Nossa viagem nunca foi monótona e tivemos de nos adaptar a muitas mudanças de trajetos e planejamentos ao longo do tempo. Isto faz parte, quando se está na estrada há quase 3 anos! A pandemia e suas regras, provocadas pelo COVID-19 acabaram interferindo na vida de todos e depois da segunda temporada parados por 6 meses na Alemanha (fronteiras fechadas entre nov/2021 e maio/2022), decidimos, meio na louca, fazer o Caminho de Santiago de Compostela.
Chegando ao "final"! |
Pouco sabíamos a respeito, a não ser pelo que já havíamos conversado com alguns amigos que já tinham feito o Caminho e dos filmes que havíamos assistido. The Way é maravilhoso e sensível, com Martin Sheen e dirigido por Emilio Estevez, seu filho na vida real e no filme. Se você ainda não o assistiu, vale a pena. Não esqueça da pipoca e dos lencinhos! Outro filme que também trata do Caminho, mas com um toque mais leve e humorístico é o alemão "Ich bin dann mal weg" ("Então vou nessa") que traz uma visão menos dramática, mas também profunda sobre o que representa o Caminho. Ambos os filmes estão disponíveis na Netflix e há outros ainda que também tratam desta maneira diferente de viver a vida. Caso você tenha dúvidas se deve fazê-lo ou não, se inspire nestas (e outras) histórias!!! E Buen Camino!!!
Início do Caminho, em SJPP |
A partir do momento que decidimos fazer o Caminho, começamos a buscar mais informações, compramos nosso guia Michelin (usado, €5, pelo EBay) e nossos passaportes de peregrinos (€2 cada). Pronto!
Inicialmente optamos por percorrer uma parte do Caminho Aragonês com nosso Garça, saindo de Arles (França), passando por Castres, Auch, Lourdes, e dali, desviando para a cidade de San Jean Pied de Port, que chamaremos apenas de SJPP (para simplificar), onde começa o Caminho Francês, propriamente dito.
MUITOS CAMINHOS
Em nossas pesquisas sobre o tema, descobrimos que são muitos os caminhos que levam à Santiago de Compostela, e apesar das múltiplas escolhas disponíveis, resolvemos fazer o mais tradicional, conhecido como Caminho Francês. O Caminho Francês na sua versão original é o mais longo e mais conhecido popularmente, e essa "fama" nos motivou a encará-lo como o primeiro dos Caminhos. Existem muitos caminhos afluentes ao Caminho principal e também diversos "atalhos" durante seu percurso, mas queríamos fazer o tradicional sem atalhos, sem ajudas, na sua essência, carregando nossas mochilas com tudo que precisaríamos, e sem ajudas para realizá-lo
Caminho Aragonês - sai de Arles (alguns afirmam que o ponto inicial é em Somport: 970 km) e vai encontrar o Francês na localidade de Puente la Reina.
Via Podiesis - que sai de Le Puy (-en-Velay), sul da França encontrando o Francês. Aqui não há consenso, pois alguns dizem que o caminho passa por SJPP e outros afirmam que ele irá se encontrar com o Francês em Puente la Reina.
Via de la Plata - sai do sul da Espanha, na cidade de Sevilha, e corta todo o país (sentido sul-norte), sendo um dos mais extensos: 960 km.
Caminho Primitivo - este se inicia em Oviedo, capital das Astúrias, e percorre 368 km pelas montanhas, encontrando o Caminho Francês na localidade de Melide, já na Galícia. Este é o primeiro caminho, o mais antigo, onde no séc. IX os primeiros peregrinos iniciaram as peregrinações, após a descoberta do túmulo do Apóstolo Santiago. (Este percorremos no sentido contrário, de ônibus, no nosso retorno para buscar nosso companheiro Garça)
Caminho do Norte - também chamado de Caminho da Costa, este percorre a costa Norte do país e tem 824 km de extensão. Este também encontra o Francês, na localidade de Melide. (Este percorremos de ônibus, no sentido contrário, em nosso retorno para buscar o Garça em SJPP (França)).
Caminho Português - muitos iniciam este caminho em Lisboa, outros no Porto, porém o traçado original inicia no litoral sul, em Faro ou Tavira, ou ainda Lagos.
O NOME
Compostela passou a ser importante e centro da peregrinação quando Carlos Magno - finais do séc. VIII - viu nessa rota uma maneira de proteger seu reinado das invasões árabes. A notícia de que lá estava o túmulo do Apóstolo acabou trazendo muitos cristãos a percorrer o caminho - séc. IX -, chamado de "Campus Stellae"(campo da estrela, Via Láctea), depois transformado em "Compostela".
OS DIVERSOS NOMES QUE O CAMINHO TEM
Em alemão: Jakobsweg
Em inglês: St James's Way
Em francês: Pèlerinage de Saint-Jacques-de Compostelle
Em italiano: Cammino di Santiago di Compostela
Em catalão: Camí de Sant Jaume
ORIGEM
As primeiras peregrinações de cristãos eram feitas pela Via Francígena (direção à Roma) e à Jerusalém. As invasões e retomada de território de Jerusalém por parte dos árabes, ocasionando as Cruzadas - Idade Média, tornaram este trajeto muito perigoso e havia a necessidade de se criar outro percurso que motivasse a expansão do cristianismo pelo simples motivo das perseguições, roubos, assaltos e mesmo assassinatos que estavam a acontecer nesse Caminho!
