Viagem Família______________________________________

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domingo, 26 de julho de 2015

Jundiaí (SP) a São Thomé das Letras (MG)

Dia 24 de julho de 2015
Saindo de Jundiaí (SP) e indo até São Thomé das Letras (MG)
Vista das montanhas de quartzito e a cidade de São Thomé
Após um bom bate papo e café da manhã com os primos, seguimos via Rod. D. Pedro até a Rod. Fernão Dias para entrarmos em Três Corações -  cidade onde nasceu o Rei Pelé.
Recepção sempre calorosa dos primos Zé e Adriana!
Só passamos pela cidade, pois nosso destino para hoje é conhecer São Thomé das Letras, cidade famosa pelo exoterismo e misticismo envolvendo desde lendas antigas a aparições de ETs e discos voadores, passando por seitas de contemplação e também pela extração da pedra São Tomé - utilizada na construção civil como revestimento de paredes e pisos de piscinas, por exemplo.
Chegando a São Thomé das Letras-MG.
Ainda na estrada podia se ver enormes manchas brancas no meio do morro! As montanhas são compostas pela pedra, que é um quartzito, muito utilizada nas áreas externas por não reter o calor e nem a água, sendo anti-derrapante.

Ruazinha típica de São Thomé
É importante saber distinguir o quartzito de São Tomé dos arenitos. Quartzito é uma rocha metamórfica, composta essencialmente por quartzo: arenito metamorfizado em que o cimento silicoso se recristalizou. Já os arenitos são rochas compostas predominantemente de grãos de areia consolidados por um cimento natural. Os arenitos soltam grãos de areia com muita facilidade. (http://www.romanopedras.com.br/pedra-sao-tome-curiosidade.php)
Entrada da gruta onde foi encontrada a estátua de São Thomé
No meio da montanha e das manchas brancas está a cidade, a aproximadamente 1400 msnm, Todas as ruas de São Thomé são calçadas com a pedra, o que torna o piso bastante irregular e a velocidade de tráfego automotor próximo de 20 km/h (carro rebaixado aqui não tem vez!) As ruas são estreitas, muitas em mão única! Há centenas de opções de acomodação - com os preços variando desde R$ 25,00 até R$ 60,00 por pessoa-, desde hotéis e pousadas, até hospedarias e quartos para  aluguel, portanto, deixar de visitar esta cidade alegando falta de hospedagem ou preço abusivo é "balela"! Também existem diversos campings e espaços onde estacionar motor homes, inclusive em terrenos particulares, visto que os moradores são muito gentis e cedem estes espaços em troca de poucos reais.  Restaurantes e lanchonetes também há aos montes... para aqueles que gostam de comida mineira, há opções boas e com preços justos! 

Igreja Matriz de São Thomé das Letras
Chegando à cidade, fomos logo buscar acomodação e como era sexta-feira, ficamos preocupados em não encontrar hospedagem mais ao final da tarde, o que não se confirmou. A crise atingiu a todos e havia hospedagem em todos os hotéis e pousadas que pesquisamos! Dessa forma optamos pela  Pousada Sol e Lua (www.pousadasoleluasaothome.com), cujo valor era de R$ 50,00 por pessoa, com garagem e wi-fi, sem café da manhã! Seguimos até o centro para descobrir os encantos da cidadezinha, de pouco mais de 6 mil habitantes. 

Igreja de Pedra
A lenda conta que no séc XVIII, um escravo fugido de João Francisco Junqueira encontrou um homem de vestes brancas (São Tomé) dentro de uma gruta, que lhe ofereceu uma carta escrita em ouro para entregar ao seu sinhozinho. Apresentando a carta ao seu antigo dono, o escravo teve sua alforria decretada e voltando à gruta encontraram uma estátua, que foi colocada dentro da igreja construída (1785) para este fim. O topônimo "das Letras" se deve ao fato da carta ter sido escrita em letras belíssimas, dizem que desenhadas a ouro e das inscrições rupestres encontradas numa das paredes da gruta. 
Fragmento da Inscrição Rupestre já deteriorada pela ação do tempo
Historicamente, quem habitava a região até meados do séc XVIII eram os índios cataguás, porém eles foram expulsos pelos bandeirantes. Durante o século seguinte a cidade era utilizada como cidade-dormitório. Apenas no séc. XX  passou a ser explorada a extração da pedra São Tomé, que é até hoje a principal fonte de renda do município. A estátua do santo foi roubada da Igreja Matriz em 1991. Dizem que o ladrão era o padre da congregação!!! 
A centro da cidade foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais em 1996.
Nos fundos da Igreja Matriz

