Viagem Família______________________________________

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

A beleza do Pará simbolizada na sua capital, Belém

Santuário de N. Sra de Nazaré

Chegar no estado do Pará, o último que faltava pra conhecermos na região Norte, através do delta do rio Amazonas, após 30 h de navegação, foi muito interessante. A vista que se tem da cidade, quando da aproximação do navio, é impressionante. Muitos prédios e uma área urbanizada ao longo da margem do rio que deixam claro que não é à toa que Belém, a capital, é a maior cidade do estado.

Vista panorâmica do navio da cidade de Belém

Havíamos entrado em contato com uma amiga paraense (e que atualmente mora em Barra Velha SC) havia alguns dias e ela nos arrumou abrigo na cidade enquanto estivéssemos ali, 2 ou 3 dias. Portanto, ao chegarmos em Belém, já anoitecendo, fomos direto para o apartamento do Olivar, cunhado da Nazaré, que se mostrou um excelente anfitrião e acabou se tornando um ótimo amigo.

Fazer novos amigos é sempre bom! Obrigada(o) pela hospitalidade e amizade, Olivar

Com ele conhecemos os principais pontos turísticos da cidade, além de desfrutarmos de algumas delícias da culinária local, muito rica e saborosa. Ele dedicou um dia todo para nos acompanhar num tour que começou no Ver-o-Rio, às margens da baía de Guajará.

       1 -Ver-o-Rio

Pavilhão de exposições no Ver-o-Rio

Localizado às margens da baía de Guajará, o Complexo Turístico do Ver-o-Rio ocupa uma área de 5000m² e foi reurbanizada há pouco tempo, de modo a proporcionar uma acesso melhor à praia. Historicamente as primeiras intervenções urbanísticas ocorreram no séc. XVIII, quando a expansão da cidade ordenou o Reduto de São José. Posteriormente, com o ciclo da borracha houve a expansão do projeto, já no séc. XX.   Ali acontecem feiras gastronômicas, shows musicais, há playground, área de passeio no deck para contemplação do rio e até um marégrafo (que mede a amplitude da maré). 

       2 -  Parque linear do Porto Futuro



Local novíssimo, cujas obras iniciaram em 2018 e foram concluídas em 2021, com a função de revitalização da área portuária de Belém, numa área de 20000m². 

       3 -Igreja do Carmo


A Ordem dos Carmelitas Descalços estabeleceu-se no Maranhão nos idos de 1626 com o objetivo de catequizar indígenas e filhos de soldados. O atual templo foi construído em 1690 e sua conclusão ocorreu em 1784, tendo sido restaurada em 2015. Projetada pelo arquiteto italiano Antônio Landi, possui duas naves - a principal e a transepto (cruzeiro). 


4     4 - Catedral Metropolitana


A Catedral Metropolitana de Belém - N. Sra. da Graça - de estilo neoclássico e barroco foi construída entre os anos 1748-1771, sendo a primeira igreja construída na região Norte do Brasil. Também aqui o arquiteto responsável foi Antônio Landi, que se inspirou em estilo bolonhês (sua origem) e acrescentou à fachada da igreja um frontão (com nicho para a imagem de N. Sra) e duas torres. As pinturas originais foram  recobertas em obras realizadas alguns anos mais tarde por ordem do novo bispo. 




A Catedral é parte importante da procissão do Círio de Nazaré, pois a maior procissão do mundo ocidental sai da catedral, após a missa, com a imagem de N. Sra. a frente e vai até o Santuário Basílica de N. Sra. de Nazaré, distante uns 4km, seguida por milhares de fieis.  

       5 - Casa das Onze Janelas e Forte do Castelo (Museu) 


Vista da Casa das Onze Janelas, na baía de Guajará

O Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, chamado outrora de Palacete das Onze Janelas é uma edificação do séc. XVIII na então Capitania de Grão-Pará e funcionava como casa de descanso de Domingos da Costa Bacelar - proprietário de engenho de açúcar. Posteriormente foi adquirido pelo governo da capitania e transformado num Hospital. Desde 2002 abriga o Museu de Arte Contemporânea e possui um espaço multicultural. Localizado dentro da cidade antiga, chamada de Feliz Lusitânia, é um dos cartões postais da capital por sua localização privilegiada, de frente para a baía do Guajará.  



O Forte Castelo Senhor Santo Cristo ou Forte do Presépio, hoje chamado de Forte do Castelo foi uma fortificação militar construída em 1616. Sua construção marcou a fundação do povoado colonial português Feliz Lusitânia (onde hoje é Belém). Inicialmente foi construída (fragilmente em madeira e palha) e parcialmente destruída durante a Revolta Tupinambá (1617-1621). Depois foi reconstruída em taipa de pilão e posteriormente recebeu uma estrutura mais fortificada. Após ter sido arsenal de guerra, hospital e círculo militar, hoje abriga um Museu do Encontro, que conta um pouco o início da colonização da região.   



