Sem muitas expectativas e conhecendo muito pouco da história do Rio Grande do Norte, fomos nos surpreendendo com as belezas, riquezas e peculiaridades deste estado. O que deveria ser uma passagem exploratória, acabou se tornando nosso lar por mais de 50 dias. De quebra, fizemos amigos maravilhosos e que levamos conosco em nossos corações!
O Rio Grande do Norte possui uma área pouco maior que a Costa Rica (52 milhões de km²) e o segundo melhor IDH do Nordeste. Com uma população de pouco mais de 3,3 milhões de habitantes, tem na agropecuária e extração mineral sua alavanca econômica.
Entre os produtos produzidos, melão, cana de açúcar, abacaxi e frutas seriam os representantes do setor primário. Já no setor secundário, a extração de petróleo, gás natural e sal marinho (95% de todo o sal brasileiro produzido sai daqui) são disparados os campeões de produção. A expansão imobiliária tem dominado o setor terciário... são muitos os condomínios e resorts à beira mar, construídos na maioria por capital estrangeiro (canadenses, espanhóis, franceses, holandeses, suíços, portugueses,... investindo seu dinheiro na construção civil e turismo).
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Centenas de poços de petróleo às margens da rodovia |
Rodando pelas rodovias RN's do estado, a grande quantidade de poços de petróleo nos chamou a atenção! A energia eólica também encontrou aqui campo fértil. São muitos os parques eólicos na região litorânea e sua expansão já está ocorrendo. Aqui já sobra energia contrastando com a situação de duas décadas atrás quando apagões eram rotina.
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Parques eólicos a perder de vista |
Historicamente, o estado possui uma riqueza ímpar em se tratando de sítios arqueológicos. Um desses extensos sítios é a área do Geoparque do Seridó, no sertão, onde descobrimos que esta região era habitada pela megafauna e onde seus primeiros habitantes deixaram seus vestígios em pinturas rupestres. Mas isto exploraremos posteriormente, em outro texto!
Não existe consenso entre os historiadores, porém logicamente falando, as primeiras expedições marítimas que vieram para a América do Sul aportaram em terras norte-rio-grandenses. Américo Vespúcio fixou um marco de posse colonial no Cabo de São Roque em 1501 e a mesma expedição também fincou um Marco de Descobrimento na hoje conhecida Praia do Marco (na divisa entre os municípios de Pedra Grande e São Miguel do Gostoso). A justificativa lógica que defende que o descobrimento de nosso país e primeiro desembarque se deu inicialmente em terras potiguares, e não baianas, é que o Rio Grande do Norte está à menor distância das Ilhas de Cabo Verde, porto de saída das esquadras portuguesas, bem como as correntes marítimas e ventos passarem por aqui, e não pela Bahia. Enfim... hoje existe um movimento no sentido de que seja incluído o RN no roteiro do Descobrimento do Brasil.
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Réplica do Marco do Descobrimento, colocado aqui em 1501 - Praia do Marco |
Nossa primeira parada no estado foi na pequena vila de Ponta Redonda, pertencente à Areia Branca. O local é bastante tranquilo e lá acabamos fazendo amigos... até lavamos roupa e acabamos acampando a segunda noite dentro do terreno de ..., que queria deixar a chave da casa conosco!!!
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Nosso primeiro dia de acampamento no RN |
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Nosso segundo dia de acampamento |
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Caprichos da natureza |
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Após uma caminhada de 4,5km encontramos nossos amigos fazendo uma comidinha debaixo das árvores |
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Convite para bate papo que acabou em jantar |
Um fato curioso a destacar é que daqui se enxerga o Porto-Ilha de Areia Branca. Trata-se de um terminal salineiro, localizado a 14 milhas náuticas (26km) da costa, que foi inaugurado em 1974 e desde 2021 foi arrendado por 25 anos pelo Consórcio Intersal. Todo o sal movimentado no porto-ilha é oriundo de Mossoró, Macau e Areia Branca. Em 2001 houve o recorde de produção quando foram embarcados mais de 2,5 milhões de toneladas de sal a granel, atendendo ao mercado interno e externo.
