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New River, Orange Walk |
Nossa saída da Guatemala pela cidade de Melchor de Mencor foi rápida, assim como havia sido a entrada. Já na aduana de Belize a papelada foi mais demorada, primeiro enfrentando a fila para carimbar o passaporte, onde preenchemos um
permisso de entrada, como se estivéssemos chegando de avião, preenchendo um questionário básico com os dados pessoais, número de passaporte, dias de estadia, etc e tal.
O que não sabíamos e nos pegou "de calça curta" foi o fato de que alguns produtos, tais como bebidas alcoólicas e refrigerantes, sucos, alimentos frescos (presunto, ovos, queijo) e frutas não são permitidos na entrada do país!!! Sabendo que o custo de vida por aqui é mais alto e a moeda em Belize é o Dólar de Belize e vale U$ 1 = BZD 2, fizemos compras na Guatemala como forma de economizar uns trocados... Enquanto eu (Mari) fiquei na fila da aduana completando os papéis para carimbar o passaporte, Marcos foi até o estacionamento e "escondeu" como pôde as cervejas, whisky e outros itens que havíamos comprado no dia anterior!!!
Durante o preenchimento da documentação do carro e pagamento das taxas (BZD 10: fumigação + BZD 30: seguro) Marcos e a agente aduaneira belizenha ficaram amigos e ela foi inspecionar o carro (o que é totalmente fora dos padrões) e nos ajudou, pois se encantou com os lindos olhos azuis de meu maridão e mal olhou o interior do carro!
Beleza!!! Passamos com 12 latinhas e uma garrafa de Jack Daniels zerada, além de queijo, presunto e carne!!
Passados uns 5 km da divisa, paramos o carro e tiramos tudo que era perecível do esconderijo, voltando-os para geladeira e aproveitamos pra comprar umas verduras e frutas numa barraca que ficava às margens da rodovia.
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Dólar belizenho (BZD) - US$ 1 = BZD 2 |
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Arquitetura típica do país |
Belize é um país relativamente pequeno e após fazermos compras e sacar algum dinheiro local em San Ignacio, em duas horas já estávamos no litoral, em Dangriga, passando por extensas áreas de floresta tropical úmida, algumas plantações de frutas (como banana, por exemplo) e muitos coqueirais.
Chegamos em Dangriga - "águas paradas" em garifuna - em plena Quinta-feira Santa e a Oficina de Turismo ainda estava aberta (15h iria fechar). Pegamos as informações básicas e mapas do país e da cidade e a atendente ainda nos apresentou a Sra. Grace (Miss Grace), vizinha da Oficina de Turismo e que mora em frente ao mar do Caribe, que permitiu que acampássemos em seu gramado, usando o banheiro e ducha por BZD 20 (que acabou ficando por BZD 17, porque ela não tinha troco para BZD 50)!!!
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Com Miss Grace |
Aproveitamos para tomar um banho de mar e nos enxaguar numa ducha morninha, e fizemos nosso almojantar enquanto conversávamos com a Miss Grace, senhora de 80 e poucos anos, muito curiosa e que, passados os primeiros minutos de conversa, foi se abrindo e até nos mostrou as fotos da família, tomando cerveja conosco!
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Café da manhã de frente pro Caribe |
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Aproveitamos para recolher o lixo desta parte da praia, antes de seguirmos viagem |
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Despedida de Grace, uma nova amiga! |
Garifuna é um grupo étnico cultural, composto por descendentes de escravos naufragados e fugidos de Honduras e caribes nativos (descendentes de maia), que adotaram a língua carib, porém mantiveram as tradições culturais (musicais e religiosas) africanas.
Dangriga, antigamente chamada de Stann Creek town, é conhecida como "capital cultural" de Belize, pela influência da cultura garifuna e também pela música punta rock. Ela foi colonizada a partir de 1802, pelos Garinagu (Black Caribs) e está entre as cidades mais populosas e importantes do país. Composta por Garinagu, Mestizos e Kriols, têm aproximadamente 11 mil habitantes. Tornou-se um importante porto de exportação de bananas, coco, peixe e madeira, tendo também indústria de processamento de suco de laranja.
