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Chetumal, ao fundo Museu |
Ficamos poucos dias em Belize, mas o
suficiente para nos dar mostra de como é estar num país onde o idioma falado é
diferente de todos os outros países por onde passamos até aqui! Mesmo com suas
particularidades, o espanhol falado em toda a Latino América é o mesmo, gerando
um certo conforto e tranquilidade na comunicação em geral!
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Divisa física entre Belize e México: Rio Hondo |
Os trâmites aduaneiros de entrada no México
têm algumas particularidades... Além das filas normais para carimbar o
passaporte, tínhamos a documentação do carro e o pagamento do seguro, feito em
dólares, e que na saída do país é devolvido da mesma forma como foi pago.
Explico: se pagar “in cash”, recebe em dinheiro; caso queira pagar o seguro com
seu cartão de crédito, o valor será depositado em sua conta na saída do país.
A burocracia e confusão ocorreu quando solicitamos
à oficial aduaneira um visto de 180 dias (visto máximo de permanência no país)
e ela nos concedeu apenas os 7 dias de praxe, alegando que quando saíssemos
pagaríamos a taxa normal relativa a quantidade de dias de estadia no mesmo. O
problema é que com isso perderíamos o resgate de nosso seguro do carro... No
caso, como nosso carro é anterior a 2010,
pagamos um caução de U$200, mais U$ 59 de taxas aduaneiras, e com o prazo de 7
dias, o seguro de 200 dólares seria automaticamente incorporado ao Tesouro
mexicano. Por isso, tivemos que solicitar a outro oficial, mais graduado, a
solução do problema... a moça do guichê não ficou feliz, mas teve de refazer
nossa papelada de entrada, dando-nos um prazo hábil para cruzarmos seu país
(180 dias) e recebermos nosso dim-dim
de volta. Situação semelhante aconteceu com nosso amigo britânico, Mike Axe (que
conhecemos em Belize) e que também passou pelo mesmo perrengue aqui na aduana.
Coincidentemente estávamos juntos fazendo a divisa quando tudo isso aconteceu.
O positivo é que pudemos ajudá-lo, pois seu conhecimento de espanhol não estava
sendo suficiente para se fazer entender....
Para constar: se seu carro for
mais novo, a taxa de seguro é mais alta. Para carros acima de 2017 o valor é de
U$ 400. Entre 2012 e 2017, U$ 300 e mais velho que isso, U$200!
Resolvidos os problemas, após duas horas,
pagamento de MXN 1116 (pesos mexicanos) =
U$ 57, aproximadamente - para nossa entrada pessoal, e mais Mex$95 de fumigación no Garça e passagem pelo
Raio-X com carro e tudo, seguimos para cidade de Chetumal, onde fomos
inicialmente buscar um chip para celular e mapa do México!
CHETUMAL A LAGUNA BACALAR: 55 km
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Ao fundo, Museu ultra moderno ainda em construção, em Chetumal |
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Farol que também é museu interativo |
Encontramos o chip da Movistar que,
segundo o vendedor, funcionaria em toda a América do Norte, por $120 (chip +
recarga) e o mapa compramos no OXXO (loja de conveniência que tem tudo, ou
quase tudo), por $54!! Depois dos preços exorbitantes praticados em Belize, e
da pouca oferta de produtos no CA-4 (Nicarágua, Honduras, Guatemala e El
Salvador*: que não conhecemos) fomos nos abastecer num mercado “de verdade”!!
No México encontramos grande variedade de queijos e embutidos, além de outros
produtos alimentícios com diferentes sabores e marcas, com preços justos! A
rede Chedraui é fortíssima em todo o país e possui qualidade, variedade e bom
custo x benefício! Acabamos virando clientes do “Super Che”!
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Estacionamento do restaurante Xel-Há, em Calderitas |
Aproveitamos o resto do dia para curtir o
mar do Caribe e pedimos para acampar na área de estacionamento de um
restaurante, perto de Calderitas! O proprietário permitiu que ali ficássemos e
nosso banho foi de mangueira, apesar de no restaurante haver piscina (teríamos
que pagar a diária) e ser de frente para o mar...
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Praia em frente ao Malecón, com áreas de lazer |
Chetumal é a capital
do estado de Quintana Roo, na península de Yucatán. Foi fundada em 1898, como
Payo Obispo, porém sua ocupação é muito anterior, pois nessa região já viviam
os maias, que foram subjugados e conquistados pelos espanhóis no século XVI.
