Viagem Família______________________________________

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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Mendoza, Godoy Cruz e Lujan de Cuyo-Argentina

31 de dezembro de 2013

Acordamos preguiçosamente às 9h e tomamos nosso desajuno: pão folheado, doce de leite, leite em pó e café solúvel (ou achocolatado) e chá.
Lavamos a louça (no Hostel sempre se lava a louça, cuida-se da limpeza do quarto de modo a contribuir com o ambiente etc) e combinamos os locais onde iríamos passear hoje. Nos Hostel todos os ambientes são compartilhados e o uso da cozinha, geladeira e demais acessórios, também! Os alimentos são identificados e todos os hóspedes respeitam os pertences dos outros. Neste Hostel especificamente, a temática é o livro de Gabriel Garcia Marques, Cem Anos de Solidão, e os quartos são nomeados com os personagens da obra. Estamos no quarto Prudêncio Aguilar (quarto 5).



Como a Laguna Diamante fica muito distante (mais de 100 km), decidimos ir até Lujan de Cuyo, distante 21 km de Mendoza, acessado pela famosa e mítica Ruta 40! (veja nossa postagem sobre a Ruta 40: http://www.viagemfamilia.com.br/2013_04_01_archive.html)

Lujan de Cuyo fica na margem esquerda do rio Mendoza e onde se praticam diversos esportes aquáticos, possui ruas arborizadas e boa infra-estrutura e é repleta de Bodegas e olivícolas, além da industrialização de frutas e hortaliças.
Praça central da cidade de Lujan de Cuyo - San Martin está sem o cavalo!!!
Igreja matriz (em reforma)
Desta cidade se tem uma vista privilegiada da pré-Cordilheira andina que, observamos, já teve mais neve em outras épocas. É uma cidade com mais de 100 mil habitantes, que foi fundada em maio de 1855.

Como hoje é dia 31dez, algumas Bodegas estão fechadas para visitação, assim, acabamos escolhendo ao acaso: Bodega Roberto Bonfanti! Foi um achado!!! Acertamos em cheio!!!
Fomos recebidos pelo Alejandro Bonfanti, filho do proprietário da Bodega que nos recebeu amavelmente, fazendo as apresentações e iniciou o nosso tour (que deveria durar em torno de 40 min) pela plantação de uvas Malbec. Ali, no meio dos parreirais, o Alejandro explicou detalhadamente como se procede o plantio da parreiras, a poda, a colheita e o cuidado que se deve ter em todo o processo para manter a qualidade superior do produto. Alternado às parreiras, há oliveiras e pessegueiros e nessa vinícola em especial, tanto as parreiras quanto as oliveiras têm aproximadamente 100 anos! É uma propriedade que já está na 4ª geração e todo esse tempo foi dedicado a melhoria da uva! A partir dessa geração é que passou a ter sua própria bodega, pois antes fornecia a matéria prima para outras vinícolas maiores!

Uvas, provenientes da França e oliveiras nativas da Argentina


Depois do passeio pelos parreirais, continuamos a visita no interior da bodega, conhecendo a linha de produção e o maquinário utilizado para a elaboração dos vinhos produzidos (Malbec, Cabernet Sauvignon e espumante).
Tonéis de carvalho, adquiridos (em sua maioria) da França, a módicos 1000 euros cada
Envase - processo de descanso da bebida, que fica,em média, 2 anos (Reserva)
Dicas enólogas gerais:
- quanto maior o teor alcoólico do vinho (acima de 14%), maior a sua conservação, mais intenso seu sabor e mais encorpado
- manter as garrafas deitadas, retirando o plástico ou metal que envolvem a rolha, para fazer o controle de qualidade da oxigenação da bebida
- manter climatizado o ambiente onde se conservam as garrafas, a aproximadamente 20°C, mantendo-as abrigadas da luz
- escolha o vinho de acordo com o seu paladar pessoal, e não pelo preço! 
- vinho rosé é feito com a mesma uva do vinho tinto, mantendo a sua qualidade na produção, porém a diferença na cor ocorre por menos tempo de contato do líquido (mosto) com a casca e sementes. Neste caso, 48h!
- a temperatura para se servir um vinho branco gira em torno de 8°C, portanto, deve ser mantido num balde de gelo. A geladeira não mantém a temperatura adequada.  
- a temperatura para se servir o vinho tinto gira em torno de 18°C, portanto, coloca-se água com algumas pedras de gelo no balde para servi-lo fresco! Não tome vinho quente!
- rolhas de plástico são utilizadas em vinhos jovens e devem  ser consumidos imediatamente
- rolhas de cortiça têm durabilidade maior e são vinhos mais encorpados

Quanto às oliveiras, são nativas da Argentina e da espécie Arauco. Para cada 100 kg de azeitonas, produz-se entre 10 a 13 litros de azeite extra virgem de oliva de qualidade. O envase adequado deve ser de vidro verde ou marrom ou lata, nunca plástico, pois o azeite oxida.

