Viagem Família______________________________________

.

terça-feira, 24 de maio de 2022

Cruzando a Colômbia de Norte a Sul!

Deserto de Tatacoa

Chegamos na Colômbia em nov/2021 e após 3 meses, renovamos nossa estadia por mais 3 meses! Porém, nosso Garça ainda estava na oficina e faltavam alguns reparos e testes para podermos partir! Desta forma, tivemos de pedir uma nova extensão, que não nos foi dada, pois não é permitido ficar mais de 6 meses no país como turista! Assim, após um trâmite e encaminhamentos, ganhamos um salvo conduto de 1 mês, no qual teríamos de deixar o país! 

Aproveitamos este tempo extra para conhecer uma Colômbia que não conhecíamos ainda. Acompanhe-nos nesta jornada... 

1- SANTA MARTA/ PUERTO COLOMBIA/SAN BASÍLIO DE PALENQUE

Por ocasião das Bodas de Prata de Ana e German, combinamos com eles uma viagem a Santa Marta. A hospedagem seria nosso "presente". Este passeio de fim de semana acabou só acontecendo já quando estávamos nos despedindo deles! 

Playa Salguero

Capital do departamento de Magdalena, Santa Marta foi fundada em 1525, sendo a cidade mais antiga da Colômbia e considerada a segunda mais antiga da América do Sul. Curiosidade: Simón Bolívar faleceu numa fazenda próxima daqui (1830).

Varanda da Pousada Midas

Interessante formação rochosa na praia Salguero

Passeio pela orla, verificando a subida da água do mar, "invadindo" as áreas construídas

Entre os povos indígenas que ocupavam a área no período Pré-hispânico, destacam-se os Tayronas, localizados no sopé da Serra Nevada. Eles possuíam um sistema muito avançado de irrigação e cultivo em terraços, produzindo milho, batata e abacaxi, exploravam o sal e trabalhavam com ouro. Faziam comércio com as tribos do interior, efetuando trocas por esmeraldas. Hoje esta região recebe centenas de turistas que querem conhecer o Parque Nacional Natural Tayrona e também fazer a trilha que leva à Cidade Perdida, Teyuna. Estes dois passeios teremos que fazer na nossa próxima visita ao país rsrsrs

Vista da varanda... espetacular!

Nossas refeições foram feitas na varanda da pousada Midas, cuja vista é indescritível

Lindas sementes geométricas!

Nossa passagem pela cidade foi rápida e acabamos mais batendo papo com nossos amigos a "turistar"! A Playa El Rodadero é a mais badalada, central, localizada perto do mercado de artesanato da região e acabamos comprando umas lembrancinhas por lá, pois as peças oferecidas são lindas e o custo x benefício compensa! 

Playa El Rodadero, ao fundo, Morrito Gaira (ilha)

Eles não resistiram... "vamos brincar de boia?"

Comprando as indefectíveis lembrancinhas!



No retorno para Cartagena, ainda passamos em Puerto Colombia, cidade de origem da Ana. Havia muito tempo que ela não ia para lá e ficamos agradavelmente surpresos com o lindo molhe reconstruído na cidade. 


Puerto Colombia, localizado no departamento do Atlântico, foi fundada em 1800 e durante muitos anos foi conhecida por possuir o pier mais longo do mundo, por onde entravam os imigrantes europeus. Na segunda metade do século XX a cidade viu seu declínio, por Barranquilla (capital do departamento e porto vizinho) passar a dominar o transporte marítimo regional.   



O molhe/pier de Puerto Colombia estava conectado à linha férrea, construída em 1867. O primeiro molhe tinha 299 m de comprimento e os últimos 200pés possuíam uma largura de 11,4m. Francisco Xavier Cisneros foi responsável pelo prolongamento do molhe, no qual trabalharam 120 homens, dia e noite (1891). A madeira (5000 troncos) utilizada neste prolongamento veio do Canadá e o ferro e aço (2 toneladas) usados na construção vieram da Bélgica. Em 1893 a obra foi inaugurada e três navios já esperavam para aportar. Puerto Colombia passava a ser o mais importante balneário e porto do país.  



Santuário Mariano Nuestra Señora Del Carmen

Também muito próximo de Cartagena está localizado o quilombo ou pueblo de San Basílio de Palenque - 50 km, que fomos conhecer rapidamente. Tínhamos a curiosidade de visitá-lo, pelo fato de sempre vermos as lindas palenqueras na cidade, vendendo frutas e doces tradicionais, com suas roupas coloridas. Fundada por escravos fugidos, liderados por Benkos Biohó, no séc. XV, a cidadezinha conseguiu manter suas tradições e cultura. A música, práticas médicas e religiosas, ritos fúnebres e organização social foram mantidas ao longo do tempo, incorporando costumes locais e o idioma palenque, que é uma mescla de espanhol com idiomas africanos originários. 


