Viagem Família______________________________________

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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Serra da Capivara - Piauí

Dias 04 e 05/janeiro/2016
Amanhecer no Sítio do Mocó, por voltas das 5h da madrugada!
A tão falada e famosa Serra da Capivara tem um acervo histórico, arqueológico e cultural inestimável e ainda pouco estudado e conhecido. Nessa nossa visita e esse Patrimônio da Humanidade aprendemos muito e vamos compartilhar um pouco com vocês. Faremos o relato desses dois próximos dias de Serra da Capivara juntos visto que foram de intensas caminhadas, escaladas, observação de paisagens e pinturas rupestres: centenas delas!!! Uma mais interessante e intrigante que a outra!
Companheiros de café da manhã: Galos da Campina e "Sofreu" (corrupião)!
"Cancão" ou gralha cancã
No primeiro dia, após o café da manhã fomos a pé até o vilarejo Sítio do Mocó (a 5 min da Pousada e Camping Pedra Furada) para comprarmos nosso almojantar e contatar o guia para nos acompanhar, visto que a Ceiça estava bastante atrapalhada e envolvida com as questões da pousada, falta de água (estiagem prolongada), hóspedes etc e tal. Chegando ao mercado do Ari, compramos umas linguiças de frango pensando no jantar, e já combinamos com o Jair para nos acompanhar hoje e amanhã. O preço padrão da diária para visitar a Serra da Capivara está em R$ 120,00, porém “choramos” um desconto e fechamos os dois dias por R$ 200,00. Depois de um pouco mais de 45 min, Jair nos encontrava na pousada para iniciarmos nosso passeio.
O Parque Nacional Serra da Capivara foi criado em 1979, com uma área de aproximadamente 129.140 ha.
Fomos até uma Guarita do Parque para fazer o Circuito do Desfiladeiro, distante uns 20 km pela BR 020, em direção a São João do Piauí, onde nos registramos e pagamos o meio ingresso (disponível para quem é: professor, estudante, idoso ou deficiente) de R$ 15,00 por pessoa - o valor é de R$ 30,00 por pessoa, por dia.
Mocó: da família Caviidae - Kerodon rupestris


Mocó com  manchas nas pedras provocada pelas suas fezes e urina
Já na saída do trajeto, nos deparamos com dezenas de mocós, um roedor de tamanho próximo ao de uma cutia, muito rápido e extremamente bem adaptado à região. Há tantos mocós por todos os lados que eles acabam se tornando um transtorno, pois suas fezes e urina são extremamente ácidas e se acumulam em todos os cantos... inclusive sobre os sítios arqueológicos e próximos das pinturas rupestres! Infelizmente ele não possui mais predadores naturais na região, o que o transforma num grave problema de desequilíbrio ecológico, verdadeiramente uma praga!!
Sítio do Pajau
Cenas com adoração e árvores, capivaras e outros animais
Por suas características naturais, na região podem ser vistos diversos espécimes de flora de caatinga, e mesmo com o período longo de estiagem, há bastante vegetação presente nas trilhas. Os locais de sítios são demarcados com placas e há locais próprios onde se pode estacionar o carro. As caminhadas para alcançar cada sítio arqueológico nesse primeiro trecho são curtas (10 min, aproximadamente) e leves e nesta localidade visitamos: o sítio do Paraguaio, o boqueirão do Paraguaio e o Inferno. Depois fomos até o Baixão da Vaca I, II, III, onde fizemos um circuito com dezenas de sítios, indo por baixo do desfiladeiro e, após subir a montanha, voltamos vendo outros tantos sítios importantes, como: Veadinhos Azuis, Eminhas Azuis, Mulundu e Fundo do Baixão da Vaca. Este circuito leva aproximadamente duas horas e nos o percorremos ao meio dia, debaixo de sol escaldante e uma temperatura beirando os 40°C!!! Foi punk! Mas valeu a pena, pois a paisagem é fantástica e os sítios arqueológicos são de uma riqueza ímpar!
Os nomes dados a estes sítios podem soar estranhos, mas eles foram nomeados por terem sido áreas pertencentes a pessoas antes de desapropriação ou então por suas características ou ainda por seus frequentadores mais assíduos, no caso : vacas, veados, Emas, etc...!
Observando o sítio Barro
Animais
Macacos
Inferno - nome dado pois o cânion amplifica o som de dentro do boqueirão
Observando a fenda superior do Inferno
Brincando de desenhar com o óxido de ferro de hematita
Toca do Paraguaio: primeiro sítio mostrado a Niède Guidon, em 1970. Em destaque uma das cenas ainda não identificadas: "duas figuras humanas dispostas dorso contra dorso"
Pinturas feitas em seixos
Dentro do boqueirão do paraguaio: gameleira de raízes profundas. A gameleira é do gênero Ficus, era utilizada para extração do látex e pode se desenvolver sobre outras árvores 
Toca do Baixão da Vaca
Figuras humanas com cores diferentes: tinta branca retirada da colinita e vermelha do óxido de ferro de hematita
Do alto da serra, partindo pra segunda parte do circuito do Baixão da Vaca
Toca do veadinho azul
Jair, Marcos e Mari chegando ao final da trilha superior
Peixes e lagarto
Grafismos e animais