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Chuva se aproximando no dia seguinte |
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Vielas em Dangriga |
Como estamos em plena Semana Santa, muitos locais estavam fechados e a cidade parecia meio "fantasma"! Passeamos pelas ruas e tiramos fotos das características casas em palafitas, marca registrada do país. Essas construções elevadas têm sua função, visto que Belize, antiga Honduras Britânicas, é um país plano, com muitos banhados e mangues e cuja elevação das marés é bastante grande, ainda sendo suscetível à tsunamis.
Nas cidades percebe-se um certo planejamento e limpeza, porém nas praias e arredores das rodovias ainda se vê muito lixo e o péssimo hábito de queimá-lo é recorrente!
Belize, cujo idioma oficial é o inglês, é um pequeno estado independente (que tem como chefe de estado a Rainha Elizabeth II) que ocupa uma área de quase 23 mil km² e têm uma população média de 335 mil habitantes, sendo um dos países menos densamente populosos da América Central. Sua independência só foi reconhecida em 1981 e a Guatemala só aceitou essa condição em 1992! Ao longo da costa caribenha de Belize se encontram recifes de coral e a barreira de coral mais longa do hemisfério ocidental, o que atrai milhares de turistas para sua costa e ilhas todos os anos, buscando áreas excelentes para mergulho.
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Antes de chegarmos a Belize City, uma parada no quartel da Guarda Costeira, de onde formos gentilmente expulsos! |
Belize Town foi fundada em 1638, quando comerciantes de madeira ingleses aportaram nessas terras, anteriormente ocupadas pelos maias. Há inúmeros sítios arqueológicos maias importantes nesse país, mas 3 se destacam: Lamanai, Xunantunich e Caracol, o mais famoso.
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Prédio histórico no centro de Belize City |
A antiga capital do país, Belize City (que fomos conhecer no dia seguinte), fica no Mar do Caribe e foi assolada por muitos eventos naturais nos anos 1900: um furacão em 1931 e pelo tornado/furacão Hattie em 1961, que destruíram muito a cidade, além de incêndios residenciais de grandes proporções (as casas são praticamente todas de madeira) e enchentes na temporada de chuvas. Estes eventos sucessivos e recorrentes acabaram fazendo com que a capital fosse transferida, em 1970, para Belmopan, mais protegida e no centro do país. Mais recentemente, a cidade foi atingida novamente por dois grandes furacões, Richard (2010) e Earl (2016), provocando muita destruição. Esses fatores influenciam grandemente a qualidade de vida da população na região e há muita pobreza e escombros espalhados na cidade.
Nossa impressão durante nossa visita à Belize City não foi das melhores. Chegamos em pleno feriado de Sexta-feira Santa e a cidade estava às moscas. A sinalização é precária e buscamos locais turísticos para visitar, porém as poucas pessoas que estavam nas ruas não foram simpáticas e muito menos receptivas, muitas inclusive sendo grosseiras no trato e querendo saber porquê estávamos lá!! Ué? A cidade não é um dos cartões postais do país?? Sentimo-nos desconfortáveis e resolvemos ir embora antes de vermos aquilo que tínhamos nos proposto (catedral, malecón, prédios históricos,...).
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Construção à beira mar |
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St. John Cathedral: primeira igreja anglicana construída no país, entre os anos de 1812 e 1820 |
Só havia um posto de combustível aberto, pois era feriado, e depois de abastecermos com o combustível
mais caro pago até aqui (cerca de R$ 5,55 o litro do diesel), Marcos ainda comprou um melão, pelo qual pagamos BZD 8 (quase 16 reais a peça!!) e seguimos para o norte onde acampamos em Orange Walk.