COMO FAZER O CAMINHO
O Caminho pode ser feito originalmente e tradicionalmente a pé, porém também pode ser feito de bicicleta, a cavalo ou com burro. Para se ter o direito ao Certificado de Compostela, é necessário percorrer, no mínimo, 100 km a pé (ou 200km de bicicleta). Esta distância é comprovada a partir dos selos/carimbos, colocados no passaporte (ou credencial) do peregrino, que é adquirido normalmente no local de início de sua peregrinação. Você deve ter, no mínimo, dois carimbos por dia de caminhada, demonstrando o roteiro realizado. Quando se opta por um trajeto mais longo, serão necessários mais de um passaporte, como no nosso caso: preenchemos 2 passaportes de peregrino ao final de nossa jornada.
Nossos passaportes/credenciais de peregrinos |
Com todos os carimbos ao longo do Caminho |
Foto tradicional, em Roncesvalles (já na Espanha) |
MOTIVAÇÃO
Na Idade Média, a peregrinação para Santiago de Compostela era de cunho religioso, uma jornada de prova de fé em direção a um local sagrado. Hoje as motivações são mais variadas: há aqueles que fazem o Caminho por ser um trekking famoso, uma distração; outros aproveitam o caminho para buscar um sentido de vida; outros, ainda, veem na caminhada uma forma de desestressar e buscar energias para o próximo ano; ou, ainda, aqueles que ainda seguem o princípio básico, cujo viés é religioso.
Nossa motivação nunca foi para obter algum certificado ou ter carimbos em algum eventual passaporte, mas foi para conhecer e experimentar a história, cultura, misticismo e religiosidade deste percurso que é uma das caminhadas/peregrinações mais conhecidas do mundo. Só o fato de caminhar por centenas de quilômetros em dois países, passando por vilas, cidadezinhas, lugarejos ermos, florestas, montanhas e até deserto, com variações climáticas extremas e temperaturas idem, já dá a dimensão à nossa motivação. É, e foi para nós, uma busca interior de meditação e superação de tudo que vivemos em nossas vidas, traçando um paralelo como Caminho de Compostela.
Há espaço para todos os tipos de peregrinos! Existe respeito a todos os tipos de motivação... afinal, o Caminho representa a vida. Cada dia é diferente, nunca se repetindo! Mesmo na rotina, os problemas, anseios, dúvidas, buscas por solução,... nunca se repetem! Assim é o Caminho.
Não existe jeito certo ou jeito errado de percorrê-lo! Assim como a vida, cada um segue seu Caminho, percorrendo a distância que quer (ou consegue), carregando ou não sua bagagem, parando ou não para comer um lanche, dormindo numa suíte de um hotel ou num albergue e compartilhando quartos com outras pessoas; quartos estes que podem ser, com muita sorte, quase exclusivos ou podendo chegar a 20, 30 ou mais pessoas no mesmo quarto.
O CAMINHO PROVÊ
Existe uma máxima para quem está caminhando: "o caminho provê"! Ele provê soluções para suas dúvidas, na forma de conselhos de outros, trocas de ideias, auto análise, pois você tem o tempo necessário para pensar e repensar tudo que te aflige caminhando um dia todo. Nos encontros com outros peregrinos nos finais de dia de caminhada, sentados nas praças ou num bar/restaurante, o clima de confraternização e de terapia é o que se faz presente. Sempre encontramos nestes momentos, ou ao longo dos quilômetros percorridos, as respostas para aquelas perguntas que nos cercam... As inúmeras conversas em rodas nos pontos de descanso passam a ser locais e momentos de aconselhamento e aprendizado mútuo onde cada um, com suas experiências e vivências, se ajuda.
Vendedor no meio da trilha |
Comendo cerejas frescas, recém colhidas |
O Caminho provê... alimento quando se está com fome! Às vezes são árvores frutíferas que foram plantadas propositadamente no caminho para servirem de alimento, às vezes são as boas almas que te oferecem comida, bebida, sorvete, lanche,... quando você já acha que não irá mais aguentar de cansaço! Vale ressaltar que em tempos pós pandemia, o menu peregrino, antes conseguido por 4 ou 5 Euro, agora está valendo entre 10 e 15 Euro!!!
Menu peregrino |
Comendo uma pasta com nossa amiga Glória |
O Caminho provê... um abrigo quentinho e um banho gostoso quando estamos cansados! Os albergues e pensões, espalhadas ao longo das vilazinhas, são aconchegantes. Alguns pequenos com poucas vagas. Outros, enormes, com centenas de leitos à disposição, oferecendo o simples e necessário para seu repouso. Aqui vou abrir um parênteses: como estávamos em período pós pandemia, após dois anos sem peregrinação, muitos dos albergues estavam fechados ou haviam falido. Alguns também quase nada ofereciam além do estritamente essencial, como um lençol (de tnt). Passamos diversas noites com frio, pois nem cobertores eram ofertados sob temperaturas chegando a 0°C durante as madrugadas! Os preços, antes simbólicos, passaram a representar um gasto expressivo e devem ser levados em consideração no orçamento. Nossos pernoites ficaram, na maioria, em 10 € por pessoa.
