Viagem Família______________________________________

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domingo, 1 de novembro de 2020

Retornando à bela Itália! Parte 3

Vista panorâmica de Assis

Nosso planejamento de viagem pela Europa foi modificado dezenas de vezes, principalmente por conta da pandemia e medidas restritivas impostas pelos países. Assim, tivemos de ir nos adequando e preparando roteiros a curto/médio prazo. 

Com Mathias e Astrid, no salão do navio

Adeus, Albânia!!! 

Descansando, após um dia intenso e travessia de 8 horas

A intenção de "subir" a Croácia, entrando da Eslovênia e retornando à Itália, foi substituída por uma travessia de navio da Albânia, no porto de Vlorë, para Brindisi, no sul da Itália. Esta travessia durou 8 horas (saímos às 22h do porto albanês e chegamos em terras italianas às 6h) e ainda enfrentamos uma comprida e demorada fila de imigração - aproximadamente 1 h - para passarmos pela aduana etc e tal! É claro que isto aconteceu porque como fomos os primeiros a embarcar no navio fomos os últimos a sair!

Na fila da aduana, ainda no porto de Brindisi

O oficial aduaneiro nos orientou que não poderíamos ficar na Itália (por conta da tal segunda onda do Covid) e apenas cruzá-la diretamente ao nosso destino, que é a Alemanha, pois é onde estamos registrados e domiciliados aqui na Europa. Concordamos e apenas dissemos que iríamos parar para dormir e nos alimentar! Papelada resolvida, saímos do porto e o casal de austríacos com quem fizemos a travessia, Astrid e Mathias, (e que havíamos conhecido na Bulgária, alguns meses antes) nos esperavam lá fora! 

Café da manhã com os amigos, em Carovigno

Praia no Mar Adriático, desta vez, do lado italiano

Resolvemos buscar uma praia bacana para tomarmos café juntos. Seguimos primeiramente para um supermercado e de lá, direto para a praia, que encontramos alguns quilômetros a frente seguindo pela E55. O lugar era top e infelizmente não pudemos ficar por ali, pois estávamos sem água em nosso tanque. Na Albânia estava acontecendo uma espécie de racionamento e não conseguimos completar o tanque d'água. Assim, a primeira providência para podermos acampar em qualquer lugar que fosse era buscar água, o que também tivemos alguma dificuldade de encontrar por aqui. Só no terceiro (ou quarto) posto de combustíveis acabamos encontrando uma torneira e conseguimos abastecer. 

Fornos típicos encontrados na região de Bari. Crédito da foto: Mathias

Sempre em direção Norte, pela SS 16 - Autostrade Adriatica - encontramos um local protegido e tranquilo para pernoitarmos, já próximo de Manfredonia. 

Camping selvagem próximo de Manfredonia. Ao fundo, Promontório do Gargano

Nosso amigo Addo, brasileiro e cidadão italiano, que mora em Tuscania (próximo de Roma), havia feito aniversário e estava nos esperando... assim, acabamos seguindo ao norte meio direto, parando aqui e ali apenas para fotografar e descansar. Mesmo assim, com compromisso agendado, resolvemos dar uma volta no Promontório do Gargano, um Parque Nacional de frente para o Adriático, com beleza única. 

PARQUE NACIONAL DO GARGANO e VIESTE


O Parque Nacional do Gargano está localizado na província de Foggia, na região de Apulia, se estende por 1181,4 km² e foi instituído em 1991, sendo um dos mais extensos do país. O Gargano também é chamado de Speroni d'Italia (Esporão da Itália), pois se observar o mapa do país, o território do Gargano fica naquela parte saliente da "bota", parecendo com um esporão. 



