Viagem Família______________________________________

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segunda-feira, 3 de julho de 2017

Atravessando o Passo de San Francisco-Rumo a Argentina

 
Subindo os Andes do Chile para a Argentina- cidade de El Salvador
       Acordar hoje já começou a dar saudade. Sabemos que estamos voltando para casa mas o sentimento de que essa viagem está quase acabando dá aquela sensação de quero mais! Olhar por cima do ombro e dar a última espiada no Oceano Pacífico e na cidade de Chañaral, onde pernoitamos, e que vão ficando cada vez menores no espelho retrovisor produz dentro do carro um silêncio diferente das piadas e alegria tão habituais.
     De qualquer forma hoje teremos um longo trecho pela frente. Será um trecho praticamente só de subidas pois estamos ao nível do mar e alcançaremos o Paso de San Francisco a 4.726 msnm. Decidimos abastecer o Garça na cidade de El Salvador a aproximadamente 125 km pela Ruta 31 CH, de forma que teremos a segurança de encarar os restantes 370 km até a cidade de Fiambalá-Província de Catamarca-Argentina.
     A preocupação com o combustível nunca é exagerada pois devemos levar em conta que será a travessia de um dos pontos mais altos dos Andes sob condições extremas. Nos iniciais 125 km até El Salvador, uma subida suave com médias de 80 km/h. Daí em diante subidas íngremes com o oxigênio ficando cada vez mais escasso a partir dos 2.500 msnm, e sempre levando em conta que o Garça está carregado com bagagens, barraca de teto, 4 pessoas, mantimentos e tudo mais necessário numa expedição desse porte. Nessas condições não é de estranhar que a velocidade média fique ao redor dos 30 km/h, principalmente em altitudes acima dos 3.500 msnm. Não superaquecer o motor, poupando todo o conjunto é sinal de sabedoria. Não esquecer que boa parte do trecho será em piso de terra e rípio. O asfalto apenas nos kms iniciais e depois do Paso. Não é a toa que esse caminho é conhecido como Ruta del Desierto!!

Estacion de Servícios Copec- cidade de El Salvador-Chile

Aproveitando para brincar com os perros

A subida é brava e debaixo de um calor de quase 30°C

Uma paradinha para refrescar o motor e tirar umas belas fotos


Atacama-Ruta del Desierto-Chile/Argentina

Algumas paisagens são surreais
     Garça abastecido e logo estamos subindo pelo piso chamado rípio. O rípio é uma mistura de terra com muitas pedras que exige certo cuidado na condução por ser bastante escorregadio. Um acidente nessa hora causado por imprudência não é bem vindo em nenhuma circunstância, ainda mais nessa região inóspita e com parcos recursos de um eventual socorro.
     Rodamos mais uns 100 km até chegarmos na Aduana Chilena. Passaportes carimbados, carro liberado e seguimos em frente sempre subindo. Alcançamos o altiplano e aqui existem belas lagunas para se admirar. A mais importante e bonita da região é a famosa Laguna Verde que fica entre o posto da Aduana Chilena e o Paso San Francisco. O difícil é saber a quem pertence a Laguna. Já saímos do Chile e até a Aduana Argentina são mais 80 km. Sempre fica a dúvida a quem pertence essa faixa de terra "sem dono"!

Deserto do Atacama perto da Laguna Verde

Primeiras montanhas nevadas

Aduana Chilena-Paso de San Francisco


Chegamos a Laguna Verde
A Laguna e o Cerro Verde

Da esquerda para a direita: Nevados de Juncalito(5.103msnm) Cerro Pena Blanca(5.861msnm) e Cerro Laguna Verde

Viagem Familia na Laguna Verde, ao fundo Cerro Laguna Verde-5.872 msnm

Alguns poucos flamingos
      A Laguna Verde situada a 4.350 msnm e a 25 km do Paso de San Francisco. Possui águas extremamente salgadas e preenche um vale circular rodeado de diversos vulcões bem conhecidos. Entre eles posso citar o Nevado Ojos del Salado, o El Muerto, o Nevado Incahuasi, Volcán San Francisco, entre outros. Pouco se avista de fauna na região pois as condições climáticas são extremas com altitude, ventos, temperatura e tudo o mais que caracteriza o clima de altitude andino.
     Nossa recomendação nessa altitude é sempre ande lentamente e evite movimentos bruscos como levantar-se rapidamente. A falta de oxigênio acima dos 4.000 msnm vai cobrar seu preço se você não respeitar o que a natureza te impõem.

Paso de San Francisco- 4.726 msnm

Aqui faz bastante vento

O portal caiu com o vento -à esquerda
No nosso GPS o Paso de San Francisco marcou 4.766 msnm
      Eis que a nossa frente está o Paso de San Francisco. O portal sobre a rodovia está caído ao lado, efeito dos fortíssimos ventos de poucos dias atrás. De qualquer forma esfriou bastante e os fortes ventos e a chuva granizada que começou não deixam-nos muito a vontade. Só de olhar para as montanhas dá para ver que o clima está mudando e prevemos ter neve logo a frente!
     Previsão acertada! Neve!!! Muita neve!!  A chuva fina transformou-se numa nevasca e em poucos minutos a pista estava coberta de neve. Mais perigoso foi descobrir que a neve congelou o piso sobre o asfalto, fazendo com que a tração 4 x 4 e velocidade beeeemm reduzida para evitar deslizar na pista. Cada curva foi feita corrigindo a derrapagem como num rallye em câmera lenta. Velocidade? 25 km/h !! Melhor não facilitar já que estamos sem correntes para os pneus.

NEVE!!!

Mais neve!!

MUITA NEVE!!


Depois de muita neve um asfalto como um tapete
        Depois de uns 20 km a neve diminuiu mas a temperatura permanece -5,0 °C . Mais alguns quilômetros a frente está a aduana da Argentina. Tudo resolvido, vamos agora até a cidade de Fiambalá, 100 km Cordilheira abaixo onde pretendemos acampar em algum local bonito. Seguindo sempre ao lado do Rio Chaschuil paramos em alguns locais para buscar local de acampamento. Apesar de ter bons lugares, acabamos desistindo pois aqui todos os lugares estão cheios de enormes formigas. Como uma das nossas barracas ficará no chão optamos por evitar esse lugar e seguir até a cidade mesmo.
     Em Fiambalá achamos um belo camping, mas antes passar no ATM-Caixa Automático e retirar alguns pesos argentinos pois não temos nenhuma reserva para comprar nosso jantar que faremos mais tarde.
     Devidamente instalados jantar cozido e dormir tranquilamente debaixo das árvores ouvindo os pássaros é bom demais depois de tantas emoções na travessia do Paso. Até amanhã!
     
Acampamento em Fiambalá-Argentina

   

   

Um comentário:

  1. Gostei demais de ler a historia de vocês. A sensação é de estar viajando junto. Mas o que eu gostaria de saber é, como o corpo se adapta a essa altitude. Sente-se algum mal estar. Tenho 64 anos e pretendo ir agora em outubro 2019. Aliás pergunto também, é uma época propicia para fazer a travessia do Paso San Francisco? Vi também que o carro sofre com altitude.

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