Viagem Família______________________________________

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sábado, 30 de março de 2019

Nicarágua, um país escondido

Vulcão Concepción, com 16 km de base, na Isla Ometepe. Lago Nicarágua
Mesmo sabendo que na atualidade as relações políticas-sociais na Nicarágua estão mais tranquilas, ainda assim tínhamos algumas incertezas sobre como seria nossa estada nesse país da América Central, que faz parte do CA4 (Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala). 
Todos os viajantes com quem conversamos e que passaram recentemente por aqui relataram sobre a extrema burocracia e papelada exigida para entrar no país, além das inúmeras taxas que são cobradas para a entrada do carro. Portanto, estávamos com "um saco de paciência" e muito bom humor quando chegamos à divisa!

Ônibus característicos da região
Como toda aduana na América Latina (ou quase todas!), o lugar é uma bagunça e a presença de agentes alfandegários que querem "auxiliar" na papelada e receber uma porcentagem ao final dos trâmites é imensa! 
Depois de uma conversa bem produtiva acabamos aceitando a ajuda de um rapaz, Douglas, que auxiliou o Marcos indicando o "caminho das pedras" de um guichê para o outro. Entre idas e vindas, ficamos 2 h para organizar toda a papelada e pagar todas as taxas, que totalizaram U$ 53 (U$2: imposto; U$24: entrada pessoal (2 pessoas); U$12: seguro; U$5:entrada do carro e fumigação; U$10: serviços aduaneiros*- foi o que pagamos, após negociação com o Douglas!!
Isso mesmo! Mesmo a moeda nacional sendo o Córdoba, as taxas são todas cobradas em dólares americanos!  (U$ 1 = C$ 32,50, câmbio durante nossa estada neste país) Isso já virou hábito nos países centro-americanos.


ATENÇÃO!
Importante ressaltar que existe um documento de entrada no país que deve ser preenchido pela internet, solicitando o visto de entrada na Nicarágua, 7 DIAS ANTES! Não havíamos preenchido este documento e nem sabíamos de sua existência. Assim sendo, solicitamos que a oficial aduaneira o preenchesse agora, no momento de nossa entrada, o que levou uns 40 min, aproximadamente. Trata-se de uma espécie de cadastro, onde se preenchem todos os dados pessoais, desde nome, endereço, profissão, idade,... e mediante a análise dessas informações, ganha-se o visto de entrada. Acabamos ajudando um casal de alemães que ali estava há horas tentando resolver esse mesmo problema, mas como não falavam espanhol, não estavam se fazendo entender e nem entendiam o que era necessário. Viajante ajuda viajante, esse é o lema!

Planta eólica, próximo de Rivas. Ao fundo, os vulcões Concepción e Maderas
Depois de todas as questões burocráticas resolvidas, seguimos ao norte em direção a Rivas, onde fica o Puerto San Jorge, local de onde sai o ferryboat para a Isla Ometepe, primeiro lugar que escolhemos conhecer nesse desconhecido país. Engraçado relatar que quando o nome do país, Nicarágua, me vinha à mente, automaticamente, a música do Ivan Lins: "Na Nicarágua, capital Manágua..." também aparecia! 
Quando chegamos ao porto em San Jorge, descobrimos que muitas são as empresas que fazem o transporte para a ilha, uma atuando a cada meia hora. Assim, escolhemos a empresa que faria a travessia dali a 20 min e negociamos nossa passagem: C$ 420: travessia do carro (é calculado pelo tamanho); C$ 50 por pessoa; C$ 82,50: imposto portuário; U$ 1: imposto por sermos turistas!)

Ferry no primeiro plano e Vulcão ao fundo

Entardecer no Lago Nicarágua

Seguindo em direção ao Porto de San José del Sur
A travessia demora, em média 1h30min, dependendo das condições de vento! Conhecemos dois franceses que estavam retornando para a ilha e que nos deram algumas dicas e mais alguma coisa... (!) Quando finalmente chegamos ao Puerto San José Del Sur já havia anoitecido! Buscar lugar para acampar num local desconhecido à noite não é fácil! 
Conversamos com alguns locais, mas nenhuma das informações obtidas era legal. Seguimos pela estrada escura e estreita buscando um local às margens no lago. Entramos em Santa Tereza, sem sucesso, e depois seguimos até Santo Domingo, onde há mais restaurantes e opções de pousadas. Reencontramos os franceses nessa estradinha e nos indicaram onde estavam hospedados, mas não havia lugar lá. Finalmente encontramos um estacionamento, do Hostal Miraflores, onde o Edi permitiu que acampássemos, pagando pelo uso do banheiro e ducha (U$10). Detalhe: apesar de ser um hotel/hostal com mais de 20 quartos, não havia um hóspede sequer além de nós...estranho...

