Viagem Família______________________________________

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Chapada Diamantina - BA - 2005

Chapada Diamantina - BA - setembro de 2005
Ubatuba - litoral norte de SP


Aproveitando o feriado de Sete de Setembro, combinamos de nos encontrar com o primo Davi e sua família, moradores de Cruz das Almas (na Bahia), para que juntos fôssemos até a Chapada Diamantina. Essa aventura se iniciou com a descida até Peruíbe (SP), pois resolvemos fazer um roteiro de ida à Chapada pelo litoral, aproveitando a linda estrada Rio-Santos, com sua parte histórica e paisagens exuberantes!
Nesse trajeto conhecemos Santos, Guarujá, Ubatuba e Caraguatatuba, ainda em São Paulo. Depois, já no Rio de Janeiro, passamos por Angra e Parati e chegamos à capital fluminense, que cruzamos rapidamente, pois nosso objetivo era alcançar a cidade de Macaé, na região dos Lagos. Macaé fica a, aproximadamente, 1200 km de Curitiba e é uma cidade que se desenvolveu bastante depois da implantação da Petrobrás e a exploração petrolífera na Bacia de Campos.

Vista da Usina de Angra dos Reis - RJ
Ficamos dois dias por lá, pois nossos compadres - Luis Cláudio e Karin - moram em Macaé. Aproveitamos para conhecer a Lagoa do Imboassica, bem próximo da casa deles. Fomos recepcionados com caipirinhas, cervas geladas e um ótimo churrasco pilotado pelo Luis.


Lagoa do Imboassica - Macaé - com os nossos compadres.


Lagoa do Iriry (Coca-Cola) - Rio das Ostras - RJ
No dia seguinte, dirigimo-nos a Rio das Ostras, cidade onde pegamos praia na Lagoa do Iriry (da Coca-Cola, como é conhecida popularmente), de águas mornas e escuras devido à alta concentração de enxofre e minério de ferro. É o local ideal pra banhos e diversão, pois as águas do mar por aqui são geladíssimas!
Aproveitamos para conhecer, também, o mirante, a praça e praia da Baleia, a praia das tartarugas e visitamos a feira de artesanato que é famosa na cidade.

Praia da Tartaruga - Rio das Ostras - RJ

Praça da Baleia - Rio das Ostras - RJ - baleia franca em tamanho natural

Saímos de Macaé em direção ao Espírito Santo, já no dia 05 de setembro, e fomos até Vitória, dando uma paradinha para almoçar na praia do Camburi. Daí, muita estrada, só parando quando o carro começou a falhar... ... motivo: falta de combustível!!! Rodamos 900 km sem abastecer e já estávamos na Bahia. Abastecemos e seguimos por mais, aproximadamente, 100km. Mas como estava anoitecendo, a estrada estava uma bo..., paramos na cidade mais próxima, que era Teixeira de Freitas. Naquela altura do campeonato, sem muita escolha, paramos na primeira placa indicativa de hotel: Hotel e Restaurante Malacarne! Uma grata surpresa, pois apesar de simples, estava muito limpo, com bons preços, ótimo atendimento e comida gostosa! O café da manhã foi farto e fez inveja a muitos hotéis de categoria superior onde já nos hospedamos.


Catedral de S. Sebastião - Ilhéus - BA

Ig. de São Jorge - Ilhéus - BA - O carro está limpíssimo, pois foi lavado, de surpresa, por um flanelinha "negão", muito gentil e atencioso, que deu informações turísticas sobre a cidade.  
Rodamos umas 5h, chegando a Ilhéus, onde almoçamos em frente à Catedral de São Sebastião, aproveitando para conhecer o Bar Vesúvio (famoso pela Gabriela, Cravo e Canela), Teatro Ilhéos, Casa de Jorge Amado, Palácio Paranaguá, Ig. de São Jorge (a mais antiga, de 1556). Também conhecemos o Convento e Igreja de N. Sra. da Piedade e Outeiro de São Sebastião.
Ilhéus é uma cidade muito rica em atrações, pois sua história e cultura é farta, além de possuir belas praias.