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Lugar especial pra meditar! |
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Pôr de sol em Ponta Redonda, Areia Branca |
Sempre seguindo pelas rodovias estaduais e margeando o Oceano Atlântico, passamos por Porto do Mangue (com extensas lagoas de água extremamente salgada) e decidimos ir a Galinhos.
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Porto do Mangue, com suas lagoas salgadas e dunas a perder de vista |
O acesso a Galinhos por terra é possível, com veículo 4 x 4, na maré baixa (num entroncamento de pista de terra e areia localizado a uns 12 km da estrada principal), porém optamos pelo acesso mais tranquilo e simplificado: estacionamos o Garça na área de estacionamento monitorado e fomos a Galinhos de barco. O trajeto de barco dura uns 7/8 minutos e o preço é variável. Se a lotação estiver acima de 7 pessoas, o custo fica em R$ 7,50 por pessoa. Já se você quiser passeio exclusivo, vai para R$ 50,00 por pessoa!
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Tabela de preços e passeios possíveis |
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Porto de embarque para Galinhos |
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Dividimos nossa comida com alguns bichanos |
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De todas as cores, tamanhos e raças... os gatinhos são lindos e muito carismáticos! |
Esta área de estacionamento é dominada pelos gatos. Infelizmente pessoas inescrupulosas e sem noção (pra dizer o mínimo) abandonam seus bichanos por lá, que ficam a sua própria sorte e contando com o auxílio e boa vontade dos usuários e moradores que frequentam o local. Ficamos encantados com a variedade e beleza dos felinos... acabamos dividindo nossas refeições com eles, coisa que temos feito durante toda nossa viagem pelo mundo.
GALINHOS
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Chegando a Galinhos, após a travessia de barco |
Galinhos é uma vila de pescadores, localizada numa península, que encanta pela beleza e tranquilidade. Como o acesso de carro para lá é meio complicado, andar a pé pelas ruas é a melhor maneira de conhecer o lugar. Há a opção de passeios de uberjegue ou de buggy. Acabamos nos rendendo ao uberjegue e fizemos um passeio bem top com o ..., ao preço de R$...
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Percorrendo o caminho até a praia do farol com o uberjegue |
Com cerca de 3 mil habitantes, rodeado de dunas, salinas, manguezais, praias e rio Aratuá, Galinhos foi emancipada em 1963. O Farol de Galinhos foi inaugurado em 1931 e possui uma altura focal de 14m, alcançando 12 milhas náuticas (24km).
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Farol de Galinhos (1931) |
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"Rally" pelo meio da caatinga |
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Linda praia e piscina natural |
Após nosso passeio de jegue, compramos uns salgados no supermercado (minutos antes dele fechar) e os comemos ali mesmo, sentados na calçada onde havia uma sombra maravilhosa e soprava um ventinho... Este é um detalhe importante: não há áreas sombreadas por aqui! A praia não possui coqueiros, tão comuns por aqui, tampouco possui telhados de palha - também bastante comuns nas praias desta parte do NE. Então a solução é alugar barracas na praia (guarda-sol com cadeiras) e pagar por isto!
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A vila de pescadores |
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Mastigando o último bocado rsrsrsr |
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Chegando à praia de Galinhos |
Acabamos tomando nosso banho de mar/rio na volta, ainda com maré alta... depois era só preparar nosso almojanta, sempre acompanhados dos bichanos, que ganharam sua porção!
SÃO MIGUEL DO GOSTOSO ou simplesmente, GOSTOSO
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Praia de Tourinhos, na maré alta |
O local mais famoso e badalado do litoral potiguar, na atualidade, é São Miguel do Gostoso. Antes de entrarmos na cidade propriamente dita, pegamos uma estrada à esquerda e fomos parar na praia mais bonita de Gostoso: Tourinhos!!!!
