Dias 04 e 05/janeiro/2016
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Amanhecer no Sítio do Mocó, por voltas das 5h da madrugada! |
A tão falada e famosa Serra da Capivara tem um acervo histórico, arqueológico e cultural inestimável e ainda pouco estudado e conhecido. Nessa nossa visita e esse Patrimônio da Humanidade aprendemos muito e vamos compartilhar um pouco com vocês. Faremos o relato desses dois próximos
dias de Serra da Capivara juntos visto que foram de intensas caminhadas,
escaladas, observação de paisagens e pinturas rupestres: centenas delas!!! Uma
mais interessante e intrigante que a outra!
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Companheiros de café da manhã: Galos da Campina e "Sofreu" (corrupião)! |
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"Cancão" ou gralha cancã |
No primeiro dia, após o café da
manhã fomos a pé até o vilarejo Sítio do Mocó (a 5 min da Pousada e Camping Pedra
Furada) para comprarmos nosso almojantar e contatar o guia para nos acompanhar,
visto que a Ceiça estava bastante atrapalhada e envolvida com as questões da
pousada, falta de água (estiagem prolongada), hóspedes etc e tal. Chegando ao mercado do Ari,
compramos umas linguiças de frango pensando no jantar, e já combinamos com o Jair para nos
acompanhar hoje e amanhã. O preço padrão da diária para visitar a Serra da
Capivara está em R$ 120,00, porém “choramos” um desconto e fechamos os dois
dias por R$ 200,00. Depois de um pouco mais de 45 min, Jair nos encontrava na
pousada para iniciarmos nosso passeio.
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O Parque Nacional Serra da Capivara foi criado em 1979, com uma área de aproximadamente 129.140 ha. |
Fomos até uma Guarita do Parque
para fazer o Circuito do Desfiladeiro, distante uns 20 km pela BR 020, em
direção a São João do Piauí, onde nos registramos e pagamos o meio ingresso (disponível
para quem é: professor, estudante, idoso ou deficiente) de R$ 15,00 por pessoa
- o valor é de R$ 30,00 por pessoa, por dia.
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Mocó: da família Caviidae - Kerodon rupestris |
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Mocó com manchas nas pedras provocada pelas suas fezes e urina |
Já na saída do trajeto, nos
deparamos com dezenas de mocós, um roedor de tamanho próximo ao de uma cutia,
muito rápido e extremamente bem adaptado à região. Há tantos mocós por todos os
lados que eles acabam se tornando um transtorno, pois suas fezes e urina são
extremamente ácidas e se acumulam em todos os cantos... inclusive sobre os sítios
arqueológicos e próximos das pinturas rupestres! Infelizmente ele não possui mais predadores naturais na região, o que o transforma num grave problema de
desequilíbrio ecológico, verdadeiramente uma praga!!
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Sítio do Pajau |
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Cenas com adoração e árvores, capivaras e outros animais |
Por suas características naturais,
na região podem ser vistos diversos espécimes de flora de caatinga, e mesmo com
o período longo de estiagem, há bastante vegetação presente nas trilhas. Os
locais de sítios são demarcados com placas e há locais próprios onde se pode
estacionar o carro. As caminhadas para alcançar cada sítio arqueológico nesse primeiro trecho são curtas (10 min,
aproximadamente) e leves e nesta localidade visitamos: o sítio do Paraguaio, o boqueirão do
Paraguaio e o Inferno. Depois fomos até o Baixão da Vaca I, II, III, onde fizemos um circuito
com dezenas de sítios, indo por baixo do desfiladeiro e, após subir a montanha,
voltamos vendo outros tantos sítios importantes, como: Veadinhos Azuis, Eminhas
Azuis, Mulundu e Fundo do Baixão da Vaca. Este circuito leva aproximadamente
duas horas e nos o percorremos ao meio dia, debaixo de sol escaldante e uma
temperatura beirando os 40°C!!! Foi punk!
Mas valeu a pena, pois a paisagem é fantástica e os sítios arqueológicos são de
uma riqueza ímpar!