      Nosso objetivo para esse dia era chegarmos em Cruz das Almas, mais 350 km a oeste, para pernoitarmos na casa do primo Davi e CIA Ltda, que nos aguardava. Na metade do caminho, graças às "excelentes" condições da rodovia, caímos num buraco imenso, que cruzava a pista de lado a lado, causando o entortamento de uma roda e furo no pneu. Não coincidentemente, em frente havia uma das muitas borracharias, que prontamente, com uma marreta, "resolveu" o problema!


Coleção de abacaxis - Embrapa - Cruz das Almas - BA
 Quando chegamos na entrada da cidade, lembramos de que não havíamos pego o seu endereço e nem telefone do Davi, pois nossos contatos foram via e-mail!!!! Depois de ligarmos para Curitiba, pegarmos os dados necessários, achamos a casa dele, onde dormiríamos e fizemos os últimos acertos para seguirmos juntos até a Chapada Diamantina, no dia seguinte!
Pela manhã, antes de continuarmos a viagem, fizemos um rápido city tour por Cruz das Almas. Essa cidade é conhecida pelas Espadas de Fogo (durante as festas juninas) e também é famosa pelos charutos produzidos. Visitamos a Embrapa, local onde os primos Davi e Tatiana trabalham (são agrônomos e pesquisadores) e nos surpreendemos com a coleção de abacaxis que lá existe: são mais de 800 espécies, comestíveis ou decorativas, do mundo todo!!!


Desfile de 7 de Setembro - Castro Alves - BA
Como era dia 07 de setembro, passamos pela cidade Castro Alves (antiga Curralinho) e ficamos presos no meio do desfile étnico-cívico que estava ocorrendo, acabando por virar o centro das atenções, pois na cidade moram, em sua grande maioria, descendentes de escravos e nós, branquinhos de olhos azuis, nos destacamos!

Rua do centro de Lençóis - Chapada Diamantina - BA
Finalmente chegamos à Lençóis, porta de entrada da Chapada Diamantina, após percorrermos (no total) 3115km. Almoçamos deliciosas picanhas, carne de sol, saladas, farofa, feijão tropeiro,...,..., hum!!! Delícia!!!


Turma reunida - Pousada Campo de Batalha - Lençóis - BA
Hospedamo-nos da Pousada Campo de Batalha (atual Casa do Sítio - hospedagemdositio.blogspot.com), sendo atendidos pela Adriana Marques. A atual proprietária é Carolina Marques. À tarde, para nos refrescarmos do calor intenso do sertão baiano, tomamos banho no Rio Serrano, brincando de garimpar, como os escravos faziam antigamente.


Rio Serrano - Lençóis - BA - perto da Pousada
À noite, passeamos pela cidade, andando pelo casario antigo e jantamos deliciosas pizzas integrais e sucos, numa lanchonete natureba.
No dia seguinte, bem cedo, fomos conhecer a Gruta da Torrinha, distante uns 50km, com formações de eleotites, estalagtites e estalagmites raras. É uma das únicas, no mundo, onde há a flor de aragonita, formação cristalinacalcária. Cumpre citar que essa gruta é seca, já não possuindo mais água em seu interior.

Caminhamos, aproximadamente, 3km no interior da caverna, visitando salões, túneis e passagens estreitíssimas como a "da Francesa", observando suas formações, junto do guia Paulo.


Observando Cortinas, Estalagtites e Estalagmites - Gruta da Torrinha - Chapada Diamantina


Flor de Aragonita - raro eleotema
Dali, seguimos para a Gruta da Pratinha, onde aproveitamos para tomar banho nas suas águas azuis e transparentes. Com o mesmo ingresso, pode-se visitar também a Gruta Azul, que fica a poucos km de distância, com suas águas azuis cristalinas provenientes da alta concetração de óxido de magnésio.


Gruta Azul



Gruta da Pratinha
Já era quase 16h e precisávamos voltar em direção à Lençóis, para ter acesso ao Morro do Pai Inácio, a mais famosa atração turística da Chapada Diamantina, cujo ingresso é limitado, pelo horário, até às 17h.
Chegamos pontualmente 5 min antes, subindo o Morro com o último grupo, para curtirmos o pôr-do-sol famosíssimo!!! O visual ali em cima é maravilhoso e de onde se pode ver, além do Morro do Camelo, toda a Chapada, com 360° de vista.