Seu nome atual, Chetumal, foi dado em 1936, e por sua localização, é uma região
muito suscetível à furacões, foi devastada duas vezes na década de 1940
e novamente em 1955 (Hurricane Janet). A partir da construção de rede viária que
a uniu a outros lugares do país, entre as décadas de 1960 e 1970, passou a se
desenvolver e hoje é um importante porto e entreposto comercial com Belize.
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A caminho das ruínas |
Havíamos visto no mapa que há ruínas maias na região e no dia seguinte fomos até lá. As Ruínas de Oxtankah (ingresso $110 para nós dois), distantes 7 km de Calderitas, simbolizam o apogeu dos maias durante o período clássico (de 300 a 600 d.C.) nessa região. Oxtankah, em seu idioma, significa "estar sob a proteção de um conselho" e conta com duas praças principais, Abejas e Las Columnas, ao redor de cada uma há edificações piramidais e templos, além de residências. Em 1531, o espanhol Alonso de Ávila conquistou a região e mandou construir uma igreja cristã, cujas ruínas também podem ser visitadas e estão misturadas às construções ancestrais.
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Plaza Abejas |
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Capilla Española (1531) |
Além das ruínas, há também no local um pequeno museu, onde se encontram peças, cerâmica e artesanato que foram encontrados durante as escavações. Tivemos a felicidade de conhecer o ... que participou das escavações da pirâmide em forma de triângulo e com quem mantivemos uma boa conversação. Ele nos contou sobre os hábitos deste povo, da qual ele é descendente, e também particularidades sobre o calendário maia, que está simbolizado nessas ruínas. Um show!!
Além disso, nos deu umas dicas bem bacanas do que conhecer na área e, depois de termos ido até o centro de Chetumal para vermos se era possível conhecer seu Museu - desistimos, em função do valor do ingresso! - seguimos até a Laguna Bacalar, local incrivelmente lindo!
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Praça ao lado do Museu da Cultura Maia, em Chetumal |
A Laguna Bacalar, também chamada de "Laguna de los Siete Colores" tem pouca profundidade e é local muito frequentado durante os finais de semana e feriados. Buscamos uma área de camping e encontramos o Balneário Mágico, onde pagamos $160 para pernoite (para nós dois) com direito a uso de banheiro e duchas.
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Vista da Laguna Bacalar |
Passeamos pelo local, tomamos um banho gostoso no final da tarde e tiramos muitas fotos, pois o lugar é muito bonito! À noite fomos surpreendidos com som alto vindo de um restaurante próximo, o que é bastante comum no México, infelizmente! A música se estendeu até a madrugada, quando finalmente cessou.
LAGUNA BACALAR - TULUM - PLAYA DEL CARMEN: 280km
No dia seguinte, fomos seguindo a norte, costeando o Mar do Caribe, passando por muitos resorts de luxo, até chegarmos a Tulum, onde também visitamos as Ruínas, que ficam numa área de proteção e parque nacional de mesmo nome, que ocupa uma área de 664 ha, criado em 1981. Acampamos numa viela que dava na praia, próximo de outros campistas que também estavam por ali... Conversamos com uma moça europeia que nos contou que está morando no México há 4 anos e é médica. A nossa tristeza e a dela é em ver como as pessoas de maneira geral não têm cuidado com a natureza e depositam seu lixo em qualquer lugar! A beleza do local acaba sendo contaminada com embalagens plásticas (e de isopor), garrafas e latas por todos os lados!
Essas ruínas são muito diferentes das outras que visitamos, pois trata-se de uma cidade que foi construída às margens do oceano, no período pós-clássico (depois de 900 d.C). Com esta característica específica, os maias que aqui habitavam acabaram sendo comerciantes de sal, artigo raro e muito valorizado por todos os outros povos com quem faziam comércio, além de ser um importante porto por onde se comercializava também a obsidiana e o jade.
Tulum, "muralha, vedação, trincheira", teve seu apogeu entre os séculos XIII e XV. Os muros de 3 a 5 metros de altura construídos com uma espessura de 8 metros e o paredão escarpado do lado do mar faziam a proteção desta cidade, que contava ainda com guaritas de vigilância e portões estreitos de acesso. Para o abastecimento de água da população, havia um pequeno cenote em seu interior.
Nosso
camping selvagem próximo de Tulum.
