Viagem Família______________________________________

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

La Dolce e Bella Italia - 2ª parte: desbravando o centro/sul do país

Costa Amalfitana - província de Salerno
Em nossa postagem anterior desbravamos o centro/norte do país e destacamos alguns pontos em relação ao trânsito e pedágios... portanto não vamos detalhar sobre isto aqui! Decidimos sair da Tuscania, na província de Viterbo, 100 km ao norte de Roma e seguir ao sul sempre contornando o Tirreno (Mar Mediterrâneo), aproveitando a vista do mar, o clima mais ameno e a costa recortada da Itália, buscando pontos interessantes e bonitos, além de históricos!
Esse é o destino procurado por muitos europeus, principalmente alemães, que fogem do frio do inverno e buscam no sul da Itália um clima mais quentinho e ensolarado!
Vista panorâmica de cima do Morro San Felice Circeo

Pescadores saindo cedo para pescar!


Por ser inverno, percebemos que a maioria das cidades beira mar (balneários) estavam meio abandonadas e completamente vazias! Pouco comércio aberto e muito lixo na beira das estradas e terrenos baldios! Que pena!! As municipalidades parecem não se preocupar muito com a salubridade e saneamento pela baixa procura e frequência de pessoas. Aqui também está acontecendo o fenômeno observado no mundo todo: a elevação dos oceanos têm atingido aquelas construções feitas à beira mar!
Muito lixo acumulado e jogado nas margens das rodovias e vias secundárias!
Diferentemente de outras partes da Europa onde estivemos até agora, aqui a umidade do ar é grande e as noites geladas acabam umedecendo nossa barraca e cobertores, desta forma, todas as manhãs torcíamos para ter sol e assim secar tudo... muitas foram as vezes que fechamos tudo úmido e ao mais à frente, já com bom tempo, parávamos para abrir e arejar tudo, desta forma podendo seguir em frente em boas e confortáveis condições!

Acampamento ainda na região de Veneza, nordeste do país

Acampamento num estacionamento na Baia Domizia, ao norte de Napoli

Secando tudo após uma noite de chuva, em Agropoli, na província de Salerno, região da Campania

COSTA AMALFITANA + ERCOLANO

Costa Amalfitana
Nossa experiência na famosa Costa Amalfitana não foi assim tão memorável... Napoli (e seu trânsito inexplicável e caótico!) consumiu boa parte de nossa paciência e acabamos não nos dedicando a seus pontos turísticos, pegando a primeira saída para a Autoestrada, onde acabamos pagando pedágios, que variaram entre € 1 e € 1,20. A sinalização neste trecho estava bem precária e confusa e acabamos não achando a estrada secundária beira mar!

Parco Acheologico di Ercolano - ingresso: € 13 por pessoa e mais  € 8 o áudio guia 
Seguimos em frente até Ercolano (isso mesmo, a atual Ercolano recebeu o nome de Resina na Idade Média e esta foi construída sobre as ruínas da antiga Herculano), onde há ruínas (como as de Pompéia) da cidade atingida pelas lavas do Vulcão Vesúvio.

Painel de Dionísio do ano 67 d.C. - descoberto durante escavações em 2009. Feito em mármore
Segundo a lenda, Herculano foi fundado por Hércules durante a resolução de seus 12 trabalhos! Historicamente  foi fundada pela tribo Oscans do séc. VIII a.C. e que mais tarde tornou-se domínio de etruscos e samnitas. Em 79 d.C. o Vesúvio entrou em erupção e esta foi tão violenta que soterrou toda a cidade com lava densa e espessa, diferentemente de Pompéia, que foi enterrada sob pedra pomes e cinza fina.


