Viagem Família______________________________________

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terça-feira, 13 de novembro de 2018

Ushuaia (Argentina) até Barra Velha SC (Brasil)- janeiro de 2018

Ushuaia (Argentina) a Barra Velha (SC - Brasil): janeiro de 2018
Vista superior da cidade de Ushuaia

Transatlânticos que aportam diariamente no verão

Mesmo sendo o Fim do Mundo rsrsrsrs.... Ushuaia é uma metrópole com muitas atrações e coisas bonitas para visitar! Da primeira vez que aqui estivemos fizemos apenas o Parque Nacional Tierra del Fuego e o passeio na baía do canal de Beagle, para conhecer o  Farol do Fim do Mundo, citado no livro de Julio Verne. Desta vez, queríamos conhecer o Museu do Presídio e andar com o trem turístico pelo Parque. 

Confiram abaixo os detalhes da nossa visita em 2010!
http://www.viagemfamilia.com.br/2010/01/ushuaia-aduanas-rio-gallegos.html
http://www.viagemfamilia.com.br/2010/01/ushuaia-argentina.html

Depois de nosso jantar maravilhoso no dia anterior, o café veio mais tarde e com tranquilo, com muita conversa e risadas. Saímos em direção ao Parque Nacional Tierra del Fuego e ao chegarmos faltavam poucos minutos para a saída do trem. Resolvemos encarar o passeio que foi muito divertido e instrutivo, pois há um sistema de áudio nos vagões (em português, inclusive) que explica a história do lugar: os presidiários que construíram a ferrovia a utilizavam para ir cortar as árvores de modo a ter lenha para fornecer o aquecimento na cidade! Muitas outras histórias pitorescas sobre estes presos e suas condições subumanas de trabalho são relatadas no áudio. O passeio custa P$ 350 por pessoa e há algumas paradas onde se pode fazer pequenas caminhadas, tirar fotos da cachoeira e brincar com personagens caracterizados que ficam nas estações para tirar fotos! Observamos a presença de cavalos selvagens e muita pradaria, além das montanhas nevadas ao fundo! 
Como o trem anda bem devagar, é possível fazer boas imagens durante o passeio. 





Cachoeiras na parada La Macarena - caminhada de uns 10 minutos


Dique natural construído provavelmente por castores


Brincando com o "presidiário"

Tocos das árvores deixadas pelos presos há muitos anos... a altura do corte determina a quantidade de neve que havia na época do corte

Cavalos selvagens nas pradarias
Por estarmos de carro, acabamos optando por fazer o passeio de ida e volta de trem, mas quem estiver de van ou a pé pode fazer apenas a ida, e continuar o passeio a partir do último ponto de parada. Após pegarmos nossos carros, seguimos por dentro do parque até os diversos pontos onde há trilhas e a placa de indicação do fim da Ruta 3, que é o ponto mais austral que se pode chegar de carro! 
Ano que vem estaremos lá: Alaska 2019, aí vamos nós!!!

Bahia de Lapataia




 Antes de deixarmos o parque, resolvemos parar para um lanche. Dentro do Parque há áreas para camping, com alguma estrutura. Nesse ponto onde fizemos nosso picnic, havia container banheiro e a presença de um "pidão" de comida, um caracará muito folgado!!


Voltamos para a cidade passando pelas casas dos primeiros habitantes de Ushuaia, missionários que vieram pra cá no século XIX com a difícil missão de catequizar os índios, mas que não foram bem sucedidos, porque as condições extremas climáticas e as doenças e epidemias que dizimaram os indígenas acabaram naufragando esse projeto. Só em meados do século XX a cidade cresceu mais, com a instalação do presídio (fechado em 1947) e consequentemente, de população, pois haviam os funcionários administrativos e suas famílias, bem como colonos destemidos que vieram arriscar seu sustento por aqui! 