       6 - Feira do Açaí

Pátio aberto onde ocorre a Feira do Açaí

A Feira do Açaí acontece nas madrugadas, num espaço ao ar livre anexo ao Mercado Ver-o-Peso. O fruto vem debulhado, in natura, proveniente das mais de 42 ilhas da região ribeirinha de Belém e compõe a base da alimentação de muitas pessoas, sendo mais consumido que o leite. Não tivemos a possibilidade de ver a feira, uma vez que os produtores chegam em suas embarcações pô-pô-pô às 4/5h da manhã e após a venda, retornam para sua localidade.   

 

Proximidades na Feira do Açaí

       7 - Praça do Relógio


O relógio localizado na Praça Siqueira Campos foi construído em 1930, pela empresa J.W. Benson, após a doação do governo da Inglaterra (que possui um igual). Medindo 12m de altura, consiste de 4 luminárias em um relógio central. Cada face do relógio possui uma imagem que faz menção a uma estação do ano. 

       8 -  Mercado de Ferro

O Mercado de Ferro e feira livre compõe o complexo arquitetônico e paisagístico Ver-o-Peso, tombado pelo IPHAN em 1977, e que possui uma área de 35000m². Seguindo a tendência estética francesa de art nouveau da Belle Époque, tem forma de dodecágono com estrutura metálica em zinco trazido pré-fabricado da Inglaterra e de Nova Iorque). 

Mercado do peixe, dentro do complexo Ver-o-Peso


Especiarias e outras coisinhas

Passear pelos seus corredores e pelos inúmeros prédios históricos que a compõe é um deleite. Acabamos nos rendendo e comprando algumas lembrancinhas.  


A castanha do Pará (agora chamada de castanha do Brasil) tem mercado garantido



9     9 - Mercado de Carne Francisco Bolonha


O Mercado da Carne foi construído em 1867 e pertence ao Complexo Ver-o-Peso, tombado pelo IPHAN em 1977. Em estilo art nouveau, foi remodelado em 1908 quando o telhado de vigas de madeira foi trocado por uma estrutura de ferro fundido, que veio da Escócia e que pode ser admirado até os dias de hoje.

1010 - Solar da Beira

Vista dos fundos do Solar da Beira

Especula-se que o Solar da Beira, neoclássico, foi construído após o Mercado de Ferro, ainda no séc. XIX. No séc. XX, abrigou a Recebedoria de Rendas e em 1985 foi restaurado, abrigando um restaurante e espaço cultural. Em 2020 foi reaberto, após novos restauros, nos quais foram encontrados fragmentos arqueológicos interessantes que podem ser vistos, pois estão em exposição no local. 


1111 -  Mercado Ver-o-Peso



Estrategicamente localizada na desembocadura do rio Amazonas, Belém era um entreposto comercial de todos os produtos extraídos da Amazônia com destino ao mercado local e internacional, além de ser um ponto de chegada de europeus. Em 1625 a região onde hoje está o Mercado Ver-o-Peso foi usado pelos portugueses como posto fiscal - Casa de Haver o Peso, controlando o peso e arrecadando impostos para a Capitania de Grão-Pará. A área original do igarapé do Piri foi aterrada e a Casa de Haver o peso foi demolida. Em 1855, com o Ciclo da Borracha novamente a região voltou a ter importância estratégica e novas edificações foram erguidas na área que foi aterrada, mudando a geografia local que passou a ter o desenho  atual, com todo o Complexo Ver-o-Peso integrado. 

Produzindo a farinha de mandioca braba

Castanha do Pará e de caju

Aqui o povo come açaí com farinha, peixe com farinha, melancia com farinha, manga com farinha e farinha com farinha...


1212 -  Estação das Docas


A Estação das Docas, inaugurada em 2000, era o local onde, em 1850, funcionava o Porto de Belém. A Estação é composta do restauro de 3 armazéns do então Porto: 120m de cais, um armazém de 2000m² de ferro inglês e máquina a vapor que fornecia energia aos equipamentos do local. Os guindastes foram fabricados nos EUA, no início do séc. XX. Atualmente o complexo é dividido em 3 Boulevard (exposição de arte, cinema; gastronomia; feiras e exposições), além de anfiteatro. 


Cervejaria local... infelizmente só abriria daqui a algumas horas

Hora de tomar uma cerveja gelada

1313 -  Mangal das Garças


Inaugurado em 2005, às margens do rio Guamá, o parque ecológico recuperou uma área de 40000m² no entorno do Arsenal da Marinha. Possui mais de 300 espécies de árvores, animais da região, além de possuir em seu interior um restaurante, um memorial amazônico de navegação, um borboletario (pode-se entrar e admirar os insetos em seu habitat), um mirante/observatório - Farol de Belém, um viveiro onde se pode entrar e ficar diretamente em contato com as aves, tudo interligado por trilhas. O passeio é bacana, mas acaba se tornando caro, pois todas as atrações têm ingresso.  

