Dia 28/dez/2015
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BR 267 - Bicas |
Saímos de Juiz de Fora não tão cedo quanto queríamos e seguimos via BR 267 até Leopoldina, onde encontramos a BR 116, sentido Muriaé. A estrada está relativamente bem conservada, porém não possui acostamento em toda a sua extensão.
Ainda na parte da manhã ouvimos um barulho de plástico quebrando, porém como não vimos nada seguimos até a região de Fervedouro, onde paramos pra lanchar. Para nossa surpresa, havíamos perdido a lanterna dianteira direita (pisca), provavelmente causado pelo excesso de trepidação da estrada.
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Parada pro lanche |
Como o equipamento é obrigatório, seguimos adiante e na cidade de Caratinga paramos na Auto Peças Waldir (uma birosca à beira da estrada), onde o Marcos improvisou uma outra lanterna - que acreditamos ser de Del Rey(Ford) - e montou-a colando com fita adesiva transparente!!! Não ficou um primor de beleza, mas está funcionando, isso até conseguirmos a lanterna original da Kia.
Resolvido o contratempo, pé na estrada, pois já era passado das 13h e ainda tínhamos muito chão pela frente. Chegando em Governador Valadares, presenciamos a lamentável cena de ver com nossos próprios olhos o desastre ecológico causado no Rio Doce pela mineradora Samarco.
As águas parecem chocolate derretido, um caldo grosso e indigesto! Havia longas filas em diversos pontos da cidade onde as pessoas estavam recebendo água para consumo. A estação de tratamento de água da cidade fica ao lado do Rio e está inoperante, pois não existe a menor possibilidade, pelo menos por enquanto, de ser usada a água do Rio Doce! Muito triste!!!
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Rio Doce - Governador Valadares MG |
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Gov. Valadares com o rio poluído |
Continuando nosso caminho passamos por Teófilo Otoni e como ainda era cedo, fomos até Itaobim, quase no entroncamento com a BR 367, a aproximadamente 100 km da divisa dos estados de MG e BA.
Cabe ressaltar que neste trecho a presença de blocos maciços de rocha é impressionante e eles se repetem por muitos quilômetros, nas mais variadas formas e concentrações dando beleza aos locais. Também há grande quantidade de cultura de café às margens da rodovia, bem como de cana de açúcar.
Depois da cidade de Teófilo Otoni a paisagem muda bastante, pois se entra no Vale do (rio) Jequitinhonha, região caracterizada pela seca e assolada pela pobreza. Pouquíssimos lugarejos tem o básico de infraestrutura, e as pessoas vivem em situações bem degradantes, convivendo com a falta d'água e perspectivas de melhora!
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Rio Jequitinhonha - Itaobim (MG) |
Paramos pra abastecer próximo da cidade de Itaobim, no Posto Papa Léguas, que conta com boa infra estrutura e por este motivo resolvemos pernoitar ali mesmo. Banheiros limpos, chuveiros bem bons, amplo espaço no pátio para caminhoneiros e suas famílias pernoitarem, nos animaram a ficar por aqui mesmo. Em frente ao posto há uma linda chapada e após o jantar e já de banho tomado, armamos nossa barraca embaixo de uma mangueira, numa região mais tranquila da estação de serviço. Hoje rodamos perto de 700 km.
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Chapada em frente ao Posto Papa Léguas |
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Abastecendo ao lado de treminhões carregados de eucalipto |
Apesar do barulho conseguimos dormir bem e finalizar um dia de muitos contrastes: Extensas áreas de plantio x Áreas de semiárido.
Dia 29/dez/2015
Acordamos cedo e já tomamos nosso café. Esta foi a estreia da barraca nova e acabamos acampando embaixo de um pé de manga, onde tínhamos a companhia de muitos pássaros e a providencial sombra que é muito boa porque o sol da manhã já às 7h é muito quente. Hoje devemos chegar à Cruz das Almas (BA) para visitar o primo Davi e família. Serão percorridos um pouco mais de 600 km.