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Caminhando até a falésia para assistir ao por de sol |
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Um fim de dia silencioso e triste... |
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Percorrendo e desbravando as formações rochosas (corais) na maré baixa |
O lugar é lindo!!! Possui falésias e a praia é muito tranquila. Cabe destacar que em toda a faixa litorânea há a presença de corais e formações rochosas, o que limita o banho em alguns lugares!
Conversamos com uma dona de lanchonete no local, onde compramos uns pasteis de arraia (deliciosos!), e acabamos acampando debaixo de uma linda e frondosa árvore. Foi neste paraíso que recebemos uma notícia triste... meu sogro, Hary, pai de Marcos, faleceu em Curitiba (PR)! Muito tristes, prestamos nossa última homenagem a ele, lembrando que agora estará junto de sua esposa amada, Jana, que também faleceu recentemente (há apenas 40 dias).
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Vista panorâmica do alto das torres/falésias |
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"oi" |
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Os caprichos da natureza |
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As torrinhas da praia |
Na manhã seguinte exploramos o local, bonito demais e seguimos mais a noroeste, especificamente à Praia do Marco, onde há uma réplica do marco colocado pela esquadra portuguesa, em 1501, quando da descoberta do Brasil! Gaspar de Lemos deixou um marco ali delimitando, assim, as possessões definidas pelo Tratado de Tordesilhas alguns anos antes. Este marco era feito em mármore e possuía o desenho da Cruz de Malta e da Cruz da Ordem de Cristo.
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Esta é a terceira vez que deslocam o marco e a capela... com o avanço do mar, isto se fez necessário |
A estrada para lá não é necessariamente boa... muita costela de vaca e areia percorrem os 12 km que separam Tourinhos da Praia do Marco, já localizada no município vizinho, Pedra Grande (apesar de muitos afirmarem que faz parte de Gostoso... pois é!). A praia é linda, tranquila, e tivemos a oportunidade de observar os pescadores camboando (arrasto de rede que se faz com duas varas, onde dois pescadores vão "varrendo" uma área).
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Junto da réplica do marco |
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Observando o povo puxando a rede, após a cambagem |
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Nosso local de acampamento, bem sombreado |
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Vista panorâmica da Praia do Marco |
Conversamos com o casal .... e ....., muito queridos, que costumam dar apoio a overlanders e acabamos acampando por aqui, aproveitando para almoçar uma comidinha caseira diferente e saborosa em seu restaurante ....
Muito atenciosos e prestativos, deixaram o portão apenas encostado para que pudéssemos usar os banheiros à noite. Aqui também tivemos a oportunidade de conhecer uma família bem bacana, de Santa Cruz, que nos convidou para o lanche da noite... teve mungunzá, galinhada, cuscuz, cozidão e muitas outras iguarias, acompanhadas de muita conversa boa e troca de experiências!
Na volta para Gostoso, e não encontrando local adequado e tranquilo para acamparmos, resolvemos dormir mais uma noite na linda Tourinhos, antes de deixarmos a cidade.
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Em algum lugar entre Tourinhos e Praia do Marco |
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Vila de pescadores entre Tourinhos e Praia do Marco |
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A "estrada" é pesada! |
Aí aconteceu aquilo que ninguém explica! Na parada para visitar a Lagoa do Cardeiro, localizada na cidade de Gostoso, acabamos conhecendo os viajantes Sahyra e Val (e a Belinha), em sua Kombelinha, e também o casal Marcos e Solange, proprietários de uma pousada na cidade. Conversa vai, conversa vem, Marcos e Solange acabaram nos convidando para ficarmos hospedados na Gostoso Sol e Mar Pousada, e o que deveria ser uns 2 ou 3 dias, no máximo, acabou virando uma parceria de 1 semana, com muitas conversas, filosofias e refeições comunitárias.