Mapa da Isla
O dia seguinte foi dedicado a conhecer a Isla. Com um calor intenso, beirando os 40°C, dirigimo-nos à Mérida, onde acabamos desistindo de fazer a caminhada até a cratera do Vulcão Maderas, em função do calor sufocante. No entanto, aproveitamos a sombra das árvores para conversar com moradores locais, na sua maioria pescadores, e que possuem uma vida e linguajar muito próprio, diferente das pessoas que moram "no continente!" O pescador Santos Cruz nos ensinou sobre o sistema curioso de medidas local, onde o quintal, a carga e a cabeça são medidas de massa. Por exemplo: 3 bananas formam uma penca; 3 pencas formam uma cabeça (10 bananas, mais ou menos); 7 cabeças formam um quintal e 12 quintais formam uma carga (aproximadamente, 700 bananas).

Praia do Hostal Miraflores

Área interna da pousada


A Ilha Ometepe tem este nome originário da língua Nahuatl, ome (dois) e tepetl (montanha), ou seja, "lugar de duas montanhas"! Possui uma área de 276 km² e uma população estimada de 42 mil habitantes, aproximadamente. O Vulcão Concepción tem 1610 msnm e o Vulcão Maderas tem 1395 msnm, sendo que este último está inativo.
O Vulcão Concepción é originário do início da época do Holoceno e sua altitude faz com que a Ilha Ometepe seja a mais alta ilha de lago do mundo. Sua erupção mais recente foi em 2010 e apesar de ter sido extremamente violenta, poucos habitantes da ilha obedeceram a determinação do governo de abandonarem suas casas. 
Já o Vulcão Maderas, originário da mesma época, possui um lago de caldeira que foi descoberto em 1930 por um agricultor da região e os lados da montanha são usados para plantações de tabaco e café, sendo que o restante é uma reserva de floresta tropical. 
A cinza vulcânica torna o solo bastante fértil e este foi um dos fatores principais de manutenção e sustento dos povos que habitaram e continuam habitando essa região.

Estradinhas de terra que contornam a ilha. Árvore ao fundo: ceibo!

Criação de gado, plantações de bananas, pescado e turismo são as atividades econômicas da ilha
Retornamos o caminho em direção à Balgüe, onde visitamos uma igreja aberta, sem paredes nem muros, muito bonita, com telhado de palha e de lá, retornamos até San José, seguindo para Moyogalpa.




Curioso foi encontrar uma pista de aeroporto no meio da ilha... a pista interrompe a "rodovia" ou vice-versa e há um segurança que autoriza (ou não) a passagem! Provavelmente as autoridades vêm até aqui de avião, pois nem todos dispõe de 1,5h a 2 h para fazer a travessia! O aeroporto na ilha foi inaugurado em 2014!



Descobrimos também que na ilha há dois museus que contam a história dos povos antigos que habitavam a região. Como tudo aqui, o ingresso é cobrado em dólares americanos. Neste caso, o ingresso era de U$ 4 por pessoa, para cada museu. Achamos o preço meio salgado pelo acervo não muito rico e acabamos ficando só na entrada mesmo! 

Cerâmicas do Período Policromático Tardio


Há evidências que indicam a presença do homem na ilha por volta de 2000 a.C. a 500 a.C, porém são questionáveis. Existem vestígios destes povos, que falavam línguas macro chibchanas, datados de 300 a.C., com imagens de ídolos e petroglifos. A partir do séc. XVI a presença dos espanhóis na ilha fez com que a população nativa se mudasse para o alto da encosta dos vulcões. 

Esculturas em basalto
Aqui também existe o ceibo, árvore muito comum e típica do país, que pode chegar a 600 anos e que no Brasil é chamado de Sumaúma.
Descobrimos que o ferry que saía de Altagracia e fazia a travessia diretamente até Granada está inativo e, portanto, resolvemos deixar a Isla Ometepe e cruzar novamente com o ferry para Rivas.    

