|
Praça central da cidade de Antígua, com comerciantes locais em suas roupas típicas |
Depois de nossas rápidas, porém positivas passagens pelos outros 2 países do CA 4 (El Salvador ficará para outra oportunidade), não sabíamos o que esperar da Guatemala, mas ela já nos surpreendeu na aduana conjunta de El Florido, pois diferentemente dos outros países, não tem taxa de ingresso no país, apenas o seguro do carro, que custou Q$ 160 (U$ 20 mais ou menos) e foi pago no banco diretamente.
O Quetzal é a moeda corrente na Guatemala e o câmbio para o dólar americano é de, aproximadamente, U$ 1 = Q$ 7,70.
Recebemos um lindo mapa do país na aduana, com as principais rodovias e cidades destacadas, bem como o agente aduaneiro nos deu algumas dicas antes de partirmos. Paramos a 80 km da capital, Cidade da Guatemala, num posto de combustível onde, em conversa com o frentista, descobrimos o porquê das estradas estarem quase sem movimento de caminhões: existe uma lei que só permite o transporte de cargas vivas e alimentos durante o dia! Nessa rota, caminhões só trafegam das 19h às 8h!! Resultado: nossa noite foi bem barulhenta e agitada!!
Tínhamos acabado de chegar no posto quando, de repente, ergueu-se uma nuvem de pó que caiu do morro localizado na parte de trás do local. Nosso susto foi descobrir que não se tratava de um caminhão passando na rua ao lado, e sim, de um pequeno tremor de terra que tinha ocorrido minutos antes!! Um rapaz, vizinho ao posto, veio conversar conosco e nos orientou a mudar o carro de posição, deixando-o mais afastado do morro, pois corria o risco de haver outro tremor e a montanha de areia descer inteira!! Uia! Que medo!! Mudamos o carro na hora!
Na manhã seguinte nos dirigimos à capital, contornando a cidade limpa, bonita e organizada e de lá direto à Antígua ou La Antígua, terceira capital do país, com suas construções e arquitetura colonial bem preservada. Nesse primeiro contato com a cidade, resolvemos subir até o Morro da Cruz (Cerro de la Cruz), de onde se pode ver a cidade toda com o Vulcão de Água ao fundo. Não conseguimos enxergá-lo, pois estava encoberto.
|
Vista superior da cidade de Antígua. Vê-se o contorno do Vulcão de Água à esquerda, na bruma |
A cidade de Antígua foi Declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (1979), por ter uma arquitetura barroca espanhol bem preservada além de várias ruínas de igrejas coloniais, foi fundada em 1549.
|
Ruínas da Iglesia de la Candelaria (1548), destruída completamente após o terremoto de 1753 |
A história da cidade é confusa, visto que mudou de nome (era Santiago de los Caballeros até a mudança da capital para a Cidade da Guatemala), posição geográfica e função ao longo dos anos. Foi construída a partir de 1543 na atual localização e sua construção foi planejada em forma quadrada, tendo ruas largas correndo de norte a sul e leste a oeste, tendo uma praça central, onde ficam dispostos os prédios importantes e governamentais. Muitas construções foram destruídas pelos intensos terremotos que abalam a região periodicamente, sendo que inúmeras igrejas acabaram só em ruínas, que podem ser vistas e visitadas na atualidade.
|
Iglesia e Convento San Francisco |
|
Visitação do museu e ruínas, Q$ 8 por pessoa (U$ 1) |
Em 1608 os jesuítas fundaram a escola "San Lucas da Companhia de Jesus" e ela foi referência onde a aristocracia colocava seus filhos para estudar. Em 1626 foi concluída a igreja da congregação, mas assim como a escola, sofreu com os inúmeros terremotos que se abateram sobre a cidade entre os séc. XVI e XVIII, tendo sua estrutura abalada.
|
Escola e igreja da Companhia de Jesus: em ruínas |
|
Muitas imagens de santos aparecem sem cabeça e sem mãos. Dizem que quebraram quando da queda durante o terremoto. Existem, no entanto, outras situações em que se cortam as mãos das estátuas... vá saber! |
|
Ruas da cidade |
|
Pátio interno do Museu de Arte Colonial (Q$ 50 por pessoa = U$ 7, aproximadamente) |
|
Prédios na praça central |
As obras de reconstrução que se sucediam após cada tremor de terra faziam com que a cidade fosse ficando cada vez mais bonita e melhor. Imagine que em 1751 já havia sistema de distribuição de água e as casas e prédios tinham água nas torneiras?!