O promontório montanhoso conta com muitas cavernas e formações rochosas bonitas, praias encantadoras, montanhas e a floresta umbra. A Floresta Umbra, assim chamada por conta das zonas sombreadas e vegetação densa, é um mosaico de espécies vegetais, a citar: castanheiras, ciprestes, carvalhos e pinheiros, formando uma floresta fechada e que ocupa uma área de 15 000 ha. É o habitat de muitas espécies e a estrada vai serpenteando pelo alto da montanha, no meio da floresta, com pontos de apoio e picnic em diversos lugares. Encontramos uma grande quantidade de turistas alemães, suíços e da Áustria com seus motorhomes, fugindo do inverno que se aproxima (e dando "uma banana" para as medidas restritivas impostas pelo governo local). 

Área de picnic no Parque, dentro da floresta Umbra

Não fizemos nenhum trekking por aqui (por conta de nosso compromisso com o amigo, ao norte), porém é um local com boa estrutura e muitas trilhas demarcadas... ficamos na vontade!!! 

Ruínas próximas de Vieste

Dali descemos a montanha até o extremo leste, em Vieste, uma antiga vila de pescadores e que hoje é um point turístico com aproximadamente 13 mil habitantes. Por ser fim de temporada (e também com as medidas restritivas impostas pelo governo) muitos hotéis e campings estavam fechados, mas andamos um pouco pela cidadezinha, linda, e acabamos nos rendendo a produtos coloniais locais: vinho (1,50 € o litro), pão (0,90 € o pedaço grande), azeite de oliva (7 € o litro) e camarão fresco (a 6 € o quilo). 


O tanque de combustível do Garça estava com menos de 1/4 e os preços oferecidos nos postos estava proibitivo (acima de 1,35 € o litro)! Assim, calculei a distância até a cidade localizada na Autoestrada e seguimos... como havia muitas subidas íngremes, a alimentação de combustível não saía mais do tanque para o motor! Affff! A quantidade de diesel não era suficiente para a bomba puxar e nas subidas, pela posição do carro, o pescador ficava seco... Problemas!! Conversamos com um morador local, que estava colhendo suas olivas, e ele nos orientou que havia um posto a menos de 4 km em tereno plano, com leve subida. Seguimos para lá, cruzando os dedos, na esperança de chegarmos com sucesso! O preço era exorbitante - 1,31 € o litro - porém não tínhamos outro remédio, então... completamos o tanque e seguimos viagem tranquilos! 

Passamos por Tremoli e continuamos pela Autostrade Adriatica - SS16 - até Petacciato Marina, onde encontramos um lugar top para pernoitarmos. Neste dia o jantar foi especial, com vinho artesanal e camarões ao bafo!!! 


Arco íris logo cedo

Nascer do sol e nossa despedida do Adriático

A paisagem de outono já está dominando a região e deixamos o Adriático para trás, seguindo sempre por estradas secundárias, cortando pelos Montes Apeninos de Pescara em direção a Terni - pela Via Tiburtina/Valeria - e de lá, para Viterbo e finalmente Tuscania, onde já estávamos "em casa"! Este caminho escolhido, apesar de ser mais longo, é mais bonito e econômico. Na Itália as autoestradas são pedagiadas e os preços por trecho são caríssimos, conforme já havíamos relatado anteriormente, em nossos textos anteriores: 

Estradas por cima dos Montes Apeninos


As cores do outono

https://www.viagemfamilia.com.br/2020/01/la-dolce-e-bella-italia-2-parte.html

https://www.viagemfamilia.com.br/2020/01/la-dolce-e-bella-italia-conhecendo-o.html

TUSCANIA, LÁCIO 

Vista da Chiesa de San Pietro, Tuscania

Retornar à Tuscania, na província de Viterbo, para visitar nosso amigo Addo e rever a cidade foi um prazer inexplicável!!! Aproveitamos para passear pela cidade, desta vez usando máscaras em todo lugar (regras restritivas da Itália) e respeitando a hora de recolher (das 22h às 6h)! 