Nosso próximo destino era Playa del Carmen, de onde partem os ferrys para Isla Cozumel, local muito procurado pelos amantes de mergulho. As praias estão contaminadas com a maré vermelha e o banho de mar nessa região está bastante difícil e desaconselhado. Mesmo assim, a beleza do local é encantadora e no calçadão da Quinta Avenida da cidade conhecemos o Serginho, que acabou se tornando um grande amigo e em cuja casa acabamos ficando hospedados alguns dias.
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Playa del Carmen, com a maré vermelha |
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Quinta Avenida, em Playa del Carmen. ATENÇÃO: é proibido beber bebidas alcoólicas em vias públicas no México! Só descobrimos isso depois do fato acima!!!! |
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Com Serginho, fazendo propaganda dos passeios da Xcaret |
Playa del Carmen está localizada na Riviera Maya, possui uma população média de 250 mil habitantes e foi fundada em 1937! A cidade conta com excelente estrutura turística, muitos restaurantes e hotéis, além de dezenas de lojas e feiras de artesanato.
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Totopos frescos preparados aqui no restaurante! Delícia!! |
A busca por bons preços fez com que fôssemos tomar um chopp e comer uns camarões a 3 quadras da faixa da praia. No Restaurante Brisas nos deliciamos com um prato enorme de camarões no bafo, acompanhados de totopos (espécie de tortilla de milho, como Doritos, só que mais gostoso), por $ 237(R$ = 51,00).
Muitos momentos especiais vividos com Hanna e Sérgio, bons amigos com quem ficamos por uma semana, trabalhando muito no livro durante o dia e aproveitando as noites para confraternizar e trocar experiências, além de experimentar receitas culinárias diversificadas.
Deixamos nossos amigos Serginho e Hanna e fomos até Cancún, famosa cidade turística mexicana na Península de Yucatán. Antes, porém, fomos visitar um cenote diferente perto da casa de nossos amigos: ele fica na praia! Muito bonito e interessante!
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Playa Punta Esmeralda com cenote na margem da praia |
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Testando a qualidade da água no cenote |
Esta região do México é conhecida pelas
lindas praias e pontos de mergulho, mas também pelos lindos e variados cenotes!
Mas, o que é um cenote, afinal??
Cenotes são cavidades naturais, de onde os
maias retiravam a água para consumo e também utilizavam os locais para seus
rituais religiosos de sacrifício! Existem alguns, como por exemplo o de Chichén
Itzá, cujo uso era exclusivo para esses rituais. "Ts'onot" refere-se
a qualquer lugar com águas subterrâneas acessíveis e era o termo usado pelos
maias iucatecas das terras baixas.
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Cenote de Sa'ac Haa, subterrâneo |
Geologicamente, cenotes são conexões entre
a superfície e áreas alagadas subterrâneas. Normalmente são piscinas naturais
de 10 m de diâmetro, cujas águas límpidas provém da filtragem de água da chuva
através do solo ou de cavernas cujo teto desabou e o lençol freático passou a
ser exposto, havendo também aqueles coim sistema de túneis e cavernas inundadas
interligadas.
Durante mergulhos de equipes arqueológicas
foram descobertas ossadas de mastodontes e crânios humanos de mais de 13600
anos.
Nesta região do México, os cenotes eram (e
continuam sendo) a fonte perene de água potável para abastecimento da
população. As nossas análises de água comprovaram que ela é potável, porém
bastante mineralizada, com muitas partículas em suspensão, sendo sugerida a
filtragem (no mínimo) para seu consumo.
PLAYA DEL CARMEN - CANCÚN: 70km
Finalmente fomos à Cancún e foi difícil acharmos uma praia cujo acesso fosse aberto ao público! Apenas em alguns locais, e você tem de ter sorte de achar vaga no estacionamento, é possível acessar a praia, pois toda a faixa litorânea é ocupada pelos hotéis e resorts de luxo. Desta forma, apenas os hóspedes têm acesso livre ao mar. Uma pena, pois a praia é linda!! Finalmente, após rodarmos quase 15 km achamos o um estacionamento público onde conseguimos estacionar facilmente e pudemos curtir a vista, juntamente com outros moradores locais!
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Ao fundo, Isla Mujeres |
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Vista panorâmica: hotéis e resorts de luxo ao longo da orla |
Importante destacar que o passeio para Isla Mujeres parte de Cancún e fica a uns 13 km de distância. Muito procurado pelos amantes dos norkeling e mergulho, a ilha é famosa pelas lindas praias e recifes de coral.