Finalmente, em 1776 a capital foi mudada para uma região mais segura, chamando-se Cidade da Guatemala de Assunção, e sob a ordem da Coroa Espanhola Antígua deveria ser evacuada, o que não aconteceu.
|
Interior da igreja em frente ao Crucero (praça com cruz) enfeitada em função da Quaresma |
Quando visitamos a cidade ela estava enfeitada e à espera dos festejos da Páscoa, onde a procissão da Sexta-feira Santa atrai milhares de fieis e turistas. Acampamos numa área central chamada DISETUR - Rancho Nimajay, onde já havia dezenas de turistas com seus motorhomes e campers. A única exigência para poder acampar aqui é possuir estrutura própria (banheiro, ducha e comida) e tirar fotocópia dos passaportes para fazer o registro. Mesmo não tendo banheiro, "demos o tombo" e ficamos, usando o banheiro do McDonalds e de outros estabelecimentos comerciais na região do entorno.
|
DISETUR - área de camping próximo do centro histórico de Antígua |
Neste local pessoas da comunidades oferecem serviços para os turistas, desde água mineral até troca de gás. Como estávamos precisando recarregar nosso botijão de gás, chamamos o rapaz que veio prontamente e disse que em poucas horas traria o botijão recarregado. Já era noite quando ele retornou com o gás e, na manhã seguinte, Marcos foi instalá-lo no carro, porém não usou IPI's por distração!!! Por azar ou excesso de pressão do gás, houve um vazamento e Marcos queimou suas mãos seriamente! Rapidamente procedemos com os primeiros socorros, muita água corrente para estabilizar a temperatura e
spray de Andolba para anestesiar o local e depois, sulfadiazina de prata, que é uma pomada excelente para queimaduras, barata e extremamente eficiente!
|
Umas das bolhas, resultado da queimadura provocada pelo vazamento de gás |
Passeamos por dois dias pela cidade, vendo e fotografando seus encantos! A arquitetura local é lindíssima e as lojas e restaurantes aproveitam as fachadas, alterando e modernizando seus interiores.
|
Restaurante em local onde era uma armazém |
|
Restaurante e Museu do Chocolate |
|
Restaurante o Museu do Chocolate |
|
Arco Santa Catalina, um dos cartões postais da cidade. Infelizmente não se vê o vulcão ao fundo |
O Arco Santa Catalina construído no séc. XVII, originalmente ligava o convento a uma escola, permitindo que as freiras enclausuradas cruzassem de um lado para o outro sem precisar andar pelas ruas. O relógio da torre foi adicionado em 1830, pela Confederação Centro-Americana.
|
Iglesia la Merced, de estilo barroco, finalizada em 1767 |
A Iglesia de la Merced possui uma história bem pitoresca. Após o grande terremoto - cujo nome foi Terremotos de Santa Marta - que atingiu a cidade em 1773 e ocasionou a mudança da capital para Cidade de Guatemala, distante uns 80 km, o capitão geral de Antígua (ainda Santiago de los Caballeros, na época) decidiu que as imagens principais dos santos desta igreja fossem transferidos para o local onde seria erguida a nova igreja. Assim, o templo ficou sem santos, porém continuou funcionado normalmente e tendo ofícios por um tempo, quando os padres e cléricos em geral foram forçados a se mudar para a nova capital. Só muito anos mais tarde é que voltou a ter a estátua de Jesus Nazareno, utilizada nas procissões da Semana Santa.
|
Mercado público: comidinhas "da hora" já cedo pela manhã |
|
Biblioteca da cidade de Antígua: pátio interno, com contemporâneo x antigo convivendo |
|
Ainda nos pátios internos da biblioteca, que tem um restaurante muito chique em sua construção |
Deixamos a cidade maravilhados, pois Antígua se mostrou um excelente cartão postal e de visitas deste país incrível e colorido! As roupas típicas coloridas e bordadas estão presentes no cotidiano do povo nativo com quem você poderá negociar peças de vestuário e para a casa nas ruas.
Dirigimo-nos para a próxima atração,
lago Atitlán, subindo a serra até Chimaltenango, passando por Tecpán e dando uma volta por Sololá, antes de chegarmos à cidade de Panajachel seguindo por estradinhas sinuosas e bem movimentadas.
|
Vista do lago Atitlán. Por conta da névoa densa, não foi possível ver os vulcões que ficam a sua volta |
|
Às margens do lago Atitlán |
|
Testando a qualidade da água do lago... hum! Nada boa! |
Localizada na costa nordeste do lago Atitlán, Panajachel é uma cidade que está a quase 1600 msnm e é um centro turístico bem importante da região, fornecendo serviços de navegação pelo lago, hotéis e restaurantes diversos.