As casas ricamente decoradas com painéis e pisos pintados em afresco são protegidos por telhados


Desta forma, fomos até as ruínas da cidade antiga, não sem antes nos perdermos no sistema viário de Ercolano e vivermos uma aventura pelas vielas (cada vez mais estreitas...) até sermos "socorridos" por um italiano que nos indicou o caminho correto!!! Ufa... nosso diálogo com mãos foi memorável e conseguimos nos entender super bem rsrsrsrsr



A arquitetura romana levava em consideração as necessidades do proprietário. Normalmente o térreo era dividido em duas partes: a privada e a pública, onde aconteciam os negócios e que ficava ligada ao átrio por um estreito corredor. Algumas casas de Herculano possuem arcadas e jardins internos.



Durante escavações realizadas nos anos 1980 foram encontrados corpos de mais de 300 fugitivos que, na noite da erupção, abandonaram suas casas e foram até o mar (fica ali ao lado), porém devido à força e rapidez com que o Vesúvio "explodiu", não tiveram chances!




Observando as ruínas da parte superior do parque, porção gratuita do mesmo!
Deixamos Ercolano e seguimos contornando o Golfo de Napoli, chegando em Sorrento. Aqui começa a famosa Costa Amalfitana com suas estradinhas contornando as montanhas, os precipícios de um lado e as cidadezinhas encarapitadas na montanha do outro! Confesso (Mari) que a sinuosidade da estrada, sua pouca largura e o trânsito louco não me deixaram relaxar e curtir o azul profundo do Tirreno!!! É um misto de beleza x terror!!! rsrsrsrs
Poucos são os lugares onde se pode parar ou estacionar para tirar fotos...
Vulcão Vesúvio, visto de Ercolano. Importante destacar que é desta cidade que partem os passeios ao vulcão.


Golfo de Napoli - Castellammare di Stabia
Ao final do dia, depois de termos passado por Santa Agata, Positano, Praiano e Conca d. Manni, alcançamos Amalfi, estava preocupada e tensa, buscando um lugar onde pudéssemos acampar... encontramos o estacionamento de um restaurante e que, por ser inverno, estava fechado. Desta forma pudemos usar o pequeno espaço disponível (de 5 carros, aproximadamente) para podermos descansar, depois de termos a permissão do proprietário do restaurante!

Nosso pernoite na área de estacionamento de um restaurante, em Amalfi
Fizemos nossa comida e dormimos sabendo que logo cedo teríamos que sair, pois havia uma obra próxima e os trabalhadores da mesma iriam usar aquele espaço. Amanheceu chovendo!!!! A ideia de passear um pouco a pé pela cidade "murchou" e com o aguaceiro que vinha do céu, não teve café da manhã! Então continuamos a rodar pela estradinha passando pelas cidadezinhas de Ravello, Maiori (onde a chuva deu uma trégua e tiramos umas fotos), Vietri sul Mare e finalmente, Salerno onde paramos num posto de combustíveis e aproveitamos para comer uma fatia de pizza e tomar um café!

Maiori - vista do parcheggio pubblico à beira mar
Maiori (e a vizinha Minori) é uma pequena comuna que possui a praia mais extensa da Costa Amalfitana. Fundada pelos etruscos (olhe eles aí de novo!)  e dominada pelos romanos a partir do séc. III a.C., tornou-se parte do Principado de Salerno por volta do ano 1000 e posteriormente do Reino de Nápoles.




Maiori



AGROPOLI

Seguimos contornando o Golfo de Salerno e com o tempo melhorando, paramos em Agropoli, terra do queijo muçarela de búfala, a fim de secar nossas tralhas! Muita gente curiosa veio conversar conosco e acabamos fazendo amizade com o Adriano Passaro (que nos presenteou uma muçarela de búfala) e o Francesco, de bicicleta.  Muito bacana essa interação com as pessoas e importante para conhecer a realidade local!!