CANCÚN - VALLADOLID: 160 km
Antes de deixarmos a cidade, ainda fizemos o balanceamento/alinhamento traseiro do carro. Com o entardecer, buscamos local num cenote para acamparmos e achamos o Cenote El Rancho ($200 = R$ 43,00), próximo de Leona Vicario (o nome desta cidadezinha faz referência a uma importante jornalista que auxiliou os insurgentes durante a Guerra da Independência do México, nos meados de 1815).
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Cenote El Rancho |
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Cenote El Rancho, próximo de Leona Vicario |
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Nosso camping no cenote El Rancho, onde pagamos $200 |
Dali, seguimos para Valladolid, passando por outro cenote no caminho (Sa'ak Haa, já mostrado em fotos acima). Nesta região da Península de Yucatán há milhares de cenotes de todos os tamanhos e tipos. Muitos ainda estão sendo descobertos e sendo explorados pelos proprietários das terras. Há alguns que foram destruídos pela especulação imobiliária ou contaminados pela proximidade com as comunidades.
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Cenote Zaci, em Valladolid |
Valladolid é linda! Seu nome é uma homenagem à cidade espanhola homônima. Como estava muito quente, aproveitamos para nos refrescar no Cenote Zaci ($35 a diária para nós dois!) e depois fomos "bater perna" pelas vielas charmosas desta cidade.
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Calçada de los Frailes |
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Calçada de Los Frailes |
Fundada em 1543 pelo espanhol Francisco de Montejo na localidade maia de Chauac-há. Acometida por muitas doenças, entre elas surtos de febre amarela, foi mudada de local para Zaci, onde depois foi invadida pelos indígenas em 1848, durante a Guerra das Castas, e recuperada pelo governo da província tempo mais tarde. Possui pouco mais de 50 mil habitantes em uma área de quase 16 km².
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Vista de dentro da caverna de Zaci, cujo significado é "gavião branco" |
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Calçadas cobertas de Valladolid. Moradora com roupas típicas. |
Em 2012 foi incluída na lista dos Pueblos Mágicos de modo a fazer parte do circuito turístico e com isto, melhorar a qualidade de vida de sua gente.
Acampamos dentro da área do Cenote Zaci (coisa inédita, pois não é permitido passar a noite no local), muito silencioso e seguro, visto que há um segurança que fica a noite toda cuidando do local onde durante o dia existe uma feira de artesanato e restaurante.
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Igreja de São Gervásio (San Servacio) |
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Reconstruída em 1706 com o atual estilo |
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Convento de San Bernardino de Siena (1552) |
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Artesãos locais trabalhando já cedo |
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Máscaras maias em madeira esculpida |
VALLADOLID - RIO LAGARTOS: 106 km
Depois do café da manhã e do gostoso bate papo com artesãos da cidade, seguimos uma dica dada pelo >>>>> e fomos até o norte, em Rio Lagartos e Las Coloradas, conhecer as águas rosadas onde há salinas. No caminho havia ruínas maias de Ek Balam, porém o alto custo para visitação nos desincentivou a conhecê-las, apesar da recomendação feita.
Cabe aqui um comentário: na Pensínsula de Yucatán os preços cobrados pelos ingressos nos sítios arqueológicos e assemelhados são superiores, pois é cobrado imposto estadual e federal! Assim sendo, pelo menos 40% do valor é para taxas governamentais... em Quintana Roo e Campeche os valores são menores, pois não existe essa cobrança extra. Fica a dica!
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Praia próxima de Las Coloradas, onde há uma estação ecológica de preservação de tartarugas |
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Salinas de Las Coloradas |
Las Coloradas é top!! Inacreditável a cor da água, rosa, provocado pela concentração de sais na mesma. Não entramos na área das salinas, pois não era época de flamingos, porém aproveitamos para conhecer a região e percorrer o caminho margeando o Golfo do México até Rio Lagarto, onde acabamos almojantando um peixe à moda da casa, no La Majarrita Restaurant, em frente ao malecón.
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La Majarrita Restaurant, no malecón de Rio Colorado |
RIO LAGARTOS - CAMPECHE: 390 km
Não prestamos muita atenção ao fato de que nessa parte do México não há diesel disponível em todos os postos de combustível... aí tivemos um pequeno perrengue, pois só em Dzilam de Bravo, distante 120 km, havia posto com diesel!!! Fica a dica!!!