Algumas vezes conseguíamos um quarto apenas com duas camas |
Normalmente os albergues têm camas beliches múltiplas |
O Caminho provê... calçados e roupas para aqueles que porventura necessitam, pois aquilo que você esquece num lugar, servirá para outro peregrino! No meu caso (Mari), encontrei um tênis novo (usado, é claro, mas em muito melhor estado que o meu!) para substituir o meu velho, que estava completamente arruinado!
Calçado da Maria, amiga peregrina |
Companheiro pisante da Mari... já estava com a língua de fora rsrsrs |
Companheiro do Marcos... também ficou pelo caminho |
O QUE LEVAR
A lista de itens que são indispensáveis para cada peregrino é variável, visto que cada pessoa tem suas necessidades básicas. Nós não compramos nada específico para o Caminho, e na medida em que avançávamos, íamos descobrindo, às vezes de modo dolorido, o que necessitávamos!
Talvez o que seja indispensável, para qualquer um, seja a disposição para compartilhar, ajudar e ser ajudado, abrir-se a novas experiências!!!!
Calças (2) que se transformam em bermudas são práticas, leves e secam rápido. Camisetas de material leve, que secam rápido, também são bem vindas. É importante sempre ter um agasalho mais quentinho, pois mesmo no verão (fizemos o caminho entre junho/julho) há dias (noites, madrugadas) bem frias, com temperaturas médias girando em torno de 7 graus às 8 da manhã, por exemplo. Como se lava diariamente a roupa de baixo e camisetas, não é necessário carregar muitas (3, talvez, sejam suficientes).
As meias devem ter um cuidado especial (que não tivemos nos primeiros dias e nos custaram bolhas e feridas). De preferência, usar meias curtas ou duplas, específicas para caminhada, que não acumulem o suor... existem umas top (e caras) nas lojas especializadas! Não investimos muito $$$ (por não termos) e acabamos comprando meias novas no meio do caminho, mais felpudas e confortáveis, a um bom custo x benefício.
"O Peregrino" |
Estátua do Peregrino... com Band Aid nos pés!! O povo tem humor rsrsrsrsr |
No item calçado, devemos ter em mente que você irá andar entre 25/30 km por dia... o ideal é trocar de calçado no meio do dia, de modo a respirar e secar seu tênis ou sandália. Outro fator importante a levar em consideração é que os pés incham após tanta quilometragem e se o número de seu calçado for justo, você terá problemas... isto aconteceu comigo! Calço (Mari) 37/38 (numeração brasileira) e minha bota era justa 38. Nas subidas das montanhas não tinha problemas, já nas descidas, com pedras soltas, queria morrer!!! Os dedos apertados dentro do calçado, socando as unhas contra o mesmo, me custaram um saldo de 7 unhas perdidas, muita dor e desconforto! Não era brincadeira, não! Em função disso, acabei percorrendo uns 100 km (entre Burgos e Léon) de chinelos Havaianas, estilo sandália, com tira que fixa atrás do tornozelo.
Percorrendo uns 100 km com Havaianas (com meias, que chique!) |
Finalmente um calçado adequado... |
Só em León conseguimos comprar sandálias para trekking adequadas e com um excelente custo x benefício! Ah, se tivesse comprado isto antes, teria me economizado muito Micropore, Ibuprofeno, pomadas, gel... Desta vez comprei número 40, folgada! Marcos também comprou número 45 (a única disponível - ele usa 42 normalmente, acabou comprando uma palmilha de gel para completar os espaços excessivos). As tiras ajustáveis das sandálias fixavam o que precisava ficar fixo e os dedos estavam relaxados, com espaço para mover-se livremente!! Usávamos meia para evitar algum atrito ou areia que porventura entrasse.
Os melhores calçados do mundo... |
Ter uma farmácia pequena é indispensável! Paracetamol, Micropore, esparadrapo comum, Ibuprofeno, pomadas contra contusões - tipo Cataflam, anti-inflamatórios, Vick Vaporub (excelente anti-inflamatório e com amplo espectro), emplastro Sabiá, Dorflex, e Polvidine (iodo para tratamento de bolhas), uma tesourinha ou alfinete (para abrir as bolhas e cortar as peles), além de seus medicamentos de uso contínuo devem ter espaço em sua mochila.
Relaxando os pés após um dia de caminhada |
Boné e protetor solar, creme a base de mentol também são importantes! Óculos de sol e um pequeno kit de costura (um retrós com agulha é suficiente) também são bem vindos. No lugar da sombrinha, leve uma capa de chuva: você vai usá-la, com certeza!!! Na pochete, onde ficam os documentos e o passaporte peregrino, também deve estar seu canivete, que você irá usar pra caramba, pra comer frutas, montar seus sanduíches, comer aquele bife!!! Ainda carregávamos uma caneca de metal (pode ser plástica), usada para tomar água das fontes (espalhadas pelo caminho) e molhar a cabeça para "refrigerar"!