Panajachel deriva da língua Kaqchiquel e que significa "lugar dos Matasanos", espécie de árvore frutífera (fruto: sapote branco ou maçã mexicana).
A cidade foi destino de muitos hippies nos anos 1960, porém durante o período de Guerra Civil na Guatemala, houve o esvaziamento da cidade (e do país). Hoje o principal fator econômico da cidade é o turismo!
A vontade de cair na água para nos refrescarmos foi abortada quando vimos o rio que desce da montanha e passa pelos lugarejos vizinhos, interferindo diretamente na qualidade da água do lago.
|
Rio que desce a montanha e traz consigo os efluentes domésticos dos povoados que ficam ao seu redor |
Andamos pelas ruas da cidadezinha, buscando um hostal ou hotelzinho/pousada para ficarmos, visto que o local de estacionamento público era muito barulhento para acamparmos. Como era sábado, havia muita gente no local (que é turístico), fazendo os passeios de barco e perambulando pelos restaurantes, como nós.
|
Vista do lago, no Hotel Bahia del Lago, onde acampamos |
Finalmente achamos local para acampar no Hotel Bahia del Lago, indicado no IOverlander, próximo da entrada da cidade e perto de um resort chiquetérrimo. Conversamos com o Maurício e negociamos nosso pernoite por Q$ 60 (aproximadamente U$ 8) com uso de chuveiro e banheiros na área da piscina.
|
Área de lazer do Hotel |
|
Nosso acampamento às margens do lago Atitlán |
Definitivamente esta não está sendo a viagem para avistamento de vulcões... Novamente não fomos afortunados pela vista deles! Muita névoa no local nos impediu de vermos os 3 vulcões que circundam o lago Atitlán: San Pedro, Atitlán e Tolimán.
O Lago Atitlán é um grande lago endorreico, considerado o mais profundo da América Central, porém ainda não completamente estudado, estima-se que tenha 340 m de profundidade. Tendo origem vulcânica formada por uma erupção ocorrida há 84 mil anos, possui 3 vulcões que hoje estão às suas margens, que são: San Pedro, o mais antigo e inativo há 40 mil anos, Tolimán ativo, mas dormente e Atitlán que teve sua última erupção em 1853. O lago é rodeado de muitas aldeias e cidadezinhas, muitas de origem maia, predominantemente das tribos tsutuiles e caqchiqueles. Hoje o turismo é a principal fonte econômica da região, porém nas encostas das montanhas existem muitas plantações de café e milho.
Em 1958 foi introduzido um tipo de peixe no lago, o achigã, que acabou predando muitas das espécies nativas, sendo o principal causador da extinção do mergulhão-de-Atitlán, ave rara endêmica da região do lago.
|
Chichicastenango em dia de feira |
Percebemos que era bem isso que tínhamos em mente e apenas circundamos a cidade, seguindo o caminho para norte, subindo (muito) e descendo as montanhas, contornando morros e andando devagar, pois além das subidas íngremes, são centenas de
túmulos* (lombadas, obstáculos,
muros, redutores de velocidade, quebra-molas,
roempe muele,
tope, lomo: são alguns sinônimos para as famosas e horrorosas lombadas, que existem aos milhares em toda a América Latina).
|
O uso dos "túmulos" é frequente em toda a América Central e os nomes variam bastante |
As estradas nesta parte da Guatemala são bem cansativas, pois são subidas imensas, com muitas curvas e descidas sempre contornando as montanhas. As paisagens são bonitas, mas a presença do lixo em todos os lugares é usual e além do acúmulo de resíduos, há ainda o costume de atear fogo para efetuar a limpeza. Aí a coisa fica pior...
|
Lixo jogado às margens das rodovias, neste caso, um curso de rio seco |
|
Normalmente, as pessoas depositam seus resíduos na beira da rodovia |
|
Depois que se acumula um monte de lixo, ateiam fogo |
Esses procedimentos foram observados tanto na Nicarágua quanto em Honduras e aqui, na Guatemala, o fenômeno se repete... Falta cultura, conhecimento e políticas públicas que realmente diminuam ou resolvam os impactos ambientais provocados pelo consumismo e conscientização da população em cada um fazer a sua parte.