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Estrada parque, tomada pelo mato |
Conseguimos chegar na cidadezinha de Dzilam de Bravo percorrendo estradinhas estreitas tomadas pelo mato, meio abandonadas, mais próximas do mar. Havia uma usina eólica no local e perguntamos em qual direção ficava o posto. Lá nos informaram o que precisávamos, aproveitamos para comprar pão de um ambulante (padeiro) e buscamos local para dormir, próximo do malecón. Conversando com policiais, nos ofereceram banheiro e ducha da delegacia free e acabamos acampando na rua, ao lado da Delegacia de Polícia da cidade. Mais seguro, impossível!!!
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Pôr do sol em Dzilam de Bravo |
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Nosso acampamento, ao lado da Delegacia de Dzilam de Bravo |
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Salina a caminho de Campeche |
Nossa próxima parada foi na cidade de Campeche, capital da província de mesmo nome, famosa por ser a única cidade mexicana amuralhada, como Cartagena, na Colômbia. Declarada Patrimônio da Humanidade em 1997, foi fundada em 1540 sendo um importante porto durante o período colonial. Foi totalmente restaurada em 1999, mantendo as características construtivas de época e casario colonial, além das muralhas que serviram para proteção de ataques de piratas durante o séc. XVII.
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Campeche antiga, dentro da muralha (vista do lado esquerdo) |
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Praça Central da Independência e igreja catedral da cidade |
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Maquete ilustrativa da cidade de Campeche |
Passeamos pela cidade debaixo de muito sol e calor e nos refrescamos com sorvete. O de uva era salgado... eca!!! Por ser cidade grande, seria mais difícil arrumar lugar para acamparmos e até pesquisamos hoteizinhos baratos em frente à praça principal, mas acabamos seguindo adiante, buscando uma praia mais tranquila onde pudéssemos dormir.
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Ao fundo, Catedral de Nossa Senhora de la Purísima Concepción |
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Igreja colonial amarela, Iglesia del Dulce Nombre de Jesus (séc. XVII). Durante o século XVI funcionava como capela apenas para os "morenos" que viviam na vila! |
Vila de San Francisco de Campeche, brevemente batizada de Campeche de Baranda (via decreto expedido em 1892), passou à cidade de San Francisco de Campeche, ou simplesmente Campeche, a partir de 1777.
CAMPECHE - CATEMACO - VERACRUZ: 850 km
Achamos este local em Seybaplaya, onde compramos peixe fresco e verduras, acampando de frente pro mar, onde ao longe se viam as torres de prospecção de petróleo. Chegamos à cidade em dia de festa e algumas ruas da vila estavam fechadas para o tráfego, com a presença forte da polícia em todo o local. Conversamos com eles e nos disseram que podíamos acampar onde estávamos, sem problemas.
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Golfo do México, com torres de prospecção de petróleo ao fundo |
A noite foi tranquila e na manhã seguinte fizemos compras no Super Che, em Champotom, de lá cruzando a ponte para Ciudad del Carmen.
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Ciudad del Carmen e seu malecón |
Foi nesta região do México que começaram os pedágios!! Porém, existem as rodovias libres, que passam por dentro das cidadezinhas, com lombadas e curvas e onde não se paga nada. Já pelas rodovias cota se paga pedágio (caro!) e percorre-se as distâncias com rapidez, segurança e poucas curvas. Existe a opção, muito democrática, e nós optamos pelas libres, não só para economizar, como também para conhecer a região, pois atravessam-se os lugarejos, onde há comércio local e bonitas paisagens aqui e ali.
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Areia por todos os lados, depois da tempestade de areia da noite |
Assim, nosso próximo pernoite também foi em frente do Golfo do México, na praia de um lugarejo próximo de Frontera, onde fomos apanhados por uma tempestade de areia, com ventos fortíssimos que quase fecharam a barraca conosco dentro dela!!! Foi assustador, porém depois rendeu boas risadas!!!
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Lago Catemaco |
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Vigia do lago, no final do malecón |
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Nosso camping, debaixo de uma linda e formosa mangueira.
Ao fundo, uma habitação indígena onde pedimos autorização para ficarmos na frente |
Em Catemaco há um lago muito bonito de mesmo nome e frequentado por moradores e turistas. O Lago Catemaco é um dos maiores do México e fica na parte sul da província de Veracruz. Os olmecas eram os habitantes pré-hispânicos que dominavam a região e o nome da cidade em Nahuatl significa "local das casas queimadas", provavelmente fazendo referência à erupção do vulcão San Martin.