Orange Walk é a 4ª maior cidade de Belize. Na época maia, esta região era conhecida por Holpatin e quando os primeiros europeus aqui aportaram, em 1530, houve disputas por terras. Em 1848 houve um grande afluxo de mestiços e outras tribos maia do México incrementando a população local e em 1872 ocorreu a Batalha de Orange Walk, dando nome ao lugar.
Junto com a chegada dos mestiços e maias à região, veio também a cultura da cana-de-açúcar, que é até hoje um dos motores que movimenta a economia local e que preocupa os ambientalistas, pois o seu processamento interfere na qualidade da água e do ar de toda a região.
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New River, vista do Lamanai Riverside Retreat |
Ficamos acampados na área do Lamanai Riverside Retreat, onde o proprietário, Raul, fechou nossas duas diárias por BZD 30 (R$ 60,00), com ducha e banheiro à disposição. Este local fica às margens do New River e tivemos a companhia de um crocodilo, uma iguana, muitos pássaros típicos da região e o sossego necessário para trabalharmos em nosso livro por dois dias, além de conhecermos um inglês que está viajando de moto, o Mike, cara muito legal com quem fizemos boa amizade e trocamos muitas ideias. Lance, filho de Raul, guia turístico e ativista ambiental, veio conversar conosco e fizemos uma boa amizade também, amizades estas que duram até os dias de hoje!
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Lamanai Riverside Retreat |
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A natureza por todo o lado: iguana e pássaro, com pequenas plantas aquáticas |
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Iguana |
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Nosso companheiro, o crocodilo! |
Aprendemos muito sobre a cultura maia e os costumes do povo que mora aqui e também percebemos que existe uma preocupação ambiental crescente, pois a água que é farta por aqui não está apresentando boa qualidade, provocada pelo derramamento de esgoto doméstico e subprodutos da indústria da cana!
Aproveitamos para tomar uma Belikin, cerveja típica de Belize, e ainda ganhamos de presente do Raul, um porta guardanapo com a marca famosa. Boas recordações do país, afinal!!
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Tomando um deliciosa e gelada Belikin |
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Com Lance, amigo e ativista ambiental, aprendendo sobre o povo maia |
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Trabalhando no livro |
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Com Raul e o porta guardanapo de presente |
No dia seguinte, subimos até Corozal e nos extasiamos com o que vimos!! Aqui o mar do Caribe é verde intenso!!!! Lindo!! Indescritível!! Impossível não ficar aqui pelo menos um dia! Buscamos um local bacana e sombreado para passar a tarde, tomar banho de mar e relaxar!!
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Corozal, mar incrivelmente verde |
O local acabou sendo também nosso
camping à noite! Mal havíamos nos recolhido na barraca, veio uma viatura da polícia e os policiais perguntaram se estávamos bem e precisávamos de algo. Falamos que estava tudo ótimo e que iríamos partir na manhã seguinte. Foram embora e tivemos mais uma noite tranquila e silenciosa!!!
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O contraste: muito lixo na praia e o mar verde claríssimo! |
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Pôr de sol em Corozal |
Antes de deixarmos o país (e a América Central), pagamos a taxa de saída do país: BZD 80 (R$ 160,00)!
No final, Belize se mostrou um destino bonito, porém bastante caro! Muitas das atrações turísticas ficam nas ilhas e envolvem mergulho com equipamentos. Mesmo os passeios "em terra" são bastante caros e o preço médio de diária de um guia gira em torno de BZD 150 (R$ 300,00). Portanto, para desfrutá-lo é necessário um bom planejamento orçamentário! Saber falar inglês facilita algumas coisas, mas mesmo com o espanhol é possível se comunicar com as pessoas! De maneira geral, o povo é mais reservado que em outros países latinos da América Central. Percebemos, no entanto, que isso é influenciado pela sua colonização inglesa. As pessoas são educadas em sua maioria, sendo curiosas e solícitas quando necessário!
Assim deixamos a América Central!! Nosso próximo destino é o México, já na América do Norte!
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