Ushuaia vem do idioma indígena yagan e significa "baía profunda". Essa região já era povoada há mais de 11000 anos e os povos que aqui viviam eram nômades, coletores e caçadores. Por conta das condições climáticas adversas, e por não contarem com muita tecnologia, acabam tendo uma vida muito curta. Tinham estatura pequena - não ultrapassavam os 1,6m, e comiam tudo que encontravam, inclusive carcaças de animais que aportavam na praia. 
Foi Fernão de Magalhães que deu o nome à Tierra del Fuego, pois avistava de seu navio, pequenas fogueiras que se espalhavam pela costa. Em 1826, durante uma expedição científica, foram capturados dois nativos fueguinos, que foram levados à Inglaterra, sendo educados e apresentados  à corte. Quem estava no comando dessa nau era o jovem capitão Robert FitzRoy. Alguns anos mais tarde, este mesmo capitão chefiou uma nova expedição para essas bandas tendo em seu navio o famoso naturalista Charles Darwin e o missionário Richard Matthews que iria começar sua missão, porém não obteve sucesso.

Após este passeio memorável, voltamos para casa, pois hoje o Roberto e a Mabel iriam fazer o famoso e delicioso carneiro fueguino!!! Sendo uma de suas especialidades, não podíamos deixar de aproveitar cada minuto para acompanhar a preparação do bichinho!






No dia seguinte (domingo) fomos conhecer a cidade propriamente dita, passeando por suas ruas e olhando as lojas. Acabamos nos encantando por uma centolla e  na hora do almoço voltamos até o restaurante para nos deliciar com essa iguaria. Nós já conhecíamos esse maravilhoso crustáceo, mas Joselle e Amândio nunca haviam comido, portanto, "pescamos" o bichinho no tanque e em poucos minutos ele estava sendo servido à mesa!!!




Se inspirando para as próximas viagens

Há a possibilidade de fazer um tour pela cidade nesse ônibus



Centolla... manjar dos deuses!
 Após esse lauto almoço, resolvemos conhecer o Museu do Presídio. Nossos companheiros viajantes estavam cansados e foram fazer a siesta! As histórias do presídio e de seus internos são tristes e impressionantes. O local é bem grande, com muitas alas (5) e uma delas foi deixada original, sem restauro, para se verificar in loco as condições enfrentadas pelos reclusos. Há, ainda, uma das alas que foi transformada em museu marinho e outra que serve para exposição de obras de arte. Ficamos horas lá dentro passeando e conhecendo tudo. Aproveitamos a visita monitorada, onde o monitor faz as explicações e conta algumas histórias ocorridas no século passado, sem custo adicional! Vale a pena visitar o lugar!! 

As celas tinham tamanhos diferentes

Foto de época


Era colocado um aquecedor em cada corredor, bem no meio... aquele detento que estivesse em uma cela mais longe, poderia morrer de frio durante o inverno

Exposição de arte acontecendo em uma das alas
Após nossa visita ao museu, retornamos para casa e fizemos um lanche rápido (macarronada à moda, preparada pela Mabel! rsrsr). Hoje é dia de organizar tudo, pois amanhã iniciaremos o caminho de volta pra casa. São pouco mais de 5000 km que separam Ushuaia de nossa cidade no litoral norte catarinense. 

Despedidas dos amigos!

Última vista do canal de Beagle: até a próxima, Ushuaia!
 Hoje o destino era tentar chegar em Rio Gallegos, quase 550 km de distância, com duas aduanas na Terra do Fogo e mais ferryboat para ajudar. Depois da segunda aduana, do Chile, acabamos nos perdendo do Amândio e fizemos outro trajeto... como estamos numa ilha, todos os caminhos levam ao porto e acabamos nos reencontrando na fila do ferry, onde uns motociclistas já haviam nos avisado que ele estava nos esperando numa determinada parte da estrada. 
Cabe aqui uma nota: há apenas uma rota entre a saída do ferry e San Sebástian que está quase toda asfaltada! Mas há dezenas de caminhos de rípio que unem os dois pontos. Na ida para Rio Grande foi fácil, pois estava bem sinalizado. Já na volta acabamos nos perdendo, pois há obras em toda a pista e perdemos a entrada da estrada nova, asfaltada! Acontece!!!
Na fila para pegar o ferry de volta ao continente
 Na volta também tivemos sorte de pegar o mar tranquilo. Apenas as toninhas nos acompanharam, saltando ao lado do navio.
Paisagem próxima de Rio Gallegos
 No verão, os dias na Patagônia são bem compridos e o sol não se põe antes das 22h. Por este motivo, acabamos rodando bastante nesses dias de retorno ao Brasil, pois nosso objetivo era chegar em 5 dias... eu precisava voltar ao trabalho!!! Desta forma, parávamos apenas para abastecer e tirar umas fotos aqui e ali.
A ruta 3 é bastante monótona, mas perigosa, pois os ventos são fortíssimos, sempre vindo de oeste para leste. Há presença de guanacos que às vezes cruzam a pista desavisadamente... todo cuidado é pouco. Também avistam-se com bastante frequência os poços de petróleo com aquelas bombas de desenho animado. 
As intermináveis retas na Ruta 3