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Igreja Basílica de Nossa Senhora de Monte Carmelo, construção iniciada em 1799 e concluída em 1961 |
Localidade fundada em 1774 e declarada cidade apenas em 1966, possui histórias bem interessantes e curiosas, relacionadas à bruxaria e possui em evento anual, em março, cujo nome oficial é Ritos, Ceremonias y Artesanías Mágicas, que reúne cerca de 200 xamãs, curandeiros, fitoterapeutas e videntes. Esta prática remota ao período pré-hispânico onde os povos antigos acreditavam que o lago possuía propriedades medicinais e emanava energia. Os brujos, essencialmente homens, são figuras que misturam crenças, santos e ritos pré-hispânicos onde a prática da magia branca e busca pela cura ou em fazer bons e vantajosos negócios atraem milhares de curiosos todos os anos. A magia negra também é realizada, porém é mais cara.
A devoção à Chalchiuhtlicue, deusa das águas e dos pescadores, foi substituída pela adoração à Virgem Maria de Monte Carmelo, com procissão de barcos pelo lago até a Ilha Agaltepec na data comemorativa. Além disso, os passeios de barco pelo lago são muito disputados nos finais de semana e época de férias.
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Na beira mar de Veracruz, observando o vai-e-vem: Villa del Mar |
Deixamos a cidade e seguimos até a capital da província, Veracruz, aproveitando para comprar um quilo de camarão grande pré-cozido por $ 170 (aproximadamente R$ 37,00) para o jantar. Já na cidade, ficamos sentados na beira mar, observando os banhistas e a praia, antes de irmos até o centro da cidade, onde estacionamos próximos do Aquário Municipal - o maior e mais importante da América Latina. O preço do ingresso estava meio salgado, então fomos apenas passear no malecón perto do porto, onde vimos o Farol Venustiano Carranza, o Forte San Juan de Ulúa ao lado do porto e antes de anoitecer, saímos da cidade buscando um local para acamparmos free. Achamos um posto de combustíveis com um cantinho bem bacana e protegido da rodovia, com banheiro.
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Farol Venustiano Carranza com busto do mesmo em frente |
O Forte San Juan de Ulúa foi construído em 1582 para proteger a cidade dos ataques piratas. Serviu também como prisão durante a Inquisição Mexicana e como proteção durante a Guerra da Independência do México. Sua estrutura inicial foi ampliada em 1635 e finalizada em 1707.
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Vista do porto à esquerda e em frente as ruínas do Forte San Juan de Ulúa |
Veracruz é o mais antigo porto do México, sendo também o maior e historicamente mais importante, tendo sido fundado pelos espanhóis no início da ocupação do território. Durante anos a atividade petrolífera foi a base econômica da cidade e região, porém neste início de século XXI as atividades portuárias de importação e exportação passaram a ser o forte da economia, principalmente no transporte automotivo.
Fundada em 22 de abril de 1519 por Hernán Cortés, hoje tem mais de 580 mil habitantes, na maioria indígenas, afro-cubanos e descendentes dos espanhóis.
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Nosso acampamento em posto de combustível, na saída da cidade |
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Nosso jantar, com direito á camarões GG deliciosos e frisante! |
VERACRUZ - COSTA ESMERALDA - TAJÍN - NUEVO LAREDO: 1215 km
Na saída para a rodovia no dia seguinte, nos distraímos e perdemos a saída para a Libre (rodovia onde não se paga pedágio), pegando a Cota (rodovia onde tem pedágio) até Costa Esmeralda, pagando dois pedágios (em La Antigua - a primeira cidade espanhola no México - e na ponte em Nautla) que contabilizaram $84 (pouco mais de R$ 18,00)!!
Na região da Costa Esmeralda voltamos para a as libres e fomos para a praia... O calor estava convidando para um mergulho e buscamos um local bom e barato para ficarmos e já aproveitarmos para acampar. Ficamos no Camping El Corsario por $ 220 (R$ 47,00) o pernoite com direito a usar a piscina e todas as facilidades (há banheiros coletivos, churrasqueira, tanques para lavação, áreas para jogos). Primeiro tomamos um belo banho de mar no Golfo do México e depois fomos relaxar na piscina. Delícia!! No anoitecer, passeio pela praia com direito a companhia de dois cachorrinhos lindos que moram nas proximidades!