Um dos portões da cidade murada

Tuscania, pertencente à província de Viterbo e à região do Lácio, é anterior à Roma!!! Muito famosa pelas tumbas etruscas (que ocuparam a região desde a Idade do Bronze) e possuindo arquitetura românica, é uma excelente pedida para os amantes de cidades medievais bem preservadas e tranquilas, sem apelo turístico! Em 285 a.C. os romanos dominaram esta região, incorporando-a ao seu Império. A famosa Via Clodia, que unia o litoral à Roma, passava por aqui e ainda pode ser vista parte da estrada original. 

Anoitecer com lua cheia: ruínas do antigo castelo, à esquerda e à direita, a linda Basilica de San Pietro (do ano 900)

Praça do Duomo com a Fontana di Poggio



Via Clodia, construída por volta de 225 a.C., que unia Tuscania à Roma

Aproveitamos para conhecer a Basilica Santa Maria Maggiore, que não tivemos a oportunidade de ver na outra vez em que aqui estivemos. A primeira igreja de Tuscania até o ano de 852, quando o título de Basílica passou para a igreja de San Pietro, foi sendo construída em etapas (séc. X e XI) até chegar ao formato de 3 naves que se observa hoje. Com arquitetura românica, é assimétrica e possui detalhes em sua fachada que a distinguem de outras igrejas da época: a Nossa Senhora do portal principal está sentada, com os pés pendentes, e o Filho no colo. 

Basilica di Santa Maria Maggiore

Detalhe: Santa Maria com os pés pendentes

Nave principal e os afrescos recuperados, após o terremoto dos anos 1970 que atingiram a cidade. Os mosaicos do chão não resistiram!

Nave lateral direita, com pia batismal

Nave lateral esquerda

Altar

A experiência fantástica vivida aqui foi participar e auxiliar na colheita de olivas de nosso amigo Giuliano e sua esposa, Mita. Passamos três dias trabalhando pesado e ouvindo e aprendendo sobre a cultura local. Mita sempre providenciava a "merenda" e aproveitávamos para colher caquis e comer uvas diretamente do pé, sempre acompanhados pelo lindo e carinhoso Rex.


Auxiliando na colheita da oliva, com Giuliano e Mita

Addo e Mita se atracando no laboro
 


No total, foram colhidas 20 caixas, totalizando 427 kg de olivas (o que dá aproximadamente uns 50 litros de azeite puro de oliva). Ainda aproveitamos para conhecer a Cooperativa onde o Giuliano e outros produtores locais trazem sua colheita para produção de azeite! 

Forma tradicional de preparação da azeitona: colocada na cinza e sal (a mistura é lavada e trocada diversas vezes, até a maturação do fruto)

Mita e Giuliano, com Rex e a colheita de olivas

A oliveira - Olea europaea L. - pode ser encontrada da costa da Síria e Israel até o norte do Iraque e Irã,  estendendo-se por todos os Bálcãs, Grécia e Itália, também no norte da África, Espanha e Portugal. Na América do Sul, a Argentina produz também azeitonas e azeites cujas espécies são endêmicas. Seu consumo é tão antigo quanto a existência do homem. Existem vestígios fossilizados de oliveiras que datam de 4000 a.C. A civilização Minoana (Idade do Bronze Grega), que viveu na ilha de Creta até 1500 a.C., desenvolveu-se com o comércio do azeite e aprendeu a cultivar e propagar a planta. O azeite era um dos principais produtos comercializados em tempos antigos e era transportado em ânforas nos navios. Além do seu consumo, que é super recomendado e saudável, também suas folhas têm propriedades medicinais (hipertensão, diabetes, arteriosclerose) e os ramos são levados para serem benzidos no Domingo de Ramos. 

Giuliano trazendo sua produção até a Cooperativa

1º passo: triagem para separação do fruto e das folhas

As oliveiras são árvores longevas, produzindo frutos a partir do 4º ou 5º ano até os 400-500 anos. Na propriedade de nossos amigos Giuliano e Mita, as oliveiras mais antigas têm uns 50 anos, sendo que o pai de Mita plantou o restante há 30 anos, aproximadamente, cultivando diferentes qualidades, produzindo, assim, um blend de azeite. 



