Viagem Família______________________________________

.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

De Nazca até Tacna - Quase Divisa com o Chile

   
Chegar em Nazca é sempre emocionante! Já estivemos aqui em 2008 e a cidade cresceu bastante.Não é difícil você literalmente esbarrar em algum estrangeiro em Nazca pois a cidade tornou-se um dos destinos mais procurados por viajantes de todo o mundo. Ao contrário da maior parte do percurso da Rodovia Pan-Americana, no trecho de Paracas até Nazca e mais um pouco adiante, essa importante via de ligação afasta-se do Oceano Pacífico e por quase 230 km, permanecendo paralela a ele.
     Tanto Nazca e Paracas pertencem a mesma Província/Região de Ica. Nazca atualmente possui uma população de aproximadamente 30.000 pessoas e localiza-se a uma altitude média de 520 msnm e a 450 km ao sul da capital Lima.
     A economia de Nazca desde os mais remotos tempos baseou-se na agricultura e mais tarde também na mineração. Ao contrário de muitas cidades, Nazca não tem uma data definida para a sua fundação pelos espanhois. Uns dizem que foi no ano de 1548 por Don Alonzo de Mendoza, enquanto que outros defende a fundação em 1591 por Garcia Hurtado de Mendoza o Marquês de Cañete. O fato é que muito antes disso entre os Séculos II e Século VI DC a cultura Nazca já percorria aquela região desértica imprimindo suas marcas e costumes ao longo dos anos. Marcas e costumes esses que hoje atraem tantos visitantes à região. 


Rodovia Panamericana Sur do alto do Mirante Maria Reiche

O Polvo- El Pulpo


     Afinal quem é que nunca ouviu falar das famosas Linhas de Nazca? Um dos costumes também perpetuado ao longo dos séculos é o pisco, famosa bebida andina conhecida e apreciada mundialmente, sendo a sua originalidade disputada por muitas regiões andinas distintas. Outro costume cultural mundialmente conhecido são as famosas peças de cerâmica, sendo caracterizadas por peças pintadas por toda a sua superfície antes do cozimento oferecendo mais de 190 matizes de cores diferentes. Outra característica da cerâmica Nazca é a peculiaridade dos jarros e vasos que sempre possuem "dos picos" - dois chifres para cima. 
     A cultura do povo Nazca é e sempre foi muito rica, perpetuando-se até os dias de hoje na forma de peças têxteis, alimentação, arte, música entre outras. Claro que o que faz Nazca ser mundialmente famosa são as já conhecidas Linhas de Nazca. 
     As Linhas de Nazca são geoglifos desenhados misteriosamente na superfície desértica dos Pampas de Jumana entre as cidades de Palpa e Nazca. Situadas atualmente entre os km 419 e 465 da Rodovia Panamericana Sur ocupam uma área estimada de 350 km quadrados num total de aproximadamente 10.000 linhas. Representam figuras antropomorfas, zoomorfas e amorfas que associadas a linhas retas apresentam formas geométricas ou de animais e plantas. Destaques para as figuras do Condor (135m de envergadura) do Colibri e do Macaco (90 metros de envergadura) do Lagarto e do Pelicano (180 metros de envergadura) entre outras dezenas de figuras. 
     Foram descobertas por acaso em 1926 por Toríbio Mejía Xessepe, um jovem arqueólogo peruano, discípulo de Júlio Cesar Tello, antropólogo peruano considerado o pai da arqueologia peruana por ter sido o descobridor das culturas Chavin e Paracas. Também criou o Museu de Arquelogia e Antropologia e História do Peru. Somente em 1941 foi que a alemã Maria Reiche ( *1903- +1998) a serviço do antropólogo norte-americano Paul Kosok, como tradutora, foi introduzida às Linhas de Nazca, sobrevoando-as para sua melhor visualização. Maria Reiche dedicou a partir disso 50 anos de sua vida estudando e catalogando tudo que encontrava nas suas andanças pelo deserto de Nazca.
     Parte desse inestimável material desenhado catalogado e fotografado pessoalmente por Maria Reiche ainda hoje pode ser visto e conhecido no Museu Maria Reiche situado a poucos quilômetros das linhas e também em diversos museus e estabelecimentos culturais pelo mundo.
   