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Pousada excelente de nossos amigos especiais... é um pedaço de oásis tranquilo e maravilhoso bem na entrada da cidade |
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Provando a deliciosa e "pequena" caipira do Marcos |
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Na entrada da Xêpa, com Solange |
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Só relax, na Gostoso Sol e Mar Pousada |
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Igreja Matriz de São Miguel Arcanjo, em São Miguel do Gostoso |
E como uma coisa puxa a outra, com eles conhecemos o Jorge, um português que mora no Brasil há anos e está investindo em Gostoso! Resultado??? Mais um grande amigo que conquistou nosso coração! Acabamos prestando um serviço voluntário no condomínio onde Jorge mora e de quebra, acabamos nos mudando para lá!
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Com a talentosa Olga... canta muito!!! |
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Com a linda e inteligente Bruna |
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Jorge, Lu e Rafael e Bruna... bons amigos que fizemos em Gostoso |
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Com Alegria (Romano)... "só alegria!!", com seu astral maravilhoso |
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Amigos do coração: Jorge com Vitória e o casal Jorge e |
Por fim... São Miguel do Gostoso acabou sendo nosso lar por 40 dias!!! Aproveitamos este tempo todo para reorganizar nosso blog, fazer trabalhos voluntários e remunerados, fortalecer as amizades e passear muito pelas redondezas!
Só pra destacar: São Miguel do Gostoso conta com, aproximadamente, 10 mil habitantes e até 1993 fazia parte de Touros. Por plebiscito, em 2001, alterou seu nome de São Miguel de Touros para São Miguel do Gostoso. A cidade é famosa por seus ventos constantes e médios - alísios, paralelos ao litoral e que permitem a prática segura do kitesurf (os praticantes não correm o risco de serem levados para alto mar). Assim como no Ceará, por aqui as escolinhas de kitesurf se multiplicam e a sua prática é constante.
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Neste dia foram 11km de caminhada |
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Curtindo o condomínio Monte Alegre |
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As formações rochosas de Gostoso |
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Almojanta com os amigos Jorge e Kleber |
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Nossa companheira Vitória, "bebê" de Jorge |
Uma das atividade mais praticadas, tanto pelo nativo quanto pelo "forasteiro", é o assistir ao por de sol!! Ele é incrivelmente bonito e agrega a população, que busca um cantinho bacana para curtir este momento tão lindo do dia! Há locais (e épocas do ano) em que se pode ver o sol se pondo no mar!! Nós assistimos a muitos... todos lindos e especiais!
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Por de sol na Lagoa de Cardeiros |
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Um mais lindo que o outro |
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Cada dia o sol se põe... nunca é igual |
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Mais um, só pra registro... |
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Mais um... impossível dizer qual é mais lindo!? |
Curiosidade: este ano, em 14 de outubro, ocorrerá um eclipse total do sol no final da tarde! Quem estiver por lá, aproveite!!
À noite, a cidade tem opções interessantes para passeio e curtição. A rua da Xêpa é um centro gastronômico onde você poderá curtir música ao vivo, lanches e restaurantes estilosos à noite. Também o Cavalo Marinho é um beco interessante e charmoso, onde há música ao vivo e barzinhos para curtir à noite. Ambos são acessíveis a pé e ficam algumas quadras um do outro!
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No domingo a Xêpa fica bem tranquila... muitos restaurantes não abrem |
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Restaurante bem estilosos e boa comida |
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Ouvindo um forró delicioso |
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Cervejinha no Cavalo Marinho |
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Olga com sua banda arrasando.. canta muito a menina |
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Bar da esquina, no Cavalo Marinho |
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Um brinde à vida! |
Despedidas sempre são difíceis! Deixamos Gostoso para trás no dia 21 de junho, passando pela Urca do Tubarão! Este restaurante também tem um pequeno museu e cachaçaria... uma mistura gostosa de tudo que o Edson, proprietário, desvenda e apresenta de maneira muito divertida!