Cidadão palenque, Florêncio é guia da cidade e nos contou algumas histórias

Devido às características únicas em sua história, formação, cultura e linguística, o Palenque foi declarado Patrimônio Intangível da Humanidade pela UNESCO e é considerado o primeiro povo livre das Américas. Adquirimos um livro de culinária palenque, cujas receitas são dos cidadãos da vilazinha, inclusive do sr. Florêncio que encontramos na praça central. Já testamos muitas delas, com sucesso!!!

2 - INICIANDO NOSSA ROTA AO SUL: ruta 80 depois seguindo pela 45A


Como sempre, fizemos rotas alternativas, até porque o valor dos pedágios na Colômbia é bastante alto! Só para exemplificar: nestes 7 dias em que nos deslocamos de Cartagena até San Miguel (divisa com o Equador), pagamos 231990 COP (aproximadamente 48 dólares), comprometendo 19% de nosso orçamento!
Balneário El Verano, do Josué

No meio da serra, próximo de Bucaramanga, encontramos um balneário muito bonito, onde acampamos! De quebra, ainda curtimos um delicioso banho de piscina


CHICAMOCHA: o canyon Chicamocha é um desfiladeiro íngreme esculpido pelo rio de mesmo nome. Com uma profundidade máxima de 2000m, uma área de 108 mil ha e uma extensão de 227 km, este é o segundo maior cânion do mundo!


Rio Chicamocha ao fundo, esculpindo o cânion


O Parque Nacional localizado às margens da estrada oferece, além de trilhas para trekking, parapente, rafting, piscinas, teleférico que atravessa o cânion (6,3 km - um dos mais extensos do mundo), dando a possibilidade de vê-lo de cima. Além disso, possui um mirante com visão em 360°. 

Estrada que serpenteia a montanha - acesso ao Parque Nacional del Chicamocha, também conhecido pelo seu nome indígena, Panachi 

A subida forte da Ruta 45 leva ao Parque Nacional, onde paramos para verificar os preços e saber se era possível pernoitarmos ali, no estacionamento. Os ingressos para as atrações estavam fora de nosso orçamento e a impossibilidade de dormirmos ali nos fez seguirmos adiante e buscar outro local para dormirmos. 

Tabela de preços e atividade disponíveis no parque

Encontramos um posto de combustível abandonado, onde havia uma borracharia em funcionamento. Conversamos com o muchacho e ele disse que não havia problema em ficarmos ali... ele só esqueceu de dizer que havia muitos insetos... pois é!!! Nunca, em nossa vida, vimos (e sentimos) tantos mosquitos (carapanãs, muriçocas) e borrachudos (piuns), pólvoras (maruim) e afins... enfim! Sobrevivemos!!!

Resultado de um entardecer em Boyacá!!! 


3 - VILLA DE LEYVA e MUSEU EL FÓSIL

A praça central é a maior atração local: com 14000 m² é considerada uma das maiores do mundo e a maior do país

Em conversas com nossa família cartagenera, ouvimos falar que uma das cidades coloniais mais bonitas nas montanhas colombianas era Villa de Leyva (2149msnm), então fomos conferir!
Fundada em 1572, sob o nome de Villa de Santa María de Leyva, está pleiteando (desde 2010) o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO.

Caminhar por aqui é viajar no tempo

Estacionamos o carro em local permitido e seguimos explorando o centro histórico da cidade a pé. Seus casarões são um charme e estão muito bem conservados (até porque estão querendo ser patrimônio histórico); o comércio estava bem agitado, pois era fim de semana, e havia muitos turistas, principalmente vindos da capital, Bogotá, distante 165 km apenas. 


Iglesia de Nuestra Señora del Rosario (1604)

Hora da missa dominical. A igreja, barroca colonial, é adornada com retábulos de madeira e pinturas feitas pelo artista bogotano  Gregorio Vásquez de Arce y Ceballos 

A cidade e sua grande praça eram o local onde os exércitos se organizavam para suas atividades e conquistas. Ao centro da praça estava uma fonte que abastecia a cidade e seus moradores (ela continua lá). Muitos conflitos se deram nestas terras, pois eram ocupadas anteriormente por tribos indígenas. No fim do séc. XVII, já com técnicas mais refinadas e avançadas no cultivo da terra, Villa de Leyva passou pelo seu período mais frutífero, passando a ser o centro de produção do trigo para todo o  país. 