Lembre-se: MENOS É MAIS!!!! A simplicidade é a chave do sucesso. Tudo aquilo que você separar/levar você terá de carregar!
Capa de chuva sempre à mão |
Mochilas adequadas e com pouca tralha... o ideal Aqui, com nossos amigos peregrinos!! |
Aqui cabe também um parêntesis: existe um serviço de entrega que é oferecido aos peregrinos! Caso esteja muito cansado, ou sua bagagem seja muito grande, existem vans que levam sua bagagem até o próximo ponto, a um custo médio de 5 Euro. Neste caso, você já tem que ter a reserva no próximo albergue. Nunca utilizamos este serviço, pois estabelecemos um "peso" de 8 kg (minha mochila) e 12 kg a do Marcos. Amigos peregrinos acabaram enviando para casa os excessos, usando os correios.
COMIDA
Em tempos de pós-COVID, cozinhar quando era permitido (havia muitas regiões onde era proibido usar a cozinha do albergue) fazia a diferença, pois os alimentos comprados no supermercado eram muito mais baratos que comer em restaurantes, além de o momento de compartilhar o alimento ser fantástico!
Preparando um churrasco! |
Às vezes podíamos usar a cozinha |
Os jantares compartilhados foram raros |
Comendo uma deliciosa paella valenciana |
Hora do cañon com bocadillos (em algumas regiões, cada vez que você pede um chopp, acompanha um petisco gratuitamente) |
Planejar bem os percursos a serem percorridos em cada dia também é mister. Isto irá economizar os dissabores de não trazer água em quantidade suficiente ou não encontrar um supermercado para efetuar as compras necessárias. Muitos trechos longos, sem apoio, tem de ser previstos e organizados para evitar problemas.
Uma das únicas fontes na subida dos Pirineus... |
Fonte de vinho... opa, delícia! |
Fontes à disposição nas cidadezinhas e vilas |
Levávamos conosco uma bolsinha, tipo bag, onde tínhamos nosso lanche reserva! Todos os dias comprávamos nosso café da manhã (já no dia anterior): café gelado (Capucchino, Latte, Expresso,...), pão, queijo, salame, presunto ou atum, maionese, às vezes algum bolinho doce e uma fruta faziam nosso dia começar e render bem!
CURIOSIDADES
- Na Espanha são falados 4 idiomas: além do espanhol, temos o catalão, o basco e o galego.
- Especula-se que a origem da peregrinação cristã esteja relacionada à rota de peregrinação anterior, pagã, que levava ao "fim do mundo", Finisterra (em galego, Finterra).
M&M's em Finisterra |
- O grande número de peregrinos que percorriam os caminhos durante a Idade Média foi caindo, até o Caminho quase entrar no esquecimento. Apenas na década de 1980 é que o Caminho voltou a ser revitalizado, ganhando sinalização e marcas próprias. A partir daí, as flechas amarelas e as conchas passaram a ocupar e sinalizar o caminho, chamando cada vez mais pessoas a percorrê-lo.
- Anos Jubilares ou Jacobeos: são assim denominados quando o dia do Apóstolo Santiago Maior cai num domingo (25 de julho). Nestes anos, os peregrinos que completam o Caminho ganham indulgências em dobro, isto é, no ano jubilar a Porta Santa é aberta na Catedral de Santiago de Compostela os peregrinos que passam por ela, assistem a missa, confessam e comungam tem "o perdão total dos pecados"! O rito começa no dia 31 de dezembro do ano que antecede o ano Jacobeo (e dura 1 ano). O arcebispo de Santiago golpeia 3 vezes a parede da Porta Santa com um martelo de prata e então a parede de tijolos é colocada abaixo, só sendo reconstruída e fechada exatamente no dia 31/dez do ano seguinte. Por conta da pandemia, o ano Jacobeo de 2021 foi estendido para 2022!
Catedral de Santiago de Compostela, na semana dos festejos: dia 21/07! |
- Os peregrinos recebem denominações diferentes: bicigrino, quando percorre o caminho de bicicleta; turisgrino, quando só percorre os últimos 100 km, saindo da cidade de Sarria, localizada quase no fim do percurso. Hoje temos também o Santiago Bussiness, que envolve todos os aspectos monetários do Caminho, do que antes era gratuito ou doação e hoje é pago e caro!
- Na Galícia existem construções muito interessantes, onde antigamente (e ainda hoje) se armazenavam alimentos, grãos. Eles se chamam horreos e têm de diversos tamanhos.
SÍMBOLOS DO CAMINHO
- VIEIRA (concha que é o símbolo do Caminho de Compostela): "Diz a lenda, que no dia em que chegou a Galícia a barca que trazia os restos mortais do apóstolo e seus dois discípulos, Atanásio e Teodoro, era celebrado um casamento. Quando o cortejo seguia para o templo pagão onde a cerimônia ia ser realizada, todos perceberam uma pequena embarcação à deriva, sendo açoitada pelo mar violento. Sem pensar duas vezes, o noivo, montando em seu cavalo, foi socorrer os integrantes desse barco, mas infelizmente uma grande onda o arrastou mar adentro. Sabendo que havia chegado ao fim, o noivo rogou aos céus por ajuda. De repente, o mar ficou calmo e ele sentiu que uma estranha força o arrastava dali, juntamente com o barco. Quando chegou à praia, o noivo, assim como seu cavalo, estavam cobertos de vieiras."
