Ficamos 5 dias com nossos amigos, aprendendo muito, trabalhando e passeando pelos arredores. Também tivemos o privilégio de experimentar culinárias e temperos variados cada dia! Um festival de delícias!
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Despedidas... ao fundo, o Innowan: veículo utilizado pelo casal Ellen e Perry, em sua volta ao mundo: www.innowan.de |
EINBECKA terra da cervejaria mais antiga da Alemanha fica a poucos quilômetros de Northeim, à noroeste, e a cervejaria Einbecker tem mais de 600 anos, fabricando cervejas deliciosas e encorpadas, inclusive exportando o produto desde 1351! Einbeck também fazia parte da Liga Hanseática e o escoamento da cerveja Einbecker vai de Antuérpia (Bélgica) até Riga (Lituânia) e de Estocolmo (Suécia) até Munique (sul da Alemanha).
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Casario típico - detalhes dos desenhos na madeira |
A cidade tem origem por volta do ano 1252, e o casario da cidade murada é maravilhoso, com fachadas trabalhadas em madeira em diversos estilos. Um mais lindo e interessante que o outro. Passeamos pelo centro histórico, admirando cada cantinho. Em 1540 a cidade de Einbeck foi totalmente destruída por um incêndio - coisa bem comum na época, visto que as casas eram todas em madeira e construídas umas muito perto das outras. O sistema de iluminação por lamparinas era perigoso e os acidentes eram inevitáveis. Outra curiosidade é que a cidade foi invadida durante a Guerra dos Trinta Anos (que começou como uma revolta entre católicos e protestantes) e muitas casas foram destruídas durante a ocupação.
A primeira loja de bicicletas "August Stuckenbrok" é criada em 1890 e se desenvolve para a primeira casa de expedição da Alemanha.
A cervejaria Einbecker, fundada antes de 1378, continua em funcionamento, porém estava fechada (Covid). Pudemos passear e fotografar os arredores. Visita super recomendada e que vale um retorno um dia, quem sabe! Curiosidades: são produzidos cerca de 75 milhões de litros de cerveja anualmente! A cerveja bock nasce aqui e o lema da cervejaria é "Ohne Einbeck gäb's kein Bockbier" (sem Einbeck, não existe a cerveja estilo bock)! Martin Luther, fundador do movimento de Reforma e da igreja luterana era cliente assíduo e preferencial!
CELLE
Na cidade de Celle, mais precisamente na localidade de
Bergen-Belsen, na Baixa Saxônia, fomos visitar e nos emocionar no Campo de Concentração Nazista onde Anne Frank e sua irmã, Margot, foram mortas! A visitação ao campo e museu anexo são gratuitas e passamos horas andando pelo local onde estavam as instalações do campo de extermínio, onde morreram por volta de 20.000 prisioneiros soviéticos e 50.000 presos diversos (judeus, comunistas, homossexuais, ciganos entre outros).
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Cova coletiva indicando 1000 vítimas |
Este campo entrou em funcionamento em 1940, como campo para prisioneiros de guerra, principalmente soviéticos. Após o inverno de 1941/1942, muitos morreram em função da desnutrição, maus tratos e torturas sofridas. Apenas em abril de 1942 é que Bersen passou a campo de concentração e a SS passou a comandá-lo a partir de abril de 1943, sendo ampliado e recebendo mais infraestrutura, passando a receber milhares de judeus, homossexuais e ciganos que não foram mortos em câmaras de gás (técnica usada nos campos de extermínio do leste), mas morreram de fome, torturados, acometidos por doenças, como tifo, disenteria, hipotermia,... Ao caminhar pela área do campo, há dezenas de locais com covas coletivas, onde foram encontradas (ou calcula-se) de 500 a 1000 corpos em cada cova, tendo sido apenas identificadas 1200 vítimas, entre elas, a famosa menina escritora Anne Frank.
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Lápides simbólicas das vítimas Anne e Margot Frank |
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Memorial e Obelisco em homenagem às vítimas |
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Capela do Silêncio |
Por conta da grande quantidade de doenças que acometeram as vítimas e presos do campo (principalmente tifo e piolhos), ele foi incendiado e colocado abaixo pelos soldados britânicos que o libertaram, em 1945. Mais recentemente foi construído no local uma Casa do Silêncio, espécie de capela para meditação e oração. Acabamos nos abrigando lá durante uma tormenta que nos alcançou durante nossa visita.
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Área onde estão as covas dos combatentes (prisioneiros) soviéticos |
Dentro do Museu...