Observando as inscrições de pessoas enterradas ao lado da Igreja Matriz
Ao lado da Igreja Matriz está o cemitério da cidade. A peculiaridade deste local é que ele foi construído de forma elevada com terra trazida de outros locais, pois o solo local é composto de quartzito arenítico com grande concentração de sílica. Isto impede a natural decomposição da matéria orgânica. A este formato é dado a nomenclatura de Cemitério Aéreo.
Cercando a praça central, Praça Barão de Alfenas, são encontrados muitos restaurantes, casas de turismo que oferecem guias e pacotes de passeios, bem como lojinhas de artesanato e roupas típicas da região. Por se tratar de uma cidade exotérica, há inúmeras opções de batas e vestidos indianos, com padrões muito lindos, além de calçados e bolsas de couro e artesanato em pedra! 
Fomos até o Centro de Informação Turística do município e não havia mapa da cidade, apenas um folder com a história e algumas informações sobre a região. Assim, pegamos um mapinha numa loja de turismo e artesanato e seguimos até a Igreja de Pedra. Deixamos o carro na garagem e seguimos até o Parque Municipal Antônio Rosa onde fica a famosa Casa da Pirâmide e Morro da Cruz, onde assistimos o pôr-de-sol, acontecimento diário acompanhado por centenas de visitantes e moradores! 
Casa da Pirâmide
Meditando e vendo o vale
Momento mágico de São Thomé das Letras


Retornamos à pousada para pegarmos um agasalho e seguimos até o centro da cidade para jantarmos! Após visitarmos inúmeros restaurantes, optamos pelo O Alquimista, com comida mineira! Um prato de feijão tropeiro com acompanhamentos para duas pessoas (que serve BEM três pessoas) ficou por R$ 66,00. O Camilo, nosso garçom, foi quem nos contou as histórias da cidade, pois foi guia por 4 anos e estas foram confirmadas pelo Paulo, proprietário da loja de artesanatos Arte Brasil localizada a uma quadra da praça central.

Depois do jantar, ainda formos passear pelo centro e ver/comprar souvenirs. Durante a noite, fomos acordados algumas vezes pelos turistas que gostam da boemia e muitos também acordaram bem cedo, de madrugada (aí pelas 5h30min) e corajosamente foram assistir ao nascer do sol na Casa da Pirâmide!

DICA PARA QUEM QUER CONHECER SÃO THOMÉ DAS LETRAS: Na região há inúmeras opções de cachoeiras, grutas, comunidades alternativas de meditação, alimentação natural entre outras variadas opções para serem visitadas, portanto reserve pelo menos 2/3 dias para ficar em São Thomé e aproveitar o que a natureza tem a oferecer! Os passeios ficam distantes 20/30 km do centro da cidade, portanto necessitam de tempo para fazê-los. Recomendável a utilização de veículos altos e com tração 4x4 nos passeios fora da cidade. Se não tiver, opte por contratar passeios guiados na praça da Matriz onde ficam a disposição guias e seus veículos já preparados para enfrentar as estradas ruins da região.
Traga roupa de banho, protetor solar e muita descontração pois a cidade é bem descolada e atende todas as tribos e modos de vida! Divirta-se!


sexta-feira, 24 de julho de 2015

Parque Carlos Botelho e Jundiaí (SP)


Dia 23 de julho de 2015
São Miguel Arcanjo a Jundiaí (SP)


Acordamos pelas 8 da manhã e tentamos atualizar o blog, porém a internet estava vai-não-vai! Desta forma, fomos tomar o café da manhã e aproveitamos para conhecer e conversar com o proprietário da pousada, Claudinei, que também é romeiro. Ele nos contou algumas particularidades sobre a romaria e sobre a cidade de São Miguel.
Saímos da pousada e seguimos rumo ao Parque Carlos Botelho, agora no Núcleo São Miguel. 



O Parque Carlos Botelho (pe.carlosbotelho@fflorestal.sp.gov.br) ocupa uma área de 37644,36 ha de Mata Atlântica, abrangendo os municípios de São Miguel Arcanjo, Capão Bonito, Tapiraí e Sete Barras e foi criado em 1982. O ingresso ao parque custa R$ 6,00 por pessoa, porém estudantes e professores da rede pública não pagam! Em seu interior há cachoeiras e belos rios, além de rica diversidade de animais e plantas. O Parque abriga a maior população do muriqui - mono carvoeiro - o maior primata das Américas, sendo assim, ele é um importante refúgio de vida selvagem, fazendo parte de um corredor contínuo ecológico formado pelos Parques Estaduais Intervales, PETAR, Carlos Botelho e Estação Ecológica Xitué. Pelo seu grande valor ecológico, recebeu o título de Sítio do Patrimônio Mundial da Humanidade, pela UNESCO, em 1998. A trilha das Bromélias é adaptada para deficientes físicos e apresenta caráter recreativo e educativo, podendo ser percorrida em alguns minutos (10 min, aproximadamente).
 
