem trocamos ideias. Ele (Frederick, 85 anos) é veterano das guerras da Coreia e Vietnam, como comandante das Forças Especiais. Ela (Jurline, 79 anos) mulher de muita fibra! Passaram por muitas coisas juntos e continuam curtindo a vida dentro de suas possibilidades e condições físicas!

Lago da represa, em Deadwood


Com Jurline e Fredderick, exemplos a serem seguidos!
Keystone foi nossa próxima parada, debaixo de muita chuva!!! Extremamente turística, possui uma população de pouco mais de 500 pessoas que vivem de reviver e mostrar como era a cidade, fundada em 1883,  local de mineração! Essa cidade charmosa do Velho Oeste fica a umas 5 milhas do Mount Rushmore  (onde estão representados os ex-presidentes: George Washington, Thomas Jefferson,  Theodore Roosevelt, e Abraham Lincoln).








Ao chegarmos ao Mount Rushmore, acabamos não entrando no parque, cujo custo do estacionamento era de U$ 10. Com o mau tempo e a péssima visibilidade, só paramos na beira da estrada e tiramos foto do morro... não foi nenhuma perfeição, mas valeu a pena!


O monumento aos ex-presidentes é uma das atrações turísticas mais famosas dos EUA. A obra demorou 14 anos para ser concluída.  Os gigantescos rostos de 15 a 21 m de altura, esculpidos pelo artista Gutzon Borglum, foram construídos com martelos e marretas, a 150 m de altura, na região das Black Hills entre os anos de 1927 e 1941. O trabalho foi finalizado pelo seu filho, pois Borglum morreu antes de finalizar o rosto de Abraham Lincoln.


Tínhamos a intenção de conhecer Rapid City, a cidade dos presidentes, mas o mau tempo "murchou" a ideia!!!
Seguimos em direção leste, tentando fugir do mau tempo, sem sucesso.

Aproveitando a Rest Area para fazer nosso corte de cabelos!
Wall Drug é uma cidadezinha, também do Velho Oeste, que vive do turismo. Fomos até lá curiosos, visto que na autoestrada (highway) havia dezenas de outdoors fazendo propaganda da cidade. Assim, antes da próxima chuva, paramos no lugarejo e curtimos as lojinhas e os ambientes temáticos que há no espaço.








Nessas lojas encontramos o doce de Hucklberry... descobrimos que realmente existe a fruta (uma amora silvestre)!!! O problema é que os produtos são bastante caros!!! Um pirulito pequeno custa U$1!!

Percorrendo a Overlook Rd, dentro do parque

Fomos até o Badlands National Park e depois de apresentarmos o Annual Pass (ele foi escaneado e tivemos de apresentar o ID), uma área de 980 km² possui formações geológicas formadas há milhares de anos escavadas pela erosão, formando pináculos e agulhas.




A chuva nos alcançou novamente
O nome "badlands" (terras ruins) se deve ao fato de ser extremamente desértico, mas isso não foi impedimento para que os nativos Lakota, Sioux,... terem vivido aqui por milhares de anos. O nível de decomposição das rochas é bastante rápido, 1 polegada por ano, pois sua composição é de areia e barro.



A atividade agrícola na região acabou com o cão da pradaria (marmota) e hoje ele está sendo reintroduzido no parque, juntamente com outras espécies de animais (raposas, lebres). Na década de 1930 houve um período prolongado de estiagem, o que acabou afastando os indígenas e outros fazendeiros que usavam as terras para plantio (esses fazendeiros foram alocados aqui depois que o governo expulsou os nativos, colocando-os em áreas de reserva).



Dizer que o local é incrível é pouco!!! Badlands foi uma dica preciosa que recebemos dos amigos Kim e Doug James, quando os encontramos no litoral do Oregon, há alguns meses!!! Interessante observar que muitos americanos desprezam essa região dos EUA, dizendo que aqui (no centro) não há nada!!! Pois nos encantamos com o que conhecemos, a história rica e a beleza dos lugares, não tão conhecidos e nem tão turísticos aos olhos do mundo!