Seu cultivo da oliva é bastante difundido em climas temperados mediterrâneos (bem ensolarados e com baixa umidade do ar), em qualquer tipo de solo (inclusive pobres e secos), desde que sejam bem drenados. As árvores, no entanto, são sensíveis ao frio intenso, não resistindo a temperaturas inferiores a 0 graus. Por isso, dificilmente encontram-se oliveiras acima dos Alpes. Na Alemanha até vimos algumas árvores, mas apenas a título de decoração e paisagismo de jardins, muitos em vasos (pois daí podem ser recolhidas no inverno).

Presentão de nosso amigo: um latão com azeite extra virgem que nós ajudamos a colher!!
Com Giuliano e Addo

Aqui em Tuscania também conhecemos um grupo de brasileiros que está fazendo sua cidadania italiana com o Addo, que tem uma empresa que realiza os trâmites: deem uma olhada em seu Canal 777 Europa, no YouTube (https://www.youtube.com/channel/UCaYvfqMpRTJqRL3Qun3mPSQ).

Quenoli, Jéssica, Arthur e Ricardo eram super animados e fizemos muitos jantares comunitários, rindo e trocando experiências. Boas amizades e bons e felizes momentos!  

Muitos jantares comunitários com os amigos Arthur, Jéssica, Quenoli, Ricardo e Addo (da direita para a esquerda)

Hoje foi a vez do cachorro quente completo: Feliz Dia das Bruxas!!!

Passeando por Tuscania...

Igreja de San Marco


Altar lateral do interior da Chiesa San Marco

Vista da cidade

Feira livre toda a sexta-feira

Praça da Prefeitura


ASSIS ou ASSISI, UMBRIA

Vista de Assis, no alto do morro 

Num lindo domingo de sol, coincidentemente Dia de Todos os Santos, fomos passear com nossos amigos, Addo, Quenoli, Alfredo Narjá, Nora (a esposa de Narjá) e seu filho, Nitai. Acordamos cedo e percorremos os 150 km de distância até avistarmos a linda Assis, no alto do morro.

Passeamos pelas suas vielas e nos encantamos com as igrejas e paisagens o dia todo. Assisi (em tempos romanos, Asisium) é uma comuna localizada na província de Perugia, região da Umbria. Por volta do ano 1000 a.C. um assentamento humano existia nessa proximidade e eles se denominavam Umbrians. No ano  450 a.C. os etruscos dominaram a região e perto do ano 300 a.C. foi a vez dos romanos conquistarem a área. 

Lá no fundo, a Fortaleza Rocca Maggiore


Fonte próxima da Igreja de São Rufino

A história de São Francisco pode ser conhecida visitando-se a casa natal do Santo, além da Basílica, assim como de sua companheira de missão, Santa Clara. Ambas as ordens nasceram aqui, na mesma época.

Dentro da Capela Piccolina, onde nasceu São Francisco de Assis - com os amigos Addo e Quenoli

Local do nascimento do Santo


UM POUCO DA HISTÓRIA...

Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como São Francisco de Assis nasceu em 1181 (ou 1182) numa família burguesa e após uma juventude normal (irrequieta e mundana, onde serviu militarmente) decidiu voltar-se a uma vida simples e religiosa, fazendo voto de pobreza e posteriormente fundando a Ordem Mendicante dos Frades Menores, mais conhecida como Franciscana. Pela sua forma de encarar e tratar "os irmãos", como ele chamava a todas as pessoas, sempre se dedicando e protegendo os mais pobres, e também os animais, acabou se tornando o padroeiro dos animais e do meio ambiente. Dante Alighieri disse sobre São Francisco que ele era a "luz que brilhou sobre o mundo" e seus ensinamentos e forma de enxergar a vida e o mundo acabaram por servir de inspiração para o Renascimento.