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Banho de mar na Costa Esmeralda |
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Palapas (cabanas cobertas de palha) na beira da praia na Costa Esmeralda |
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Banho de alberca (piscina, em espanhol mexicano) |
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Passeio de fim de tarde na boa companhia de dois companheiros extras |
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"Lavar roupa todo dia, que alegria..." |
Como tínhamos espaço e tempo, aproveitei (Mari) para lavar roupas e secá-las no varal debaixo dos coqueiros... A única preocupação era de algum coco acertar o carro ou cair em nossa cabeça!
Parece piada, mas esse é um acidente bem comum aqui nessa área... Quando for ficar debaixo de um coqueiro, dê uma boa olhada pra cima e verifique se existe a possibilidade de queda de algum fruto!
Levantamos acampamento no dia seguinte e seguimos para El Tajín, a última ruína maia que iríamos visitar nessa passagem pelo México.
El Tajín fica 200 km ao norte de Veracruz, ainda na mesma província. A beleza e particularidade deste sítio arqueológico pouco conhecido pelas pessoas que buscam os locais mais famosos é impressionante! Tendo tido seu apogeu no período clássico, floresceu de 600 a 1200 d.C., tendo inúmeras construções, templos, palácios, pirâmides e quadras. Após seu declínio, a partir de 1230, apenas em 1785 foi redescoberta por um inspetor do governo que encontrou a pirâmide dos nichos. Possuindo uma arquitetura bem particular não encontrada em outra parte da Mesoamérica, possui o uso de nichos decorativos e cimento. Ocupando uma área superior a 1000 ha, foi Declarada Patrimônio da Humanidade em 1992.
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Canais de água |
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Pirâmide dos Nichos: 365 nichos onde acreditava-se eram colocadas oferendas, uma para cada dia do ano |
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Muro que cercava o local |
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Vista superior do sítio arqueológico |
Ao deixarmos o local, ainda fomos até o museu anexo onde há detalhamentos sobre as escavações e descobertas feitas no local. Há inscrições onde aparece o calendário maia e também o sistema de numeração utilizado por este povo incrivelmente culto. Não há consenso sobre quem construiu a cidade estado de El Tajín, porém há evidências que ela foi habitada pelos Huastec e que por sua posição estratégica, foi um importante entreposto comercial. Seus campos produziam milho, feijão e cacau, a religião era baseada no movimento dos planetas e das estrelas, Sol e Lua, e há inúmeros campos de jogo de bola espalhados pelo sítio, jogo muito praticado pelos povos pré-hispânicos.
Conhecer este local foi uma surpresa agradável e imperdível!!
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Campo de jogo de pelota |
Quando paramos o carro no estacionamento, um senhor veio com um papel e cobrou $30. O ingresso das Ruínas foi de $150 (R$ 32,00) e havia um problema no abastecimento de água no local e não pudemos usar os banheiros... Quando retornamos para dormir na área do estacionamento, veio o vigia da noite e queira cobrar novamente. Daí mostramos o papel e dissemos que já havíamos pago. Ele ficou muito contrariado e disse que o pagamento feito tinha sido irregular e que aquele senhor não é vigia... Argumentamos que não sabíamos isso e acabamos ficando por lá, com segurança e tudo, sem nos incomodarmos com nada.
Nosso objetivo agora era chegar à divisa com os Estados Unidos e fomos seguindo meio direto, parando apenas para abastecer, descansar e comer algo, acampar, passando por Papantla, Poza Rica e cruzando a ponte Tampico (onde se paga pedágio), parando em Madero, onde entramos na cidade em direção à praia. Percorremos uns bons 8 km e nos deparamos com uma linda praia com estruturas fixas (espreguiçadeiras e abrigos) públicas. Os banheiros eram pagos e tinham duchas. Lugar top e resolvemos acampar na praia, mesmo sendo meio desprotegido (por conta do vento), pois os outros locais que havíamos visto pareciam meio ermos e isolados. Aproveitamos as mesas e cadeiras para fazermos nosso jantar e curtimos o entardecer e a noite estrelada. Lá pelas tantas, aproximou-se uma viatura da polícia e perguntou se estava tudo bem... "sim", foi nossa resposta. Falaram que fariam rondas de hora em hora (o que aconteceu) e tivemos uma noite tranquila e segura.
No dia seguinte, fomos adiante rodando o dia todo, passando por Santiago. Seguimos adiante e paramos para descansar num posto de combustível, onde o frentista muito gentil nos ofereceu ducha e banheiros free, além do local possuir uma área com mesinhas e bancos debaixo das árvores. Fomos pra lá e fizemos nosso jantar, para depois mudarmos o carro de posição, mais próximo do posto e da vigilância.