Segundo as crenças pagãs, a vieira era ligada à deusa Vênus, que de acordo com a lenda foi gerada dentro de uma concha. Segunda a historiadora Helyette Nalta Rossi, "Vênus foi na Antiguidade a patrona das enseadas marítimas e dos navegantes. Acreditava-se que ela recebia os náufragos com amor maternal em seu seio. Foi cultuada, sobre uma concha, pelos Druidas que cruzavam o Caminho de Compostela e iam fazer suas práticas religiosas em Finisterra.
Na crença de que o mar seja a origem geradora da vida, e tendo a deusa um amor tão carnal como espiritual saído de uma concha, esta passou a representar a fecundidade. A concha é, então, relacionada ao seio materno, à vagina, ao útero, lugares de nascença."
Juntamente com as SETAS AMARELAS, a concha da vieira é um dos símbolos mais marcantes do Caminho de Santiago de Compostela. Está em todo o lugar, pendurada nas mochilas, como indicação do Caminho, decorando a fachada das casas, as igrejas, enfim, em todo lado mesmo.
Há outras versões para descrever a simbologia, como de que as conchas eram usadas para tomar água e funcionavam como pratos nas refeições, durante a Idade Média. Outra diz que as curvas da vieira representariam todos os caminhos que levam à Compostela. Ela serviria como proteção e busca pelo conhecimento e deve ser devolvida ao mar quando se alcança Finisterra!
Enfim... muita simbologia e história! Uma mistura de misticismo, simbologia pagã e fé!
CREDENCIAL DO PEREGRINO ou PASSAPORTE DE PEREGRINO
Não vamos fazer aqui o diário da caminhada, uma vez que cada um que percorre o Caminho o faz do seu jeito. Mas vamos destacar alguns lugares bonitos e fatos marcantes do nosso Caminho!
ULTREYA! ("Vamos para além"!) ET SUSEIA ("e mais para cima")
BUEN CAMINHO!
SAN JEAN PIED DE PORT (FRANÇA)
Ponto de início do tradicional Caminho de Compostela-Caminho Francês, San Jean Pied de Port (SJPP), pequena vila localizada em Nova Aquitânea, nos pés dos Pirineus, é o local de onde partem a maior parte dos peregrinos que escolhem por fazer este percurso. Medieval, com suas famosas ruazinhas calcetadas, possui muitos atrativos e infraestrutura para quem quer começar sua peregrinação por aqui.
É atualmente um ponto turístico muito famoso e movimentado que atrai centenas de turistas e peregrinos. Conta com hotéis, pousadas, restaurantes e lojas de souvenires para todos os bolsos e gostos. Até os próprios peregrinos como nós acabam se tornando atrativos turísticos pela grande diversidade de países dos quais são oriundos.
Fomos ao Centro de Acolhimento de Peregrinos, fizemos nosso cadastro e pegamos as informações iniciais. As pessoas que atendem ali são voluntárias, com muita boa vontade. A senhora que nos atendeu ligou para a polícia local, buscando informação correta de onde podíamos estacionar nosso Garça por 40 dias, aproximadamente, de maneira gratuita. Eles nos indicaram um estacionamento público, localizado ao lado do Mercado Público (Pl. des Remparts) e solicitaram que fosse deixado um papel no painel explicando que éramos peregrinos. Assim procedemos!
Centro de acolhimento ao peregrino |
Estacionamento onde pernoitamos e o Garça ficou estacionado sozinho por 40 dias |
Casa de Mansart: atualmente abriga a Prefeitura de SJPP, mas é uma construção datada do séc. XVIII, que abrigava um comerciante de lãs e sua família.
Vista do alto da citadela |
Citadela localizada no alto da colina |
Puerta de Navarra: exatamente em frente ao pátio da igreja, onde funcionava o mercado público, esta abertura é original.
Puerta de Notre-Dame: dá acesso à ponte sobre o rio Nive. Em sua torre, há estátuas de São João Batista e a Virgem Maria.
Puerta Notre-Dame |
Iglesia Notre-Dame du Bout du Pont: de 1212, construída por Sancho, "O Forte", considerada um dos prédios góticos mais importantes do país basco (sim, esta parte da França faz parte do país basco).
PAMPLONA
Iruña, em basco, ou Pamplona (em espanhol) é a capital da província e comunidade autônoma de Navarra. Encontra-se ao norte da Península Ibérica e é considerada uma das capitais do país basco! Fundada em 74 a.C pelo general romano Pompeu, foi invadida e dominada por bárbaros e muçulmanos, ganhando sua independência em 905, quando foi sede do reino de Navarra.
Catedral de Santa Maria de Pamplona |
A Catedral de Santa Maria de Pamplona foi construída em 1735. Como é cobrado ingresso para visitação, acabamos não entrando na mesma.
