Viagem Família______________________________________

.

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Muita praia bonita e coqueiros: Paraíba!

 

Vista panorâmica do Mirante de Carapebus

Depois de ficarmos mais de 15 dias rodando pelo Sertão do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco (conforme as últimas duas postagens feitas), voltamos ao litoral, contornando João Pessoa (desta vez não iremos visitá-la) e seguindo ao sul, uns 20/30km, até a Praia de Jacumã.

Acampamento em servidão - praia de Jacumã

Nos próximos dias exploramos esta última pontinha do litoral paraibano, passeando por Jacumã, Carapebus, Tabatinga, Tambaba e Pitimbu.

Praia de Jacumã

ACAMPANDO POR AQUI - camping selvagem ou com alguma estrutura

Interessante um fenômeno que observamos por aqui.

Quem tem propriedade em Tabatinga e Carapebus depende de Jacumã (pertencente ao município de Conde) para fazer suas compras ou ter acesso ao banco, por ex. Já quem tem sua casa ou hotel/pousada em Tambaba ou Pitimbu, tem de ir a esta última pra conseguir as coisas básicas. A falta de infraestrutura no local é flagrante... o normal por aqui é ir à capital, distante 65 km, para fazer compras maiores e resolver problemas. Os comércios em Jacumã e Pitimbu são pequenos, sem muita variedade e mais caros! A região, extremamente turística, carece de supermercados, açougues, panificadoras, sorveterias, peixarias... o que existe são restaurantes e lanchonetes para atender o turista que se hospeda num dos resorts da região. Quem viaja com motorhome ou como nós, com barraca de teto, acaba tendo dificuldade em encontrar água potável para reabastecer a caixa, bem como víveres para sua subsistência. Há que se programar direitinho, calculando o tempo gasto em cada praia. Caso contrário, terá sempre de ir e vir para comprar o que falta.

Acampamento ao lado do restaurante Taba Grill - Tabatinga II

Por indicação do Severino, em Tabatinga I, parados ao lado de um prédio abandonado, acabamos parando ao lado do restaurante Taba Grill, localizado em Tabatinga II, cuja proprietária Rachel sublocou para o casal Marilice e Sormany, que nos acolheram e ofereceram água, além de usarmos banheiro e energia elétrica. Uma bela amizade nasceu aqui e acabamos ficando 2 dias. O lugar é lindo e a praia também! 

Praia de Tabatinga II - rio Mucatu e lagoa Preta

A praia de Tabatinga, dividida por um maceió* em Tabatinga I e II, possui águas mornas, boa faixa de areia para caminhar e um visual lindíssimo, com falésias cuja argila é usada para tratamentos de beleza (rejuvenescimento da pele). 
*maceió - lagoeiro que se forma no litoral em virtude das marés e das águas pluviais. No Ceará este tipo de lagoa litorânea se chama "caponga". 

Falésias coloridas da região


Acampamento no Cânion do Coqueirinho

Acampamento na Praia Bela - Tambaba

UM POUCO DE HISTÓRIA

Em 1534 o rei de Portugal, D. João III, divide a colônia em capitanias hereditárias e a região da Paraíba ficou subordinada à capitania de Itamaracá (que ia do rio Guaju, na divisa do RN com o rio Goiana, na divisa de PE). Por aqui havia comércio dos indígenas com os franceses (pau-brasil, âmbar, peles de animais e óleos vegetais).

Cânion do Coqueirinho

Os indígenas que habitavam a região litorânea eram os potiguaras, rivais dos tabajaras (originários do médio São Francisco). Os tabajaras contavam com o apoio dos portugueses, enquanto os potiguaras tinham o apoio dos holandeses que aportaram em terras paraibanas em 1625. As constantes “guerras” entre holandeses e portugueses pela disputa do território acabaram com muitas mortes e idas e vindas de holandeses, franceses e portugueses pela região (hoje RN, PA e PE). A influência holandesa no estado está diretamente ligada à produção canavieira. Mudas de cana (caiana, vinda da Guiana Francesa e Suriname, antiga Guiana Holandesa) foram introduzidas e a produção de açúcar era o motor da economia na época. Com as revoltas, muitas das plantações foram queimadas, “quebrando” a economia local. Até hoje a produção açucareira (e álcool) – engenhos - é fortíssima e os canaviais se estendem ao longo da costa, a perder de vista.