A nossa aula continuou na sala de degustação, com bela vista para os vinhedos e montanhas. Iniciamos com o Rosé Malbec, muito aromático e leve. Depois fomos para o tinto Malbec, frutado e com aroma de ameixa e, por fim, experimentamos o Cabernet Sauvignon Malbec (Reserva), cujo sabor é mais pronunciado, mas desce como veludo!

Acompanhando a degustação, o Alejandro explicou-nos como interpretar os rótulos das garrafas, mostrando as peculiaridades e questões legais que norteiam as vinícolas da Argentina. Foi realmente uma aula que podemos utilizar em nosso dia-a-dia quando formos adquirir e saborear vinhos de qualidade.
Saímos da Bodega depois de adquirirmos algumas garrafas de vinho, bem como azeitonas e um delicioso chocolate produzido com vinho Malbec e frutilla (morangos).
Cumpre citar que os preços extremamente atraentes das vinícolas de qualidade são importantes para o turista, pois o peso está bastante desvalorizado!

Um brinde juntamente com o Alejandro

Nossos vinhos sendo embalados


A segunda parte do dia foi dedicada a conhecer a cidade de Mendoza, propriamente dita, com suas praças e principalmente o Parque General San Martin, que é praticamente do mesmo tamanho do centro da cidade.
Lanchando no Parque
O Parque possui 350 ha e muitas espécies de árvores a destacar: álamos italianos, aromos (acácias) australianos e palmeiras das Ilhas Canárias.

Com a Mafalda



Num dos extremos do Parque fica o Zoo, que estava fechado e também há o Cerro de la Gloria, o qual subimos a pé. Uma subida íngreme de aproximadamente 1200 m, por caminho calçado, atingindo a altitude de 980 msnm.
Lá em cima existem inúmeras placas de bronze alusivas à personalidade do General San Martin e também um Monumento al Ejército de los Andes, que é de 1914, por sua luta e resistência contra a invasão espanhola!
Subindo o Cerro


Monumento ao Exército dos Andes e General San Martin



Corredor com placas alusivas ao General

Villa Carlos Paz a Mendoza - Argentina

30 de dezembro de 2013

Depois de um lauto café da manhã, olhando com desejo a piscina, resistimos à tentação e iniciamos nossa jornada, rumo à Mendoza, onde ficaremos três dias para conhecermos bem a região!
Seguimos pela Ruta 34, passando pela Parque Nacional Quebrada del Condorito, com subidas fortes, paisagens muito bonitas, muitas pedras e curvas. Após percorrermos aproximadamente 60 km de subidas, chegamos a 2170 m de altitude.






Em Mina Clavero, paramos numa fábrica de alfajores, chamada El Nazareno e redescobrimos que eles são deliciosos, de "comer de joelhos"!!!!
Cadeiras temáticas, com dizeres em diversos idiomas relacionados à diferentes religiões (árabe, hindu, hebraico, chinês)!


Nessa loja, além de diversas variedades de alfajores, com recheios, massas e coberturas variadas, há também chocolates e trufas artesanais, simplesmente de-li-ci-o-sos!!! Havia também bolos, doces de leite e de frutas etc e tal, ou seja, somente coisas indispensáveis para quem está fazendo turismo!!!


Logo em seguida, compramos empanadas recém saídas do forno, a $40 a docena (12 unidades), que almoçamos alguns quilômetros adiante, numa sombra benfazeja - só para lembrar, a relação entre real é peso é de 1/4, aproximadamente!
Seguimos pela Ruta 20 até Lujan, já na província de San Luis e dali, pegamos a Ruta 146, em diração a capital da província, desviando dela a poucos quilômetros e entrando na famosa Ruta 7 (que liga Buenos Aires a Santiago -Chile). Optamos por esse caminho, mais comprido do que se tivéssemos ido em direção a San Juan, desviando depois para Mendoza, pois queríamos conhecer as Salinas del Bebedero, que ficam a 38 km de San Luis.