Claustro San Francisco: fundada pelos franciscanos em 1614. Posteriormente o claustro foi transformado em Instituto Agrícola e mais tarde, em hospital (em 1875)

Iglesia e Claustro San Francisco

Fonte central na praça, cercada por restaurantes, lojas de lembranças e o Cabildo (prefeitura)



A poucos km do centro da cidade (uns 4 km), fica o Museu El Fosil - Museu Paleontológico de Villa de Leyva. Fundado em 1977 por iniciativa dos campesinos locais, é um dos únicos onde o fóssil está no local onde foi encontrado. Neste caso, trata-se de um Pliosaurio - de 115 milhões de anos (Cretáceo Inferior) - que vivia por aqui. Diferentemente do deserto de Tatacoa (que antes era um pântano), aqui era fundo de mar e a quantidade de vida marinha fossilizada na área é impressionante! A começar pelo muro do Museu, feito com amonoides (ou amonites) fossilizados!!!

"El Kronosaurio" (Kronosaurus Boyacensis): seu esqueleto fossilizado foi encontrado neste local e o museu foi construído ao seu redor e em cima dele!




 - BALNEÁRIO em Guatavita

Chegamos próximos de Guatavita e queríamos conhecer a Laguna de mesmo nome (que fica no município de Sesquilé, na verdade), cheia de mistérios e lendas. Ao chegarmos à entrada do Parque, descobrimos que já estava fechado (eram umas 16h) e que não iria abrir no dia seguinte, portanto não teria sentido dormir ali, no estacionamento! Decidimos, então, retornar um pouco até a represa e buscar ali um local público onde pudéssemos montar nosso acampamento.

Estacionamento da Marina Pública: Embalse de Tominé - Guatavita (2668msnm)

Lago da represa de Tominé

Em função da altitude, a temperatura à noite realmente esfriou bastante e eu (Mari) não me atrevi a tomar banho. Já Marcos se arriscou e utilizou as instalações da marina, com chuveiro frio, apenas, para se banhar rapidamente. Aqui pagamos 20000 COP por pessoa para ficarmos, podendo usar os banheiros! Como era finzinho de domingo, o povo que havia passado o fim de semana no lago estava indo embora e ficamos praticamente sozinhos. As lojas e restaurantes fecharam ali pelas 18h e acabamos comendo uma carne assada deliciosa que havíamos comprado (já pronta) na saída de Villa de Leyva.


"Casa Loca", em Guatavita - projeto do austríaco Fritz Schall. Está aberta à visitação, mas acabamos não entrando para ver!

Próxima parada... 

4 - DESERTO DE TATACOA

Deixamos Huila pra trás e passamos direto por Bogotá, em plena segunda-feira, no meio da manhã, com menos movimento de carros. Cidades grandes sempre geram muito stress e nosso objetivo era chegar ao deserto.

Depois da península de Guajira, o Tatacoa é a segunda área mais árida do país, ocupando uma superfície de 330 km². Localizado no departamento de Huila, era uma das atrações que havíamos marcado no nosso caminho de retorno ao Brasil. Entramos "pelos fundos" do parque, chegando ao rio Magdalena, o mais importante do país, com 1543km de extensão. 


O rio é navegável em 990 km de sua extensão

O rio Magdalena atravessa 11 departamentos e sua bacia ocupa uma área equivalente a 24% do território  continental colombiano

Pagamos a balsa, meio cara pelo trajeto curtíssimo (20000 COP), mas que valeu a pena, pois economizamos uma volta de quase 100 km com este trajeto escolhido (e que é o que as pessoas normalmente fazem, via Neiva - ruta 45). Chegamos em La Victoria, distrito de Villavieja, e logo a frente estava o Museu de História Natural La Tatacoa.  

A gente não perde a piada...

Iniciando a visitação, uma pena que a vila estava sem energia elétrica

Fomos recebidos e guiados pelo Ruben Dario (25 anos), um dos arqueólogos responsáveis pelo museu. Ele nos contou sua história, inspiradora, onde desde os 7 anos de idade sua diversão era coletar esqueletos, pedras, fósseis encontrados no deserto. Ele e seu irmão são responsáveis pelo acervo, onde quase a totalidade das peças foram encontradas por eles. Criado em 1984, possui 950 peças originais de répteis, tartarugas, tatus, peixes, plantas, caranguejos,... que datam de quase 15 milhões de anos!!!!


As peças do acervo são únicas e há espécimes catalogadas aqui que não existem em outros países. Curioso que foi encontrado um físsil de crocodilo originário da Índia!! E monos (micos) da África!!!