Na I90 fomos até o Minuteman Missile National Historical Site, que conta a história da Guerra Fria. Nessa região dos EUA há ainda hoje, dezenas de silos com mísseis balísticos, prontos para serem usados! o LGM-30 Minuteman é um projeto de míssil balístico intercontinental, feito a partir de 1960, e que com o advento da computação se tornou mais preciso, pois aumentou a chance de atingir alvos a grandes distâncias, compensando a gravidade com a inclinação certa!




Conhecemos o funcionário/ranger Jim Boengch, que quando serviu no exército trabalhou nas instalações do projeto, sendo um dos homens "do botão"! Ele nos convidou a irmos até o Delta 9 - Missil Site, distante 15 milhas dali, e lá tivemos a oportunidade de ver um míssil de perto, além de ter uma aula sobre funcionamento, instalação, manutenção,... O único problema foi o vento, no estilo "patagônico" que além de ser gelado, ainda tinha uma intensidade bastante forte.

Delta 9 - Missil

Com o Jim Boengch, o "homem do botão"

Recebendo as instruções


O clima continua nos castigando... Muita chuva e vento nos acompanhando no nosso caminho ao leste dos EUA!!! Passamos por uma pequena localidade, chamada de 1880 Town, cidade cenográfica utilizada para as filmagens do filme "Dance with Wolves" (Dança com Lobos). A visitação encerra às 17h e passamos por lá ás 16h45min!! Não foi desta vez que visitamos o lugar (e a chuva continuava inclemente).

Ponte sobre o rio Missouri, em Chamberlain
No dia seguinte aproveitamos o sol que apareceu para conhecer o Akta Lakota Museum, em Chamberlain. Na cidade ainda fomos visitar o Memorial aos Veteranos e o Rio Missouri.




A história do povo Siux (Lakota Dakota e Nakota) é muito triste!! Eles viviam nessa região por centenas de anos, e quando o Gen. Custer descobriu ouro nas Black Hills (que era local sagrado para os nativos), eles foram expulsos e mortos!



Muito interessante conhecer seu modo de vida, costumes, hábitos, tradições,... Há uma cronologia exposta, juntamente com peças de vestuário, utensílios, artesanato e outras curiosidades desta nação.



Finalmente descobrimos o porquê de tanta chuva e vento dos últimos dias: o furacão Dorian assolou o leste dos EUA e nós pegamos o efeito colateral dele, no Midlle East (meio este)! Em função disso, quando chegamos à região de Mitchell, mais especificamente em Salem, as pistas estavam interrompidas, impedindo nossa passagem (e a de todos os outros viajantes), pois uma barragem em Alexandria havia estourado, alagando toda a região. Havia mais de 150 rodovias e pequenas vias interrompidas.




Acabamos ficando na fazenda do Gary e da Karen, que permitiram nossa parada ali, visto que não havia saída por aqui.

Vacas no meio da água, que continuava subindo, mesmo depois da chuva ter dado uma trégua

Segundo nossos anfitriões, havia mais de 60 anos que não se via uma ocorrência como esta!

Com nossos anjos, Karen e Gary, fazendeiros que nos deram abrigo em Salem

Fazendeiros da região reunidos discutindo como solucionar o problema da enchente
No dia seguinte tivemos de retornar mais de 60 km até Mitchell e de lá, subir pela 37N até Huron e a leste pela 14 até Brookings. Foi uma voltinha de uns 300 km no total, mas valeu a pena, pois passamos por cidades bonitas e locais bem interessantes.


Represa em Mitchell: transbordou em função da grande quantidade de chuva que atingiu a região

Castelo do Milho, em Mitchell

MINNESOTA: Lake Benton,  Minneapolis

Alcançamos o Lake Benton, já em Minnesota, onde pernoitamos na área de estacionamento do parque.






Nosso objetivo, hoje, era chegar a Eau Claire, já em Wisconsin, onde iríamos encontrar o casal que conhecemos no Alaska, mais precisamente em Anchorage, no Earthquake State Park, Kathy e Dennis.
Eles ficaram muito felizes quando entramos em contato e nos mandaram a localização e endereço. Assim, passamos ao lado da cidade de Minneápolis (Minnesota) e do estádio do Vikings (time de futebol americano que nossa filha curte).