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Café da manhã |
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Companhia durante o café da manhã: galo da campina! |
Após uns 100 km chegamos à divisa dos estados de Minas Gerais e Bahia, e ainda pela BR 116 fomos até Vitória da Conquista, e acabamos entrando na cidade para comprar uma bateria para o celular do Marcos, que havia estragado no dia de Natal.
Cabe ressaltar que em todos os locais onde fomos atendidos, as pessoas foram simpáticas e extremamente solícitas, demonstrando que o cartão de visitas do brasileiro ainda é a receptividade!
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Casario típico das vilas que margeiam a rodovia |
Atravessamos o Rio de Contas no município de Jequié e percebemos que a água estava bastante limpa, inclusive havendo caminhão pipa se abastecendo dela. As casas dos sertanejos hoje possuem cisternas que são abastecidas com a água da chuva (coletada das calhas das casas) ou dos caminhões pipa que são fornecidos pela municipalidade. Todos os rios da região estão bastante secos e assoreados demonstrando a seca prolongada que atinge a região.
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Rio de Contas, município de Jequié (BA) |
Seguindo adiante até a cidade de Itatim, deixamos a BR 116 e pegamos 45 km de asfalto novo até Castro Alves e de lá, mais a mesma distância de "quase asfalto"! Havia tantos buracos que se podia escolher o tamanho... Chegando em Sapeaçu, já na BR 101, seguimos em direção norte mais 12 km até Cruz das Almas, onde encontramos nossos primos!
Reunindo a família, fomos rever alguns locais da cidade e aproveitamos para comer um acarajé, afinal de contas, estamos na Bahia, "ó xente"!!!
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Sede da antiga Escola de Agronomia da UFBA |
As terras onde estão esta sede e toda a área ocupada pela UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - foram doadas por Lauro Passos, importante fazendeiro da região, pelos idos da década de 1940. A UFRB ocupa uma área superior a 1000 ha e a Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia foi a primeira da América do Sul.
Esta Escola de Agronomia tem origem nos idos de 1877, quando D. Pedro I após ter criado o Imperial Instituto Bahiano de Agricultura (1859) na cidade de São Francisco do Conde, instituiu a Imperial Escola Agrícola da Bahia, onde hoje é Cruz das Almas.
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Sede da Embrapa |
O primo Davi e sua esposa Tatiana trabalham há muitos anos na Embrapa, pesquisando e cuidando de culturas, entre elas a do abacaxi! Há centenas de espécies diferentes (no caso do abacaxi são chamados de acessos) e na sede da empresa pode-se visitar um viveiro onde há abacaxis (e outras frutas) que são utilizadas como fonte de pesquisa para melhoramentos genéticos e estudo de doenças, por exemplo.
Nesta sede da Embrapa em Cruz das Almas o foco de estudo está para abacaxi, banana e cítricos em geral, principalmente o limão, bem como maracujá, mamão e mandioca.
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Pôr de sol na Embrapa |
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Davi em meio aos abacaxis |
Cruz das Almas é a segunda cidade mais importante do Recôncavo Sul da Bahia, possuindo uma população de aproximadamente 70 mil habitantes, muitos deles estudantes da Universidade. O município foi criado em 1897, desmembrando-se de São Félix. A origem da cidade remota aos tropeiros que passavam pela região e que rezavam pelas almas de seus mortos em frente de uma cruz que ficava na igreja matriz da antiga Vila de Nossa Senhora do Bom Sucesso.
A economia da cidade está voltada à agricultura, principalmente o fumo. Cruz das Almas era conhecida como
Capital do Fumo por ser a maior produtora de tabaco da Bahia. Também é conhecida pela festa de São João, onde até 2012 havia a perigosa "guerra de espadas", hoje proibidas por provocarem danos ao patrimônio e queimaduras em seus jogadores.
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Acarajé em família |