Ficamos um pouco decepcionados, pois essa salina é puramente comercial, não se tendo a possibilidade de chegar às lagunas de onde o sal é retirado. Ainda assim, como o local estava "abandonado" (não vimos ninguém, nem trabalhando, nem passeando, nem vigiando!) demos uma volta grande pelo local, subindo na montanha de sal com o carro e tirando algumas fotos interessantes.

Lá distante fica a laguna de onde o sal é retirado
Ainda tínhamos uns bons 270 km pela frente, assim, seguimos até Mendoza, onde já tínhamos reservas no Hostel Macondo (www.facebook.com/macondohostelmendoza).
Posto policial na entrada da província de Mendoza
Rodando pela Av San Martín, a procura da Calle Tucumán
A província de Mendoza faz controle fitossanitário em seus limites, assim, além de pagarmos dois pedágios (um em San Luis e outro, 500 m adiante, em Mendoza), ainda passamos por uma "inspeção" onde o fiscal solicitou que abríssemos o porta-malas e nos perguntou que tínhamos algum alimento in natura no carro. Tudo resolvido em alguns minutos, seguimos pela Ruta 7, em busca do endereço de nossa hospedagem. Por desconhecimento, colocamos na busca do Garmin a cidade de Mendoza e, ao chegarmos ao endereço, descobrimos que se tratava de uma casa de família! A proprietária gentilmente nos explicou que estávamos procurando pela rua certa, porém na cidade errada!!! Nosso Hostel não ficava em Mendoza e sim em Godoy Cruz, uma cidade que está anexada à capital, mas possui outro CEP e o mesmo nome de rua, daí a confusão! (situação semelhante ao ABC paulista, por exemplo)

Chegamos lá pelas 20h, cansados e com muito calor!!! Nosso quarto, simples, mas confortável e amplo estava a nossa espera, SEM AR CONDICIONADO! Sobrevivemos com um ventilador grande de pé!!!!
Tomando uma merecida Cerveza Andes, bem gelada!
A janta foi assada pelo Jonathan, atendente do Hostel, excelente assador e muito prestativo e atencioso! Após um maravilhoso jantar, com "ensalada de tomates y mayonesa, pan, salchichas y carne de vacuno assados", que havíamos comprado pouco antes em pequenos "kioskos"-mercadinhos, localizados a poucos metros do hostel, ainda fizemos a postagem do dia anterior... O CD colocado tocava música popular argentina e... brasileira, é claro!!!


Boa noite a todos. Amanhã teremos um dia cheio de atividades!!!

Morteros a Villa Carlos Paz - Córdoba

29 de dezembro de 2013
Miramar, com Laguna Chiquita
Hoje, finalmente começa nossa viagem!!! Até agora foi muita estrada, muita paisagem e poucas atrações e assim, dois destinos a conhecer: Laguna Chiquita que acessaremos pela cidade de Miramar, situada ao sul da mesma e a Estância (Missão) Jesús Maria, situada a, aproximadamente, 40 km a norte de Córdoba.

Saímos do Hotel Constantino com chuva - que se prolongou durante toda a noite, acompanhado de vento, relâmpagos e trovões, o que acabou sendo bom, pois refrescou a temperatura que ficou em torno de 20°C.
Compramos suco e frios no mercado da esquina, pois as panificadoras estavam fechadas, pois é domingo!
Rodamos uns 90km e chegamos a Miramar, onde fica a Laguna Chiquita.

Área destruída pela última grande inundação (década de 1980)
 Miramar é uma cidade balneária que possui lojas, restaurantes, artesanatos variados, lanchonetes e muitos hotéis... enfim, toda a infra-estrutura básica para atender a crescente quantidade de empreendimentos imobiliários de alto nível que vem se instalando ao redor da laguna. A laguna é famosa por suas águas extremamente salgadas e sulfurosas que possuem propriedades medicinais.

Curtindo uma prainha
Chegamos lá e após passarmos pelo centro de informação turística resolvemos percorrer a costaneira em toda a sua extensão. Lá se encontram diques de contenção das águas e um belo calçadão urbanizado às margens da lagoa, onde muitos praticam caminhada e corrida. O local foi reconstruído depois de uma grande enchente, na década de 1980, quando a maior parte do povoado foi inundado.