Prefeitura - a corrida de Sanfermines passa aqui na frente |
Igreja de São Saturnino |
Igreja de San Saturnino ou Iglesia de San Cernin, datada do séc. XIII, em estilo gótico |
São os sinos desta igreja que marcam o início da festa de Sanfermines |
A Cidadela de Pamplona ou Castelo Novo foi construída entre os séculos XVI e XVII, em forma de estrela de 5 pontas, segundo o modelo de Turim. De cada uma das pontas controlavam-se todos os ângulos possíveis de ataque possível. Durante a Guerra Civil Espanhola (1936) ocorreram inúmeros fuzilamentos junto à porta Socorro e em 2007 foi feito um memorial em homenagem às 298 vítimas.
Puerta Socorro |
Paiol de Pólvora - 1694. Hoje usado em exposições de arte
BURGOS
Santa Iglesia Basílica Metropolitana de Santa María ou Catedral de Burgos |
Capital da província homônima, Burgos é uma cidade com aproximadamente 175 mil habitantes. Pertencente à região de Castilla y León, foi fundada por volta de 884 pelo conde Diego Rodríguez Porcelos, convertendo-se em capital do condado de Castilla em 930, dependente do reino de León.
A Santa Iglesia Catedral Basílica Metropolitana de Santa María, ou simplesmente, Catedral de Burgos foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em 1984. Sua construção se iniciou em 1221, em estilo gótico francês. Foi reformulada nos séc. XV e XVI e recebeu outros adereços no séc. XVIII, quando foi modificada a entrada principal.
Preparo para os festejos e procissão que iriam ocorrer dali a poucas horas |
Em seu interior estão enterrados o famoso El Cid (Cid Campeador) e sua esposa, Doña Jimena. Rodrigo Díaz de Vivar, Cid Campeador, viveu no séc. XI, quando a Espanha era dividida entre mouros e cristãos. Lutou e (re)conquistou territórios dos mouros, demonstrando ser um grande guerreiro (campeador: campeão).
O Arco de Santa María é um dos 12 antigos pórticos da cidade, na Idade Média. Construído entre os séc. XIV e XV, foi reformulado por Carlos V, no séc. XVI. As esculturas representam personagens importantes da cidade, entre eles o próprio Carlos V e El Cid.
Arco de Santa María, com os bonecos gigantes do desfile |
O Museu da Evolução Humana (MEH), localizado na margem sul do rio Arlazán, é interessantíssimo. Construído no local onde antigamente havia um Convento de freis dominicanos, abriga importantes achados fósseis humanos encontrados na Serra de Atapuerca (localizada a 16 km de distância), distribuídos cronologicamente em espaços interativos e muito educativos.
Mesmo estando com os pés bastante machucados, percorremos a cidade de cima a baixo, muitas vezes, explorando suas belezas e curiosidades.
Museo del Retablo |
Tomamos muitas sangrias: bebida típica à base de vinho tinto e suco de fruta |
LEÓN
Catedral de Santa María de Regla del Leon |
León é capital da província homônima de Castela e León. Com aproximadamente 120 mil habitantes, foi fundada no séc. I a.C, pela legião romana Legio VI Victrix, onde se instalaram soldados que faziam a segurança e guarnição de envios de ouro extraído da província da Hispânia, próxima de Las Médulas.
Saqueada por Almançor, em 987, foi reconstruída por Afonso V, rei de Castela, que regulamentou as atividades econômicas da cidade. Aqui era ponto de passagem dos peregrinos que faziam o caminho para Santiago de Compostela.
A Catedral de Santa Maria de Regla de Leão, construída a partir de 1205, em estilo gótico francês, foi construída sobre termas romanas, cujas ruínas podem ser visitadas no subsolo da catedral e sobre a construção de outra igreja, anterior, românica que havia sido construída no local. Inspirada na Catedral de Reims, possui muitos vitrais, o coro no local do presbitério e a disposição de 3 naves, no lugar das usuais 5. Foi restaurada e recuperada diversas vezes ao longo da história, por ter problemas estruturais sérios.
A Basílica de Santo Isidoro foi construída durante os séculos XI e XII. Originalmente era uma mosteiro construído sobre um templo romano (dedicado ao deus Mercúrio) e após terem sido trasladados para cá os restos mortais de Santo Isidoro (Sevilha), passou a se chamar Santo Isidoro de Leão. A igreja possui uma planta em forma de cruz latina, com 3 naves. Os reis de Castela estão enterrados aqui também.
Basílica de Santo Isidoro |
O Palácio de los Guzmanes é um edifício renascentista que abriga a sede do governo da província. Foi construído no séc. XVI, anexo à praça de São Marcelo, junto à Casa Botines.
Palácio de los Guzmanes |
Casa Botines é um prédio construído por Antony Gaudí, no fim do séc. XIX, com detalhes góticos, numa perspectiva modernista (neogótico).
Casa Botines |
Batendo um papo com Gaudí |
Perambulando pela cidade, ainda se pode observar as muralha que protegia a cidade medieval. Fizemos o tour com ônibus Hip Hop aqui, em companhia da amiga americana cubana e peregrina, Glória.
