Viagem Família______________________________________

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terça-feira, 8 de setembro de 2020

Desbravando a terra do Conde Drácula: a Romênia

Em conversas com muitos viajantes, todos foram unânimes em dizer que a Romênia é um lindo país e possui uma particularidade: parece uma viagem no tempo!! 

Castelo de Poienari: residência de Vlad, o Empalador

Resolvemos conferir com nossos próprios olhos e deixamos a Hungria para trás, entrando numa fila de aduana com alguns veículos na nossa frente. Houve alguma confusão inicial ao apresentarmos nossos documentos, pois Marcos esqueceu de entregar a carteirinha de residente na Alemanha, e com os casos de Covid aumentando exponencialmente em nosso Brasil, há restrições de entrada de brasileiros na Europa (e na Romênia), os oficiais aduaneiros queriam exigir quarentena dele... aí apresentamos o outro documento (de cidadão da EU) e explicamos que deixamos o nosso país há mais de um ano! Assim, tudo foi resolvido!!! 

Pagamos a vignette (espécie de carta pedágio) para trafegar nas estradas da Romênia (para todas as estradas) e fomos nos aventurar na Terra de Vlad!!! Como já estava anoitecendo buscamos um local para acamparmos. Optamos por um estacionamento meio abandonado ao lado de hotel fechado. 

Diversas vignettes dos países europeus

Só como curiosidade: aqui a vignette é vendida para período de 7 dias (que nós compramos, por 5 Euros), por 1 mês ou anual e é emitido um documento com os dados do carro. Cada país possui suas próprias regras no que tange o tráfego em estradas. Na Áustria também se compra a vignette por período e é uma espécie de selo que se cola no para-brisas, mas apenas para automóveis que trafegarem nas autobahn (autoestrada).  Na Hungria também é emitido um documento, com os dados do carro, para o tráfego apenas em autoestradas. Idem para a Suíça, porém apenas com a opção anual. Na República Tcheca a vignette é virtual, havendo apenas a opção online com emissão de um QRcode


O romeno é um pouco parecido com o italiano, pois é um idioma latino (por ter sido habitado pelos dácios, na Antiguidade, e estes falavam uma espécie de latim, esta é a origem do idioma), o que facilitou bastante nossa compreensão na leitura de placas e produtos nos supermercados. 

A moeda da Romênia: LEU (ou LEI, no plural)


A moeda da Romênia é o Leu Romeno (RON), cujo valor é de, aproximadamente, 1 Euro = 4,85 RON. No séc. XVII circularam pelo território romeno florins neerlandeses com a figura de um leão. Essas moedas ficaram conhecidas por lei (leões), cujo nome acabou virando a moeda nacional romena, a partir de 1867. A origem do lev búlgaro e do lek albanês é semelhante.  

Represa  Lago Crișul Repede

                             

Lago da represa



Nossa primeira parada para curtir foi na Represa do rio Crișul Repede, próximo da localidade de Urvind. Passamos o dia ali, descansando, na companhia de alguns moradores locais. 

SIGHIȘOARA

Vista panorâmica da parte baixa da cidade

A cidade onde o famoso Conde Vlad nasceu foi fundada por volta de 1191 por colonos saxões e possui cerca de 30 mil habitantes. Pertencente à região histórica da Transilvânia, a cidade é tombada pela UNESCO por conta de seu centro histórico bem preservado e por ser a cidade natal de Vlad, o Empalador, príncipe da Valáquia no séc. XV, que deu origem ao personagem literário de Bram Stoker, o Conde Drácula. 



O reduto medieval da cidade - conhecido como Cidadela - foi construído no alto da colina e fomos direto para lá, estacionando o Garça num P (pagamos 3 RON por 1,5 horas de estacionamento). A cidade foi um importante entreposto de comércio nos limites da Europa Central, sendo visitada por artesãos e mercadores de todo o Império Romano-Germânico. Estima-se que entre os séc. XVI e XVII, Sighișoara possuía 15 corporações de ofício e 20 ramos de artesanato. Até teve moeda cunhada na época de Vlad II Dracul (pai de Vlad, o Empalador) que aqui viveu e mandou fazer a moeda, contra as regras do reinado húngaro, que detinha o monopólio na cunhagem das moedas. 


