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Dia da partida-Curitiba-Paraná-Brasil |
Sair para uma viagem nem sempre é fácil. Demanda planejamento e uma série de preparativos anteriores. Imaginem nessa, onde depois de uma série de adaptações resolvemos ir inicialmente até o Alaska. Durante do planejamento feito, decidimos estender nossa aventura para a Europa, África, Leste Europeu e quem sabe partes da Ásia.
Mas podem ter a certeza de que até hoje nenhuma das nossas partidas foi tão atrapalhada como essa. Primeiro era para termos saído ainda em dezembro de 2018, logo após o Natal em família. Depois, essa partida foi adiada por estarmos dependendo da boa vontade de uma oficina especialista em câmbios de automóveis na cidade de Itajaí. O proprietário decidiu fazer férias e um serviço que levaria de um a dois dias acabou consumindo mais de 15 dias. Pior, quando fui remontar o câmbio no nosso querido Garça-Sportage, ele apresentava mais problemas do que quando foi para a revisão. Resultado: desmonta tudo e volta para o "especialista" para revisar a revisão!!
Resumo da novela (que tem mais capítulos lá na frente...): quase um mês de "atraso" na nossa programação original, que na verdade nem é tão apertada para um projeto de aproximadamente 3 anos. Outro porém é que na primeira parte da nossa viagem, até o Equador, irão conosco mais um casal de Curitiba, a Eduvirges e o Luiz Santoro. Eles se prepararam, inspirando-se no nosso projeto, com barraca de teto, reservatório de água, cozinha e tudo mais que uma viagem de longa duração precisa.
Até aí tudo bem mas... tinha sido combinado de que mais um casal, nossos irmãos/cunhados que moram em Minas Gerais iriam nos encontrar numa certa data na cidade de Quito, Equador. Eles iriam de avião e já tinham passagem comprada com antecedência. Tudo conspirava para que esses dias iniciais fossem ter um certo stress para que o encontro em Quito acontecesse.
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Paisagens que são encontradas em todo o interior do Brasil- região PR, SP, MS, MT, AC |
Mas, enfim saímos! Dia 10 de janeiro de 2019!
Para iniciar essa nova etapa de nossas vidas resolvemos nos desapegar de muitas coisas, inclusive de nossa casa em Barra Velha (SC). A ideia é comprarmos algo menor quando voltarmos pro Brasil, daqui a 2,5 ou 3 anos. Dessa forma, fechamos a porta da casa pra não voltar e seguimos pra Curitiba (PR), na casa dos Abutres, de onde saímos no dia seguinte em direção à Presidente Epitácio (SP).
Nesse trecho de Brasil não iremos gastar muito tempo, primeiro porque muitas atrações e lugares do caminho já conhecemos.
Percorrer as estradas do interior de nosso país é conviver com muitas plantações, a perder de vista. É o tal agronegócio que alguns defendem e outros odeiam. De qualquer maneira, onde hoje há plantação, ontem havia floresta. Chegamos à Presidente Epitácio às 20h30min, fomos apresentados ao casal anfitrião, amigos de longa data do Luiz e da Edu, e o jantar foi bem alegre, com um grupo de amigos reunidos.
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Com os novos amigos Djalma e Cristine, da cidade de Presidente Epitácio-SP. |
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Conhecendo um projeto de repovoamento de peixes na Represa de Porto Primavera-SP |
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Às margens do Rio Paraná |
Ficamos dois dias com os amigos em Pres. Epitácio onde além de visitar a cidade e arredores ainda conhecemos um belo exemplo de recuperação ambiental chamado de APOENA. Trata-se de uma Organização Não Governamental que atua há 30 anos na recuperação ambiental da região com reflorestamentos com espécies nativas, conservação de solo e manutenção da estabilidade dos ecossistemas. Iniciativas a serem divulgadas e seguidas. Parabéns a todos envolvidos.
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Viveiro de mudas a serem replantadas. Milhares já foram e estão a recuperar toda a área degradada. SP |
Presidente Epitácio foi fundada em 1907, por Francisco Whitaker, mas só passou a ser município em 1948. Fica exatamente na divisa com o estado do Mato Grosso do Sul, que pode ser alcançado atravessando-se a ponte Hélio Serejo, sobre o rio Paraná. A região é importantíssima, pois é geradora de energia. Há dezenas de hidrelétricas ao longo do rio Paraná, e a Usina Hidrelétrica e eclusa de Porto Primavera é uma delas. Hoje é chamada de Sérgio Motta, com 8 unidades geradoras das 18 que tem capacidade.