Basílica de São Francisco de Assis

Área do Santuário de Assis

A construção da Basílica de São Francisco de Assis, Patrimônio da Humanidade da UNESCO desde 2000, foi iniciada logo após a sua morte, em 1228. A pedra fundamental foi colocada pelo Papa Gregório IX num terreno doado na Colina do Inferno, local onde eram mortos os criminosos! A basílica inferior foi concluída em 1230 e é o local onde está a cripta que abriga os restos do Santo. 

Entrada da Basílica Menor, com Quenoli

Cripta onde estão os restos de São Francisco de Assis

Interior da Basílica Menor. Estava acontecendo celebração

Em 1239 foi iniciada a construção da basílica maior, concluída 4 anos mais tarde. Sua arquitetura é um exemplo do românico e gótico italianos, tendo muitos afrescos e obras de arte de artistas famosos (da época) em seu interior. A basílica foi fortemente atingida e sua cúpula não resistiu ao terremoto de 1997, tendo sido destruída e ficando muitos anos em reforma. 

Lindos e coloridos afrescos que foram restaurados após o terremoto de 1997

Vista do interior da Basílica

Infelizmente não é permitido tirar fotos do interior da basílica (o que acabamos "desobedecendo" rsrs) ricamente ornamentada com mosaicos multicoloridos e simétricos, uma maravilha, além de esculturas e detalhes nos altares. Os afrescos danificados pelo terremoto foram restaurados e são um atrativo à parte! Super interessante e lindo!

Detalhes do casario típico da cidade medieval

Santa Clara, nascida em 1194 como Chiara Offreduccio numa família rica e nobre, foi uma das primeiras seguidoras de Francisco (aos 18 anos), iniciando sua vida religiosa na Ordem Beneditina para posteriormente fundar a Ordem das Clarissas (ou Segunda Ordem Franciscana), sendo a primeira mulher a escrever  princípios e regras monásticas desta ordem. Esta Ordem nasceu na capela de São Damião, com o auxílio de São Francisco e teve a aceitação de muitas outras mulheres que também aderiram ao voto de pobreza, entre elas as irmãs de Clara e sua própria mãe. 

Basílica de Santa Clara

A Basílica de Santa Clara, onde estão seus restos mortais, foi construída em 1260. Seu túmulo ficou "escondido" debaixo do altar mor até que em 1872 os ossos da Santa foram identificados e trasladados a uma cripta, onde está até hoje e pode ser visitada, no subsolo da Basílica. Ah, os restos mortais de sua irmã, Santa Inês (Santa Agnes, nascida Catarina) também estão enterrados lá. 

Cripta onde estão os restos mortais de Santa Clara e sua irmã, Santa Inês

A Basílica de Santa Maria sobre Minerva foi construída sobre um templo romano dedicado à deusa Minerva (63 a.C. - 14 d.C.), tendo sido abandonado nos séc. IV e V, quando o paganismo foi banido. A mando do Papa Paulo III, em 1539, foi restaurado e se transformou na igreja dedicada à Virgem Maria. Esta igreja está localizada na Piazza del Comune, anexa à Torre del Popolo, e que hoje abriga inúmeros restaurantes e lojas de souvenires. 

Torre del Popolo e Igreja de Santa Maria sobre Minerva

Interior da Igreja de Santa Maria


Próximo desta Piazza del Comune, fica a Piazza Del Vescovado, onde está a antiga casa do pai de Francisco, importante comerciante da época, e a Chiesa Nueva (Igreja Nova). Aqui pode-se ver o lugar onde o pai de Francisco o manteve acorrentado, pensando que seu filho estava louco. 