Ainda podem ser vistos fragmentos da muralha |
Muralha |
Hip hop |
SANTIAGO DE COMPOSTELA
Interior da Basílica |
Chegar à cidade de Santiago, vislumbrando-a do Morro do Gozo não tem preço!!! Depois de semanas caminhando e passando por experiências marcantes e intensas, vislumbrar os primeiros sinais da cidade de Santiago de Compostela parece uma miragem, um sonho. Quando se começa essa peregrinação e depois de alguns dias de caminhada, parece quase impossível caminhar quase 1000 km. Quando os peregrinos chegam ali em cima e veem a cúpula da catedral, isto dá uma energia extra e a descida e últimos 5 km passam rápido!!
Os peregrinos saudando a cidade de Santiago de Compostela |
Santiago de Compostela é a capital da Galícia, pertence à província de Corunha e calcula-se que tem 100 mil habitantes. Seu centro histórico é tombado pela UNESCO, como Patrimônio Mundial desde 1985.
De origem celta, o primeiro nome medieval do local era Libredón, "castro do caminho". Diz a história que o local hoje ocupado pela Catedral de Santiago foi originalmente um povoado romano - séc. I a séc. V d.C.- situado à beira da estrada romana identificada como XIX no itinerário de Antonino, entre Bracara Augusta (Braga) e Astúrica Augusta (Astorga) e onde foram encontrados restos mortais de 3 cavaleiros num sepulcro, que foram identificados como de Santiago Maior e seus discípulos Teodoro e Atanásio.
Esta descoberta (ou seria uma invenção?) ocorreu em uma época em que o rei Afonso II das Astúrias estava empenhado em unir seu povo e a coesão do reino. O próprio rei foi o primeiro peregrino e mandou construir a primeira igreja com recursos próprios.
Assistimos a missa dos peregrinos, bem cedo de manhã |
Com nossas amigas Rosa e Glória |
A catedral atual teve seu início em 1075, em estilo românico.
FINISTERRA E MUXIA
Finisterra ou Finterra (em galego) é o local onde originalmente se terminava a peregrinação para Santiago de Compostela. Localizado na província de Corunha, seu nome significa "fim da terra", por ser o local mais a oeste da Espanha (acreditava-se, antes das navegações de Colombo, ser o extremo no planeta).
Distante 100 km de Santiago, resolvemos fazer este trajeto de ônibus (a pé, nos levaria mais 4 dias, no mínimo, de caminhada).
O Castelo de São Carlos era uma fortificação construída para proteger a costa de ataques inimigos. Foi vendida em 1892 para um importante comerciante. Anos mais tarde, seu filho doou a edificação para ser o Museu da Pesca, inaugurado em 2006. Fomos visitar este museu e nele pode-se observar técnicas de pesca ainda hoje utilizadas, artefatos usados na pesca, costumes das pessoas locais e naufrágios ocorridos.
Artefatos usados para a pesca do polvo |
Demonstrando o uso da concha como corneta para sinalizar quando havia baixa visibilidade |
A Igreja de Nossa Senhora das Areias foi construída no fim do séc. XII, sofrendo modificações e ampliações ao longo do tempo. Desta forma, seu estilo é bem eclético: românico, gótico e barroco. Segundo a tradição, era aqui que o peregrino deveria queimar suas roupas, tomar banho de mar e voltar ao seu lugar de origem como "um novo homem"!
Igreja Nossa Senhora das Areias |
Capela do Bom Sucesso: séc. XVIII, barroca
Capela do Bom Sucesso |
Farol de Finisterra: é o mais importante da Costa da Morte. O edifício atual é de 1868 e depois da Catedral de Compostela, é a segunda atração mais visitada da Galícia. A torre é de cantaria (blocos de pedra) e base octogonal. A luz emitida, localizada a 143 m sobre o nível do mar, pode ser vista a uma distância de 23 milhas náuticas (43 km), aproximadamente. Ainda existe uma sirene que toca em caso de nevoeiro denso (1888).
Até o fim da Idade Média, a Costa da Morte era a última porção de terra conhecida pelo ser humano. No meio dela encontra-se Muxia, uma vila de pescadores com uma infinidade de histórias relacionadas ao misticismo, ao mar, aos celtas e ao Apóstolo Santiago (São Tiago).
Vista panorâmica de Muxia |
Conta a lenda que o apóstolo Tiago, cansado de não ser ouvido em suas pregações, foi até este extremo e pediu a Deus ajuda. Neste momento, a Virgem embarcada num barco de pedra puxada por anjos, aparece e diz a ele: "Volta a Jerusalém! Sua missão nesta terra está concluída!" E a imagem se desfez numa nuvem...
Passando por debaixo do barco de pedra ("Pedra de Abalar") |
Santuário da Virgem da Barca |
Segundo a lenda cristã, estas pedras que compunham a embarcação da Virgem ainda hoje podem ser vistas: Pedra de Abalar (o corpo do barco), Pedra dos Quadrís (a vela), Pedra do Timón (leme) estão ali na costa, em frente ao Santuário da Virgem da Barca. Este local, originalmente um templo celta, aparece no fim do filme The Way, que citei no início desta postagem. A origem deste Santuário gira em torno do séc. XI ou XII, mas devido à sua localização, já foi reconstruído e restaurado muitas vezes.