Na volta fizemos uma breve parada pro lanche e pra descansar e seguimos até a entrada do Pajau (espécie de árvore comum na região), indo até a famosa Fábrica de Cerâmica da Serra da Capivara, onde há a produção artesanal de canecas, pratos, copos e outros utensílios e enfeites para a casa.
Esta fábrica foi idealizada pela antropóloga e pesquisadora Niède Guidon, que vendo o potencial da região incentivou a formação do empreendimento como forma de propiciar empregos com qualidade e também divulgação cultural do imenso patrimônio presente.
www.ceramicacapivara.com
 - Telefone (89)3582-1760
Junto com Antônio, gerente da fábrica de cerâmicas
A empresa emprega 50 funcionários
As peças compradas na loja fábrica têm 10% de desconto
Conversamos com o Antônio, gerente de produção da fábrica, que nos acompanhou e mostrou todo o processo de manufatura das peças, contando que o tempo necessário para confeccionar uma peça é de 6 dias, aproximadamente, desde o momento da modelagem da argila até o seu acabamento final. Enquanto acompanhávamos o processo de fabrico das peças a chuva começou muito intensa e forte, com vento. Fizemos algumas compras de cerâmicas e também de camisetas e, aí pelas 16h saímos debaixo de uma chuvarada até o Circuito do Baixão das Andorinhas, distante 50 km de onde estávamos, pois é no final da tarde que se melhor observa o bailado aéreo dos pássaros. 
Chuva no sertão do Piauí!
Lá no Baixão das Andorinhas se observa sua “dança” e mergulhos para as fendas do cânion de 90 m de altura, onde próximo das 18h, baixam no meio da mata e as pedras para dormir. Primeiramente fomos à Variante do Baixão, cânion com acesso pela mesma guarita da Serra Vermelha e ficamos quase uma hora observando as andorinhas e seu balé, tirando muitas fotos, pois o local é fantástico! Como as andorinhas não desceram até aquele horário entramos no parque e fomos até o ponto de observação das aves, onde também há um pequeno sítio arqueológico com mais pinturas rupestres. Cumpre informar que o Parque fecha à 18h, mas é possível se ultrapassar um pouco o horário para ver o espetáculo aéreo propiciado pelas aves.
Caminho que leva à Variante do Baixão
Baixão das Andorinhas


Retornamos à cidade de São Raimundo Nonato sem ver as andorinhas descerem... acho que elas estavam de greve!!! Na cidade efetuamos compras pro jantar e pro dia seguinte. Retornamos “pra casa”(camping) já noite (19h) e preparamos nosso jantar: linguiça frita com cebola e alho, macarrão instantâneo e salada, acompanhado de cerveja gelada e suco. Tudo uma delícia!
Amanhã tem mais!
Pousada e camping Pedra Furada
No dia seguinte, após o café da manhã, o Jair já estava nos esperando quando saímos para fazer as trilhas do Circuito do Sítio do Meio. A Guarita Boqueirão da Pedra Furada fica a pouco mais de 2000 m da pousada e de lá, já dentro do parque, seguimos de carro até o Sítio do Meio, onde fizemos um trekking de umas duas horas, passando por cima das montanhas e chegando à vista panorâmica da serra, com a Pedra Furada ao fundo. Vista deslumbrante!!
Estamos fazendo as trilhas o dia inteiro sem parar para o almoço. Como são muitas as atrações, não vale a pena perder tempo voltando para almoçar, então, o nosso esquema é tomar café da manhã reforçado, e depois somente o jantar ao anoitecer. Durante o resto do dia só água e isotônicos!