Com os proprietários do Hostal o Mário e a Marucha.($80,00 soles)
     
     Hoje Nazca possui uma bom infraestrutura hoteleira e gastronômica pois recebe milhares de visitantes anualmente rivalizando com Macchu Pichu como atração mais conhecida do Peru.
Acabamos já fazendo parte dos hábitos e costumes dessa gente tão simpática e aqui em Nazca existe o costume popular de se tomar o desajuno/café da manhã, na rua, em mesas coletivas ao longo das calçadas onde se come pão com palta (abacate) sopa de frango (caldo de gallina), peixe frito, arebosado (ensopados diversos) entre outras delícias. Diferente mesmo já que quando pedimos pan com mantequilla e café con leche todos nos olharam de forma estranha!!! rsrsrsrsrs

Tomando desajuno/café da manhã como os nazqueños.

Menu do café da manhã
      O Museu Maria Reiche está meio decadente e com seu patrimônio cultural bem abandonado. Custa $ 5,00 soles por pessoa e as pessoas que cuidam do espaço possuem pouca informação. Busque se aprofundar no assunto em outras fontes antes de visitá-lo. Também recomendamos ir a um morro perto do mirante das Linhas de Nazca para poder visualizar as linhas com um ponto de visualização diferente. Para subir na torre do mirante paga-se uma taxa de $ 3,00 a $ 5,00 soles dependendo da categoria. Outra opção é o sobrevoo das linhas com pequenos aviões ao custo de $ 70,00 soles mais uma pequena taxa de embarque paga em dólares.


Material de medição para comprovar o tamanho das figuras na planície de Nazca

Kombi utilizada por Maria Reiche nas suas pesquisas

Tumulo onde está enterrada Maria Reiche

Casa onde Maria Reiche morava e foi transformada num museu.
      Já eram perto das 15 h e decidimos seguir até Camana mais 390 km ao sul agora sempre margeando a sinuosa Panamericana. Por falar em Rodovia Panamericana, ela está em excelente estado de conservação com asfalto liso sem buracos. Enfim uma bela estrada que exige atenção pela sua infinidade de curvas que serpenteiam ao longo da costa do Pacífico mas dá vontade de parar a cada curva para bater fotos e mais fotos.
     Uma paradinha para lanche acaba se tornando um menu degustação e saborear um suculento chicharón de pescado numa pequena vila a beira da estrada. Tudo bem fresquinho e muito saboroso. Vale a pena!!  Seguindo pela Panamericana Sur existem muitos túneis que exigem certo cuidado por serem estreitos e pode-se cruzar com caminhões.

Degustando chicharrones de pescado

Menu do restaurante onde almoçamos
      A proximidade com o Oceano também oferece bastante vento e as imensas dunas de areia são ao mesmo lindas de observar mas também dignas de atenção, já que o vento forte leva areia para a pista de rolamento tornando menos visível  e escorregadia. Trafegue sempre com os vidros do lado do mar fechados para evitar banhos de areia! A umidade proveniente do mar também apresenta formação de névoa que em partes do dia chega a cobrir a estrada fazendo com que o cuidado ao dirigir seja redobrado!
     Nessa região encontramos diversas usinas de captação de energia solar que transformada em energia elétrica abastece as cidades litorâneas peruanas.

Muita areia na pista da Panamericana

Imensas dunas margeando a Rodovia Panamericana Sur



Dezenas de túneis nesse trecho da Panamericana
     Outra coisa que nos chamou a atenção foi a quantidade expressiva de locais onde estão acontecendo o plantio de árvores e o trabalho em transformar o deserto árido do Atacama em áreas verdes e até produtivas. Além da utilização de espaços para energia alternativa existe a ação concreta em fazer nascer árvores onde antes só havia areia e pedras, programas que estão definitivamente dando certo pela grande quantidade de áreas verdes que presenciamos ao longo da rodovia.  

Muitas áreas onde só havia deserto agora tem verde.