Acampamos na Baia de Trentova, por sugestão de Adriano! Lugar tranquilo (apesar do grande número de casais que vêm ao local "se divertir"!) e seguro onde, na manhã seguinte, aproveitamos para caminhar e curtir a praia. Esta pequena praia isolada é utilizada por muitos para prática desportiva: bike, corrida, caminhada,... como era domingo, havia muitas pessoas curtindo o lindo dia de sol para esticar as pernas! Até um grupo de bombeiros veio fazer treinamento... a água estava gelada e usavam equipamento completo (roupa de neoprene, snorkel, nadadeiras,...)!
Nosso acampamento em Agropoli, na Baia de Tretova (região da Campania) -
estacionamento público próximo do Tirreno

Agropoli, fundada pelos gregos, hoje conta com mais de 21 mil habitantes e sua praia recebeu a certificação de Bandeira Azul em 2014. Toda a região é famosa pela produção da muçarela de búfala, animais que aqui são criados com música clássica e técnicas avançadas de ordenha mecanizada. Os preços giram em torno de € 10 o quilo! 
Baia de Trentova, recoberta de algas e krill (animal invertebrado parecido com o camarão e que serve de alimento para baleias)


Grupo de bombeiros que saiu para treinamento nas águas geladas do Tirreno
GOLFO DE POLICASTRO - Sapri (região de Campania), Fiumicello, Maratea (região de Basilicata)

Descendo ao sul, passamos pela linda Sapri sempre usando a estrada beira mar (SS18) e chegamos ao Golfo de Policastro, com suas águas azul turquesa maravilhosas! 

Linda Sapri, com suas praias Bandeira Azul

Sapri - pequena cidade balneário com pouco mais de 7 mil habitantes

Aproveitamos para comprar peixe fresco: merluza!!! Os preços de peixe aqui também são altos, como no Brasil! Negociamos e acabamos levando o peixe (com menos de 1 kg) por € 5 (era para ter sido € 7,50)!!   

Vista da SS18 - Golfo de Policastro





A vista lindíssima e o pouco movimento tornaram nossa passagem por aqui prazerosa e acabamos parando em Fiumicello, pequena localidade às margens do Tirreno, onde acampamos num parcheggio pubblico P meio escondido num cantinho da praia, aproveitando para passear pelo costão e praia antes do anoitecer. 
Praia de Fiumicello, com caverna ao fundo

Pequena vila "fantasma" de Fiumicello, pertencente à Maratea

"Eu tenho a forçaaaaa!"


Vista de dentro da caverna
Fiumicello faz parte do município de Maratea que está localizada na região de Basilicata, na província de Potenza, e possui uma população de 5340 habitantes, aproximadamente.  Aqui conhecemos uma família de imigrantes: ela, Felicia, é colombiana e o marido, Rafael, venezuelano. Mudaram-se para cá - Maratea, há alguns anos, voltando ao lugar de origem do pai de Felicia. Foram as únicas pessoas que encontramos no lugar... explicaram-nos que na temporada é muito diferente, ficando cheio de turistas e todos vêm para cá buscando empregos, que são fartos na rede hoteleira, restaurantes e serviços em geral. Agora, no inverno, a vila fica às moscas e existem pouquíssimos moradores fixos. 

Nosso acampamento, num cantinho do parcheggio pubblico P




Pôr de sol em Fiumicello



CALÁBRIA

No dia seguinte as paisagens modificaram, não sendo mais tão bonitas, e chegamos à Calábria, no sul da Itália. 
A Calábria é uma longa e estreita península, quase que isolada do restante da Itália, que se estende por 250 km (norte-sul) e uma largura de 110 km, no máximo, possuindo 42% de sua superfície montanhosa e 49% de colinas. Ela está separada da Sicília pelo estreito de Messina, cuja passagem mais estreita é de 3,2 km! 

Nosso acampamento em um posto de combustíveis, em Palmi, na Calábria

Tivemos a companhia de dois cães fieis e amorosos que fizeram nossa segurança!

