Viagem Família______________________________________

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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Tacna - sul do Peru até Iquique - Chile - Pela Rodovia Panamericana

   
     A cidade de Tacna tem diversos atrativos e um dos mais importantes é o Museu Ferroviário Nacional de Tacna. Este museu está situado na antiga estação ferroviária Tacna-Arica, que foi construída no ano de 1867 após o término da Estrada de ferro Tacna-Arica.
     O detalhe curioso é que essa estrada de ferro inaugurada em 1856, e construída pela empresa inglesa The Arica & Tacna Railway Co. ainda funciona regularmente e é a única estrada de ferro internacional do Peru. Também é a ferrovia mais antiga peruana ainda em serviço ligando Tacna no Peru a Arica no Chile. Com dois horários diários de partida, às 6h na parte da manhã e às 16h 30min na parte da tarde ( horário do Peru), e saídas simultâneas das duas cidades a um custo de $ 15,00 soles ou P$ 3.600 pesos chilenos.
     O tempo de viagem é de, aproximadamente, 1 hora e 30 minutos num percurso de 62 km em vagão turístico com capacidade para 48 pessoas, acontecendo de segunda-feira a domingo.

Estação Ferrocaril Tacna/Arica

Pátio de manobras das locomotivas




Portal de saída dos trens para a cidade de Arica no Chile
     Não fizemos o passeio, pois iríamos de carro para Arica, então aproveitamos para conhecer bem o museu que conta com muitas peças ferroviária, oficinas mantidas intactas como no século XIX e curiosidades em geral relacionadas ao transporte ferroviário daquela época. O material está um pouco mal cuidado e espalhado em galpões sem organização adequada, mas vale a pena ser visitado como curiosidade histórica local. O valor do ingresso ao Museu é de $ 5,00 soles por pessoa.

Muitos veículos antigos utilizados nas linhas ferroviárias do Peru no século XIX


Carros antigos adaptados para circular nos trilhos


     Apesar da pequena distância que pretendemos percorrer hoje, cerca de 58 km até Arica onde pretendemos dormir hoje, é um programa a ser feito o dia inteiro. Primeiro que ficamos boa parte da manhã no Museu e vendo mais algumas atrações de Tacna. Depois já sabemos que fazer os trâmites aduaneiros na divisa com o Chile são um pouco demorados. Dessa forma, após nos divertirmos no Museu Ferroviário em pouco mais de uma hora alcançamos o Complexo Fronteiriço de Santa Rosa.


     Antes de chegar ao Chile, depois de muitos dias no Peru, encontramos um lugarejo a beira da estrada chamada Hospício. O lugar é uma estação ferroviária utilizada como ponto de carregamento de salitre, produto muito comum na região.  Não confundir com a cidade de Alto Hospício, já no Chile. Essa turma aqui é meio estranha em batizar lugares com esses nomes, rsrsrsrsr


     Pouco antes da fronteira e dos trâmites paramos no pátio desativado da antiga aduana para comermos os produtos alimentícios que tem ingresso proibido no Chile. Frutas, queijos, salames, entre outros alimentos não podem entrar no Chile e se forem descobertos na inspeção, serão descartados no lixo! Dessa forma um lanchinho antes de sair do Peru na única sombra que achamos nesse trecho da estrada, foi muito bom, ainda mais que tivemos a visita de um policial que veio ver o que estávamos fazendo e acabou tomando um suco e comendo queijos, azeitonas e salame conosco.
     O Complexo Fronteiriço Santa Rosa, no Peru, é um pouco complicado e confuso. Já conhecíamos ele quando passamos aqui em 2008, e desta forma, armados com muita paciência, passamos por todos os procedimentos de carimbar passaporte, dar baixa no documento de importação temporária do Garça e demais trâmites em aproximadamente 2 horas. A maior parte do tempo esperando em filas intermináveis!

Complexo Fronteiriço Santa Rosa-Tacna-Peru

Adeus Peru...  até breve!!
     ADEUS PERU!!!  Depois de 16 dias de aventuras em exatos 5160 km rodados nos despedimos novamente desse país tão cheio de contrastes e tão surpreendente! Foram 28 paradas pela polícia, mas apenas duas onde queriam alguma propina (que não pagamos). Muita comida típica saborosa e diferente. O povo peruano pela sua natural descendência indígena no primeiro contato não é muito efusivo. Mas basta você conhecê-lo um pouco melhor e com um sorriso no rosto as conversas acabam se estendendo por muitas horas. Já estamos com saudades!!!