Chiesa Nuova
Carta de Francisco, na porta da Igreja


Chiesa Nueva

Local onde Francisco foi mantido em cárcere privado pelo seu pai

Fachada da casa do pai de Francisco

A Fortaleza Rocca Maggiore (1173) localizada no cume da montanha foi vista de longe, pois como estávamos em grupo, permanecemos juntos e nosso ritmo de caminhada foi mais lento que o normal. O interessante é que a história desta fortaleza está relacionada ao imperador Frederico I, conhecido como Barbarossa (barba ruiva), imperador Romano-Germânico de 1152 até a sua morte, em 1190.

Quenoli e Mari: vista da praça da Igreja de Santa Clara com a Fortaleza Rocca Maggiore ao fundo (no alto)

A Catedral de São Rufino - Duomo de San Rufino - construída em 1029 e restaurada em 1140 possui arquitetura românica e os restos mortais de São Rufino (412 d.C.) estão numa cripta em seu interior. No corredor do lado direito está localizada a pia batismal onde São Francisco de Assis, Santa Clara e o imperador Frederico II foram batizados. Esta catedral é considerada a mãe das igrejas de Assis, por ser a mais antiga. Sua fachada é ricamente ornamentada e cada detalhe possui sua explicação e significado. Foi aqui que Francisco se despiu e devolveu suas vestes ao seu pai, entregando-se à sua fé e ao voto de pobreza. 

Duomo San Rufino

Detalhes da fachada - cheio de simbologia: cada escultura retratada tem relação com personagens bíblicos e mitos

Durante nosso dia de passeio por Assis observamos, com tristeza, a manifestação dos comerciantes locais. Por ser domingo, estes comerciantes não podiam abrir seu comércio (souvenir) para atender os poucos turistas que estavam na cidade por conta de um decreto impositivo do prefeito (que provavelmente acha que o Covid só ataca aos domingos) e cujo decreto não se aplica aos restaurantes e lanchonetes... Sem adesivo da cidade (para colarmos no Garça) e nem imã para a nossa coleção - snif, fizemos todo o passeio com uso de máscara, sob a fiscalização dos carabinieri que ficavam orientando os visitantes e chamando a atenção das pessoas que porventura não estivessem fazendo uso adequado da mesma! Afffff... tempos diferentes estes que estamos vivendo!

Decreto proibindo o comércio de souvenir no domingo: revolta dos comerciantes!

Maravilhosas e deliciosas vitrines 


Com nosso irmão, Francisco!

No fim do dia nos despedimos de Assis, com gostinho de quero mais! A cidade é realmente linda e cheia de história! 

Mais alguns dias e nossa estadia em Tuscania chegou ao fim, depois de feijoada à moda do chef Marcos, legítima pizza italiana, bolo de cenoura, muitos bolinhos de arroz e outras delícias que fizemos e provamos na casa de nosso amigo Addo! 

Servidos????

CASTELFRANCO DI SOTTO, TOSCANA

Deixamos Tuscania e seguimos em direção de Pisa, passando pela linda rota cênica 439, entre Massa Marítima e Saline di Voltera. Contornamos Pisa e seguimos até Castelfranco di Sotto, onde iríamos conhecer um casal top, Vera e Naro, e sua família. Eles já haviam nos convidado para irmos até lá na nossa outra passagem pela Itália, em janeiro, mas por diversos motivos nosso encontro acabou sendo postergado, acontecendo apenas agora, dez meses depois!!! 

Aqui na Toscana o plantio da oliveira também é cultural e especialmente interessante, pois é feito em terraços (terrenos em talude), impossibilitando o uso de maquinaria ou tecnologia mais avançada. Também aqui auxiliamos na colheita das olivas de nossos amigos Naro e Vera, desta vez, apenas em um dia (sábado). 

Propriedade de nossos amigos: no talude da montanha

Mari juntando a colheita de uma árvore

A propriedade da família é grande e possui cerca de 200 árvores!!! Com direito a merenda deliciosa (pão artesanal, presunto, salame e queijo da região), passamos o dia subindo e descendo o morro e fazendo a derriça dos ramos mais baixos, onde a máquina que balança os galhos não é usada e recolhendo e ensacando a produção, deslocando as telas para as próximas oliveiras a serem colhidas posteriormente!