Cânion do Coqueirinho - causadas pela erosão da chuva, as formações de ravinas e diversas falésias coloridas 

Com tanta cana, natural e desnecessário dizer que a cachaça paraibana é uma das melhores do Brasil. Tivemos o prazer de degustar muitas em nosso período de viagem pelo Nordeste e mesmo não sendo famosas como as mineiras, não deixam nada a desejar! De sabor suave, bem frutadas e envelhecidas em madeiras como amburana (ou umburana), carvalho, castanheira, jatobá, angelim, ... seu sabor é delicioso e o aroma mais parece um perfume!

Variedades de cachaças da região

Paraíba vem do tupi pará (rio ou mar) + aíb (ruim), significando que o rio era ruim para navegar. Como a boca do canal do rio Paraíba era muito estreita, isto dificultava ao invasor efetuar a conquista. Bastava colocar 2 baterias de canhão em cada margem para abater os navios pretendentes; sem contar um rochedo que havia (aparece nos mapas antigos) e que foi dinamitado por razões portuárias no início do séc. XX.

Cânion Coqueirinhos - a praia de Coqueirinhos é uma das 10 mais bonitas do Brasil

Formações rochosas interessante e, coloridas presentes no Cânion do Coqueirinho

NEM TUDO SÃO FLORES

Em 1860 a Paraíba tinha uma população de aproximadamente 212 mil habitantes e sofria com sérios problemas de saúde (cólera, febre amarela) provocados principalmente pela precariedade no abastecimento de água potável. 160 anos depois, ela continua com os mesmos problemas: a água do subsolo é salobra (apenas poços de grande profundidade acessam água boa) e muitos vilarejos não têm água potável, precisando recorrer a caminhões pipa para efetuar o abastecimento. Por questões políticas, não existem políticas públicas que atendam a esta necessidade tão básica e fundamental do ser humano. Desnecessário dizer que os donos dos caminhões pipa são vereadores, deputados ou “amigos do rei” que permanecem no poder por conta da compra de votos!

O povo hospitaleiro e guerreiro continua sendo subjugado por falta de infraestrutura, com rodovias em péssimo estado de conservação e sinalização precária, pra não dizer inexistente. Os canais de transposição do rio São Francisco, prontos e funcionando quando chegamos lá (em julho/2023) tiveram o abastecimento interrompido (por questões políticas) e assim um lugar que tem tudo para ser lindo e próspero não o é, por escolhas equivocadas e ignorantes.

Cânion do Coqueirinhos


Hoje o estado conta com aproximadamente 4 milhões de habitantes e 21% se concentra na capital, João Pessoa, sendo que os outros 17% estão distribuídos entre Campina Grande, Santa Rita e Patos, as mais populosas depois da capital. 140 dos 223 municípios do estado têm população de até 10 mil habitantes (o menor município – Parari - conta com pouco mais de 1720 habitantes (2022), mas “dizem as más línguas”, que tem 2379 eleitores inscritos!!! Dados oficiais apontam isto). Talvez este seja um indicativo preocupante para o subdesenvolvimento de algumas regiões, pois cidades muito pequenas não conseguem se sustentar e gerar empregos/renda suficiente!!!

Praia de Pitimbu - rio Macatu

Com pescador, no rio Graú

Praia Bela - Pitimbu

CURIOSIDADES 

Ariano Suassuna é filho ilustre desta terra, assim como Assis Chateaubriand (jornalista, empresário, fundador do Museu de Arte de SP e membro da Academia Brasileira de Letras), João Câmara Filho (pintor), Maílson da Nóbrega (ex-ministro da Fazenda), Epitácio Pessoa (presidente do Brasil entre 1919 e 1922) e os compositores e cantores Zé Ramalho, Chico César, Roberta Miranda, Elba Ramalho, Herbert Vianna, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda entre outras tantas personalidades paraibanas conhecidas compõe o cenário literário, musical e político de nosso país.

Praia Bela - Pitimbu

Curtindo a vista da barraca do Emerson - Praia Bela - Pitimbu

Campina Grande é o local onde fica “o maior São João do Mundo”, e danças como bumba-meu-boi, coco-de-roda, ciranda e xaxado são muito populares, além dos folguedos, cavalhadas e festas juninas compõem a riqueza da expressão cultural paraibana.

Igreja N. Sr. do Bonfim - séc. XIX - Pitimbu

Ainda há muito a se ver e explorar neste estado tão bonito de nosso Nordeste. Mas isto ficará para uma próxima vez...



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Grato por visitar o ViagemFamilia. Críticas, elogios e quaisquer comentários são desejados, desde que feitos em terminologia ética e adequada.

SE FIZER QUESTIONAMENTOS POR FAVOR DEIXE ALGUMA FORMA DE CONTATO PARA POSSIBILITAR A RESPOSTA, COMO E-MAIL, POR EXEMPLO