Ferry saindo de Moyogalpa em direção a Puero San José
Nosso ferry de retorno teve um custo de C$ 420 (carro) + C$ 82 (taxa portuária) + C$ 50 por pessoa.  Agora não foi cobrada a taxa de turista!!Coisa meio sem critérios. Tem hora que cobram, tem hora que não cobram, vai entender!

Capitão pilotando a nau... brincadeirinha!


O lago Nicarágua é o maior da América Central e cobre uma área de 8624 km². Atinge uma profundidade de 26 m e em suas águas existe uma espécie de tubarão de água doce (Carcharhinus leucas ou tubarão-cabeça-chata), que entra pelo estuário do rio San Juan, subindo a uma altitude de 32 m em relação ao nível do mar e encontrando aqui um habitat sustentável.

Destacamos aqui que não há postos de combustível nas rodovias, entre as cidades, na Nicarágua. Portanto, aproveitamos nossa passagem por Rivas para abastecermos, antes de seguirmos até Granada. Chegamos à cidade ao entardecer e percebemos que não haveria a possibilidade de dormirmos num posto de combustível. Assim, buscamos alternativas em algumas pousadas com área de estacionamento. Encontramos o Hostal Granada, onde o Moisés (vizinho) chamou o proprietário Amilcar com quem negociamos a estadia. O que ninguém contava era que  não haveria água naquela parte da cidade durante a noite! Consegui (Mari) lavar a louça num filete de água e coletamos água num balde grande, tomando banho de caneca e aproveitando o restinho para o vaso sanitário. 

Nosso Hostal Granada, na cidade. C$ 260 (U$8) pelo pernoite, para uso do banheiro e ducha! 
Granada é a cidade europeia mais antiga da América Central e é realmente muito bonita. Seu centro histórico com casario antigo está bem preservado e hoje é a sexta cidade mais populosa da Nicarágua, com uma população estimada de 130 mil habitantes. O único senão é o esgoto escorrendo a céu aberto, em poças e riozinhos que correm até o lago Nicarágua (também chamado de Lago Cocibolca)! Muito triste observar o descaso com o meio ambiente neste local, um dos mais visitados no país e poluindo o segundo maior lago da América Latina, ficando atrás, apenas, do lago Titicaca.  

Passeio de charrete pela cidade: U$ 10

Catedral de Nossa Senhora de Assunção ou Catedral de Granada, concluída em 1972, mas cuja primeira construção, com tapicel e rafaz, era datada de 1525, tendo sido reconstruída em 1751. A cúpula de ferro veio dos EUA no ano 1916.

Praça da Independência
A receptividade turística na Nicarágua definitivamente não é uma de suas qualidades!!!! Infelizmente em todos os lugares onde entrávamos a primeira coisa que a pessoa nos dizia era o preço da atração, esquecendo-se até de nos cumprimentar!! Desnecessário afirmar que os preços sempre são em dólares americanos... Uma pena! Esta particularidade acabou por nos afastar o desejo de irmos até o litoral do Pacífico, em León, e acabamos por decidir que nossa estadia neste país seria bem breve, o suficiente para atravessarmos até Honduras, nosso próximo destino! 

Convento e Igreja de São Francisco
Esta cidade foi vítima de inúmeras invasões piratas nos idos dos séculos XVI e XVII. Durante a Era Sandinista, nas décadas de 1970/1980, conseguiu evitar grande parte do regime totalitarista que se abateu sobre o país.

Igreja de Guadalupe

Rua larga e pavimentada, com iluminação subterrânea

Presença de esgoto a céu aberto nas ruas da cidade. Triste!

Mercado público


Deixamos Granada após fazermos umas compras no supermercado e seguimos rumo a Estelí, onde buscamos um lugar para pernoitarmos. Assim conhecemos o Alonzo, pessoa incrível e receptiva, que nos recebeu e ofereceu o que tinha para que nos sentíssemos bem e seguros. Ele tem uma área de estacionamento ao lado de posto de combustível e muitos caminhoneiros pernoitam ali. O lugar bem simples e cheio de ferro velho não era um paraíso, mas sentimo-nos felizes e tranquilos ao lado do cão Limber, e fizemos nosso jantar. Tudo aqui é meio adaptado, pois Alonzo está construindo uma estufa para plantas ornamentais e assim está vivendo com sua esposa de forma muito simples, até que consiga se organizar melhor.