Árvores em pleno Deserto do Atacama
Mais alguns túneis

Paradinha estratégica para um lanchinho
     Ainda alguns quilômetros para chegar a Camana onde pretendemos dormir, mas claro que algumas paradas para um suco e apreciar a paisagem desértica é indispensável.
     Chegamos a Camana já quase ao anoitecer e paramos apenas para dormir, pois não é uma cidade com grandes atrativos e por recomendação da proprietária do Grand Hostal Premier ( $ 110,00 soles) onde nos hospedamos melhor sempre deixar o carro num estacionamento por ser praia e durante a temporada estava cheia e muito agitada.
     Acordar cedo e achar uma loja de auto-elétrico foi necessário pois ontem a noite descobri que havia queimado uma lâmpada do farol esquerdo. Apesar de ser um domingo, muitas lojas abertas e em poucos minutos comprei a tal lâmpada e troquei-a ali mesmo na rua. Agora queremos chegar até Tacna perto da divisa com o Chile.
     De Camana a Tacna são aproximadamente 6 horas de viagem e 420 km de distância. Nada de novidade no percurso mas foi bom chegar cedo pois assim pudemos passear bastante pela cidade que tem um forte apelo comercial já que é a última cidade peruana antes da fronteira. No centro da cidade dezenas de lojinhas dutty-free onde pode-se comprar de tudo, muito parecido com as cidades de fronteira do Paraguai e Brasil. O diferencial é que em Tacna também tem uma zona franca grande para comércios e indústrias atacadistas. Não é direcionado ao pequeno consumidor, descobrimos isto quando fomos visitá-la. Se você quer fazer compras mesmo, deixe para realizá-las na cidade de Iquique já no Chile mais 370 km ao sul.

Chegando em Tacna
      Tacna localizado no extremo sul do Peru a apena 50 km da fronteira, possui aproximadamente 280 mil habitantes e foi fundada em 25 de junho de 1875. Registros pré-históricos informam que a região era habitada por caçadores coletores ainda no início do período Holoceno, 9000 AC. A região de Tacna foi palco de diversas guerras importantes para o Peru pela sua localização geográfica estratégica perto da divisa. Podemos citar entre elas a Guerra com a Bolívia, Guerra da Independência e a Guerra do Pacífico, esta última com as famosas Batalhas de Tacna, Batalha de Arica, Batalha de Tarapacá e o Combate Naval de Iquique. 
     Tacna possui sua economia principal baseada no setor de serviços que correspondem a 35% do total. Também são praticadas a agropecuária, mineração e a pesca, todas em menor escala comercial. O turismo histórico da cidade é o mais conhecido com destaques para o Museu Ferroviário, a Igreja Catedral e o Arco Parabólico entre outros. Diferente de muitas outras cidades peruanas, com influências quéchuas,  Tacna tem sua cultura fortemente ligada aos aimarás caracterizado pelo uso de instrumentos musicais ancestrais como a zampoña (famosa flauta com múltiplos tubos) e a tarka (flauta reta vertical).
     Bem no centro da cidade uma imensa praça de algumas quadras de comprimento é o centro principal de reunião de moradores e turistas bem como ali se localizam lojas comerciais dutty-free, artesanatos e estátuas e monumentos históricos contemporâneos importantes ao país. Também conhecida com Paseo Cívico de Tacna esta praça reúne a Igreja Catedral, a Fonte Eiffel entre outras atrações.


Caminhando pela Praça Central de Tacna

La Iglesia Catedral

Arco Parabólico de Tacna

Desajuno no Estación Suite
     Acabamos escolhendo ficar hospedados no Estación Suite a poucas quadras do Museu Ferroviário e da Praça Central. Um local muito agradável com amplos quartos e atendimento nota 10. (www.laestacionsuite.com) , custo de $ 160,00 soles para 4 pessoas.  Amanhã iremos conhecer melhor essa cidade, e também serão nossas últimas horas no Peru depois de 5000 km rodados dentro do país.

   


   


   
     

2 comentários:

  1. è possivel fazer essa viagem pela america do sul saindo pelo acre e retornando pelo litoral do pacifico numa S10 4x2 com um camper acoplado????

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa Tarde ZKRLOS:
      Claro que é possível e bem tranquilo. Poucas estradas no percurso principal não são pavimentadas. Apenas se houverem muitas chuvas no período da sua viagem é que poderão aparecer alguns problemas. Vá sempre com calma pois muitas estradas são estreitas e cheias de curvas. Não force o motor nas serranias e nas subidas dos Andes pois os carros também sofrem de falta de ar. No mais aproveite bem!!
      Grande abraço,
      Marcos
      Viagem Familia

      Excluir

Grato por visitar o ViagemFamilia. Críticas, elogios e quaisquer comentários são desejados, desde que feitos em terminologia ética e adequada.

SE FIZER QUESTIONAMENTOS POR FAVOR DEIXE ALGUMA FORMA DE CONTATO PARA POSSIBILITAR A RESPOSTA, COMO E-MAIL, POR EXEMPLO