Complexo Fronteiriço Chacalluta-Arica-Chile
     Mais alguns quilômetros e chegamos a aduana chilena. Procedimentos rápidos com passagem de parte da bagagem no Raio X, inspeção veicular completada, em menos de 1 hora estávamos liberados para ingressar no Chile. A primeira cidade onde pretendemos ficar é Arica. Já estamos no fim da tarde, pois "perdemos" 3 horas com o fuso horário diferenciado, porque o Chile tem fuso diferente do Peru e ainda por cima no Chile não há o nosso tão conhecido "horário de verão"!
     Dessa forma agora é achar um mercado e comprar comida, pois decidimos nessa região do Chile acampar, pois o custo de hospedagens aqui é bem mais elevado do que no Peru. 
    Compras feitas, camping achado e agora é preparar o jantar e dormir para amanhã conhecer a cidade de Arica.
Jantar em família com comidinha caseira fresca é muito bom!

Aproveitando para secar as toalhas durante a noite no ar seco do deserto
     BOM DIA, Arica!!!!!  Acordar com um lindo dia de sol, com uma bela piscina no camping e tempo a vontade é bom demais!! Então antes de qualquer coisa um belo banho na piscina com água deliciosa nessa manhã de verão. 
     O camping Josefina em Arica é administrado pela Paula que conhece o Brasil e nos recebeu muito bem. Tem infraestrutura boa com chalés, área de camping, fogão, energia elétrica, sombra e até duas piscinas bem convidativas que aproveitamos bem. Custo de P$ 18.000 para quatro pessoas (aproximadamente R$ 75,00). 
     Contas fechadas tudo embarcado no Garça e vamos conhecer Arica. 
   
Relax total nas deliciosas piscinas do Camping Josefina-Arica-Chile

     
      Arica não nos era totalmente desconhecida pois há 10 anos passamos rapidamente por aqui. Mas dessa vez fomos surpreendidos. A cidade cresceu bastante e está bem mais organizada e limpa, num claro contraste da década passada onde se via lixo às margens da rodovia e nas entradas da cidade. 
Arica é uma cidade portuária e foi historicamente ela tem registros de povoamento a mais de 11.000 anos! Inicialmente habitada pelos Camanchacos e pelos Chinchorro, que iniciaram o depois conhecido costume de mumificação dos seus mortos. Mais tarde entre os séculos IV e IX quem dominava a região eram os Tiwanaku que formaram ali uma aldeia que chamavam de Ariacca ou Ariaka, sob um sistema de administração feudal.  Somente entre os séculos XI e XV que os Quéchuas estavam no comando sob a administração do povo Inca. 
     Foi ocupada pelos espanhóis em 1536, mas somente foi fundada a cidade de San Marcos de Arica em 25 de abril de 1541. O grande salto no desenvolvimento de Arica aconteceu em 1545 quando o indígena Diego Huallpa descobre em Potosi as maiores e mais ricas minas de prata do Novo Mundo.
     Nessa época a região conhecida como Alto Peru, tornou-se a cidade mais populosa do continente motivada pela exportação através do seu porto de imensas quantidades de prata vindas da Bolívia. Claro que com a riqueza propiciada pelas montanhas de prata que circulavam na região, a cidade também se transformou em alvo preferido de piratas e corsários destacando-se entre eles os célebres Francis Drake, Simón de Cordes, Sharp, Clipperton e Thomas Cavendish. 
     Até então Arica pertencia ao Peru fazendo parte da Província de Arequipa, mas no ano de 1879 o Chile declarou guerra ao Peru e a Bolívia culminando com a célebre Batalha Naval de Arica e consequente tomada do Morro de Arica. Em 1880 foi assinado o Tratado de Ancón que dava uma administração temporária de 10 anos da cidade pelo Chile. Depois desse período um plebiscito deveria ser realizado para definir a possessão, mas como ele nunca foi realizado, apenas no ano de 1929, com a assinatura do Tratado de Lima quando foi definitivamente escolhida a administração da cidade pela República do Chile.