Trilha para Sítio do Meio

Caranguejo e forma humana barriguda

Subindo a serra

Ao fundo, Pedra Furada
Detalhe: Pedra Furada vista de cima da serra
Vista da planície do São Francisco
Descendo a trilha, fomos pela parte baixa do cânion, encontrando mais sítios arqueológicos e pinturas rupestres. Retornando para o carro, fomos até o Centro de Visitantes – onde há loja, lanchonete, banheiros e um pequeno museu – para visitarmos o Boqueirão da Pedra Furada, o mais importante e antigo sítio da região e onde está a pintura rupestre escolhida como marca do parque Serra da Capivara. No paredão de pouco mais de 100 m de altura há mais de 1000 desenhos em pouco mais de 50 m de extensão! É imperdível! As cenas são as mais variadas possíveis: há cenas de parto, guerra, sexo, danças, animais,...


Este roteiro também pode ser visitado à noite, pois há iluminação noturna, pagando-se uma taxa de R$ 50,00 (para até um grupo de 20 pessoas) extras e deve-se agendar antecipadamente.  

O beijo
Cena de parto
Imagem que representa o Parque Serra da Capivara, por pertencer ao complexo mais antigo pesquisado aqui
Painel com muitas imagens diferentes, inclusive diversidade de cores
Dentro do parque há 16 trilhas preparadas para pessoas deficientes físicas
Jair Miranda: (89) 98140-8157 ou (89) 9993-8682
acovesc_capivara@yahoo.com.br
Finalmente chegamos à famosa Pedra Furada, cartão de visitas o parque. Há muitos anos, o paredão possuía 3 furos, porém com a ação do vento e da água, dois furos já ruíram e este última, provavelmente terá o mesmo fim daqui a alguns anos pois as formações são compostas quase exclusivamente de arenito, material extremamente frágil e quebradiço.




Contornando a Pedra Furada, segue-se por uma trilha até o Caldeirão dos Macacos, onde havia um grande bando de macacos pregos, procurando alimentos e fazendo macacadas! Deixamos os bichinhos em paz, depois de fotografarmos e filmarmos eles e seguimos até Circuito do Caldeirão dos Rodrigues Importante ressaltar que os macacos são selvagens e recomendamos não alimentá-los nem levar comida a eles pois isso pode gerar conflitos no bando com possíveis ataques aos humanos presentes.Respeitar a natureza e os animais é uma boa medida!  Pelo adiantado da hora não pudemos fazer esta trilha por sobre a chapada, uma pena, ficará para uma próxima visita ao lugar! Apenas percorremos as trilhas inferiores de carro, observando caldeirões e boqueirões dos mais diversos nomes.
Boqueirão da pedra Furada
Danças à esquerda, cabeça de veado galheiro grande ao centro e figuras humanas diversas
Caldeirão dos macacos


Pra fechar o dia, retornamos ao Sítio do Mocó onde entramos pela Guarita para fazermos parte do Circuito do Baixão das Mulheres. Observamos mais alguns sítios e caldeirões, passamos pela Roça do Clóvis, Fundo da Roça do Domingos e Baixão das Mulheres, onde há umas piscinas naturais que antigamente eram utilizadas pelas mulheres da vila para lavar roupas.


Já eram quase 17 h e nos despedimos do Jair cansados, mas felizes! Fomos até o mercadinho do Ari e compramos um peito de frango. Hoje o cardápio será: filézinhos de frango, polenta com queijo e o resto de ontem! Salada de tomates e palmito, claro, acompanhados de uma cervejinha gelada!

Nosso acampamento no Camping Pedra Furada, da Ceiça
(conpatch@yahoo.com.br) e (89) 98111-5194
Amanhã levantamos acampamento, satisfeitos mas sabendo que ainda faltam muitas trilhas a serem percorridas e muitos desenhos para serem descobertos e que ficarão pra próxima visita à Serra da Capivara! E Viva o Piauí!!

Um comentário:

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