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Ficha dos prisioneiros de guerra |
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Fotos do campo |
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Painel explicativo de sua vítima mais famosa! |
Apesar de ser lúgubre, acabamos acampando no estacionamento do campo, com autorização do segurança do local, o gentil e simpático Hogar, que nos "colocou gentilmente para fora" do museu às 17h e depois veio bater um papo bem bacana, contando sobre o período em que era mais jovem e a Alemanha ainda estava dividida pelo Muro! São aquelas histórias interessantes que às vezes são retratadas em filmes, ou livros, mas é diferente quando quem viveu aquilo nos conta sua percepção e realidade!
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Com Hogar, o segurança do Museu |
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Estacionamento e nosso pernoite. A única visita que tivemos foi de uma raposinha!!! |
As surpresas do caminho...
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Cemitério de soldados americanos em território alemão |
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Casario típico desta região - Baixa Saxônia |
Próxima parada: MAR DO NORTE (Nordsee): Wattenmeer, Wremer, Cappel Neuland, Otterndorf, Dorum, Dagebüll
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Nordsee - Wattenmeer |
Nossa primeira experiência no Mar do Norte foi em Wremer, onde pudemos observar a grande diferença que existe no movimento das marés por estas bandas: a diferença do nivel chega a ser de 8 a 10m!!
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Farol de Wremer |
Aqui esta porção do mar é conhecida como Wattenmeer (mar de Wadden ou mar Frísio) - na maré baixa pode-se caminhar pelo mar e alcançar ilhas. Estes caminhos são feitos com guia e o solo é lodoso... Tombado como Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO em 2009, o Wattenmeer é formado por planícies marítimas, pouco profundas, com aproximadamente 450 km de extensão e entre 5 e 30 km de largura, abarcando parte do litoral dos Países Baixos, Alemanha e Dinamarca.
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Os barcos ficam encalhados durante a maré baixa |
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A maré está começando a subir... |
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Área do parque Nacional da Baixa Saxônia |
Acampamos atrás de um dique construído para conter as águas e o vento estava muito forte. Mesmo sendo verão, as temperaturas não estavam superiores a 15° C e banho de mar não estava nem em cogitação! Visitamos o Farol de Wremer gratuitamente e passeamos pela costa, na área do Parque Nacional da Baixa Saxônia (Niedersächsisches Naturalpark).
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Observem o Porto de Bremer Haven, ao fundo. Em primeiro plano, áreas com cabaninhas para pegar sol e as pessoas caminhando no mar com a maré baixa |
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Calamares a la Roma: aquelas surpresas que geram boas risadas e histórias! |
Nos demos de presente uma porção de lula - Calamares a la Roma - e demos muita risada quando a GRANDE porção continha uns 15 anéis de lula empanados, com molho de maionese!!!! O preço não era para rir: 7 € e mais uma cerveja long neck por 2€!!! Comemos tudo, até os últimos farelinhos, mesmo depois do vento ter derrubado o pratinho com alguns anéis no chão... anticorpos!!!! Rsrsrs
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Diques construídos ao longo da costa para contenção das marés |
Um pouco mais ao norte, buscamos local para acampar e curtir. Dorum foi, sem dúvida, um bom local! O pôr-de-sol foi fantástico e ficamos sentados num banco, sobre o dique, curtindo a paisagem, acompanhados de muito vento e frio!!!
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Pôr de sol em Dorum |
No dia seguinte, visitamos o Museu e Aquário do Parque Nacional na localidade de Dorum...
...e seguimos viagem, contornando toda a península, até Otterndorf, pertencente ao distrito de Cuxhaven, onde aproveitamos para passear pela linda cidade, além de conhecer a foz do rio Elba. As casas do setor histórico são do séc. XVI, porém a localidade foi citada pela primeira vez em 1261.
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Otterndorf - centro da cidade |
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Igreja de St. Severus |
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Escola de Latim |
A Crane House é um prédio histórico datado de 1735, com fachada super interessante e bonita. Foi importante ponto comercial da cidade e hoje abriga o Museu dedicado a retratar a vida das pessoas desta porção da Alemanha. Outro prédio importante na cidade era a Escola de Latim, do ano 1614, cujo diretor foi, por muitos anos (1778 - 1792), o renomado tradutor e poeta Johann Heinrich Voss.
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Prefeitura da cidade |
A Igreja de São Severo é do ano de 1261, porém o sino só foi adicionado em 1807. Infelizmente ela estava fechada e não pudemos admirar seu púlpito de 1649, nem o altar barroco.