Dá pena de ver o mau trato com a natureza num país tão lindo e incrível!!! E o contraste entre a sujeira e as belezas do país é impactante!
|
Plantações de café nas encostas das montanhas, próximo de Lanquín |
A diferença de temperatura no país também é uma marca registrada. Enquanto que nas partes baixas as temperaturas ultrapassam fácil os 30°C, no alto das montanhas o frio e chuva ocasionais, principalmente à noite, baixam as temperaturas perto dos 10°C, necessitando de agasalho ou coberta para dormir!
|
Comprando batatas com balança de dois pratos!! |
Nossa próxima parada era
Semuc Champey, local próximo da cidade de Lanquín, que fica a 1 hora de Cobán. Havíamos parado no Centro de Informação Turística - IGUAT, no centro de Cobán, para pegar mapas e mais detalhes do caminho até Semuc Champey e descobrimos há asfalto até uns 12 km antes de Lanquín. De Lanquín até Semuc Champey são mais 12 km, em estrada ruim, estreita, com subidas e descidas íngremes com muitas pedras soltas.
|
Marca da freada e parada no guardrail... este foi por pouco!!! |
Este trajeto foi marcado por um "quase acidente", pois numa determinada curva, a 30km/h, o Garça seguiu reto, não respondendo aos comandos pois havia óleo na pista... paramos assustados à 20 cm do
guardrail (que já havia sido atingido por algum veículo antes da gente, pois estava deslocado e torto, para dentro do precipício)!!! UFA!!! Trabalho extra pros anjos da guarda no dia de hoje!!!
Passado o susto, paramos em Lanquín na entrada das Grutas (que decidimos ver na volta) e fomos direto até o Monumento Natural Semuc Champey, chegando lá depois das 17h. O parque já estava fechado, mas conversamos com os locais e o vigia permitiu que acampássemos na área do estacionamento, próximo da área comunitária em que há banheiros e ducha.
Durante a noite caiu um toró, deixando-nos apreensivos em como iríamos retornar para a cidade de Lanquín, visto que a estrada é muito ruim... Mas isso só seria preocupação depois de conhecer as piscinas naturais de Semuc Champey. Na manhã seguinte, o sol resolveu aparecer e pudemos aproveitar e nos admirar com um dos lugares mais bonitos que conhecemos até aqui!! Sem dúvida, SEMUC CHAMPEY é TOP 10!!! Lugar incrivelmente lindo!!
|
Vista panorâmica das piscinas naturais |
Depois de desfrutarmos longamente do lugar resolvemos retornar para Lanquín, pois o tempo fechou novamente e não queríamos arriscar em fazer a volta debaixo de chuva. Enquanto Marcos desarmava a barraca, aproveitei para trocar de roupa no banheiro. Quando saí de lá, peguei o Marcos mexendo na farmácia, bastante nervoso e preocupado. Também pudera: havia sido picado no dedo do pé por uma aranha, quiçá venenosa, grande e amarela!! As meninas indígenas que estavam ao nosso lado conversavam entre si, preocupadas também!! Marcos agiu rapidamente e espremeu todo o veneno do dedo (um líquido esbranquiçado) até que começou a sair sangue. Daí, passou pomada e tomou uns remédios... A Guatemala está se mostrando um destino bem agitado!! O anjo da guarda voltou a agir e a ação rápida e os medicamentos fizeram efeito, pois o dedo não inchou e o Marcos não teve febre. Affff! Que susto!!!
|
Aranha, depois da picada e da chinelada! |
|
Detanhe dos "furinhos" da picada da aranha no dedo médio |
Retornamos a Lanquín, não sem antes termos de esperar o "conserto" da ponte... isso está saindo melhor que a encomenda, cheia de aventuras!!
|
Conserto realizado, pudemos seguir viagem! |
Fomos direto até as Grutas de Lanquín, onde procuramos pelo Carlos, que foi a pessoa com quem havíamos conversado no dia anterior. Pagamos o ingresso (Q$ 30 por pessoa = menos de U$4) e aproveitamos para testar a água que é distribuída para a comunidade e que vem das nascentes que passam próximo da gruta. A água é bastante mineralizada, porém de boa qualidade.