LUGO
A muralha da cidade antiga, intacta, com 2 km de perímetro |
Lugo é um município da Galiza (Galícia), capital da província de mesmo nome e o quarto mais populoso da região. A sua origem é celta, um povoado em honra do deus Lug (ou Lugh) e depois um acampamento militar romano do ano 25a.C, por Paulo Fábio Máximo. Atualmente tem pouco mais de 95 mil habitantes
A muralha intacta de período romano ainda pode ser visitada e vista em sua totalidade, foi declarada Patrimônio da Humanidade em 2000, possui 2 km de perímetro. A largura dos muros é de 4,20m e no seu entorno havia 86 torres de vigilância, das quais ainda podem ser vistas 71. Possui 10 portas (6 para pedestres e 4 para veículos), 5 originais e outras 5 que foram abertas posteriormente para interligar a cidade por conta da expansão urbana, isto já entre os anos 1856 e 1921.
Catedral de Santa Maria ou Catedral de Lugo |
A Catedral de Santa Maria ou Catedral de Lugo também é Patrimônio da Humanidade, pela UNESCO (desde 2015) e Lugo é conhecida como "la ciudad del Sacramento". O tesouro e artefatos que haviam dentro da igreja foram saqueados em 1809, durante a invasão napoleônica, restando algumas peças que ainda hoje podem ser vistas.
A construção desenvolveu-se entre os anos de 1129 e 1273 |
La Virgen de los Ojos Grandes, patrona de Lugo |
OVIEDO
Catedral de San Salvador de Oviedo |
Oviedo é a capital da província do Principado das Astúrias. Cidade natal do corredor de Fórmula I, Fernando Alonso, ela foi fundada em 761, no local onde os monges Máximo e Fromestano construíram um monastério em homenagem a São Vicente. Há poucos resquícios da muralha que outrora circundava a cidade, porém existem estudos que comprovam sua presença e ainda há uma fala de que "quem vai a Santiago de Compostela e não veio a Oviedo, visitou o criado e se esqueceu do senhor", pois dizem que os restos mortais do Apóstolo estão, na verdade, enterrados aqui, sob a Catedral da cidade.
Oviedo, apelidada de Capital do Paraíso (visto que as Astúrias é conhecida como Paraíso Natural) |
A Catedral de San Salvador de Oviedo foi construída entre os séc. XIII e XVII, em estilo gótico. Sancta Ovetensis - como também é conhecida - é também local de muitas relíquias em bom estado de conservação, entre elas, o Santo Sudário. Seu interior consta de uma planta de cruz latina com 3 naves, finamente ornamentada e com retábulos maravilhosos.
Apresentação folclórica com gaitas de foles em frente da Catedral |
FRAGMENTOS DO CAMINHO... FOTOS ALEATÓRIAS E PEQUENOS CONTOS
Momento 1: Alto dos Pirineus - o primeiro dia de caminhada é, sem dúvida, o mais difícil. São 21 km de subida, mas a beleza do visual compensa tudo! Os cavalos selvagens, o silêncio,... são a compensação necessária para o cansaço físico!
Trecho com memoriais a peregrinos que morreram nesta parte do Caminho |
Hora do descanso... Gominho (nosso mascote) só observando. Aquela hora que você fica pensando: "o que eu tô fazendo aqui?" |
Abrigo emergencial no alto dos Pirineus |
Momento 2: Serra del Perdón, ou simplesmente El Perdón - o ponto mais alto do Caminho. O morro, com pouco mais de 1000 msnm, fica próximo de Pamplona. Fizemos este trecho debaixo de chuva... o pior não é a subida, e sim, a descida!!!
Conta a lenda que o diabo ofereceu água para um peregrino sedento que ali passou, pedindo que o peregrino renegasse a Deus, à Virgem Maria e ao Apóstolo Santiago. Com a negação sucessiva e firme, o diabo desapareceu e no lugar apareceu uma linda fonte de água cristalina, onde o peregrino pode saciar a sua sede.
Alto del Perdón: 970 msnm "onde se cruza o caminho do vento com o das estrelas" - monumento construído em ferro por Vicente Galbete, constando de 14 silhuetas de peregrinos em tamanho natural |
Memorial em homenagem aos 92 mortos durante a revolução (golpe militar) de 1936/1937 |
Momento 3: chegando à metade do Caminho (será?)
Momento 4: arquitetura do Caminho... o Medieval é deslumbrante! Arcos, pontes, igrejas, vilas... um desbunde
Momento 5: natureza e paisagem
Momento 6: o sorriso dos encontros, a felicidade em trocar ideias e o apoio nas duras horas!!! Nossa "família" no Caminho
Momento 7: Cruz de Ferro, no alto do Monte Irago (León) - simbolicamente aqui se depositam as pedras que trouxemos durante todo o Caminho, representando nossos pecados e invocando por proteção. Localizado a 1439 msnm, a Cruz de Hierro foi construída sobre um altar romano ao deus Mercúrio.
Assim encerramos mais uma etapa de nossa vida ou Caminho!
ULTREYA ET SUSEYA