O melhor de um lugar é a sua gente: Alonzo mostrou-se um bom e receptivo amigo!
Banheiro adaptado

Banho de caneca!!
Batemos um longo papo com esta pessoa especial e aprendemos sobre outras medidas utilizadas por aqui: a vara e a manzana. Uma vara corresponde a 33 polegadas e um quadrado de 100 varas x 100 varas equivale a 1 manzana! Vivendo e aprendendo!!

Uma vara =  33 polegadas

Não é venda de frutas!!  Quer comprar um terreno?? Vai ter de calcular a área primeiro!
Nossa passagem pela Nicarágua foi bastante rápida e acabamos não conhecendo muitas de suas atrações, mas deixamos um bom amigo lá para retornarmos um dia!!!

Conhecendo o sonho do Alonzo: plantas ornamentais

sábado, 23 de março de 2019

Conhecendo a Costa Rica

A Costa Rica era um dos países que mais nos atraía antes de nossa partida. Por seu apelo ambientalista, tínhamos muitas expectativas quanto ao que iríamos conhecer, ver e aprender com nossos irmãos costa-riquenhos.
Por falta de atenção por parte da navegadora (Mari), acabamos entrando na Costa Rica pela costa do Pacífico, fazendo os trâmites em Paso Canoas. O usual seria termos feito a costa do Atlântico do Panamá, ainda no Caribe, para conhecermos o litoral caribenho da província Limón... Paciência!! Ficará para a próxima visita a este maravilhoso país!

Rio no Parque Nacional Piedras Blancas
Os trâmites foram rápidos e nesta divisa existe uma Zona de Livre Comércio, que mais lembra a Ciudad del Este (Paraguai) de antigamente: bastante suja e desorganizada! Além disso, na Costa Rica existe um seguro para o carro a ser pago na aduana, no valor de U$46, mais umas cópias de documentos (do carro, do passaporte com carimbo) que custou € 250 (250 colones) - na cotação do dia da entrada, U$1 = € 604.

Paso Canoas: divisa Panamá/Costa Rica
A Costa Rica foi descoberta por Cristóvão Colombo em 1502 e naquela época viviam aqui pouco mais de 30 mil indígenas dos grupos: guetares, chorotegas e borucas. Foi o ouro usado nos ornamentos dos indígenas que atraiu os espanhóis a colonizarem a região, porém os mesmos só conseguiram conquistá-la em 1530. A independência deste país se deu em 1821 e nesta época se deu o início da exportação do café, seguido posteriormente pelas produções de açúcar e banana.

Seguimos uns 20 km até a primeira cidade, Corredor, onde buscamos um mapa rodoviário do país, sem sucesso, e compramos o chip para celular da Kölbi, que custou € 6000 com internet compartilhada. Estava muito quente, então seguimos para o litoral, porém na cidade de Golfito não há praia, apenas uma baía muito bonita com águas transparentes. Nesta localidade também havia uma Zona de Livre Comércio, mas em função do clima resolvemos seguir por estrada de terra até o Parque Nacional Piedras Blancas, onde paramos às margens de um riozinho para nos refrescarmos. Nossa ideia era acampar por ali mesmo, mas como começou a chuva e nós estávamos na "curva do rio", ficamos preocupados com a possibilidade de uma cabeça d'água e seguimos em frente, debaixo de um toró, até um posto de combustível onde paramos para dormir. A chuva parou a tempo de fazermos nossa janta e fomos dormir com um lindo luar.



Curiosidade: na Costa Rica o café da manhã é bem diferente. Aqui come-se feijão, ovo, carne assada, sopa de frango de manhã cedo, tudo acompanhado por tortillas. Nós compramos apenas as tortillas e as comemos com queijo neste primeiro dia, pois estávamos sem pão. 



Seguimos viagem pela Ruta 34 - Carretera Nacional Pacífica Fernández, litorânea, e fomos entrando em muitas praias, uma mais linda que a outra! A Playa de las Ventanas é particularmente bonita, pois possui formações rochosas em forma de cavernas, de onde se pode enxergar o mar do outro lado. Por ficar dentro de uma área particular, é cobrado o day use,que não pagamos, pois apenas ficamos por alguns minutos neste local, tirando fotos e admirando a natureza. 