Os nomes dados a estes sítios podem soar estranhos, mas eles foram nomeados por terem sido áreas pertencentes a pessoas antes de desapropriação ou então por suas características ou ainda por seus frequentadores mais assíduos, no caso : vacas, veados, Emas, etc...!
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Observando o sítio Barro |
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Animais |
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Macacos |
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Inferno - nome dado pois o cânion amplifica o som de dentro do boqueirão |
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Observando a fenda superior do Inferno |
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Brincando de desenhar com o óxido de ferro de hematita |
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Toca do Paraguaio: primeiro sítio mostrado a Niède Guidon, em 1970. Em destaque uma das cenas ainda não identificadas: "duas figuras humanas dispostas dorso contra dorso" |
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Pinturas feitas em seixos |
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Dentro do boqueirão do paraguaio: gameleira de raízes profundas. A gameleira é do gênero Ficus, era utilizada para extração do látex e pode se desenvolver sobre outras árvores |
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Toca do Baixão da Vaca |
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Figuras humanas com cores diferentes: tinta branca retirada da colinita e vermelha do óxido de ferro de hematita |
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Do alto da serra, partindo pra segunda parte do circuito do Baixão da Vaca |
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Toca do veadinho azul |
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Jair, Marcos e Mari chegando ao final da trilha superior |
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Peixes e lagarto |
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Grafismos e animais
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Na volta fizemos uma breve parada
pro lanche e pra descansar e seguimos até a entrada do Pajau (espécie de árvore
comum na região), indo até a famosa Fábrica de Cerâmica da Serra da Capivara,
onde há a produção artesanal de canecas, pratos, copos e outros utensílios e
enfeites para a casa.
Esta fábrica foi idealizada pela antropóloga e pesquisadora Niède Guidon, que vendo o potencial da região incentivou a formação do empreendimento como forma de propiciar empregos com qualidade e também divulgação cultural do imenso patrimônio presente.
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www.ceramicacapivara.com
- Telefone (89)3582-1760 |
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Junto com Antônio, gerente da fábrica de cerâmicas |
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A empresa emprega 50 funcionários |
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As peças compradas na loja fábrica têm 10% de desconto |
Conversamos com o Antônio,
gerente de produção da fábrica, que nos acompanhou e mostrou todo o processo de manufatura das
peças, contando que o tempo necessário para confeccionar uma peça é de 6 dias,
aproximadamente, desde o momento da modelagem da argila até o seu acabamento final. Enquanto acompanhávamos o processo de fabrico das peças a chuva começou
muito intensa e forte, com vento. Fizemos algumas compras de cerâmicas e também
de camisetas e, aí pelas 16h saímos debaixo de uma chuvarada até o Circuito do
Baixão das Andorinhas, distante 50 km de onde estávamos, pois é no final da tarde que se melhor observa o bailado aéreo dos pássaros.
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Chuva no sertão do Piauí! |
Lá no Baixão das Andorinhas se
observa sua “dança” e mergulhos para as fendas do cânion de 90 m de altura,
onde próximo das 18h, baixam no meio da mata e as pedras para dormir. Primeiramente fomos à
Variante do Baixão, cânion com acesso pela mesma guarita da Serra Vermelha e
ficamos quase uma hora observando as andorinhas e seu balé, tirando muitas
fotos, pois o local é fantástico! Como as andorinhas não desceram até aquele horário entramos no
parque e fomos até o ponto de observação das aves, onde também há um pequeno
sítio arqueológico com mais pinturas rupestres. Cumpre informar que o Parque fecha à 18h, mas é possível se ultrapassar um pouco o horário para ver o espetáculo aéreo propiciado pelas aves.
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Caminho que leva à Variante do Baixão |
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Baixão das Andorinhas |
Retornamos à cidade de São Raimundo Nonato sem ver as andorinhas descerem... acho que elas estavam de greve!!! Na cidade
efetuamos compras pro jantar e pro dia seguinte. Retornamos “pra casa”(camping) já noite
(19h) e preparamos nosso jantar: linguiça frita com cebola e alho, macarrão
instantâneo e salada, acompanhado de cerveja gelada e suco. Tudo uma delícia!
Amanhã tem mais!