Seguimos em frente na direção do Mato Grosso do Sul - MS e Mato Grosso - MT onde previamente havíamos combinados de nos hospedar na casa de um grande amigo que tinha nos convidado. Chegamos então à cidade de Nobres-MT que já conhecíamos de outras viagens anteriores. Esses dias de deslocamentos são longos e cansativos, pois pouco paramos para ver algo diferente, até porque esse trajeto é uma repetição do nosso caminho para o Peru, no ano de 2016.
Importante mesmo é ser recebido tão bem nessas localidades pelos amigos que se dispõe a oferecerem suas casas para nosso descanso. Somos eternamente gratos aos amigos Anselmo e Celinha pela hospedagem, abastecimento dos nossos carros, pelos brindes e passeios que nos presentearam e, principalmente, pela nossa amizade que dura muitos anos.
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Recanto das Araras, em Bom Jardim |
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Com Chapolim Colorado, em Bom Jardim |
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Banho de rio, em Bom Jardim |
Para conhecer um pouco mais de Nobres e Bom jardim, acesse nossa postagem anterior e pegue mais detalhes:
http://www.viagemfamilia.com.br/2013/01/nobres-bom-jardim-mt.html
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Mirante do Cerrado, do Toninho - Bom Jardim |
Ainda em Nobres, pouco antes de partirmos, fomos entrevistados pela TV Cuiabá-Rede Record, sobre nosso projeto de viagem. Agradecemos a todos que estão nos apoiando nessa empreitada. Exatamente hoje faz uma semana que partimos. O tempo passa rápido. Nem notamos.
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Abastecendo o Garça, cortesia do amigo Anselmo-Usical- MT |
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Com o repórter Makoto, da TV Cuiabá |
A região é muito bonita e merece ser visitada por todos que gostam de natureza. Rumo norte conhecemos a Reserva Indígena Utiariti-Halitinã onde se paga um pedágio de R$ 20,00 por veículo, legalizado pelo Governo Brasileiro em favor dos índios da reserva. Nesse lugar conversamos longamente com os indígenas sobre a situação de abandono a qual eles estão expostos e também fomos autorizados a testar a qualidade da água oferecida para eles dentro da reserva indígena. Mas nosso destino nos espera e na manhã seguinte seguimos em direção a Vilhena-RO, onde decidimos montar acampamento no Posto Trevo.
Explico: existem muitos lugares onde se pode dormir: hotéis, pousadas e até campings. Mas nossa proposta nessa viagem é utilizar sempre que possível a barraca de teto que possuímos, questão de conforto (ela é muito confortável, acredite) e também uma questão financeira. O custo financeiro de uma viagem utilizando hospedagem paga tornaria inviável uma expedição de muitos meses como a nossa. Por experiências de viagens anteriores sabemos que só a hospedagem consome de 30 a 40% de todo orçamento proposto numa viagem.
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Visitando a Reserva Indígena Utiariti-Halitinã- MT |
A Reserva Indígena Uriariti-Halitinã é formada pelas etnia Paresí (ou Parecis, autodenominados Halíti ou Arití) tem uma população de aproximadamente 2100 pessoas e foi homologada em 1991. O primeiro contato do homem branco com os índios parecis foi no século XVII. Eles formaram parte da mão-da-obra que atou no ciclo da borracha. Em 1908, Cândido Rondon entrou em contato com eles enquanto fazia sua expedição de implantação das linhas telegráficas pelo interior do Brasil.
Sua principal cultura agrícola é a da mandioca-brava, utilizada para fazer a bebida chamada de "chicha". Além disso, a pesca, a caça e a coleta eram/são praticadas. Hoje incorporaram também a criação de galinhas, porcos, patos para complementar sua alimentação.
Café da manhã caprichado e um longo caminho a percorrer. Destino: Pimenta Bueno, passando por Rolim de Moura e São Miguel do Guaporé. Detalhe: estradas em péssimo estado de conservação. Buracos no asfalto, depressões, obrigando a manobras e velocidades bem reduzidas. Depois de Pimenta Bueno até Costa Marques onde chegamos no fim da tarde, a estrada melhora. Como a vontade é conhecer o Forte Real Príncipe da Beira, seguimos até lá mais 28 km por estrada de terra com o dia escurecendo na esperança de achar um bom local para acamparmos e amanhã conhecermos o Forte.