Cara de Pau (amarelinho) e Crater2 (preto) foram nossos companheiros
Com esta geografia montanhosa, as estradas da Calábria são bastante sinuosas e lentas. Por este motivo, a A3 entre Salerno e Reggio Calabria é free (não é cobrado pedágio)!! Portanto, neste trecho, na descida fomos contornando o mar Tirreno e seguindo lentamente (quase 4 dias) e no retorno, fomos direto pela Autoestrada, percorrendo a mesma distância em 1 dia!!! Acabamos passando por Palmi tanto na ida quanto na volta e tivemos a companhia de dois cachorrinhos muito simpáticos - denominamos os dois de Cara de Pau e Crater2 - com quem fizemos amizade e demos comidinhas!!

SICÍLIA: Catania, Siracusa, Taormina, Vulcão Etna

Chegamos ao estreito de Messina no dia seguinte e nosso objetivo era cruzar para a Sicília. O ferry, cujo custo foi de € 46 para 3 dias (a passagem pode ser diária, para 3 dias ou para uma semana), é bastante rápido e a travessia foi feita em pouco menos de 30 minutos. 
Na "fila" para pagar a passagem em Villa San Giovanni, Reggio di Calabria, onde está o porto


Navios ferrys, parecido com o Buquebus, que faz a travessia Buenos Aires (Argentina) à Colonia del Sacramento (Uruguai)




Dentro do navio


No porão do navio



Chegamos na cidade de Messina, grande, com bastante trânsito e pegamos a SS114 sentido sul, para Catania e Siracusa. O tempo não estava firme e ao longe já conseguíamos ver as nuvens escuras, prevendo a chuvarada que viria! 

De frente para o Mar Jonio. Ao fundo, Estreito de Messina
Árvores frutíferas nas ruas do centro de Messina, na Sicília


Até Taormina ainda havia um pouco de sol, mas dali em diante o tempo só piorou. Resolvemos nos dar de presente um pernoite em hostel ou apart. Pelo booking.com, encontramos um apartamento/casa por € 20 o pernoite, em Catania, distante 80 km de onde estávamos. Seguimos para lá e o Alex (Alessandro Vinci) nos recebeu super bem. Além do pernoite, tivemos de pagar a taxa de imposto municipal, no valor de € 4!!! 


Igreja de Taormina, a caminho de Catania

Com Alex, em "nossa" casinha

Vielas de Catania, em "nossa" casinha

Pequena, mas funcional: nossa casinha tinha tudo que precisávamos 


Alex nos contou que o clima até o dia anterior estava mais quente e com sol... Infelizmente, tivemos azar em pegar frio e chuva na Sicília, coisa rara por aqui!
Nossa ideia de dar uma volta a pé após o jantar morreu na casca, pois a chuva caía impiedosamente. Assim, aproveitamos nosso lar para descansar e relaxar, além de tomarmos "aquele" banho quente!!!
Na manhã seguinte, após o café, buscamos por mais de meia hora uma vaga de estacionamento para podermos dar uma voltinha no centro histórico da cidade de Catania, a segunda maior da Sicília, sendo apenas menor que a capital, Palermo.  
Durante a ocupação romana era chamada de Catana e existem evidências de ocupação humana nesta região datadas de 12000 a.C. Sem conseguir parar o carro numa vaga decente ou em local permitido, acabamos desistindo de conhecer a Fontana dell'Elefante (marca registrada da cidade) e o Palazzo dei Chierici, deixando a cidade para trás e seguindo para Siracusa, a cidade de Arquimedes!!!

SIRACUSA

Paredões de pedra onde fica protegido o Parque Arqueológico
Siracusa, famosa por ser a cidade de Arquimedes - um dos 7 sábios da Idade Antiga, também foi berço da Santa Luzia (Lúcia), nascida na cidade por volta do ano 283 d.C. e falecida em 304 (ela a protetora dos olhos e oftalmologistas, pela religião católica). 