Nossos acampamentos nessa região foram escolhidos de modo a fugir do vento, muito forte nessa área. Escolhemos locais próximos dos diques que se espalham por toda a região.
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Canal secundário do rio Elba. Por ser área de parque, possui ciclovias ao longo de seu curso |
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Durante a maré baixa, no leito do rio Elba, próximo de sua foz |
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Comportas espalhados pela região |
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Em cima do dique no rio Elba |
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Nosso acampamento, atrás do dique, protegido do vento |
Atravessamos o canal do rio Elba com ferry, de Wischhafen para Glückstadt, economizando quilometragem e o trânsito de Hamburgo, apesar do preço do ferry ter sido bem salgado: 12€!!
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Atravessando o rio Elba de Wischhaven para Glückstadt |
Em Husum compramos salmão e fizemos amizade com o proprietário da peixaria, Sörken Clausen, e sua esposa, Susanne.
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Peixaria em Husum |
Nosso acampamento foi mais ao norte, em
Dagebüll, num balneário super estruturado, com casas para alugar, espaços para
motorhomes, banheiros públicos, aluguel para usar as instalações e facilidades à beira da praia.
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Moinhos de vento também são comuns por aqui! |
Nossa quase entrada na Dinamarca...
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"Adeus, no extremo Norte do país" |
Estávamos muito perto da divisa com a Dinamarca e já havíamos providenciado tudo para seguirmos para lá (abastecido o carro, pois o diesel é bem mais caro na Escandinávia; feito compras no mercado, pois a Coroa Dinamarquesa é mais cara que o Euro), quando, na divisa, o oficial aduaneiro dinamarquês, Lars Rasmussen, nos explicou as regras para podermos entrar em seu país: - teríamos de fazer um booking.com num camping ou hotel para 5 ou 6 dias, permanecendo parados no local (quarentena) OU seguirmos diretamente para a Suécia, porém também com uma reserva feita para 5 ou 6 dias. Neste caso, teríamos algumas horas para atravessar a Dinamarca.
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Fila de entrada na Dinamarca |
Ponderamos as opções a nós oferecidas: ficarmos parados 5 dias num país caro e pequeno, sem podermos nos deslocar e nem fazer camping selvagem (na Escandinávia o wild camping é super bem visto e praticado, porém em tempos de Covid, tudo mudou) estava fora de questão! Atravessar direto, sem conhecer a Dinamarca e também termos de ficar parados na Suécia, país mais caro da Escandinávia, sem podermos passear, cumprindo quarentena, tampouco nos agradou!
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Fazendo teste para Covid gratuitamente na divisa com a Dinamarca |
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Com o gentil Lars Rasmussen, que não deixou a gente entrar em seu país!!! rsrsrsr |
Desta forma, resolvemos dar a meia volta, deixando esta parte de nosso roteiro para uma outra oportunidade! Ainda fizemos o teste gratuito de Covid (pago pelo governo da Dinamarca, segundo Lars) e retornamos para a Alemanha, re-planejando nosso roteiro.
OSTSEE ou MAR BÁLTICO, como queiram
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Glücksburg: do outro lado está a Dinamarca! Tão perto e tão longe! |
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Flensburger fiorde |
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Nossa vizinha de acampamento, Daniella, professora de Geografia que está viajando sozinha durante as férias de verão! |
Assim, fomos conhecer o Ostsee (Mar Báltico) e em Glückburg aproveitamos para passear na beira mar e acampar na península. Mais adiante, via Kappeln, paramos em Waabs para curtir a praia e conhecer o Eckernförde - fiorde de Ecker.
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Curtindo praia em Waabs |
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Navios de patrulha no Eckernförde |
Também passamos pelas praias de Schönberg (praias Califórnia e Brasilia) e Hohenfelde. Próximo de Lütjenburg, acampamos novamente, dentro da floresta, pois na área de praia estava ventando muito, impossibilitando um acampamento seguro e viável.
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Praias próximas de Schönberg |
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Encontramos um pedacinho do Brasil por aqui! |
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Nosso acampamento foi ao lado desta linda árvore centenária |
Já que a Escandinávia não deu certo, pensamos em seguir até BERLIM, e de lá, para a Polônia. No Lago Schwerin acampamos novamente, e chegamos à capital da Alemanha no domingo, quando o estacionamento é gratuito.