Pegando água para consumo na fonte, com Naro e seu filho, Leandro

Os lindos e deliciosos presuntos e produtos coloniais


Plantação de kiwis no quintal da casa de nossos amigos, Vera e Naro


Ainda passeamos pela região, lindíssima, podendo observar o rio Arno e o Mar Mediterrâneo ao longe.




Passamos pela cidadezinha de Santa Maria a Monte, onde visitamos a igreja de San Giovanni Apostolo. 


Castelfranco di Sotto é uma comuna com pouco mais de 11 mil habitantes, cujo centro histórico ainda guarda parte da muralha fortificada com suas 4 entradas. O local foi citado pela primeira vez em documentos em 1215. Em 1966 a cidade foi atingida por uma grande inundação do rio Arno e Naro nos contou e mostrou até que altura a água chegou, nas paredes da cidade. 





Mari e Naro em frente ao portão da Torre do Relógio



Marcos e Naro na entrada da Prefeitura



Igreja de São Pedro e São Paulo, em Castelfranco di Sotto


No terceiro domingo do mês de Maio ocorre na cidade um Festival, com corrida de barcos com rodas - festa tradicional há gerações, nesta cidade - pela rua que circunda a praça principal da cidade antiga. Por conta do Covid, em 2020 não aconteceu a festividade! Então, apenas tiramos fotos das fotos antigas! 


No domingo, além do churrasco maravilhoso em família, também teve turismo pela região. Pela manhã fomos conhecer a capela construída pelos pracinhas da FEB, durante a 2ª Guerra Mundial. Hoje o local está dentro da Riserva Naturale Poggio Adorno, vizinho à Castelfranco, portanto, a visita foi monitorada pelo gentil Giuliano Cappelli, amigo pessoal do casal, que se dispôs a abrir o lugar e nos ciceronear, explicando a história de nossos combatentes em terras italianas. 



Na capela construída pelos pracinhas brasileiros, durante a 2ª Guerra Mundial

Com Naro e sr. Giuliano Capelli, curador do local


É muito gratificante observar quanto o povo italiano desta área gosta e respeita a presença e importância da FEB durante os combates para a libertação dos tedescos nazis que ocuparam toda a região. Essa é uma história pouco contada no Brasil, mas os episódios aqui acontecidos foram importantes e modificaram a história da ocupação nazista na Itália. 

VINCI, TOSCANA

Homem Vitruviano, Museu Leonardino e Igreja de Santa Croce - Vinci

À tarde foi a vez de conhecermos e passearmos pela cidade de Vinci, terra natal do gênio Leonardo da Vinci!!!! Naro e Vera nos acompanharam e levaram a conhecer a região. 

Com Naro e Vera, próximo do Museu Leonardino e da Igreja


Indescritível descrever a emoção de conhecer esta cidade, cujo personagem mais importante foi  o grande inventor, matemático, cientista, engenheiro, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta, músico, anatomista,.... enfim, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento!

Chiesa de Santa Croce, onde Leonardo foi batizado

Altar dentro da igreja

Nascido Leonardo di Ser Piero da Vinci, em 1452, era dotado de talentos diversos. Mundialmente conhecido pela sua pintura da Mona Lisa (La Gioconda) e da Última Ceia, bem como pelo Homem Vitruviano e suas proporções áureas, Leonardo era filho ilegítimo de um notário e de uma camponesa. Educado num ateliê em Florença, desenvolveu seus trabalhos pelo norte da Itália, depois mudando-se para a França. 



Marcos indo comprar nosso imã e adesivo!! Obaaaaa!






O Museu Leonardiano estava fechado (em função do Covid), bem como a Casa Natale di Leonardo, (se estivessem abertos, o ingresso combinado custa 11€ por pessoa) e acabamos passeando e nos "perdendo" pelas vielas, observando a linda arquitetura de Vinci e seus encantos. Vinci é uma comuna italiana com pouco mais de 13 mil habitantes, localizada em meio a exuberantes colinas recobertas de oliveiras e videiras. 