Com o esqueleto "de verdade", numa sala que serve como depósito! O acervo e materiais coletados carecem de mais espaço para serem expostos... torcemos para que eles consigam fazer a ampliação logo, pois o trabalho realizado e a história local são incríveis

Alguns modelos (feitos a partir do esqueleto real) podem ser manipulados, o que encanta os visitantes


A visita foi feita com uso de lanterna, pois o museu estava sem energia elétrica

Dente de 

Em agradecimento ao astronauta Willian Anders, o laboratório foi nomeado Valerie Anders, sua esposa

O Instituto Smithsonian (Washington DC), através do astronauta Willian Anders - um dos primeiros a ir à Lua, piloto da Apolo 8 - interessou-se pelas descobertas de espécimes únicos e patrocinou a construção do prédio, onde hoje funcionam 3 salas: répteis, mamíferos e ambiente, e que já prevê uma ampliação.


Na despedida, trocamos presentes! De quebra, fizemos mais um amigo! 

Agora, sim, estávamos preparados para visitar o deserto e ver seus encantos! 

Mapa de localização das atrações


"Where is Mari?"

Diferente de outros desertos, o Tatacoa possui uma cobertura vegetal rala, afinal, esta área já foi uma floresta tropical.



Continuamos percorrendo a estradinha, subindo e descendo e observando as formações rochosas, muito bonitas. Fomos até o Orion, onde também há um observatório astronômico, porém o proprietário não estava. Demos uma voltinha pelo lugar e fomos embora. 


Campo de batalha

Orion, onde também há uma base astronômica 



Com um calor intenso, encontramos um lugar top para acampar, debaixo de umas árvores, próximo de um riozinho. 



No dia seguinte, continuamos nosso circuito pelo deserto, dando a volta completa e passando pela área mais populosa e densamente povoada, onde fica o Observatório Astronômico "oficial"! Decidimos seguir viagem... vimos muita coisa bonita e era hora de seguirmos... nosso salvo conduto estava chegando ao fim!


Deserto Vermelho



7 - Últimos quilômetros na Colômbia...

Deixamos a área do Tatacoa e fomos rumo à Neiva, passando por Villavieja (porta de entrada usual do deserto), onde paramos para comprar um souvenir (imã do Tatacoa) e tomar um suco. 

Villavieja


Ainda faltavam muitos quilômetros para atingirmos a divisa dos países e com as chuvas ocorridas nos dias anteriores muitos trechos das estradas estavam com quedas de barreiras, tornando o avanço mais lento. Assim, paramos uma noite num restaurante muito bonito, onde o casal nos acolheu e permitiu que ficássemos na área de estacionamento gratuitamente.  


Restaurante Gaitana Campestre, da Dejanire


O Restaurante temático é lindíssimo e os móveis são todos rústicos



Nosso prazo para deixar a Colômbia estava se extinguindo... seguindo um caminho não usual (que seria seguir para Pasto, pela 10, e dali pegar a Pan-Americana (25), fazendo a Aduana de Ipiales), fomos até a divisa com o Equador pela Ruta 45, passando por Villagarzón, Puerto Caicedo e chegando em La Hormiga, onde dormimos num hotelzinho bem bom, com internet, banho quente e tudo, por 25000 COP o pernoite. 

Congestionamento na ruta... resultado das intensas chuvas dos últimos dias

No dia seguinte fizemos a aduana, tranquilamente (não havia movimento algum... sexta-feira, antecedendo a eleição para presidente na Colômbia, todos estavam envolvidos e preocupados). 

Santa Marta, Magdalena


A Colômbia é um país intenso, colorido, alegre e muito parecido ao Brasil. Nos sentimos em casa e se precisássemos escolher, com certeza seria uma excelente opção para se viver aqui na América do Sul. É impossível conhecer tudo e mesmo sendo nossa segunda vez no país, com um período de permanência bastante grande (7 meses no total), ainda deixamos muitas atrações e cultura para ser conhecida e vivida numa próxima visita!!! 
"Adiós, Colombia! Hasta pronto!!"

Para mais informações, verifique em nosso blog: 
https://www.viagemfamilia.com.br/2019/03/a-colorida-e-alegre-colombia.html
https://www.viagemfamilia.com.br/2020/01/enviando-o-carro-de-navio-colomia-panama.html

4 comentários:

  1. As imagens do deserto e as fotos do por do sol me encantaram.
    Ps. Que bom que o Marcos não é alérgico a picada de inseto. Deu coceira de só de ver a foto.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Se fosse comigo (Mari) estaria ferrada... sou super alérgica e por isto sempre me lambuzo de repelente!!! rsrsrs

      Excluir
  2. Tudo muito lindo e contado por vocês fica mais interessante...continuem postando...abraços

    ResponderExcluir

Grato por visitar o ViagemFamilia. Críticas, elogios e quaisquer comentários são desejados, desde que feitos em terminologia ética e adequada.

SE FIZER QUESTIONAMENTOS POR FAVOR DEIXE ALGUMA FORMA DE CONTATO PARA POSSIBILITAR A RESPOSTA, COMO E-MAIL, POR EXEMPLO