Na entrada do túnel de subida para acessar a Igreja de São Nicolau

Túnel com escadaria de acesso à Igreja de São Nicolau

Igreja de São Nicolau, no alto do morro


Interior da Igreja

Cemitério nos fundos da Igreja de S. Nicolau



Depois do fim da 1ª Guerra Mundial, com a desintegração do Império Austro-Húngaro, Sighișoara deixou de fazer parte da Hungria e passou a fazer parte do reino da Romênia, como o resto da Transilvânia.







Torre do Relógio e Casa ondeVlad nasceu





Torre do relógio ao fundo

 Turnul cu Ceas:construído entre os séc. XIII e XIV


Casa do Veado: construída no séc. XVII

Grande parte das 164 casas do centro histórico têm, pelo menos, 300 anos e consideradas monumentos históricos. Passeamos pelas vielas e admiramos sua arquitetura particular, imaginando o período em que Vlad passeava pelas suas ruas. Mesmo com algumas restrições por conta do Covid, pudemos passear por todo o local e até compramos algumas lembracinhas! 



                                          

Uma das entradas da Cidadela

Nosso pernoite foi feito num campo já colhido, próximo de Brădeni, no Condado de Mures. Do local, podíamos ver a torre da Igreja Fortificada da vila. Uns poucos lavradores passaram por nós, nos cumprimentando alegremente de suas charretes!! Isso mesmo, o meio de transporte mais comum por aqui é a carroça!                        


         
Vista da Torre da Igreja Fortificada do Condado de Mures

Uma coisa que nos chamou bastante a atenção nesta região da Romênia é a presença de inúmeras Igrejas Fortificadas. Durante a Idade Média quem cumpria a função de proteção da comunidade nesta região não eram os nobres e sim a Igreja. Em caso de invasões estrangeiras, a pequena comunidade que vivia próxima da Igreja se reunia em seu interior, inclusive trazendo sua criação junto, e ficavam abrigados no pátio interno da fortificação até que a ameaça fosse embora. 

Igreja Luterana Fortificada em Brădeni


Igreja dedicada a São André, construída por volta de 1350. O processo de fortificação das igrejas nas comunidadese iniciou por volta do séc. XV, após a invasão otomana.



Igreja Fortificada em Dealu Frumos, fechada


Igreja Fortificada de Schönberg, também fechada



Por conta do Covid muitas destas construções estavam fechadas, porém tivemos a felicidade de encontrar uma delas aberta à visitação - Biserica Evanghelică C.A. Cincșor - e após pagarmos o ingresso, de 10 Lei cada, pudemos admirar o seu interior e verificar como funcionava este tipo de forte. 

Kleischenk

















Algumas curiosidades, lendas e histórias da Transilvânia:






TRANSFĂGĂRĂȘAN



Esta estrada incrível, que liga as regiões de Transilvânia a Valáquia, foi construída para atravessar a Cordilheira dos Cárpatos (Montanhas Făgăraș) nos anos 1970, a mando do ditador Nicolae Ceaușescu, e levou 4 anos para ser concluída. 



Estrategicamente construída como resposta militar rápida em caso de invasão pela União Soviética, a estrada teve um alto custo humano e financeiro, por usar mão de obra militar não especializada, em clima alpino (2000msnm) e usando dinamite (6 mil toneladas). Calcula-se que pelo menos 40 soldados perderam a vida durante as obras, mas há registros não-oficiais de pelo menos algumas centenas! 

Cachoeira Bâlea









Inaugurada em 1974, teve sua pavimentação concluída em 1980. Ao longo de seus 90 km de extensão, este percurso é sinuoso, com curvas íngremes e fechadas, longas curvas em S e não permite uma velocidade superior a 40km/h. Aqui acontecem anualmente competições ciclísticas e durante o inverno a estrada permanece fechada. 

Túnel Bâlea, o mais comprido da Romênia

Tudo que sobe, tem de descer...

Adquirindo produtos locais


Laguinho na área de picnic, com águas geladas e cristalinas!

Nosso acampamento na área de picnic

Realizamos a subida com muita calma, parando aqui e ali para tirar fotos e comprar queijos e salame regionais. Resolvemos acampar no meio da descida, numa área de picnic, onde havia um lindo e gelado laguinho. Não teve churrasco, pois a lenha e carvão encontrados no local estavam muito úmidos, porém o visual e tranquilidade do lugar foram top. A noite foi gelada (e estamos em pleno fim de verão) e o céu, estreladíssimo!!! 