Playa de las Ventanas


Logo à frente fica o Parque Nacional Marino Ballena, onde entramos e conversamos com a responsável, que permitiu que fôssemos até a praia Ballena (sem pagarmos o ingresso), diferente por ter parte da praia ocupada por areia e a outra parte ser toda em pedras redondas. O ingresso deste parque custa U$ 6 por pessoa e inclui o day use e a possibilidade de acampar na área do estacionamento, mediante pagamento extra. Ainda dentro da área do parque, seguimos até a Playa La Colonia, onde tiramos mais fotos das ilhas que ficam em frente ao promontório. 

Playa Marino Ballena

Cabe aqui uma explicação: todos os parques nacionais da Costa Rica têm ingresso cobrado em dólar americano. O Parque Nacional Marino Ballena é o mais barato. Essa dolarização se dá por conta da grande quantidade de turistas estrangeiros, a grande maioria americanos, que estão se mudando para cá, inflacionando os preços e tornando a vida do cidadão comum costa-riquenho bastante difícil. 

Contando com quase 5 milhões de habitantes, a Costa Rica é conhecida por ter leis ambientais e compromisso com a preservação do meio ambiente, sendo um dos únicos países a cumprir os 5 critérios do PNUD estabelecidos para medir a sustentabilidade ambiental. Porém, na prática vimos que a preocupação com as regras são mantidas dentro das áreas de proteção ambiental, especificamente os inúmeros parques nacionais que há no país. Fora desta zona, observam-se queimadas (presentes em todas as Américas), principal manejo de terreno para liberar área de plantio e a falta de destinação correta do lixo reciclável, por exemplo. 
O país tem no turismo sua maior fonte de arrecadação e ele sabe vender "o seu peixe"! Em todas as propagandas sempre se divulga a diversidade da fauna e flora, pois a Costa Rica é o país com a maior diversidade de flora e fauna na América Central. Estima-se que 38% de sua superfície é coberta por bosques e 25% de seu território encontra-se protegido, porém estas áreas são as que contemplam os parques nacionais e áreas de preservação permanente (APP), como mananciais e margens de rios, por exemplo.  


Iguana ao lado de nosso acampamento, comendo ossinhos de frango!!
Resolvemos parar na Playa Hermosa, distante alguns quilômetros do parque Marino Ballena, linda como o próprio nome já diz. Eriberto, vendedor de frutas no local, nos deu uma braçada de granadillas (parecidas com maracujá, porém mais doces e menos ácidas) e nos assegurou que a praia é segura e tranquila, e claro, grátis, portanto acampamos por aqui e ainda compramos uma melancia de quebra. Tivemos a companhia de iguanas durante nossa estadia; elas vieram tranquilamente comer os ossinhos de frango que jogamos para elas. Durante a noite, a polícia fez rondas de hora em hora, demonstrando a preocupação das autoridades locais na proteção ao visitante/turista. 


Pôr de sol na playa Hermosa
Com Eriberto, cidadão nicaraguense que mora aqui nesta praia, vendendo frutas,
entre elas, melancia e granadillas deliciosas!
O país é conhecido por ser a mais sólida democracia da América Latina e recebe muitos refugiados vindos de países vizinhos, como a Nicarágua, por questões políticas e ditatoriais deste país. O exército da Costa Rica foi extinto em 1949 e hoje o país possui uma legislação que prevê sua neutralidade em conflitos armados internacionais.  

No dia seguinte nosso objetivo era conhecer o Parque Nacional Manuel Antônio, no município de Quepos. As informações são um pouco confusas e não há placas indicativas, então tivemos de perguntar duas vezes antes de acertar o caminho. Tudo no parque é pensado para turista, o preço também. Para estacionar, o valor cobrado iniciou em U$20 a diária e acabamos combinando com Pedrinho de pagar € 7000 para estacionar e acampar durante a noite (no facilities, isto é, sem serviços de banheiro, energia, ducha,...). Acabamos pagando ainda menos depois de fazermos amizade com o Pedrinho... Antes de entrarmos no parque conversamos com o guarda-parque Henry que nos deu um mapa do mesmo e algumas dicas. 