WISCONSIN: Eau Claire


Eau Claire significa "águas limpas"! O nome foi dado pelos franceses que aportaram aqui e perceberam que a água era límpida, motivo de orgulho de seus habitantes até hoje



Com o casal Kathy e Dennis, no parque da cidade de Eau Claire

Rio Eau Claire
Festejamos o aniversário do Marcos em grande estilo, com direito a churrasco, bolo feito pela Kathy, e a presença de uma amiga do casal, Konnie, que se juntou a nós. Foi bem legal reencontrá-los após dois meses!! Aproveitamos para passear e conhecer o parque  da cidade, fazendo uma pequena trilha por lá!
Festejando o níver do Marcos com direito a churrasco

Atravessamos ILLINOIS, o quinto estado americano mais povoado, rapidamente. Contornamos a região que leva à capital, Chicago, onde há pedágio e seguimos em frente. Nosso objetivo era alcançar o estado de Michigan.

Sempre em direção leste, perdendo horas no fuso, percorremos muitos quilômetros, dormindo em Rest Areas e postos de combustível, conhecemos muitas pessoas e trocamos muitas ideias, aprendendo bastante e pegando dicas e informações importantes para nosso livro, que fala sobre a água!


Com a mãe e filha, Path e Janet, que já estiveram no Brasil: sugestão para conhecermos Flint - "Apartheid da água"


Com Brian, especialista em águas. Muito conhecimento e troca de ideias!!!
MICHIGAN: Ann Arbor, University of Michigan, Flint, Vienna, Atlanta, Lakes HOMES (Huron, Ontario, Michigan, Erie, Superior) 

Marcos queria conhecer a Universidade de Michigan, em Ann Arbor, pois formou-se por ela nos idos de 1980, quando estudou no InterAmericano, em Curitiba, e naquela época havia o intercâmbio entre os institutos!




Trouxemos, inclusive, seu diploma e quando chegamos a Ann Arbor, nos deparamos com uma cidade universitária enorme! Fomos até o centro de informação turística e lá um rapaz nos orientou onde (em qual prédio) estava localizado o English Language Institute.
Recebidos pelo Reitor Angelo, tivemos uma agradável conversa na qual ele nos contou que era a primeira vez que um ex-aluno estrangeiro voltava para visitar a Universidade, ainda mais depois de mais de 30 anos. Ficou bem feliz com nossa visita e nos deu um Kit com camisetas e outras lembranças da University of  Michigan. Mais um sonho realizado nessa viagem!

Go, blues!!

Com o diretor do Instituto de Línguas, Angelo Pitillo



O campus da Universidade é lindíssimo!! O clima respira estudo e tranquilidade. Vimos dezenas de estudantes sentados à sombra das árvores, estudando, lendo, com seus notebooks,....



Construções vitorianas marcam a arquitetura do local
Fomos visitar o Museu de Arte da Universidade e depois de umas 3 horas perambulando por ali, seguimos viagem! 



No nosso próximo dia visitamos Flint e o que todos diziam se confirmou: o cuidado com o meio ambiente nesta cidade é pequeno. O rio que corta a cidade está poluído e a população, em sua maioria de afrodescendentes, vive de maneira mais simples. O nível de criminalidade na cidade é maior que em outras cidades dos arredores!
Rio Flint
O que aconteceu em Flint no ano 2014 se reflete até hoje e foi um reflexo de falta de políticas públicas que persistiam desde que a indústria automobilística fechou muitas unidades, inclusive a de Detroit... para economizar  e diminuir as dívidas da cidade, a distribuição de água para a população passou do lago Huron e rio Detroit para os rio Flint, que corta a cidade, porém cujas águas são muito poluídas e pesadas. A tubulação antiga da cidade e a água altamente corrosiva do rio provocaram o lançamento de altas quantidades de chumbo na água consumida pela população. Em pouco tempo problemas de saúde começaram a  acometer a comunidade e o quadro tornou-se caótico: câncer, anemia, problemas neurológicos tornaram a cidade uma zona de contágio. O presidente Obama declarou estado de emergência!!! Os cientistas alegaram que o rio Flint poderia ser classificado de "lixo tóxico", pela quantidade de chumbo em suas águas!