Rebanho de ovelhas e seus pastores

Lago Vidratu

Ao longo do percurso, pode-se admirar a Bâlea Lago e Bâlea Cachoeira, o lago e a represa Vidratu, além do Castelo Poenari - residência oficial de Vlad, o Empalador, do séc. XIV. 
São 5 túneis, sendo um deles o maior túnel rodoviário da Romênia, com 884 m de comprimento - Túnel Bâlea. 






Represa Vidratu

Infelizmente a grande quantidade de lixo espalhada pelos lugares, mesmo havendo lixeiras públicas disponíveis, demonstra um certo descaso e falta de educação dos cidadãos locais. 

CASTELO POIENARI


A residência oficial de Vlad, o Empalador, do séc. XIV, só é acessível por 1480 degraus, pois está localizada no alto de uma montanha. O ingresso é de 10 Lei cada (e você paga quando chega lá em cima). 








O calor intenso nos acompanhou durante a subida e descida. As ruínas estão em mau estado de conservação, mas deu pra ter uma ideia de como era o esconderijo deste "maluco" sanguinário. 




Seguimos para o Castelo de Bran, em Brașov, distante 190 km daqui, e que inspirou Bram Stoker (1897) e seu personagem, Conde Drácula. A cidade estava cheia de turistas e o ingresso no Castelo custava "módicos" 17 Euros por pessoa, custo muito elevado e fora de nosso orçamento. Então, apenas olhamos a construção do lado de fora e buscamos um local bacana para acamparmos e de onde tínhamos uma vista privilegiada da cidade e do Castelo. 

Vista panorâmica de Brașov

Vista do Castelo de Bran

Castelo de Bran

A comuna de Bran, localizada no distrito de Brașov, Transilvânia, foi um antigo ponto de comércio e protegido pelo seu castelo, construído inicialmente em madeira pelos Cavaleiros Teutônicos, por volta do ano 1213, durante o reinado dos Habsburgo. 
A partir de 1920, este Castelo passou a ser residência oficial do Reino da Romênia e da Rainha Maria da Romênia. Após a ocupação soviética a construção passou a ser ocupada pelo regime comunista e  apenas em 2005 a propriedade voltou para os proprietários legítimos, tornando-se um Museu, o segundo local mais visitado no país. 

Vista panorâmica de Rasnov

Daqui seguimos para o litoral do Mar Negro, percorrendo inicialmente muitos quilômetros por uma estrada estreita e com muito tráfego (1A). Mais próximo da capital, Bucareste, resolvemos trafegar por uma Autoestrada A2. A qualidade da rodovia é muito boa, porém não permite acessar estradas vicinais e há pouquíssimos pontos de retorno, o que é um perigo no caso de você perder alguma saída! Nosso pernoite foi em um posto de combustíveis, com boa estrutura, porém muito barulhento, perto de Răzvani! 

Posto de combustíveis na A2, que liga Bucareste a Constanta

Próximo de Constanta, já no litoral do Mar Negro, seguimos direção sul, especificamente para Eforie Sud, onde achamos um local bem bacana para pernoitarmos e curtirmos praia e banho de mar! 

E o Mar Negro é verde e azul! Rs

Poços de petróleo ao fundo e aves em primeiro plano


Nosso acampamento

Vista panorâmica do alto do morro

Nossa passagem pela Romênia foi de encantamento. As pessoas muito simples e alegres, em sua grande maioria, nos encantaram. Muitas cidades, principalmente no norte do país, ainda vivem como no século passado. As atividades pastoreias são comuns e cruzar por carroças ou charretes nas estradas é super normal. 
A carroça ainda é um meio de locomoção bastante usado

Atividade pastoreia muito comum

Pastores acompanhando o rebanho ao longo da estrada

Feno amontoado em formato diferente

                             
                             

Mesmo as roupas usadas pela população e expostas nas vitrines são "de modè"! País muito peculiar e cheio de curiosidades!

Lindos e delicados bordados em roupas típicas


A Romênia era para nós uma completa desconhecida. Mostrou-se acolhedora, com belas paisagens e muita cultura. Aqui também o domínio comunista se fez presente e "rondou" por muitos anos, transmitindo uma imagem de país fechado e isolado do resto do mundo. É um ótimo destino para ser visitado e explorado, fugindo do lugar comum! Em momento algum nos sentimos inseguros e a curiosidade demonstrada pelas pessoas locais só nos atraiu ainda mais! 

Bye bye, Romênia!












Um comentário:

  1. Muito interessante conhecer a Romênia e todos os locais que vcs visitaram...pareceu bem bucólica..realmente uma agradável viagem no tempo

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