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Na Urca do Tubarão, com Edson |
Próxima passada: Marco Zero da BR 101!!! Aqui Oscar Niemeyer tem mais um monumento, inaugurado em 1999, de gosto meio duvidoso, mas tá valendo!!!! A BR 101 começa no RN e segue por mais de 5 mil km até o extremo sul do país, no município de São José do Norte, no Rio Grande do Sul.
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Com Jorge, no início da BR 101 |
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Marco Zero da BR 101 |
Próximo dali fica o Farol do Calcanhar com seus 62m de altura (altura focal de 73m) e alcance de 38 milhas náuticas. Construído em 1912 e reconstruído em 1943, este farol fica no início de uma trilha de areia bem pesada que fizemos até alcançar a cidade de TOUROS. Teoricamente (não temos confirmação do fato) ele abre à visitação apenas nos domingos, a partir das 14h. Este farol é o segundo maior farol do Brasil.
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Farol do Calcanhar |
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Trilha pesada na areia, até Touros |
TOUROS
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Touros ao entardecer, com direito à lua cheia |
Fundada em 1835, Touros tem 4 canhões fixados sobre um rochedo, na praça em frente à Igreja Matriz de Bom Jesus dos Navegantes. Estes canhões foram deixados, em 1638, inicialmente sobre as falésias de Tourinhos, para resguardar a costa contra o ataque dos holandeses. Cabe ressaltar que nunca deram um tiro!
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Igreja Matriz de Bom Jesus dos Navegantes |
Somente no século seguinte a imagem do Bom Jesus dos Navegantes - atual padroeiro do município - chegou à localidade, dando início à construção da capela (que durou 22 anos, entre 1778 e 1800).
Pertencente ao município de Touros está a praia de Perobas, para onde fomos. Perobas é conhecida como Caribe Potiguar, pela clareza das águas. Os Parrachos de Peroba são piscinas naturais em que se faz mergulho ou flutuação (depende da maré). Estamos na época de "defeso", em que não é permitido o mergulho na região (então caso você venha para estas bandas na baixa temporada, informe-se sobre a possibilidade de fazer ou não o passeio)!
Lá conhecemos outro viajante que foi nosso vizinho por um dia - @pacoca.na.estrada - Luiz e sua cachorrinha, Paçoca!!! Dividimos nosso almojanta com ele e batemos muito papo.
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Nosso vizinho, Luiz: "boa viagem, amigo"! |
Um pouco depois de Maracajaú, pela RN - 263, também chamada de Rua da Praia, antes da localidade Caraúbas, encontramos um local top - próximo do Rio Peracabú (ou Peralabu) - para acamparmos. Passamos um dia maravilhoso e aproveitamos para passear, tomar banho no rio e curtir a noite estrelada e ventosa, protegidos pelas árvores.
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Nosso acampamento na sombra |
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Mais falésias, desta vez pequenas, próximas de Caraúbas |
Próximo do Cabo de São Roque fica a turística Árvore do Amor. Claro que depois de tirar lindas e românticas fotos, fomos até o farol localizado no Cabo, supostamente o ponto mais próximo da África. Pertencente ao município de Maxaranguape, este cabo tem importância histórica, pois nele teve início a primeira exploração portuguesa da costa brasileira, por André Gonçalves e Américo Vespúcio (7 de agosto de 1501).
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Árvore do Amor: uma gameleira centenária |
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Será que venta?? |
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Farol do Cabo de São Roque (farol de 1898, com 32 m de altura) |
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Cabo de São Roque |
Após atravessarmos de balsa a Barra do Rio, chegamos à famosa (mas "fora de moda") Jenipabu ou Genipabu!
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"Balsa" super moderna na Barra do Rio, a caminho de Genipabu |
GENIPABU
Pertencente ao município de Extremoz, localizada a 20km de Natal, está o Parque Turístico Ecológico Dunas de Genipabu (ou Jenipabu). Com dunas, lagoa de água doce, além de dromedários, Jenipabu tem este nome, de origem tupi, que significa "rio dos jenipapos". Foi aqui que os famosos passeios "com ou sem emoção?" surgiram, há alguns anos.