     Arica hoje tem uma população de 190.000 habitantes e tem como característica o clima extremamente seco com precipitação média anual de apenas 0,4 mm. Com isso ostenta o recorde mundial de cidade mais seca do mundo! Também é conhecida por aqui terem sido descobertas as mais antigas múmias do mundo, superando as famosas múmias egípcias em mais de 3.000 anos de antiguidade.
     Arica possui cassinos, praias, monumentos e faz parte da Zona Franca do Chile o que movimenta muito o comércio da região. 
     Nosso destino hoje é Iquique, mais 310 km ao sul. Mas é claro que antes de chegarmos lá não poderíamos deixar de conhecer e visitar a famosa Humberstone. O trajeto percorrido pela Panamericana nesse ponto foi bem cansativo, pois ficamos parados na estrada por mais de 2 horas debaixo de um sol escaldante e no meio de um vale chamado de Pampa dos Camarones. Obras na pista para deixar o asfalto impecável. Muita paciência, pois é para melhorar a estrada para todos.

Obras na pista- 2 horas esperando debaixo de 40°C
     Chegamos a Humberstone exatamente 18h 50 min, ou seja, exatos 10 minutos antes de fechar. 
HUMBERSTONE é uma cidade fantasma! Ela recebeu esse nome homenageando o inglês, nascido em Dover, James Thomas Humberstone que com 25 anos de idade veio a ser contratado pela Companhia Salitreira de Tarapacá. Executou com maestria os trabalhos de engenheiro e químico desenvolvendo técnicas revolucionária na extração e processamento do carbonato de sódio, nitrato de sódio e nitrato de potássio que combinados são o famoso SALITRE tão abundante e famoso na região. Esses componentes eram largamente utilizados na fabricação de fertilizantes e também de pólvora, visto que o auge da região foi durante a Primeira Guerra Mundial. Entre 1880 e 1920 o salitre produzido no Chile respondeu a 60 % de toda a receita fiscal do país sendo que era responsável por 80 % de toda a produção exportável chilena.


Peças de uso diário na cidade e casas

Cozinha de casa de trabalhadores casados

Voltando para estudar na escola de Humberstone

Vista de uma rua em Humberstone com o Teatro, todo construído em madeira

Interior do teatro

Piscina toda revestida de ferro
     A cidade de Humberstone, fundada em 1872 chegou a ter mais de 3.500 moradores/trabalhadores com famílias entre ingleses e chilenos. É visível na agora cidade fantasma a qualidade de vida diferenciada que os ingleses, até então donos do lugar tinham em relação aos trabalhadores chilenos. De qualquer forma, os hábitos e costumes ingleses eram largamente praticados e no local pudemos conhecer até uma imensa piscina olímpica totalmente revestida de placas de ferro! Também havia lá quadras de tênis, teatro, escola, hospital, mercado, igreja, hotel, praça  e tudo mais que fosse necessário ao bom funcionamento de uma cidade na qual se transformou a então mina de La Palma. 
     Muitas coisas inusitadas existem em Humberstone. Uma que chamou a nossa atenção foi o fato de que os trabalhadores casados moravam de um lado da cidade e os solteiros em outro lado. Os casados tinham moradias mais amplas com jardim e até quintal para pequenos animais, enquanto os solteiros viviam em pequenos quartos contínuos, como se fosse em um hotel.

Habitações utilizadas pelos trabalhadores solteiros

Prefeitura

Moradia dos administradores ingleses

Quadra de tênis

Apreciando a cidade de Humberstone

Interior de uma casa típica de família de trabalhadores de Humberstone

     Com o decorrer da Primeira Grande Guerra os britânicos embargaram a exportação do salitre para a Alemanha o que acabou sendo o início do declínio do produto, pois os alemães inventaram outros produtos para substituir o tão precioso salitre usado na fabricação da pólvora. Com isso a região rapidamente caiu no esquecimento e foi se esvaziando até que em 1960 foi fechada. Foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO em 2005 e desde então atrai diariamente dezenas de visitantes interessados no modo de vida dos antigos mineiros e de seus patrões ingleses.
     