San Agustín Lanquín, ou simplesmente Lanquín, é uma cidade onde a maioria dos 17000 habitantes é descendente de Q'eqchi' Maia. Descoberta pelos espanhóis em 1540, só passou a ser cidade em 1846, tendo sido declarada Patrimônio Natural Nacional em 1997.
|
Vista da boca da caverna para o rio Lanquín, que nasce aqui |
|
Espeleotemas no interior da caverna |
A Caverna contém muitos espeleotemas, porém sua conservação está bastante precária, visto que o local ainda é usado para cerimônias religiosas e depósito de oferendas pela população local, por trata-se de um lugar espiritual para os maias. Existe uma preocupação dos guias que acompanham as visitas em preservar o patrimônio, recolhendo o lixo que porventura seja encontrado, e hoje a gruta conta com sistema de iluminação. Nem sempre foi assim e as paredes internas da caverna estão pretas da fuligem de candeeiros e velas ou tochas utilizadas antigamente para a sua iluminação. Ainda assim, o lugar merece uma visita e neste local também pode se acampar, porém não existem facilidades.
|
Muitos foram nossos companheiros de viagem até aqui! Todos fofos e carentes! |
O calor das 13h estava infernal, porém a caminhada pelas trilhas se faz por debaixo das árvores, o que ajuda bastante. Levamos um bom estoque de água e Gatorade e percorremos praticamente todas as trilhas, admirando e curtindo as paisagens, ruínas e animais que existem dentro do sítio arqueológico. Existe uma espécie de lanchonete (comida industrializada: pacotes de biscoito, salgadinhos e refrigerantes) próximo da grande pirâmide e outra próxima da praça principal da acrópole (Plaza dos 7 Templos), mas aqui também tem de se pagar em dinheiro trocado, pois eles não têm troco. E lá pelas 15h, fecham os locais e vão embora! Portanto, leve seu farnel e bastante líquido, pois você vai precisar!
Tikal é a ruína de uma cidade maia antiga, declarado Patrimônio Histórico da Humanidade em 1979. Embora sua arquitetura monumental remonte ao séc. IV a.C., ela atingiu seu auge durante o Período Clássico, de 200 a 900 d.C., onde dominou politica, econômica e militarmente a civilização maia interagindo também com a Mesoamérica da cultura Teotihuacan, que invadiu e dominou sua cultura a partir do séc. IV d.C. A partir daí, não foram mais construídos edificações em Tikal e a população começou a deixar o local, sendo abandonada até o séc X.
|
Estelas (monolitos de pedra) que contam a história das dinastias |
O nome Tikal ("no poço") foi dado apenas a partir da sua
descoberta na década de 1840. Há registros de que seu nome original era Yax
Mutal ou Yax Mutul, "primeiro Mutal", porém seu significado permanece
obscuro.
A cidade foi toda mapeada e cobre uma área de 16km² com cerca de 3000
estruturas. A área ao redor de Tikal compreende 570 km² de área preservada,
criada em 1955 quando foi declarado Parque Nacional.
|
Vista de cima da pirâmide, acompanhados de alunos do Ensino Médio de Cidade da Guatemala |
Além das ruínas estarem localizadas na área de floresta tropical da
Guatemala, ainda se encontram na área do parque exemplares da Ceiba pentandra
(kapok gicantesco), árvore símbolo da Guatemala e sagrada para os maias e mogno
de Honduras e Cedro tropical. Entre as espécies de animais, encontramos o quati
de nariz branco, o pavão, os macacos aranha e bugio, cutias, diversos tipos de
aves e insetos.
|
Ceiba, árvore sagrada dos maias e símbolo da Guatemala |
A única fonte de água de Tikal era o armazenamento da água das chuvas em
reservatórios construídos para este fim. Sabendo que o período das chuvas é
incerto, havia uma grande preocupação com a manutenção das plantações e criação
para sustento da comunidade. Esses reservatórios eram alimentados por canais
que cortavam toda a cidade, inclusive em alguns havia estuque para impedir a
fuga (perda) da água antes de chegar aos reservatórios.
|
Plaza dos 7 Templos |
|
Descansando e curtindo a sombra da pirâmide |
|
Campo de pelota |
A linha dinástica de Tikal - fundada no séc. I d.C e que durou
800 anos - contou com pelo menos 33 governantes e sua história é contada
nas inúmeras estelas (monolitos de pedra entalhada) espalhadas pelo sítio, além
de outros monumentos.
Arqueólogos pioneiros começaram a limpar e mapear a cidade de Tikal nos
anos 1880, porém somente em 1956 o projeto de descoberta e estudos criou forma
e seus estudos continuaram até 1984.
O local já foi palco de inúmeros filmes, inclusive da saga Star Wars e
007.