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Os famosos dromedários de Genipabu |
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Estacionamento do restaurante Cana Dance |
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Caminhando em direção à duna do por de sol |
Curioso é que durante a 2ª Guerra Mundial, mediante a indecisão do governo brasileiro (Getúlio Vargas) em aliar-se às Potências do Eixo ou aos Países Aliados, o governo estadunidense planejou invadir o Brasil por Genipabu. A invasão não ocorreu, pois o Brasil acabou se aliando aos Países Aliados e permitiu a construção de uma base militar norte-americana em Natal.
Chegamos ao Restaurante Cana Dance (ou seria Canadense), do Fábio, que permitiu que acampássemos em seu estacionamento gratuitamente, desde que tivéssemos consumação. Por uma falha minha (Mari), esqueci um pé de Havaiana no restaurante e acabamos voltando e ficando duas noites por aqui... rsrsrsrs
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Mais um lindo pra coleção! |
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Vista panorâmica de Natal, do alto das dunas de Genipabu |
A praia é bem bonita e as dunas, muito lindas. Ver o por de sol lá de cima é programa obrigatório e ao anoitecer, observar as luzes da capital, ao fundo, também.
Como os restaurantes da orla só funcionam até às 17h, mesmo sendo um local bastante badalado, tivemos sossego e tranquilidade à noite.
NATAL
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Ponte Newton Navarro ao fundo e as dunas de Genipabu lá atrás |
Estivemos na capital em duas ocasiões.
Natal possui este nome, pois foi fundada no natal de 1599, às margens do rio Potengi. Entre os anos de 1633 e 1654 ela foi dominada pelos holandeses, que a chamaram de Nova Amsterdã.
Os norte-americanos consideravam a localização da capital estratégica e Natal se tornou a Capital Espacial do Brasil, quando foi construído o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, em Parnamirim (município vizinho). Fundada em 1965, o CLBI se tornou a primeira base aérea de foguetes da América Latina. Ainda em atividade, nela se concentram lançamentos de foguetes de pequeno e médio porte, além do rastreamento do veículo Ariane (lançado em Kourou, na Guiana Francesa, e que tivemos o prazer de conhecer).
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Traje espacial de Marcos Pontes |
O Forte dos Reis Magos é outra construção interessante na capital potiguar. A construção deste forte foi encomendada por Filipe II, da Espanha, em 1598, por conta dos constantes ataques corsários franceses que vinham se abastecer de pau-brasil. Foi erguida uma paliçada de estacada e taipa, com planta circular, à moda indígena, no dia 06 de janeiro de 1598 (dia dos Santos Reis).
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Capela ao centro |
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Marco Original do Descobrimento (aquele da praia do Marco) |
Esta construção primitiva foi substituída por uma "construção sólida, em alvenaria de pedra e cal, com formato de polígono estrelado, localizado sobre um recife, à entrada da barra, ilhado na maré alta e que na maré baixa permitisse a comunicação com terra firme". A construção se estendeu entre os anos de 1602-1628. Os holandeses ocuparam a fortificação entre os anos 1633 e 1654, dando-lhe o nome de Castelo Ceulen.
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Entrada da fortificação |
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Ponte Newton Navarro ao fundo |
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"Tá na mira!" |
Durante a Revolução Pernambucana de 1817 suas dependências foram usadas como prisão política e na 1ª Guerra Mundial, o forte foi guarnecido por uma Bateria Independente de Artilharia de Costa.
O prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico em 1949 e a última grande intervenção de conservação se deu em 2005, com recursos do IPHAN. Depois disso, houve nova restauração em 2018, com recursos do Banco Mundial. Nossa visita foi rápida, mas o local é bem bonito! A entrada é gratuita!