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Lago Schwerin - em Bad Kleinen |
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Espaços públicos para fazer grill e picnic |
BERLIM
Visitar a capital alemã no domingo foi uma excelente pedida. Primeiro o trânsito estava tranquilo e pudemos estacionar em frente do Memorial Soviético, a pouco metros do Portal de Brandemburgo, sem pagar nada (nos fins de semana e feriados é free em praticamente todas as cidades da Europa).
Berlim é a capital da Alemanha e já havia sido capital outras tantas vezes: capital do Reino da Prússia (1701 a 1918), do Império Alemão (1871 a 1918), da República de Weimar (1919 a 1933) e do Terceiro Reich (1933 a 1945). Após a Segunda Guerra Mundial, foi dividida pelo Muro, e Berlim Oriental passou a ser a capital da Alemanha Oriental, enquanto Bonn passou a ser a capital da Alemanha Ocidental. Apenas após a reunificação alemã, em 1990, a cidade recuperou o estatuto de capital da República Federal da Alemanha.
Curiosidade: todos os lugares alemães que terminam em in, itz ou ow tem raiz eslava.
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Memorial Soviético |
O primeiro registro histórico da cidade é datado de 1237, apesar desta área já estar habitada por tribos desde a Antiguidade. Lá pelo séc. XI, Alberto, guerreiro saxão da Casa dos Ascânios derrotou as tribos eslavas que aqui viviam e tornou-se o primeiro Marquês de Brandemburgo.
O Portão de Brandemburgo (Brandenburguer Tor) é uma antiga porta da cidade - a fortificação foi feita logo após o final da Guerra dos Trinta Anos (1658) - reconstruída no final do séc. XVIII, com um arco do triunfo neoclássico. O portão é a entrada monumental para Unter den Linden - a famosa avenida das tílias, que anteriormente levava diretamente ao Palácio da cidade, onde estavam os reis da Prússia, e que usavam o portão para ter acesso rápido ao Tiergarten, uma espécie de zoo com jardins, que ainda existe hoje. Construído no estilo neoclássico, possui 12 colunas dóricas com 5 vãos centrais por onde passam 5 entradas.
Sobre o arco está a Quadriga - estátua da deusa grega Irene, deusa da paz. Com 26 m de altura, 11 m de profundidade e 65 m de largura, esta estátua foi encomendada pelo rei Frederico Guilherme II, da Prússia, como um sinal de vitória e sua construção se deu entre os anos de 1788 e 1791.
Curiosidade: as tropas de Napoleão passaram pelo Portão em 27 de outubro de 1806!! Após a dominação francesa, Bonaparte mandou retirar a Quadriga e levá-la para Paris! Ela apenas retornou a Berlim em 1814, recebendo uma cruz de ferro e a águia prussiana como adendos. Novamente em 1950 a Quadriga foi retirada, desta vez a mando dos soviéticos, que tinham a intenção de desmanchá-la para construir um símbolo do comunismo. Houve bom senso e optou-se pela reforma do monumento, retirando-se a cruz e a águia (símbolos do militarismo alemão) e recolocando-a em seu posto, sobre o Portão, só que desta vez, em posição invertida: os cavalos que antes galopavam em direção a Berlim Ocidental foram postos de frente para o Pariser Platz (lado soviético). Apenas em 1991 a águia e a cruz prussianas foram incorporadas novamente ao Monumento.
O Portão foi duramente atingido durante a 2ª Guerra Mundial e totalmente restaurado entre 2000 e 2002. Durante a partição da Alemanha no pós-guerra, o Portão ficou isolado e inacessível, ao lado do Muro, e fazia a separação entre o lado britânico e o lado soviético.
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Parada sobre a linha onde havia o Muro |
Após o fim da guerra, no local conhecido como Postdam, as tropas francesas, britânicas, americanas e soviéticas dividiram a cidade em 4 setores e Berlim viu-se no centro da Guerra Fria.
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Parlamento alemão |
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Os símbolos da cidade estão espalhados por todos os lados e com diferentes motivos |
A arte de rua urbana hoje é patrimônio cultural da cidade e admirar os graffiti de Kreuzberg, de 1980, além de fragmentos do Muro em si, espalhados pela cidade, faz parte do roteiro turístico de Berlim. Fomos visitar um parte do Muro que ainda existe hoje e onde fica a East Side Gallery. Os painéis contam como se deu a história recente da cidade.
Gosto muito do conteúdo de vocês!
ResponderExcluirGostosamente vocês combinam natureza, igrejas, museus, curiosidades, gastronomia e pessoas.
De uma forma objetiva e elegante!
Parabéns!!