Cansados, mas felizes, fomos quase os últimos a sair depois de ainda
irmos até o Palacio de las Ventanas e a Plaza Este, onde ficava o campo de
jogar pelota e algumas habitações. Ainda aproveitamos para conversar com um
turista chileno, Luiz, que estava acampado na área de camping, antes
de retornarmos até El Remate, onde buscamos um lugar para acampar. Acabamos
ficando na área em frente ao Casa/Restaurante do Ernesto, combinando de pagar
Q$ 40 por noite, com wifi, banheiro e ducha. O lugar é um paraíso!
|
Lago Petén Itzá |
Aproveitamos para descansar no paraíso, lavar roupas e curtir, batendo
papo com locais e buscando um mecânico, pois o câmbio do Garça não está legal e
não podemos partir pra Belize deste jeito.
|
"Lavar roupa todo dia, que alegria..." |
|
"Instalação" bem colorida |
Voltamos a San Benito, perto de Flores (uns 20 km), capital do
departamento, pois o mecânico indicado pelo Ernesto mora e trabalha na
região. Albertito ou Conejo, como é conhecido, deu uma volta com o carro
e constatou aquilo que já desconfiávamos: tem algum errado na caixa de câmbio.
Chamou outro camarada e em 4, Marcos, Conejo, Lourenço (afilhado) e o amigo,
desmontaram a caixa de câmbio ali mesmo, no chão da oficina, que estava uma
bagunça... Constataram que um rolamento da capa seca que havia sido trocado no
Brasil antes de nossa partida havia quebrado, porque era usado!!! Além disso,
aproveitaram pra trocar rolamentos e buchas e o suporte do eixo piloto foi
encomendado da capital, Cidade da Guatemala, e irá levar uns dias pra chegar.
Tudo isso aconteceu no final de semana, portanto acampamos debaixo do
telhado da oficina e ficamos junto com a família do Conejo, que nos recebeu bem
como se fôssemos da família. Gladys, esposa do Albertito (ou Tito), já fez tortilhas com recheio de tomates temperados e aproveitamos nossa estada com eles pra aprender o modo de vida dos guatemaltecos.
|
Serviço mal feito no Brasil, tendo que ser refeito na Guatemala |
A tortilha é o prato principal na culinária da América Central e aqui na
Guatemala não é diferente. Tudo se come com a tortilha: carne, verduras, sopa,
feijão,.... literalmente, tudo! O milho é o rei! Ele é usado para fazer
tortilhas, tacos, enchiladas, tamalitos, chuchitos, pishtones,... Pelas ruas e
estradas se vê mulheres (jovens, idosas, meninas) fazendo tortilhas frescas a
todo momento, na frente de suas casas.
|
Feijoada brasileira com Gladys, Rosaline Tito (Conejo) |
|
Passeando pelo malecón (beira/lago) de Flores, com Rosalin, Gladys, Leibi e Tito |
|
Igreja Matriz de Flores minutos antes da procissão de Ramos |
Foi muito interessante nossa estadia com a família do Tito. Aprendemos
muitas curiosidades sobre a maneira como vivem e seus costumes. Aproveitamos,
também, para difundir nossos costumes e culinária brasileira. Fizemos feijoada
pra família toda (e os vizinhos também viram provar) e frango com macarrão à
moda brasileira. Em contrapartida, comemos tortilhas e pastel de banana (torta
de banana), feijão diferente (tipo creme) e participamos do funeral do vizinho
de Tito e Gladys, que faleceu no dia em que chegamos à oficina. O velório dura
3 dias e o defunto é velado à noite, quando a comunidade se reúne na rua (a rua
é fechada) e todos rezam, falam palavras de conforto pra família,...
Finalmente, depois de 5 dias (houve atraso, pois o ônibus que trazia as
peças da capital quebrou no meio do caminho), as peças chegaram e os mecânicos
puderam montar o quebra-cabeça novamente, colocando tudo no lugar.
Ficamos na expectativa se iria funcionar e funcionou direitinho!!! Oba,
podemos seguir viagem!!! Belize, lá vamos nós!!!
As despedidas foram tristes, pois fizemos bons amigos aqui em San
Benito.
|
Com Gladys, Jonathan (na porta), Tito e Rosalin e Lourenço (ao fundo) |
A Guatemala ficou marcada em nossos corações, não só pela beleza indescritível de suas paisagens e pelo povo acolhedor, mas por todos os momentos especiais vividos (inclusive os estressantes) e a cultura interessante e histórica deste país.