O bicho-preguiça, marca registrada do Parque

Playa Gemela - uma separada da outra por um promontório

Playa Gemela
Há dezenas de barracas e lojas oferecendo todo o tipo de souvenir nas imediações do parque, além de restaurantes e lanchonetes, que funcionam o dia todo atendendo aos visitantes. O parque fica de frente para o mar, numa praia muito bonita de águas azuis cristalinas. 



O Parque Manuel Antonio, considerado um dos 12 mais bonitos do mundo pela Revista Forbes, foi inaugurado em 1972 e tem uma área de quase 57 mil ha, dos quais apenas 2 mil ha estão na parte terrestre. Localizado na província de Puntarenas, está a 160 km de distância da capital, San Jose, e era habitado pela nação Quepoa, que foi substituída por colonos que usaram desta área para o cultivo de frutas, depois sendo adquirida pela empresa Unit Fruit Co. 

Trilhas dentro do parque


O ingresso para acessar o Parque Manuel Antonio é de U$ 16 por pessoa e o horário de saída é 17h. Fizemos muitas trilhas durante o dia, caminhando horas e nos deliciando com a visão de preguiças nas árvores, cervos, cutias, macacos de diferentes espécies e tomando banho em diversas praias lindíssimas: playas Gemelas, playa Espadilla, playa Galardonada - Bandeira Azul, para citar. Como havia chuveiros dentro da área do parque, aproveitamos para tomar um banho e tirar o sal e na saída, fizemos compras num mercadinho próximo da área do estacionamento.  Há que pesquisar os preços, pois a diferença é grande de um estabelecimento para outro. 







Área de mangue, berçário das espécies
Só hoje fomos nos dar conta que a Costa Rica está em outro fuso horário. Portanto, se você está vindo do Panamá, atualize seu relógio em uma hora a menos quando entrar aqui. 

Praia em frente ao Parque Manuel Antonio - preparativos para receber os turistas e banhistas do final de semana
Com um calor intenso já às 10 h da manhã, resolvemos esfriar nossas cabeças subindo a serra e indo conhecer o Vulcán Poás (aproximadamente 2700 msnm), distante uns 200 km do Parque Manuel Antonio. Usamos o MapsMe e acabamos "entrando numa fria"! O app nos mandou por estradas secundárias, não pavimentadas e quando nos demos conta de que a coisa estava ficando pesada, já não tinha mais como voltar. Seguimos em frente e o que deveria ter levado umas 3 horas, no máximo, acabamos levando o dia todo, chegando ao portão de entrada do parque do Vulcão Poás às 16h30min e ele já estava fechado (fecha às 16h).  


Fresas Maye - do Francisco e família - e, ao fundo, restaurante na estrada parque
Retornamos uns 5 km pela vida de acesso e Marcos Francisco, dono da loja Fresas Maye permitiu que acampássemos no pátio do estacionamento, deixando um dos banheiros abertos para que pudéssemos utilizá-lo durante a noite. Viramos amigo do Marcos em 2 minutos e ele já ia dar a chave do restaurante para que pudessemos cozinhar lá dentro. Recusamos mas a amizade nessas horas é algo que emociona a gente.

Vista da capital, San Jose, do alto da montanha que leva ao Vulcão Poás
O Vulcão Poás é um estratovulcão, localizado no parque Nacional Vulcão Poás, distante 40 km de San Jose. Desde 1828 foram observadas 39 erupções e ele possui duas crateras principais no topo, uma de 1,5 km de diâmetro, aproximadamente, e 260 m de profundidade e a outra que é a Lagoa Botos, de água fria e origem pluvial.  

Na manhã seguinte, enquanto tomávamos nosso café no meio das nuvens, com uma temperatura de 10°C, no máximo, recebemos a visita de duas alemãs de Hamburgo que também pretendem fazer o passeio pelo vulcão. Oferecemos chá para ambas e para o taxista (Francisco) que as trouxe e trocamos ideias. Assim que a loja Fresas Maye abriu, perto das 9h, compramos os ingressos (devem ser comprados pela internet com antecedência ou em algumas lojas que ficam no caminho, como esta) a U$ 17 por pessoa, agradecemos o pernoite e subimos novamente a estrada, chegando à área de estacionamento e recebendo a informação de que o vulcão está ativo há 9 meses e não se podem fazer as trilhas demarcadas, apenas podendo fazer visitas monitoradas de 20 minutos até a cratera principal. Ficamos decepcionados e frustrados, pois pelo preço pago queríamos fazer tudo!!