     Como chegamos quase na hora de fechar o responsável abriu uma exceção e permitiu-nos ficarmos por mais uma hora, que claro virou quase duas horas! Saímos de lá já  ao anoitecer o que acabou nos proporcionando um lindo espetáculo do pôr-do-sol no nosso caminho até Iquique a pouco mais de 50 km de distância. Um dia bastante comprido e muito bonito! Valeu a pena!! Realmente Humberstone vale uma visita para se conhecer um pouco da história contemporânea do Chile.

Pôr-do-sol em Humberstone

Chegando ao anoitecer em Iquique

segunda-feira, 5 de junho de 2017

De Nazca até Tacna - Quase Divisa com o Chile

   
Chegar em Nazca é sempre emocionante! Já estivemos aqui em 2008 e a cidade cresceu bastante.Não é difícil você literalmente esbarrar em algum estrangeiro em Nazca pois a cidade tornou-se um dos destinos mais procurados por viajantes de todo o mundo. Ao contrário da maior parte do percurso da Rodovia Pan-Americana, no trecho de Paracas até Nazca e mais um pouco adiante, essa importante via de ligação afasta-se do Oceano Pacífico e por quase 230 km, permanecendo paralela a ele.
     Tanto Nazca e Paracas pertencem a mesma Província/Região de Ica. Nazca atualmente possui uma população de aproximadamente 30.000 pessoas e localiza-se a uma altitude média de 520 msnm e a 450 km ao sul da capital Lima.
     A economia de Nazca desde os mais remotos tempos baseou-se na agricultura e mais tarde também na mineração. Ao contrário de muitas cidades, Nazca não tem uma data definida para a sua fundação pelos espanhois. Uns dizem que foi no ano de 1548 por Don Alonzo de Mendoza, enquanto que outros defende a fundação em 1591 por Garcia Hurtado de Mendoza o Marquês de Cañete. O fato é que muito antes disso entre os Séculos II e Século VI DC a cultura Nazca já percorria aquela região desértica imprimindo suas marcas e costumes ao longo dos anos. Marcas e costumes esses que hoje atraem tantos visitantes à região. 


Rodovia Panamericana Sur do alto do Mirante Maria Reiche

O Polvo- El Pulpo


     Afinal quem é que nunca ouviu falar das famosas Linhas de Nazca? Um dos costumes também perpetuado ao longo dos séculos é o pisco, famosa bebida andina conhecida e apreciada mundialmente, sendo a sua originalidade disputada por muitas regiões andinas distintas. Outro costume cultural mundialmente conhecido são as famosas peças de cerâmica, sendo caracterizadas por peças pintadas por toda a sua superfície antes do cozimento oferecendo mais de 190 matizes de cores diferentes. Outra característica da cerâmica Nazca é a peculiaridade dos jarros e vasos que sempre possuem "dos picos" - dois chifres para cima. 
     A cultura do povo Nazca é e sempre foi muito rica, perpetuando-se até os dias de hoje na forma de peças têxteis, alimentação, arte, música entre outras. Claro que o que faz Nazca ser mundialmente famosa são as já conhecidas Linhas de Nazca. 
     As Linhas de Nazca são geoglifos desenhados misteriosamente na superfície desértica dos Pampas de Jumana entre as cidades de Palpa e Nazca. Situadas atualmente entre os km 419 e 465 da Rodovia Panamericana Sur ocupam uma área estimada de 350 km quadrados num total de aproximadamente 10.000 linhas. Representam figuras antropomorfas, zoomorfas e amorfas que associadas a linhas retas apresentam formas geométricas ou de animais e plantas. Destaques para as figuras do Condor (135m de envergadura) do Colibri e do Macaco (90 metros de envergadura) do Lagarto e do Pelicano (180 metros de envergadura) entre outras dezenas de figuras. 
     Foram descobertas por acaso em 1926 por Toríbio Mejía Xessepe, um jovem arqueólogo peruano, discípulo de Júlio Cesar Tello, antropólogo peruano considerado o pai da arqueologia peruana por ter sido o descobridor das culturas Chavin e Paracas. Também criou o Museu de Arquelogia e Antropologia e História do Peru. Somente em 1941 foi que a alemã Maria Reiche ( *1903- +1998) a serviço do antropólogo norte-americano Paul Kosok, como tradutora, foi introduzida às Linhas de Nazca, sobrevoando-as para sua melhor visualização. Maria Reiche dedicou a partir disso 50 anos de sua vida estudando e catalogando tudo que encontrava nas suas andanças pelo deserto de Nazca.
     Parte desse inestimável material desenhado catalogado e fotografado pessoalmente por Maria Reiche ainda hoje pode ser visto e conhecido no Museu Maria Reiche situado a poucos quilômetros das linhas e também em diversos museus e estabelecimentos culturais pelo mundo.
   