Videiras que se espalham pela Toscana


Oliveiras que se espalham pelos morros da Toscana

Marca da casa natal de Leonardo


Com Naro e Vera, na Casa Natal de Leonardo

Ficamos apenas um fim de semana com nossos amigos e foram dias intensos e muito alegres. Aproveitamos para comer pinhão (sim, Vera trouxe mudas de pinheiro Araucária quando se mudou para a Itália, há 30 anos e as árvores são lindas e produzem muito) e um belo churrasco à moda gaúcha, afinal, Naro também morou no Rio Grande do Sul por um tempo e aprendeu direitinho!!! Rsrsrsrsrs

Lindos pinheiros Araucárias, direto do Rio Grande do Sul, Brasil

Comemos pinhão depois de 2 anos!!! Oh, delícia!!!


Churrasco especial com os amigos

Agradecimentos pela amizade e recepção calorosa, amiga Vera...

... e amigo Naro! Vocês moram em nosso coração!

Nossa despedida de Castelfranco di Sotto foi na segunda-feira, e seguimos em direção norte até o Lago di Garda, primeiro conhecendo o Cemitério de Pistóia - Monumento Votivo - onde os brasileiros combatentes que foram mortos durante a 2ª Guerra Mundial foram enterrados. 

Monumento Votivo - homenagem aos Pracinhas da FEB que combateram e tombaram durante a 2ª Guerra Mundial





Foto antiga e como era o Cemitério Militar, antes do traslado dos restos mortais 

Em 1944 foram enviados 25 mil homens (eram para ser 100 mil, até o fim da Guerra) para combater as Forças do Eixo, na Itália. Entre estes, o pai de Mário. Durante os combates, morreram um pouco mais de 400 soldados brasileiros e eles foram enterrados neste Cemitério, em Pistóia. 

Agradecimento especial ao amigo Mário pelas explicações, presentes e amizade! 


Lá conhecemos o Mario Pereira, filho de ex-combatente brasileiro com italiana e que foi curador deste Memorial por muitos anos. Ele fala português fluentemente e foi nosso guia nessa visita tão emocionante. Contou-nos algumas histórias e nos presenteou com livros que contam estas e outras peripécias de nossa Força de Combate. Também relatou que sob o desejo do General Mascarenhas (comprometeu-se em levar todos para casa, após os combates), os restos mortais dos ex-combatentes foram trasladados para o Memorial no Rio de Janeiro, onde estão hoje, na Enseada do Botafogo.

LAGO DI GARDA

Lago di Garda

O Lago di Garda, também chamado de Benaco, é o maior lago da Itália e está localizado entre as regiões da Lombardia, Vêneto e Trentino. Estendendo-se por 370 km² e a uma altitude de 65 msnm, o lago possui 5 ilhas. Historicamente ele fez parte do Império Austro-Húngaro até 1918 e esta influência permanece até hoje, pois muitas placas de sinalização são escritas em alemão, apesar de estarmos na Itália.

Nosso acampamento, próximo do Lago di Garda


As vilas que ficam às margens do lago são muito charmosas e atraem milhares de visitantes todos os anos, principalmente na alta temporada. Nossa passagem por aqui foi rápida e fomos abordados pelos carabinieri, pois saímos de uma área vermelha (Lombardia) para uma área laranja de contaminação por Covid (Trentino). Após explicarmos que estávamos "em trânsito", voltando para casa (Alemanha), permitiram nossa passagem, orientando novamente para que não parássemos nas cidades. 









Outono  nos Alpes

Fomos seguindo sempre por strade statale, finalmente chegando ao Passo Resia, com a Áustria. Estrada linda, serpenteando a montanha e esfriando... mas essa já é outra história!!