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Postos PEMEX são boas opções de camping no México!
Mesmo sendo um pouco barulhento, é seguro e possui banheiros e duchas, normalmente! |
Em Monterrey, cidade grande, ficamos horas rodando no meio de um trânsito confuso para encontrar óleo sintético para realizar a troca do óleo antes de entrarmos nos USA (carros à diesel são raros e não sabemos se encontraríamos o que precisávamos). Acabamos desistindo do óleo sintético (ninguém tinha) e compramos o mineral mesmo, seguindo em frente, já cansados e irritados.
Marcos notou que seria necessário fazer um balanceamento traseiro numa das rodas e assim foi feito. Difícil foi encontrar alguém disposto a trabalhar. Finalmente um rapaz de uma oficina fez o serviço "que nem a cara dele" e cobrou bem ($200)! Não havíamos andando 10 km, pegamos um buraco com a roda e... puft! O peso que havia sido colocado caiu!! Não retornamos!
Paramos novamente num posto de combustíveis para dormir e onde um frentista super simpático me ofereceu uma rosa pelo Dia das Mães, que se festeja no México sempre no dia 10 de maio, diferentemente do Brasil, onde é sempre no segundo domingo de maio.
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Vaso improvisado e rosa pelo Día de las Madres |
No dia seguinte chegamos em Nuevo Laredo, onde buscamos óleo pra caixa e local para troca de óleo. Na loja onde compramos o óleo pra caixa, nos foi indicada a oficina do Jacobo, pessoa incrível e diferente. A oficina ficava exatamente atrás da loja e contornando a rua, chegamos ao local, que estava com o portão entreaberto. O atendente da loja nos apresentou e foi embora. Em poucos minutos de conversa já estávamos com nosso carro estacionado no pátio interno da oficina limpa e organizada do Jacobo. Ele imediatamente fechou o portão e disse que era pra evitar os olhares curiosos de seus "nem tão bem intencionados" vizinhos! Seu ajudante começou o serviço e ele ajudou, pois a Kia Sportage tem dois filtros de óleo e ainda precisava ser trocado o óleo da caixa.
Feito o serviço, já com bom papo entrosado, perguntamos ao Jacobo onde seria um lugar seguro e tranquilo para acamparmos. Ele ofereceu sua oficina e disse que podíamos ficar por ali mesmo. Aceitamos a oferta e buscamos um supermercado próximo. Ele ficou preocupado de irmos a pé e nos deu uma carona.
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Esposa do Jacobo preparando a Palma (cactus): prato típico |
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Palma com ovo: ficou delicioso! Comida simples, barata e muito trabalhosa! |
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Despedida dos novos amigos, Jacobo e Maria, com as netas! |
Nossa aventura pela América Latina estava quase acabando... depois de 5 meses praticamente só falando espanhol diariamente, nosso destino do outro lado da ponte era Laredo, já no Texas, o maior estado dos Estados Unidos da América!!
Seguindo dicas da família do Jacobo, chegamos à ponte da divisa onde precisávamos primeiramente realizar a saída do carro, recebendo nosso depósito (seguro) de volta!
As informações são inexistentes... Chegamos ao pedágio ($28 = R$6,00) antes da ponte (e de onde não se pode mais voltar, pois foram colocadas barreiras), paramos o carro e fomos conversar com os oficiais da divisa... aí disseram que tínhamos que pegar a rua anterior (não sinalizada) para passar debaixo da ponte. Mas que poderíamos fazer isso pagando U$ 20 e eles abririam a barreira nos deixando voltar e pegar a rua certa! Marcos recusou-se a pagar e com bons argumentos e conversa, nos deixaram voltar sem pagarmos nada... Fim da picada!!!
Chegamos ao posto de Aduana que fica debaixo da ponte e perguntei (Mari) para a Oficial aduaneira como proceder. Ela nos orientou, mostrando onde deveríamos pegamos a fila com o carro para a inspeção. Lá ela rapidamente pegou os documentos e nos deu uma guia que deveríamos apresentar no escritório interno do prédio. Em poucos minutos estávamos com nosso dinheirinho (U$200) na mão... O caminho pra ponte já conhecíamos e, pagando novamente o pedágio($28), cruzamos a ponte!!
Hasta luego, México!!!
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