Com os proprietários do Hostal o Mário e a Marucha.($80,00 soles)
     
     Hoje Nazca possui uma bom infraestrutura hoteleira e gastronômica pois recebe milhares de visitantes anualmente rivalizando com Macchu Pichu como atração mais conhecida do Peru.
Acabamos já fazendo parte dos hábitos e costumes dessa gente tão simpática e aqui em Nazca existe o costume popular de se tomar o desajuno/café da manhã, na rua, em mesas coletivas ao longo das calçadas onde se come pão com palta (abacate) sopa de frango (caldo de gallina), peixe frito, arebosado (ensopados diversos) entre outras delícias. Diferente mesmo já que quando pedimos pan com mantequilla e café con leche todos nos olharam de forma estranha!!! rsrsrsrsrs

Tomando desajuno/café da manhã como os nazqueños.

Menu do café da manhã
      O Museu Maria Reiche está meio decadente e com seu patrimônio cultural bem abandonado. Custa $ 5,00 soles por pessoa e as pessoas que cuidam do espaço possuem pouca informação. Busque se aprofundar no assunto em outras fontes antes de visitá-lo. Também recomendamos ir a um morro perto do mirante das Linhas de Nazca para poder visualizar as linhas com um ponto de visualização diferente. Para subir na torre do mirante paga-se uma taxa de $ 3,00 a $ 5,00 soles dependendo da categoria. Outra opção é o sobrevoo das linhas com pequenos aviões ao custo de $ 70,00 soles mais uma pequena taxa de embarque paga em dólares.


Material de medição para comprovar o tamanho das figuras na planície de Nazca

Kombi utilizada por Maria Reiche nas suas pesquisas

Tumulo onde está enterrada Maria Reiche

Casa onde Maria Reiche morava e foi transformada num museu.
      Já eram perto das 15 h e decidimos seguir até Camana mais 390 km ao sul agora sempre margeando a sinuosa Panamericana. Por falar em Rodovia Panamericana, ela está em excelente estado de conservação com asfalto liso sem buracos. Enfim uma bela estrada que exige atenção pela sua infinidade de curvas que serpenteiam ao longo da costa do Pacífico mas dá vontade de parar a cada curva para bater fotos e mais fotos.
     Uma paradinha para lanche acaba se tornando um menu degustação e saborear um suculento chicharón de pescado numa pequena vila a beira da estrada. Tudo bem fresquinho e muito saboroso. Vale a pena!!  Seguindo pela Panamericana Sur existem muitos túneis que exigem certo cuidado por serem estreitos e pode-se cruzar com caminhões.

Degustando chicharrones de pescado

Menu do restaurante onde almoçamos
      A proximidade com o Oceano também oferece bastante vento e as imensas dunas de areia são ao mesmo lindas de observar mas também dignas de atenção, já que o vento forte leva areia para a pista de rolamento tornando menos visível  e escorregadia. Trafegue sempre com os vidros do lado do mar fechados para evitar banhos de areia! A umidade proveniente do mar também apresenta formação de névoa que em partes do dia chega a cobrir a estrada fazendo com que o cuidado ao dirigir seja redobrado!
     Nessa região encontramos diversas usinas de captação de energia solar que transformada em energia elétrica abastece as cidades litorâneas peruanas.

Muita areia na pista da Panamericana

Imensas dunas margeando a Rodovia Panamericana Sur



Dezenas de túneis nesse trecho da Panamericana
     Outra coisa que nos chamou a atenção foi a quantidade expressiva de locais onde estão acontecendo o plantio de árvores e o trabalho em transformar o deserto árido do Atacama em áreas verdes e até produtivas. Além da utilização de espaços para energia alternativa existe a ação concreta em fazer nascer árvores onde antes só havia areia e pedras, programas que estão definitivamente dando certo pela grande quantidade de áreas verdes que presenciamos ao longo da rodovia.  