Centro de visitantes. As lojas de conveniência e lanchonete estão fechados desde que o parque está em "alerta amarelo", há 9 meses! Nem o pequeno museu está aberto ao público! Achamos um desrespeito, pois foi cobrado o ingresso integral!

Nosso guia dando as orientações antes da caminhada de 600 m até a cratera

Local dos impactos de rochas incandescentes durante uma das erupções recentes.
 Observe que a cratera está fechada por nuvens.
Seguimos com o primeiro grupo até a cratera, após receber as orientações e informações referentes ao parque e ao vulcão. Chegamos ao local, permanecemos 20 minutos esperando e não vimos nada, pois havia nuvens em toda a volta. Retornamos, mas não desistimos. Esperamos por 2 horas, aproximadamente, enquanto conversávamos com uma família canadense que também resolveu aguardar e retornamos com outro grupo. Desta vez tivemos mais sorte, pois por 30 segundos pudemos ver a cratera, com seu lago de enxofre amarelo e os vapores sendo expelidos!!

Pequena abertura do tempo onde tivemos a possibilidade de ver um pouco a cratera e uma poça de enxofre


O frio desta noite nos afugentou e mesmo o taxista Francisco nos convidando para ficarmos em sua casa, em Alajuela, acabamos optando por voltar para o litoral, uns 250 km passando por Nicoya e de lá, seguindo para Sámara, praia muito bonita e com ótima infraestrutura. Acampamos próximos de um restaurante (onde usamos o banheiro) e de frente para o mar.

Lindo restaurante ao lado de onde acampamos, em Sámara
Amanhecer em Sámara


Nossos companheiros de café da manhã: esquilos!

Visual da praia de Sámara
No dia seguinte, sempre em direção norte, fomos até a Playa Avallanes, porém desistimos de ficar, pois não havia área sombreada. Desta forma, seguimos até a Playa Tamarindo, local de "bacanas com seus carrinhos de golfe" e encontramos um lugarzinho sombreado no cantinho da praia. Lá reencontramos um casal de italianos com quem tínhamos trocado meia dúzia de palavras em Avallanes e acampamos juntos, por ser mais seguro. Na outra manhã, após o café, caminhamos até a Punta San Francisco, local bonito e onde conhecemos outro casal da Grã-Bretanha. 

"Vaqueiro" moderno da Costa Rica: toca o gado de moto!
Punta San Francisco, ao lado da playa Tamarindo

Playa Tamarindo

Mateo e Mônica, casal de italianos, haviam nos dado a dica de conhecermos e acamparmos na Playa Rajada, e este foi nosso último destino na Costa Rica. Praia quase deserta, de água azul cristalina, mas fria, foi nosso ponto de descanso nesta noite. A noite foi de muito vento, a ponto de virar as lixeiras... Tivemos a companhia de outros dois campistas, cada um num canto da praia! O mais curioso foi a presença do urraca, pássaro lindo e curioso, que entrou no carro e comeu uma parte de nosso abacaxi!! Essas aves são espertas e muito confiadas! Colocamos casca de melão próximo do acampamento e elas vieram e carregaram tudo embora. Umas "mortas-de-fome" rsrsr!

Nosso companheiro na Playa Rajada: Urraca

Playa Rajada

Águas transparentes e geladas, areia fina e muiiitoooooo vento!
Nossa última despesa na Costa Rica foi U$ 8 por pessoa para deixar o país. As experiências vividas no país foram positivas, mas percebemos que assim como em outros locais, a ideia de "explorar o turismo" está sendo confundida com "explorar o turista". O fato de todos os passeios, entradas em museus e parques ser em dólar acaba incentivando a elevação de preços e a impossibilidade do cidadão local poder frequentar estes locais, pois tornam-se financeiramente inviáveis.
Outro senão é o idioma espanhol, que aos poucos está perdendo espaço para ao inglês. Há locais em que não se ouve a língua pátria e a ideia de que os gringos trazem dinheiro para o país suplanta a manutenção da cultura do povo.