Observando as ruínas do anfiteatro romano no Parque Arqueológico
Na entrada da cidade acabamos seguindo as placas em direção ao parque arqueológico onde há vestígios e construções que datam da fundação da cidade, chamado Parco Archeologico Della Neapolis. Este parque foi criado entre os anos de 1952 e 1955 e inclui: Teatro Grego, Santuário de Apollon Temenites, Anfiteatro Romano, Altar de Hieron II, Latomia del Paradiso, Latomia Intagliatella, Latomia di S. Venera e a Necropolis Groticelle. 
Para estacionar na região, há o serviço de P (parcheggio pubblico) que é autoservice (você paga e completa com os dados), porém aqui encontramos os famosos "flanelinhas" que prometem cuidar de seu carro e que possuem um tíquete que reverte o $$$ arrecadado para a associação dos flanelinhas!!! Acabamos nos indispondo com o rapaz, bastante grosseiro, que queria nos impor que pagássemos para ele e não para a municipalidade!!!! Marcos foi firme e procedeu como a placa informativa do estacionamento indicava, pagando o valor referente a 1 hora = € 1,50!





Na entrada do parque pagamos o ingresso,  € 20 para o casal, e tivemos que solicitar se havia algum prospecto ou informativo sobre a área arqueológica, ao que o funcionário nos entregou (só havia em espanhol e francês!).
Primeiramente seguimos para a parte grega, mal conservada e carecendo de informações! Havia alguns funcionários apenas orientando os visitantes a não cruzarem as faixas delimitantes do teatro e das moradias ou locais de onde se extraia o calcário usado na construção civil escavadas na pedra. 



Teatro grego
Este teatro grego foi documentado já no séc V a.C. Possui 19 m de altura, 138,6 m de diâmetro e foi esculpido na rocha. A plateia era dividida em 9 partes, cada uma pertencendo a um membro da família dominante, e havia uma estátua de Zeus no meio (não está mais lá).
Moradias escavadas na pedra

Teatro grego
O palco deste Teatro Grego era retrátil e de madeira, podendo ser construído outro menor na sua frente. 




Orelha de Dionísio - localizado na Latomia del Paradiso
As latomias são antigas pedreiras. Hoje a Latomia del Paradiso é um jardim baixo, mas na época dos gregos eram cavernas artificiais, escavadas pelos trabalhadores da construção civil que usavam o calcário de baixo por ser mais fácil de trabalhar com ele. 


A Orelha de Dionísio tem 65 m de comprimento, 23 m de altura e 5 a 11 m de largura. Estava fechada quando estivemos lá, pois havia chovido muito no dia anterior e a gruta estava alagada. Recebeu este nome por causa da forma que lembra um ouvido humano e a amplificação do som provavelmente era utilizada para fins religiosos e ritualísticos.  



A Grotta dei Cordari está fechada desde 1987 por conta do risco de queda de rochas e o alagamento interno e por este mesmo motivo o acesso às Lacomias Intagliatella e di S. Venera também estão bloqueadas. 
Árvores frutíferas por todo o parque... laranjas e limões sicilianos

O Anfiteatro Romano foi construído no séc III. No caminho para o teatro há sarcófagos de Siracusa que datam dos séculos IV e III a.C. 
Área romana do parque

Anfiteatro romano
O Anfiteatro Romano tem uma área de 140 m x 119 m, um dos maiores do Império Romano, e arena tem 70 m x 40 m.



