Um dos grandes momentos de uma viagem de carro é quando precisamos cruzar lagos, rios ou oceanos com nosso veículo!
Quando saímos do sul do Brasil com o objetivo de alcançar o Alaska, no extremo norte do Continente Americano, já sabíamos que precisaríamos embarcar nosso querido Garça em um navio para ultrapassar o famoso Darien Gap, que separa a Colômbia do Panamá.
Ali não existem estradas transitáveis para superar os pântanos e a espessa selva existente nos pouco mais de 80 km que separam esses dois países. Sim, alguns já superaram esse desafio, mas isso demanda muitos dias, às vezes semanas, superando a completa falta de estrutura rodoviária da região.
No nosso caso, iríamos enviar o nosso veículo via container. Duas opções viáveis: container individual de 20 pés ou container compartilhado de 40 pés. Já antes de chegarmos à Colômbia havíamos pesquisado as diversas possibilidades e fizemos nossa inscrição num site chamado https://containerbuddies.bubbleapps.io/
Nesse site/aplicativo você pode se inscrever para buscar as mais diferentes rotas disponíveis para compartilhamento de containers de transporte.
Passo a passo: 1- Cadastre-se no aplicativo.2- Escolha a rota que é oferecida e que pretende seguir.
3- Preencha a possível data e informe os dados solicitados sobre seu veículo.
4- Aguarde que apareça alguém interessado no compartilhamento.
5- O site/aplicativo te avisa via e-mail sobre algum possível compartilhamento
Nosso Garça lavado, limpo e cheiroso, pronto para o embarque |
Seguimos viagem atravessando o Brasil e o Peru analisando as possibilidades oferecidas. No caso específico desta rota Colômbia (Cartagena) para o Panamá (Colón) são muitas, visto a grande quantidade de viajantes que atravessam as Américas de ponta a ponta.
Logo que chegamos à Colômbia entramos em contato com um grupo de rapazes que tinham uma Kombi -Volkswagen e a data que eles escolheram seria praticamente a mesma que a nossa. Contactamos eles por e-mail e eles, já em Cartagena, começaram os trâmites para adiantar o processo.
Enviamos nossos dados para que eles inserissem no sistema e assim, quando finalmente chegamos em Cartagena, na Colômbia, já estava "quase" tudo encaminhado.
"Quase" porque eram rapazes que vinham de Israel, compraram a Kombi no Peru e ainda por cima não falavam espanhol!
Acabamos logo fazendo amizade com o Roy, Gal e Elad. Três recém saídos do serviço militar e dando uma volta pelas Américas, nos conhecemos no famoso gramado existente atrás do Hilton Hotel de Cartagena, local onde até então a maioria dos overlanders ficava para aguardar o embarque para o Panamá.
Em 2 dias encaminhamos toda a papelada para o embarque através da Ana Rodriguez, uma despachante extremamente competente e focada.
No dia seguinte da entrega da papelada ela nos informou que precisávamos estar pontualmente às 10h da manhã no Porto para as inspeções e embarque no container. Claro que com o carro totalmente limpo e lavado, e mais a série de recomendações, como: tanque quase vazio, nenhum alimento perecível à bordo, etc.
Foi tudo muito rápido e sem entraves. A Ana nos acompanhou em todo processo de preparação, embarque, lacragem do container e tudo mais. Digo mais: valeu cada centavo dos U$ 200,00 (U$ 100,00 cada carro) que pagamos para ela fora todas as taxas já sabidas necessárias ao embarque.
Além de competente, fizemos uma amiga na Colômbia. |
O mais importante é que nós pudemos dirigir nosso carro para dentro do container e acompanhar tudo bem de pertinho. O processo de colocação no container levou pouco mais de 3 horas. O que demorou mesmo depois foi a má vontade do chefe da Aduana Colombiana que no seu belo escritório, lá bem longe do porto, só trabalha quando quer. De qualquer forma, superamos tudo às 16h e sob a promessa de que no dia seguinte o carro seguiria ao Panamá, demos o dia por encerrado.