Chegando fomos informados que não é permitido acampar no forte, nem na área em frente a ele e nem perto dele. Frustrados com a falta de receptividade do nosso Exército mesmo nesse lugar longínquo e sem recursos, acabamos conversando com o Pedro, um dos administradores do Quilombo da Beira. Gentilmente ele colocou o terreno e as, ainda em construção, instalações da sede do quilombo à nossa disposição e lá preparamos nosso jantar. Depois de um banho caprichado, pois o dia foi bem quente, cama gostosa na barraca.
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A caminho do Forte Real Príncipe da Beira - Rondônia |
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Forte Real Príncipe da Beira - 1775 |
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Interior do Forte |
A visita ao Forte é recomendadíssima! Belo exemplar arquitetônico construído em 1775 com objetivos a assegurar as fronteiras do Brasil na época da colonização interiorana. Manhã dedicada à visitação do forte e também à cidade de Costa Marques, situada às margens do Rio Guaporé/Santo Domingo-Bolívia.
Esta fortaleza é considerada a maior edificação militar portuguesa construída fora da Europa. Seu nome refere-se ao Príncipe, Dom José de Bragança, filho de D. Maria I, de Portugal, que morreu muito cedo antes de assumir o trono, deixando o legado para seu irmão, D. João VI.
A parte da tarde mais estrada para o oeste até alcançarmos a cidade de Ouro Preto do Oeste onde acampamos free no Posto de Combustíveis Dom Bosco, com banho grátis também.
Hoje já é o 10º dia de viagem e seguimos até Porto Velho, capital do Estado de Rondônia, onde Luiz e Edu entraram por duas horas para conhecer um pouco a cidade, enquanto ficamos esperando num ponto de encontro. Não entramos na cidade, visto que já havíamos conhecido as principais atrações da outra vez que por essas bandas passamos. Rodamos um pouco mais, optando por pernoitar em Jaci-Paraná.
Nessa cidade conhecemos o Lucieldo, dono do Hotel Fama, que além de permitir que armássemos nossa barraca no estacionamento do hotel, ainda nos presenteou com o jantar grátis. Nossos amigos Luiz e Edu optaram por ficarem num quarto (que já haviam reservado anteriormente) e nós na barraca. Pela manhã ainda ganhamos café-da-manhã grátis. Obrigado ao Lucieldo, do Hotel Fama, pela gentileza. Existem pessoas boas em todo lugar.
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Acampando no estacionamento do hotel |
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Com o Lucieldo, do Hotel Fama |
A cidade de Jaciparaná passou por muitas transformações desde que a ferrovia Madeira-Mamoré passou por suas terras. A extração do látex foi uma de suas principais fontes de renda, principalmente durante a 2ª Guerra Mundial, onde toda a borracha produzida era encaminhada aos Estados Unidos. Passada a Guerra, o segundo ciclo de riqueza veio com a extração do ouro no rio madeira. Hoje sua maior fonte de renda é a Usina Hidrelétrica de Jirau.
Agora é ir até Rio Branco, capital do estado do Acre. Muitas obras na pista até alcançarmos o Rio Madeira. Ainda não está pronta a ponte e como fizemos em 2016, pagamos R$ 25,00 para atravessar o rio de balsa. Rio Branco, a cidade onde iríamos encontrar, conhecer e nos hospedar na casa do Bruno, um novo amigo que nos foi indicado pelo Martin, outro amigo viajante em comum.
No dia seguinte, o Bruno nos levou a refazer o balanceamento e geometria das rodas do Garça, pois com a péssima qualidade das estradas até agora, a direção começou a vibrar e puxar para um lado. Tudo refeito e em ordem, novamente mais 350 km até a cidade de Assis Brasil, onde chegamos às 17h. Optamos por pernoitar no Posto Ipiranga onde também preparamos o jantar na companhia de um gatinho e um simpático cãozinho com quem repartimos nosso cardápio composto de carne moída, arroz, bolinhos e uma refrescante salada mista. Chuva fina durante a noite, mas foi ótimo para refrescar o calor que anda beirando os 38° a 40º C.
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Altos papos na casa do Bruno, em Rio Branco - AC |
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Cuidando do Garça |
Amanhã faremos os trâmites na divisa para o Peru e seguiremos num ritmo mais acelerado, pois temos que encontrar a dupla Alfredo e Cris (cunhados/irmãos) para poder chegar em tempo de nos encontrarmos em Quito-Equador na data que o voo deles chega a essa capital - até porque esse caminho já nos é conhecido. Assim, em 12 dias, cruzamos os mais de 5.000 km que separam nosso ponto de partida até a divisa com o Peru. Muitos amigos visitados pelo caminho e novas histórias para contar. E que venha o Peru...
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