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Pousada e camping Pedra Furada |
No dia seguinte, após o café da
manhã, o Jair já estava nos esperando quando saímos para fazer as trilhas do Circuito
do Sítio do Meio. A Guarita Boqueirão da Pedra Furada fica a pouco mais de 2000
m da pousada e de lá, já dentro do parque, seguimos de carro até o Sítio do
Meio, onde fizemos um trekking de umas duas horas, passando por cima das
montanhas e chegando à vista panorâmica da serra, com a Pedra Furada ao fundo.
Vista deslumbrante!!
Estamos fazendo as trilhas o dia inteiro sem parar para o almoço. Como são muitas as atrações, não vale a pena perder tempo voltando para almoçar, então, o nosso esquema é tomar café da manhã reforçado, e depois somente o jantar ao anoitecer. Durante o resto do dia só água e isotônicos!
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Trilha para Sítio do Meio |
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Caranguejo e forma humana barriguda |
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Subindo a serra |
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Ao fundo, Pedra Furada |
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Detalhe: Pedra Furada vista de cima da serra |
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Vista da planície do São Francisco |
Descendo a trilha, fomos pela parte baixa do cânion,
encontrando mais sítios arqueológicos e pinturas rupestres. Retornando para o
carro, fomos até o Centro de Visitantes – onde há loja, lanchonete, banheiros e
um pequeno museu – para visitarmos o Boqueirão da Pedra Furada, o mais
importante e antigo sítio da região e onde está a pintura rupestre escolhida
como marca do parque Serra da Capivara. No paredão de pouco mais de 100 m de
altura há mais de 1000 desenhos em pouco mais de 50 m de extensão! É imperdível!
As cenas são as mais variadas possíveis: há cenas de parto, guerra, sexo, danças,
animais,...
Este roteiro também pode ser visitado à
noite, pois há iluminação noturna, pagando-se uma taxa de R$ 50,00 (para até um
grupo de 20 pessoas) extras e deve-se agendar antecipadamente.
Contornando a Pedra Furada, segue-se
por uma trilha até o Caldeirão dos Macacos, onde havia um grande bando de macacos
pregos, procurando alimentos e fazendo macacadas! Deixamos os bichinhos em paz, depois de fotografarmos e filmarmos eles e seguimos até Circuito do Caldeirão dos Rodrigues Importante ressaltar que os macacos são selvagens e recomendamos não alimentá-los nem levar comida a eles pois isso pode gerar conflitos no bando com possíveis ataques aos humanos presentes.Respeitar a natureza e os animais é uma boa medida! Pelo adiantado da hora
não pudemos fazer esta trilha por sobre a chapada, uma pena, ficará para uma próxima visita ao lugar! Apenas percorremos as trilhas
inferiores de carro, observando caldeirões e boqueirões dos mais diversos
nomes.
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Boqueirão da pedra Furada |
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Danças à esquerda, cabeça de veado galheiro grande ao centro e figuras humanas diversas |
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Caldeirão dos macacos |
Pra fechar o dia, retornamos ao
Sítio do Mocó onde entramos pela Guarita para fazermos parte do Circuito do Baixão
das Mulheres. Observamos mais alguns sítios e caldeirões, passamos pela Roça do Clóvis,
Fundo da Roça do Domingos e Baixão das Mulheres, onde há umas piscinas naturais
que antigamente eram utilizadas pelas mulheres da vila para lavar roupas.
Já eram quase 17 h e nos
despedimos do Jair cansados, mas felizes! Fomos até o mercadinho do Ari e
compramos um peito de frango. Hoje o cardápio será: filézinhos de frango,
polenta com queijo e o resto de ontem! Salada de tomates e palmito, claro,
acompanhados de uma cervejinha gelada!
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Nosso acampamento no Camping Pedra Furada, da Ceiça
(conpatch@yahoo.com.br) e (89) 98111-5194 |
Amanhã levantamos acampamento, satisfeitos mas sabendo que ainda faltam muitas trilhas a serem percorridas e muitos
desenhos para serem descobertos e que ficarão pra próxima visita à Serra da
Capivara! E Viva o Piauí!!
muito lindo nota 10
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