Inspeção geral antes do embarque no container |
Depois de tudo resolvido! |
Nossos amigos israelenses decidiram cruzar para o Panamá de veleiro. Nós optamos por fazer de avião. Veleiro custava U$ 500,00 por pessoa. A passagem aérea custou U$ 180,00 por pessoa. Adivinha por que fomos de avião, mesmo sabendo que por veleiro a viagem é um show, atravessando parte do Caribe em belas praias e com tudo incluído? Como a viagem de veleiro demora 5 dias, tínhamos esse tempo para curtir mais um pouco a bela Cartagena.
Então buscamos um hotelzinho bem no centro de Cartagena, no bairro Getsemani, e de lá fizemos diversos passeios por esta cidade tão bonita, colorida e alegre por mais 4 dias.
Cartagena-Colômbia |
Depois que o navio chega com os containers em Colón, Panamá, tem-se uma semana (7 dias corridos) para retirar o veículo do porto sem custos adicionais. Dessa forma, calculamos a data da chegada e fomos primeiro à Cidade do Panamá. Só no dia anterior à chegada do Roy e sua turma é que mudamos de cidade e hotel e ficamos na feia cidade de Colón.
Esperando nosso carro para ser liberado no Panamá, fizemos amizade com um argentino fazendo o caminho inverso, para a Colômbia |
Porto de Colón: a foto não mostra a ineficiência dos fiscais aduaneiros. Não é permitido tirar fotos do Porto...ops... |
"Bela" cidade de Colón, Panamá |
O Porto de Colón é uma bagunça. Completamente diferente de Cartagena. Com toda a papelada em mãos, pegamos um táxi para carimbar os documentos nos diversos locais, como Aduana, Polícia Federal, etc...seguimos com tudo pronto ao porto. Aí lá você depende também da boa vontade dos agentes de desembarque. Primeiro disseram que iriam tomar um cafezinho. Depois disseram que era hora do almoço. Claro que sabíamos que queriam uma propina. Mas fui bem direto e depois de 4 horas esperando e reclamando (e eu tendo que conter a rapaziada de Israel que já queriam "dar um jeito diferente" na situação), ameacei com a polícia e aí a coisa andou. Tudo com muita educação. Fui bem direto e duro, mas nunca faltando com a educação.
Recebendo nosso querido Garça no Panamá |
Desde o começo, quando chegamos ao porto para buscar o nosso Garça, avisei aos fiscais aduaneiros que o carro tinha um sistema anti-roubo que só eu poderia desligar. Mas eles alegavam que eu não poderia entrar no porto sem as devidas credenciais.
Eles tentaram mover o carro e claro que não conseguiram. Depois de uma boa conversa e algumas horas de espera, me emprestaram um jaleco, um capacete e credenciais de um outro fiscal e acabei entrando no porto e no container para desligar o sistema de segurança e mover o carro para fora.
Enfim, depois de tudo pronto, recebemos o Garça. Final feliz e prontos pra seguir viagem para o norte do Continente.
Os custos totais para embarque, taxas e extra para a amiga despachante Ana, na Colômbia, foram de U$ 1.250,00. Mais U$ 92,00 de taxa de estacionamento pagos no Panamá! Tudo incluído.
Nossa recomendação: se quiser agilizar o processo de envio de seu carro ao Panamá, contrate um bom despachante. Vale a pena porque você não perde tempo e o valor é justo. É possível fazer os trâmites sozinho? Sim! Mas você vai levar pelo menos 3 dias de correria e quebrando a cabeça para economizar U$ 100,00 (como no nosso caso). Nós negociamos o preço e chegamos a um acordo. Cada um faz o que acredita ser melhor!
Aproveite a experiência e viva cada momento. Boas viagens!!Para saber como foi nosso embarque dos EUA para a Europa, click em: http://www.viagemfamilia.com.br/2020/02/enviando-o-carro-da-america-para-europa.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grato por visitar o ViagemFamilia. Críticas, elogios e quaisquer comentários são desejados, desde que feitos em terminologia ética e adequada.
SE FIZER QUESTIONAMENTOS POR FAVOR DEIXE ALGUMA FORMA DE CONTATO PARA POSSIBILITAR A RESPOSTA, COMO E-MAIL, POR EXEMPLO