Trilhas em deck no meio do mangue

Tucanos e araras livres no parque, além das centenas de garças

Ibis escarlate (guará) e umas pombinhas


1414 -  Polo Joalheiro de São José Liberto

Jardim da Liberdade

Construído em 1749 pelos frades capuchos de Nossa Senhora da Piedade para o funcionamento de um Convento, mudou radicalmente de função ao longo do tempo. Funcionou como olaria, quartel, depósito de pólvora, hospital e, finalmente, cadeia/presídio (por mais de 100 anos). Foi restaurado em 2002 e transformou-se num local lindo, onde se pode comprar e ver como se fazem joias a partir de gemas locais. Além da Capela de São José, ainda abriga Jardim da Liberdade, o Memorial da Cela "Cinzeiro", Museu de Gemas do Estado do Pará, lojas onde se comercializam joias e o anfiteatro Coliseu das Artes, com capacidade para 600 pessoas.




Capela de São José




1515 -  Parque Linear do Portal da Amazônia

Por onde apenas passeamos de carro, observando as instalações e área verde.

1616 -  Theatro da Paz


Inicialmente chamado de Theatro Nossa Senhora da Paz, foi projetado pelo engenheiro pernambucano José Tibúrcio Pereira Magalhães, em estilo neoclássico, inaugurado em 1878, durante o período áureo do Ciclo da Borracha. Foi o primeiro teatro de ópera da Amazônia e um dos primeiros teatros líricos do Brasil. O nome definitivo adotado até os dias atuais faz homenagem ao fim da Guerra do Paraguai.



O teatro sofreu modificações em sua fachada, pois inicialmente possuía 7 colunas (o que fere o preceito neoclássico de números pares) passando a ter 6 colunas. No local onde antes havia um terraço, foi recuado o telhado e  apenas colocadas janelas e alguns bustos referentes às Dança, Música, Poesia e Tragédia. Domenico de Angelis (o mesmo que decorou o Teatro Amazonas, em Manaus) foi o responsável pela decoração do teto da sala de espetáculos, onde retrata os deuses gregos Diana e Apolo. 

Os mosaicos eram colados com uma mistura de gordura de peixe

Padrão da suástica invertida, dos fenícios, usando ipê (pau amarelo) e acapu (pau preto)

Lustre doado pelos ingleses, pintura de Domenico de Angelis (Apolo e Diana na floresta amazônica)

No hall de entrada observam-se lustre de cristal francês, piso formado com pedras portuguesas fazendo alusão à cultura marajoara, piso de madeira de acapu e pau-amarelo, estátuas de ferro inglesas, escadas de mármore de Carrara,... enfim, um luxo só!

 

Detalhes de degraus revestidos de ouro, para a nobreza (os mais pobres tinham que caminhar ao lado)

Escadaria de entrada

1717 -  Santuário de N. Sra. De Nazaré e Museu do Círio de Nazaré


A Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré começou a ser erguida em 1909 (e concluída apenas após o fim da 2ª Guerra Mundial) no local onde Plácido José de Souza encontrou a imagem de N. Sra. de Nazaré, às margens do igarapé Murutucu, muito anos antes e construiu uma pequena ermida no séc. XVIII. 


Em estilo neoclássico,  a Basílica é o ponto culminante do Círio de Nazaré, festejado no segundo domingo de outubro, no qual a réplica da imagem encontrada pelo ribeirinho sai da Catedral Metropolitana em procissão, na qual milhares de fieis, turistas e romeiros de todas as partes do Brasil e do mundo vêm e acompanham o rito de fé. 



O Círio de Nazaré ocorre anualmente desde 1793, como uma tradição portuguesa de devoção religiosa à N. Sra. de Nazaré (lá em Nazaré, Portugal, é festejado um mês antes, em 8 de setembro).

 

Representação da procissão do Círio de Nazaré, no Museu


Conta a história que Plácido, ao encontrar a imagem da santa, a levou para casa e lá fez um altar de adoração, porém a estátua desaparecia e voltava a ser encontrada às margens do igarapé, onde finalmente (após a terceira tentativa) ele fez um oratório no local onde hoje é a Basílica.

Praça com fonte em algum lugar do centro da cidade

Vielas da parte mais antiga da cidade

Casario próximo ao Ver-o-Peso

Praça da República

18 Durante nossa peregrinação na cidade passamos diversas vezes em frente da Praça Batista Campos, uma das mais bonitas da capital, com árvores seculares e muitas fontes, localizada muito próximo do Cemitério da Soledade, com seus mausoléus antigos muito bonitos. Acabamos não realizando a visita ao local, mas fica como dica: os lugares valem a visita. 

   Enfim, Belém, originalmente chamada de Mairi - Feliz Lusitânia - fundada em 1616, segunda maior cidade da região Norte, possui uma qualidade de vida muito boa e tem muito a oferecer. Cosmopolita, a "Francesinha do Norte" é um deleite tanto na culinária quanto na beleza de seus prédios históricos. E antes que a gente esqueça: o açaí daqui é o melhor!!! Simplesmente delicioso!! 

Deixamos a capital por alguns dias e seguimos para a Ilha do Marajó... mas esta já é outra história!



Um comentário:

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