Muitas áreas onde só havia deserto agora tem verde.


Árvores em pleno Deserto do Atacama
Mais alguns túneis

Paradinha estratégica para um lanchinho
     Ainda alguns quilômetros para chegar a Camana onde pretendemos dormir, mas claro que algumas paradas para um suco e apreciar a paisagem desértica é indispensável.
     Chegamos a Camana já quase ao anoitecer e paramos apenas para dormir, pois não é uma cidade com grandes atrativos e por recomendação da proprietária do Grand Hostal Premier ( $ 110,00 soles) onde nos hospedamos melhor sempre deixar o carro num estacionamento por ser praia e durante a temporada estava cheia e muito agitada.
     Acordar cedo e achar uma loja de auto-elétrico foi necessário pois ontem a noite descobri que havia queimado uma lâmpada do farol esquerdo. Apesar de ser um domingo, muitas lojas abertas e em poucos minutos comprei a tal lâmpada e troquei-a ali mesmo na rua. Agora queremos chegar até Tacna perto da divisa com o Chile.
     De Camana a Tacna são aproximadamente 6 horas de viagem e 420 km de distância. Nada de novidade no percurso mas foi bom chegar cedo pois assim pudemos passear bastante pela cidade que tem um forte apelo comercial já que é a última cidade peruana antes da fronteira. No centro da cidade dezenas de lojinhas dutty-free onde pode-se comprar de tudo, muito parecido com as cidades de fronteira do Paraguai e Brasil. O diferencial é que em Tacna também tem uma zona franca grande para comércios e indústrias atacadistas. Não é direcionado ao pequeno consumidor, descobrimos isto quando fomos visitá-la. Se você quer fazer compras mesmo, deixe para realizá-las na cidade de Iquique já no Chile mais 370 km ao sul.

Chegando em Tacna
      Tacna localizado no extremo sul do Peru a apena 50 km da fronteira, possui aproximadamente 280 mil habitantes e foi fundada em 25 de junho de 1875. Registros pré-históricos informam que a região era habitada por caçadores coletores ainda no início do período Holoceno, 9000 AC. A região de Tacna foi palco de diversas guerras importantes para o Peru pela sua localização geográfica estratégica perto da divisa. Podemos citar entre elas a Guerra com a Bolívia, Guerra da Independência e a Guerra do Pacífico, esta última com as famosas Batalhas de Tacna, Batalha de Arica, Batalha de Tarapacá e o Combate Naval de Iquique. 
     Tacna possui sua economia principal baseada no setor de serviços que correspondem a 35% do total. Também são praticadas a agropecuária, mineração e a pesca, todas em menor escala comercial. O turismo histórico da cidade é o mais conhecido com destaques para o Museu Ferroviário, a Igreja Catedral e o Arco Parabólico entre outros. Diferente de muitas outras cidades peruanas, com influências quéchuas,  Tacna tem sua cultura fortemente ligada aos aimarás caracterizado pelo uso de instrumentos musicais ancestrais como a zampoña (famosa flauta com múltiplos tubos) e a tarka (flauta reta vertical).
     Bem no centro da cidade uma imensa praça de algumas quadras de comprimento é o centro principal de reunião de moradores e turistas bem como ali se localizam lojas comerciais dutty-free, artesanatos e estátuas e monumentos históricos contemporâneos importantes ao país. Também conhecida com Paseo Cívico de Tacna esta praça reúne a Igreja Catedral, a Fonte Eiffel entre outras atrações.


Caminhando pela Praça Central de Tacna

La Iglesia Catedral

Arco Parabólico de Tacna

Desajuno no Estación Suite
     Acabamos escolhendo ficar hospedados no Estación Suite a poucas quadras do Museu Ferroviário e da Praça Central. Um local muito agradável com amplos quartos e atendimento nota 10. (www.laestacionsuite.com) , custo de $ 160,00 soles para 4 pessoas.  Amanhã iremos conhecer melhor essa cidade, e também serão nossas últimas horas no Peru depois de 5000 km rodados dentro do país.