Deixamos a cidade tristes com a realidade que encontramos! Na Rest Area onde pernoitamos conhecemos um casal muito bacana, Phil e Ronda, que nos convenceram a conhecer os grandes lagos e de quebra, passar na casa deles, a alguns km dali. No dia seguinte, fomos até Vienna e dali, seguindo o Phil, chegamos a Atlanta (nada a ver com a outra Atlanta, na Georgia).

Jantar com direito a barbecue típico americano, com hamburguer assado, milho cozido e pão!

Primeira vez que comemos marshmallows assados (com chocolate e biscoito) no pit fire
Foram dois dias muito bacanas (fim de semana) que passamos com esse casal e aproveitamos para conhecer o Lago Huron, um dos Grandes Lagos.

Com Phil e Ronda, passeando pelo Lake Huron



Com uma profundidade média de 59 m (e  máxima de 222 m) os lagos estão interligados e
 formam uma imensa hidrovia 
Ronda nos deu a dica para não esquecermos dos nomes dos grandes lagos: HOMES (Huron, Ontario, Michigan, Erie e Superior). A quantidade de água nessa região de divisa com o Canadá é imensa!! Trata-se do maior grupo de lagos de água doce do mundo, formando 244 mil km² de área (quase o estado de SP todo).


Marina em Rogers City, Michigan State

A 150 milhas de distância está o Canadá
De quebra, ainda fomos visitar um local (campo de golfe) onde existe criação de elks (veados grandes). Muito lindos os animais!!




Deixamos os Estados Unidos contornando o Lake Huron, passando por Alpenas, Rogers City, Cheboygan e finalmente Mackinaw City, cuja ponte lindíssima passa por cima do rio Saint Mary's, que une os lagos Superior e Huron (o Lake Superior é um pouco mais alto que o Huron).

Gansos canadenses pastando antes de iniciarem sua viagem ao sul

Mackinac Bridge, no estado de Michigan (USA)

Ferrys que unem a cidade de Mackinaw à ilha Mackinac, onde não há tráfego de carros, sendo só permitido bicicletas, cavalos ou caminhadas a pé

Museu em Mackinaw City, onde há um farol

Rio Saint Mary's, que une o Lake Superior (do lado esquerdo) ao Lake Huron (do lado direito)
Essa ponte maravilhosa possui 2626 m de comprimento, sendo conhecida como "a ponte mais longa do mundo entre as fixações de suspensão"! Construída entre os anos de 1954 e 1957, substituindo o sistema de balsas que operava na região. Aqui se paga pedágio para atravessar a ponte: U$ 4!

Mackinac Bridge ou Big Mac, é uma ponte pênsil construída sobre o estreito de Mackinac 
Em nosso trajeto de Montana até Michigan, que durou 20 dias, nos surpreendemos com paisagens lindíssimas, gente trabalhadora e simples, que "veste a camisa" e faz sua parte para ter um país melhor. Diferentemente do que muitos pensam, a região possui muitos atrativos desconhecidos da maior parte dos turistas, porém que fazem a visita à área valer a pena. Fizemos bons amigos pelo caminho e se tivermos a oportunidade de voltar, com certeza não faltarão atrações para serem revistas e outras conhecidas! 
Nossa última etapa nos EUA ficará para a próxima postagem - Costa Leste, e será também a última da viagem e do Projeto Acqua Mundi. Este projeto iniciou em dezembro de 2018 (e janeiro/2019), quando fomos a Ushuaia (Argentina), no extremo sul do continente americano, e continuou em janeiro de 2019, quando pegamos novamente a estrada e alcançamos o Alaska, extremo norte do continente americano (em julho/agosto de 2019)!