Nesta parte do parque há mais informações e painéis explicativos, onde se pode conhecer um pouco sobre a história e eventos que aconteciam nesses locais. 
Detalhes das arcadas romanas espalhadas pelo anfiteatro romano
Siracusa foi fundada por Áquias (Archias) de Corinto, a comando do oráculo de Delfos, no ano de 734 a.C. Cidade histórica, listada pela UNESCO como Patrimônio Mundial, é notável pela rica história grega e romana, sua cultura, anfiteatros, arquitetura, tendo desempenhado um papel importantíssimo em tempos antigos. Sendo aliada a Esparta e Corinto, exercia influência sobre toda a Magna Grécia, da qual era a cidade mais importante. Para Cícero, Siracusa era "a maior e mais bonita cidade grega" e igualava Atenas em tamanho durante o séc. V a.C.
Durante sua história antiga foi governada por inúmeros déspotas e tiranos, porém no reinado de Hiero II, por volta de 275 a.C, inaugurou-se um período de 50 anos de paz e prosperidade. Neste período, o ilustre matemático e filósofo Arquimedes desenvolveu muitos de seus projetos, conhecidos e usados até hoje (parafuso de Arquimedes, princípio da alavanca, além dos estudos em matemática e geometria, e do princípio da hidrodinâmica, contado na história em que ele foi desafiado a calcular o volume da coroa do rei). 


Por incrível que possa parecer, na Praça Arquimedes, em Siracusa, não há imagem ou menção à este importante personagem... no lugar foi colocada uma fonte de Artemis (Diana)! O local onde deveria funcionar o Museu de Archimede estava fechado, com abertura prevista para março!!! Ou seja, seu ilustre morador, estudado e elogiado pela relevância histórica, não é sequer mencionado e nem respeitado pelos seus conterrâneos! Uma pena...


Fonte criada por Giulio Moschetti em 1907 por ordem do Conselho de Siracusa,
representando o mito de Arethusa, quando Artemis (Diana) a esconde sob o signo de Alpheus.


Perambulamos pelas ruas do centro histórico da cidade, descobrindo suas belezas e curiosidades.


Arquimedes nasceu por volta de 287 a.C., na cidade portuária de Siracusa, na Sicília, naquele tempo pertencente à Grécia (colônia autogovernante na Magna Grécia). Contemporâneo de Eratóstenes de Cirene, pouco se sabe sobre detalhes de sua vida, mas conjectura-se que estudou em Alexandria, no Egito. 
Morreu durante a invasão romana na Segunda Guerra Púnica, quando forças romanas lideradas pelo general Marco Cláudio Marcelo capturaram a cidade após um cerco de 2 anos. 
O túmulo de Arquimedes continha uma escultura ilustrando sua demonstração matemática favorita: uma esfera e um cilindro de mesma altura e diâmetro. Ele tinha provado que "uma esfera tem 2/3 do volume e área da superfície de seu cilindro circunscrito"!


Observando as ruínas do Templo de Apolo
Ruínas do Templo de Apolo

Duomo di Siracusa
A Catedral de Siracusa (Cattedrale metropolitana della Natività di Maria Santissima) é uma antiga igreja católica cuja estrutura era originalmente um templo dórico grego dedicado à deusa Atenas e está incluída como Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2005.


Chegando na Piazza Duomo, em Siracusa
A atual catedral foi construída pelo bispo Zozimo de Siracusa, no séc VII.  As colunas dóricas do templo original foram incorporadas ao projeto e, em 878, o templo passou a ser uma mesquita, só voltando a ser igreja católica em 1085, quando Norman Roger I retomou a cidade do domínio muçulmano.
A catedral abriga várias relíquias de Santa Lúcia, a padroeira da cidade, festejada no dia 13 de dezembro. Entre as relíquias há fragmentos de ossos, uma túnica, um véu e um par de sapatos. Uma estátua da Santa, feita em prata e contendo 3 fragmentos de costelas no peito, foi feita pelo escultor Pietro Rizzo, em 1599, e é usada no desfile pelas ruas em sua data festiva!
Detalhes no portão principal da Catedral

Vielas e pedaço da muralha da cidade antiga

A cidade foi duramente atingida por terremotos em 1542 e 1693 e também foi assolada por uma praga em 1729. A cólera atingiu a cidade em 1837 e durante a 2ª Guerra Mundial sofreu atentados alemães e aliados, depois sendo invadida pelos ingleses, sendo o porto usado pela Marinha Real Britânica.  Tudo isso transformou a cidade que desde os anos 1990 busca restaurar e recuperar os seus lugares históricos e de destaque. 