Aproveitamos para comprar lembrancinhas e alfajores, além de cervejas artesanais e, ao voltarmos ao carro, fomos abordados pelo José, morador de Morteros, que tinha nos visto em sua cidade. Ele nos contou algumas particularidades da cidade de Miramar e, mais especificamente, a história do famoso Grande Hotel Viena*.
Vista do Grande Hotel Viena

Ruínas do Hotel - a água chegou até a altura do fim da primeira janela
Assim, seguindo as dicas do José, fomos procurar as ruínas do tal hotel, situado a aproximadamente 1 km de onde estávamos. Ao lá chegarmos, a má notícia, pois a visitação guiada havia se encerrado e apenas haveria outro grupo à tarde (às 17h). Ana Lia, a recepcionista, muito gentilmente permitiu nossa entrada, sem pagamento de ingresso ($25 por pessoa) de forma que pudéssemos conhecer e fotografar o local, ainda nos cedeu um guia com a história e peculiaridades da construção e seus idealizadores.
 Depois de 1 hora de muitas fotos e conhecendo as ruínas e aposentos do hotel saímos e nos dirigimos ao centrinho da cidade, onde almoçamos num restaurante beira mar?lago?
Nesse restaurante experimentamos diversos pratos da culinária local e argentina, com preço bom e justo!
Cozinha destruída

Um dos banheiros

Pátio interno


* A história do Grande Hotel Viena se inicia nos idos de 1936, quando a família Palhke vem a Argentina para tratar de negócios e aproveitar para resolver os problemas de saúde de sua família nas águas medicinais de Miramar. A filha sofria de asma e o filho, de psoríase.
O Hotel foi construído entre 1940 e 1943, com muito luxo e requinte, contando com comodidades e tecnologia até então inéditas e desconhecidas de toda a região. Contava com sistema de calefação em todos os quartos, iluminação elétrica durante 24h e elevadores. Conta uma das lendas que ao fim do ano de 1946 o Hotel foi visitado por uma figura ilustre, que fechou todo o estabelecimento para si e seus convidados. Dizem que esta figura ilustre foi Adolf Hitler!
Para mais informações, sugerimos que acessem: facebook/viena miramar.

Área onde ficavam as piscinas do Hotel!


Almoçando no centro de Miramar
A Laguna Chiquita surgiu a aproximadamente a 50 mil anos atrás através de uma falha geológica que elevou suas bordas gerando um dique natural que fechou as saídas dos rios Dulce (ao norte), Primeiro e Segundo (ao sul) que antes desembocavam no Rio Paraná.
A origem de suas águas salgadas se deve a grande concentração de minerais em suspensão da água dos rios supra citados (uma vez que suas águas evaporam), desmistificando a origem de que o lago era anteriormente um mar interno. Sua profundidade média não ultrapassa 1m, porém há locais em que tem uma profundidade de 7m.
Atualmente a Laguna Chiquita é um conhecido ponto turístico que atrai principalmente moradores de Córdoba e outras cidades da região para esportes náuticos, lazer e contemplação. Para maiores informações, acessem: www.promarchiquita.com.ar

Ponte e cruz de Jesús Maria


Seguindo pela Ruta 17 e posteriormente, a Ruta 9, percorremos aproximadamente 170 km até a Estância Jesús Maria, localizada na cidade de mesmo nome (50 km ao norte de Córdoba). Esta Estância é uma Missão Jesuítica do séc XVII, e é diferente das outras missões que já visitamos, pois não objetivava a catequização de ninguém! Sua função era produção de vinho e frutas de forma comercial, sendo que a produção de vinho chegou a  48 mil botellas, no seu auge. Há um museu no local, cujo ingresso é de $15 por pessoa, com muitos detalhes e informações de época. Muito interessante e cultural, com acervo bastante grande e variado, que explica todo o processo de vitivinicultura desenvolvido na estância, bem como objetos e obras de arte variadas de diversas épocas. Detalhe a citar: os padres jesuítas dessa missão mantinham escravos (150, aproximadamente), entre negros e indígenas, para executarem as tarefas necessárias para a estância.
Estância Jesús Maria - séx XVII



Vista frontal da igreja

Um dos locais de moagem de uvas

Lago no jardim da Estância


Daqui, optamos para seguir direto a Villa Carlos Paz, "pulando" a cidade de Córdoba de nosso roteiro original. Encontramos com facilidade hospedagem às margens da rodovia, e optamos pelo hotel Las Lajas. Uma ótima escolha, tanto pela acesso fácil, quanto pelas instalações e com duas belas piscinas, que aproveitamos a vontade!



Jantamos num delivery, com comida muito saborosa a duas quadras do Hotel, degustando massa, frango, salada variada e batata frita, regadas a Quilmes e Fanta Diet! Tudo perfeito num dia perfeito!!!!
Até amanhã!!!