Poços de petróleo às margens da rodovia
Mais pro fim da tarde alcançamos Caleta Olivia, onde há uma loberia às margens da rodovia. Os animais estavam bem relaxados, pois o período de acasalamento já passou e os filhotinhos estavam com suas mamães curtindo o sol. Paramos pra esticar as pernas e tirar muitas fotos bem de pertinho. Não é sempre e em todo o lugar que se pode chegar tão perto desses mamíferos, leões marinhos!
Loberia ao lado da rodovia, em Caleta Olivia

Só assim pra fazer carinho no bichinho...

Leão marinho, macho alfa!

Quanta preguiça...
Os acampamentos nesses dias de retorno foram rápidos e práticos: postos de combustível são sempre uma boa e segura opção. Houve dias em que não cozinhamos, pois já estava bem tarde quando paramos de rodar! 
Acampamento próximo de Rio Gallegos: comemos num restaurante

Acampamento próximo de Comodoro Rivadávia: comemos pizza

Acampamento no Balneário Municipal de Rio Colorado: preparamos nossa jantinha ao lado do rio Colorado e com vizinhos bem bacanas

Retas sem fim da Ruta 3, já na província de Rio Negro
Chegamos  na região metropolitana de Buenos Aires e nos hospedamos na casa de Herman Zapp, um viajante muito famoso, que viaja num Graham Page 1928, e que escreveu o livro "Atrapa tu sueño" em parceria com sua esposa, Candelaria. Herman e Cande são amigos de Amândio e Joselle e desta forma passamos a noite lá, batendo um gostoso papo antes, durante e depois do jantar. No dia seguinte, nos despedimos cedo e seguimos rumo à divisa com o Uruguai. Agora falta pouco para chegarmos em casa...
Aproveitamos para adquirir um exemplar e nos inspirar mais um pouco


Entramos no Uruguai via Fray Bentos, cruzando uma ponte que liga os dois países. Aqui a aduana é compartilhada e os trâmites são rapidíssimos. Aproveitamos para comprar combustível extra na Argentina, pois o preço ainda é mais barato do que no vizinho, Uruguai. 
Abastecendo no Uruguai, com combustível argentino
Rodamos pelas estradas do Uruguai e entramos no Brasil por volta das 22h30min, na divisa de Rivera/ Santana do Livramento. A aduana fica no shopping!! Seguimos as placas de sinalização e carimbamos nossos passaportes... aproveitamos para comer por ali mesmo, na praça de alimentação! 
Despedida dos amigos goianos... cada um vai seguir em direções diferentes! Foi muito bom compartilhar as experiências e curtir a viagem durante esses mais de 25 dias juntos! Valeu!! 

Despedimo-nos de nossos companheiros de viagem, que hoje vão em direção a Porto Alegre reencontrar com um dos filhos e nós vamos em direção à Lages, via BR 116.  Chegamos em casa nos dia seguinte, perto das 20h... 
Muitas histórias há para contar sobre esses 42 dias de viagem e que não descrevi aqui!!! Continuem nos acompanhando, pois 2019 será especial: iremos sair para nosso Projeto Acqua Mundi, indo até o Alaska!!!