Muitos são os restaurantes com estrelas Michelin, em Siracusa. 
Passamos horas muito intensas e cheias de informação nesta cidade. Antes de nos despedirmos, ainda fomos até a beira mar e tiramos as últimas fotos deste local histórico.





RETORNANDO...

Voltamos o caminho até Catania, dali pegando a SS 114 em direção à Messina, pois nosso tempo na ilha estava se esgotando (tínhamos comprado a passagem para 3 dias e não haveria tempo para conhecermos Agrigento e Noto). Pernoitamos num posto de combustíveis aos pés do Vulcão Etna, que na manhã seguinte apareceu, lindo!!!

Nosso acampamento em Giarre, aos pés do Etna

Vulcão Etna, localizado na Sicília, um dos mais ativos da Europa
O Etna é um vulcão ativo que está hoje com 3350msnm, podendo aumentar gradativamente devido às erupções frequentes. Estas erupções normalmente não oferecem risco à população que vive nas proximidades e que utiliza os solos vulcânicos em redor para agricultura, vinhedos e hortas, produzindo alimentos e vinhos de excelente qualidade.




O Etna já era denominado na Roma Antiga como ÆTNA. Mas seu nome em siciliano era/é Mongibeddu, que significa "montanha montanha" denotando grandeza! Ele possui um cone central e 700 cones secundários!

Vulcão Etna ao fundo, Mar Jonio
As frequentes (e por vezes dramáticas) erupções fizeram da montanha um tema recorrente na mitologia clássica, traçando-se paralelos entre o vulcão e vários deuses e gigantes das lendas do mundo romano e grego. Éolo, o rei dos ventos, teria confinado os ventos em cavernas sob o Etna. O gigante Tifão foi preso sob o vulcão - de acordo com o poeta Ésquilo essa foi a causa de suas erupções. Outro gigante, Encélado, revoltou-se contra os deuses e foi morto e sepultado sob o Etna.
Diz-se também que Vulcano (Hefesto, no grego), o deus do fogo e da forja, tinha sua fundição sob o Etna e atraiu o deus de fogo Adrano para fora da montanha, enquanto os Ciclopes mantinham uma forja em que fabricavam raios para que Zeus os usasse como armas. Supõe-se que o submundo grego, Tártaro, encontrava-se abaixo do Etna...
Assim nos despedimos da linda e particular Sicília!
Ainda teríamos muitas aventuras e surpresas nessa nossa viagem pelo sul da Itália... na entrada do ferryboat, em Messina, ouvimos um barulho estranho no carro!!! Na saída, mesmo não fazendo barulho, Marcos percebeu que estávamos novamente com problemas no câmbio e para poupar o equipamento, acabamos optando por fazer muitos trechos de subida pelas Autoestradas, por serem mais suaves e passarem por muitos túneis (evitando as subidas e descidas das montanhas da Calabria).
Com Ricardo, motorista de caminhão argentino, que mora aqui há 11 anos!
Mesmo trafegando pela A3 a vista foi bem bonita e economizamos tempo. No trecho entre Atena Lucena e Potenza pegamos trechos de serra com montanhas e castelos medievais. A região também oferece turismo religioso.



Além do problema no câmbio do Garça, tivemos problemas com nossos celulares... as fotos tiradas de-sa-pa-re-ce-ram!!!
Assim, nosso retorno ao norte do país foi feito em poucos dias, parando aqui e ali, vendo muitas cidadezinhas medievais pelo caminho!
Para acompanhar nossas aventuras no centro-norte do país, vejam a outra postagem, anterior a esta!!!

ARRIVEDERCI, ITALIA!! CI VEDIAMO LA PROSSIMA VOLTA!!! (Adeus,Itália! Até a próxima!)