Outro local que visitamos, e onde fizemos umas comprinhas, foi o Centro de Turismo de Natal. Antiga detenção, construído por volta do séc. XIX em estilo neoclássico, hoje funciona como centro de artesanato, onde se encontram roupas, bebidas e diversos souvenires. Inicialmente, no entanto, era um abrigo para mendigos e orfanato, posteriormente tornando-se uma cadeia pública. Cada lojinha possui uma placa com o número da cela...
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Centro de Turismo de Natal |
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As lojinhas se espalham pelo prédio, separadas em celas |
Em 1976 o prédio foi reformado e virou um centro de atendimento ao turista. Sua localização é privilegiada e de lá se tem uma vista da linda Ponte Newton Navarro, bem como no local ocorre o tradicional "forró com turista".
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Riqueza nas peças artesanais feitas em barro/cerâmica |
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"Dá um beijinho, Cabra da Peste!" |
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"Oxente, qué'isso??" |
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As cachaças artesanais da região são deliciosas! |
Sobre a Ponte Newton Navarro: ela foi construída entre os anos 2004 e 2007, sob a responsabilidade do engenheiro italiano Mario de Miranda. Possui 2,7km de extensão, dos quais 500m são sustentados por cabos de aço (ela é estaiada). Por sua altura - no mastro central tem 103m de altura, já foi muito utilizada por suicidas - inclusive no dia da inauguração um homem se atirou lá do alto... por este motivo, posteriormente foram colocadas telas de proteção em toda a sua extensão.
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O nome Newton Navarro é uma homenagem a um importante artista potiguar. |
Outra curiosidade: por que o povo do Rio Grande no Norte se chama potiguar??? Potiguar ou potiguara é o nome de uma grande tribo tupi que habitava a região litorânea do que hoje são os estados do Rio Grande do Norte e Paraíba e significa "comedor de camarão". Para todo norte-rio-grandense chamar-se potiguar é motivo de orgulho, pois foi a maneira encontrada pelo povo para valorizar sua cultura e raízes!
A linda RN 301 - Avenida Senador Dinarte de Medeiros Mariz ou, simplesmente, Via Costeira - vale a pena de ser percorrida. Fica às margens do mar e possui o Parque das Dunas de um lado e o mar do outro, além de muitos hotéis e restaurantes. Ela leva até a Ponta Negra, pela Rota do Sol, praia bem badalada e cheia de botequinhos e guarda-sóis, muito frequentada pelos natalenses. Optamos por seguir adiante e passamos por Pirangi (do Norte e do Sul), muito bonitas, mas com poucos acessos à praia em função das falésias.
Acabamos indo parar na lindinha Búzios, onde encontramos um cantinho muito top e privado, com direito a piscininha particular.
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Nosso acampamento em Búzios |
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Observando o autogiro se aproximando...
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Nosso último contato com o mar, no Rio Grande do Norte, foi em Tabatinga, onde paramos para tirar foto da Baía dos Golfinhos. Ali observamos as falésias coloridas, o mar muito azul/verde e nos despedimos! Agora era hora de explorar o interior!!! Sertão, Seridó, mandacarus,... nos aguardem!!!
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Baía dos Golfinhos ao fundo |
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Nossa despedida do litoral do Rio Grande do Norte
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Passando por Nísia Floresta e ficamos curiosos... quem seria esta mulher?? Passamos pelo seu busto e logo imaginamos que teria sido alguém bem influente!
Para concluir este texto, vamos deixar aqui um pouco sobre esta educadora, escritora e poetisa brasileira, nascida em 1810, em Papari (atual Nísia Floresta - RN) e falecida 1885, em Rouen, França. Dionísia Gonçalves Pinto, Nísia Floresta Brasileira Augusta (pseudônimo), era defensora de ideais abolicionistas, republicanos e feministas, influenciou a sociedade da época com seus posicionamentos inovadores, sendo protagonista nas letras, jornalismo e atuação em movimentos sociais.
Vale a pena ler um pouco mais sobre sua vida e história!
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