Tucano anão

Mari e Andressa, nossa guia pela trilha do Parque

Após uns 25 km, chegamos à entrada do Parque - também interditada - e o segurança nos indicou a entrada da sede. Lá fomos atendidos pela Andressa, estagiária de Engenharia Florestal, que gentilmente nos acompanhou na Trilha dos Fornos e Represa. As trilhas são tranquilas e seguras, sendo bem demarcadas, mas apesar disso são feitas com a monitoria de um guia do próprio parque. 
No trajeto pudemos observar inúmeras espécies de árvores, plantas em geral e arbustos, sendo que diversos deles são acompanhados de uma plaqueta com informações sobre o espécime.
A região anteriormente devastada pela ação dos madeireiros e carvoeiros está bem recuperada e conta com rios e cursos d'água límpida que aproveitamos para matar a nossa sede.
Também se avistam pássaros diversos, e com sorte pode se avistar mamíferos como roedores e macacos. Nossa sugestão é para melhor sorte de avistamento, percorrer as trilhas bem cedo pela manhã e em bastante silêncio.
Essa região é o berço natural do Mono Carvoeiro ou Muriqui (Brachyteles arachnoides), mas não tivemos a sorte de avistar nenhum pelo adiantado da hora. 
Rios de água límpida e pura

Matando a sede com a água pura do rio.
Forno nº 1, o mais preservado
Cipó todo retorcido

Mono Carvoeiro ou Muriqui.
Conversamos bastante com a guia Andressa  e descobrimos que essa região fora uma propriedade particular cuja atividade econômica era produção de carvão! Ou seja, toda a área havia sido desmatada e foi feito o replantio e reflorestamento da mesma. Há poucos espécimes de mata primária, sendo a maioria composta por mata secundária. Caminhamos por cerca de uma hora e chegamos aos fornos, onde era produzido o carvão. O primeiro está bastante preservado, porém os demais (são 5, no total) estão bastante danificados pela ação do tempo e da natureza, que tem ocupado os espaços. 
Represa

Jacutinga

Trilha das bromélias
Observamos passarinhos, algumas pegadas (inclusive de anta) e diversos espécimes de árvores. Muitas fotos depois, chegamos à represa que fornecia energia elétrica para o parque e que hoje está desativada. Retornamos à sede e lanchamos os sushis que havíamos comprado no dia anterior, acompanhados das batatas que sobraram do jantar. 
Pegadas de anta encontradas numa trilha.

Almoçando sushis adquiridos no dia anterior.
Depois, retornamos à cidade para tentar encontrar um imã de geladeira para a nossa coleção. Acabamos comprando um vinho branco de uva Itália, pois não havia nem um simples ímã de geladeira para comprar!!! Seguimos então até Jundiaí, distante uns 190 km, onde nos hospedamos na casa do casal maravilhoso de primos, Adriana e do José Roberto. 
Muita conversa antes e depois da pizza, fomos nos recolher, repensando e readequando nosso roteiro para os próximos dias. 
Boa noite!


quinta-feira, 23 de julho de 2015

Parque Estadual Carlos Botelho

Saindo de Curitiba (PR) e chegando em São Miguel Arcanjo (SP)
Dia 22 de julho de 2015

Todos os anos aproveitamos as pequenas férias de julho pra dar uma voltinha por aí e nesse ano não está sendo diferente! Como o sul do país está sendo acometido por fortes chuvas, decidimos subir à região Sudeste, explorando um pouco o interior de SP, dando uma passadinha em Minas e retornando via Rio de Janeiro.
Entrada do Parque, junto com Moisés e Ademar
Neste primeiro dia de viagem seguimos até Registro, na região do Vale da Ribeira e de lá, pela SP 139, passamos por Sete Barras e seguimos até o Núcleo da sede do Parque Estadual Carlos Botelho (pe.carlosbotelho@fflorestal.sp.gov.br). Próximo à cidade de Sete Barras havia uma placa indicando que o trecho que iríamos percorrer por dentro do parque estava interditado, mas mesmo assim resolvemos seguir em frente, visto que a pista estava boa e tranquila, com pouquíssimo movimento. Na verdade, o movimento que havia nas laterais da pista era de romeiros que se deslocam a pé e a cavalo entre as cidades de São Miguel Arcanjo e Iguape, distante uns 180 km, pois dia 06 de agosto é a festa do padroeiro Senhor Bom Jesus do Iguape!

Ponte pênsil que leva ao primeiro local de banho
A uns 20 km de distância de Sete Barras fica a entrada do Parque - Núcleo Sete Barras. Lá fomos recepcionados pelo segurança Moisés que confirmou que por conta das obras na pista o trecho que une as cidades de Sete Barras e São Miguel Arcanjo por dentro do parque está interditado!
Isso nos chateou, pois ao invés de percorrermos apenas 44 km por dentro do parque e mais 22 km até a cidade, teremos de retornar 20 km e dali seguir até Juquiá, subindo a serra de Paranapiacaba (que vai até Sorocaba), perfazendo mais de 170 km!!!!
Primeiro ponto de banho

Segundo ponto de banho
Como "o que não tem remédio, remediado está", fomos ter com o Ademar que é o responsável pelo Parque nesse Núcleo. Ele nos orientou sobre a trilha da Figueira, que é auto guiada, fácil e de aproximadamente 3 km. Nesta trilha há também piscinas naturais e observação de avifauna. Os locais para banho são fantásticos! Não resisti e experimentei a temperatura da água me surpreendendo, pois mesmo sendo inverno e se tratar de rio de serra, suas águas estavam frias, mas não geladas!




Ficus Enormis (Figueira Branca)
Andamos por pouco mais de 1 hora e chegamos à figueira milenar, simplesmente maravilhosa!!! Seu diâmetro inferior é de aproximadamente 5 m e o troco tem uns 2 m de diâmetro a 4 metros de altura. A copa se eleva à 50 metros de altura! Um show da natureza!
Início da trilha para Cachoeira do Ribeirão Branco
Depois de muitas fotos, retornamos rapidamente (20 min), sem paradas! Como já eram quase 14h30min, lanchamos rapidamente na sede, onde há espaço coberto onde se pode lanchar e descansar. Neste barracão são atendidos os romeiros que passam por ali.
Espaço utilizado como apoio para os romeiros e visitantes do Parque
Conversando com o Ademar, ele nos orientou sobre os outros passeios que saem deste ponto: para conhecer a Cachoeira do Ribeirão Branco (parte-se da figueira) deve-se agendar previamente, pois a trilha é monitorada e tem custo de R$ 20,00 por pessoa. Há também a Cachoeira do Travessão que fica dentro do parque, mas cujo acesso é feito por propriedade particular. Está havendo algum impasse com os proprietários da fazenda e esse passeio está suspenso temporariamente.


Dicas:
  • ligar para o Parque para saber sobre o clima e as condições da estrada para não ser surpreendido é uma boa pedida. Fone: (013)38726138 - Ademar
  • Não esquecer repelente, bloqueador solar e roupa de banho, visto que o rio com suas piscinas naturais não imperdíveis. 
  • Máquina fotográfica, calçado adequado para trilhas e lanchinho são boas pedidas para  acompanhar seu dia de aventuras. 


Banana com flor
 No caminho de "contorno" do Parque, via Juquiá, passamos por uma colônia japonesa - que possui um acervo de mais de 3000 exemplares de livros no idioma japonês, já no município de São Miguel Arcanjo. A fonte de renda da região é fundamentada no plantio da uva Itália, frutas e reflorestamento de eucalipto.
Portal da colônia japonesa, com cerejeiras em flor

Monumento em comemoração ao centenário da imigração japonesa
Chegamos à cidade pelas 17h30min e buscamos hospedagem. No primeiro hotel - Skina - não havia quarto, pois dois micro-ônibus de romeiros tinham acabado de chegar. Assim, fomos até a Pousada Villa da Mata onde fomos atendidos pelo Wilmar. Nosso pernoite foi acertado a R$ 125,00 e o restaurante ficava a apenas 2 quadras de distância.

São Miguel Arcanjo foi fundada em 01º de abril de 1889 e recebeu este nome em virtude de uma capela construída nestas terras em sua homenagem, por Dona Maximina Nogueira Terra, em terras doadas pela sua irmã Tereza Augusta Nogueira, filhas de Tte. Urias que para lá se mudou em busca de ouro. Atualmente possui pouco menos de 40 mil habitantes.

Jantamos bife à parmegiana, acompanhado de cerveja artesanal Burgman da região (Sorocaba) e batata frita. Acabamos pedindo uns sushis califórnia para o almoço de amanhã.
Boa noite!