     A história do Pai Inácio conta que, nos idos do séc. XVIII, o dono das terras da região comprou um escravo forte e bonito para ser o reprodutor de sua senzala e deu a ele uma região de garimpo para trabalhar. Um dia, ao visitar esse garimpo com sua esposa, ela se encantou pelo jovem e forte escravo, chamado Ignácio. A jovem senhora passou a se encontrar, às escondidas, com Ignácio. Um dia, ela mandou chamá-lo e como ele não compareceu, ela ameaçou contar tudo ao marido! Encontraram-se, mas esse encontro foi visto por outro escravo, que "caguetou" ao patrão o que viu. Assim, o senhor "chifrudo" mandou matar Ignácio e pediu a seus capangas que vigiassem sua mulher. Um belo dia, os amantes são flagrados juntos novamente... assim, ela é presa e açoitada na senzala e Ignácio foge para o mato, subindo o Morro para se esconder. Ao ser encurralado, ele se atira lá de cima, com a sobrinha de sua amada aberta, como se fosse uma pára-quedas. Caiu a poucos metros abaixo, num platô, se escondendo. Seus perseguidores, achando que ele havia morrido ao cair do despenhadeiro, abandonaram as buscas, declarando-o morto. Ele, no entanto, voltou à senzala, raptando sua amada e juntos, fugiram para viverem felizes para sempre!!!!!

Voltando para Lençóis, estava acontecendo o famoso Festival de Inverno, com shows abertos ao público, com a presença de Vanessa da Matta, Chico César, Patu Fu, entre outros. Passamos no mercado e compramos ingredientes para fazermos nosso lanche caseiro na Pousada.


Ruelas de Lençóis - Chapada Diamantina - BA
Depois de um belo dia, com muitas atrações, fomos dormir gostoso, ouvindo os shows ao fundo!
No dia seguinte, cedo, fomos em direção ao sul da Chapada, para conhecer o Poço Encantado, passando pelo Rio Coisa Boa/Piabas,  com suas águas escuras e avermelhadas. O Poço Encantado está situado no município de Itaetê, a uns 80km de Lençóis, e foi descoberto em 1940, por um caçador chamado Gustavo, que achou um pequeno buraco num barranco, achando que fosse uma toca de onça. Chamou um grupo de amigos e, ao abrir o buraco, deparou-se com uma imensa caverna, com um poço de águas límpidas, azuis, transparentes, o que deu origem ao nome do lugar.


Descida para o Poço Encantado - Itaetê - BA


Poço Encantado
Seguimos o caminho até Igatu (águas boas), e lá chegamos já no final da tarde, aí pelas 16h. Na época dos garimpos, Igatu tinha uma população superior a 5000 habitantes, porém, com o declínio do garimpo de diamantes, a  cidade foi abandonada e passou a ser conhecida como "cidade fantasma".  Na região, também é conhecida como "Machu Picchu brasileira", por suas construções todas em pedra. Lá visitamos um curioso Cemitério Bizantino e uma pequena igreja.


Estradinha de acesso a Igatu - BA


"Machu Picchu" brasileira
A partir daí, nos separamos da família dos primos Davi e Tatiana (Ester, Felipe e Thiaguinho) e seguimos para o Sul, já em direção de casa. Nessa noite, dormimos na cidade de Mucugê, já no sul da Chapada e nos hospedamos na Pousada Monte Azul. Lá mesmo, já jantamos comida típica (galinha caipira, com aipim e fritas) e, no café da manhã, apreciamos deliciosas tapiocas, cuscuz de tapioca, e outras delícias da culinária baiana da região.



Pousada Monte Azul - Mucugê - BA - ao fundo, Cemitério Bizantino



    A maior atração da cidade é o Cemitério Bizantino de Santa Izabel, que ficava ao lado da Pousada...  e que foi contruído no final do séc XIX. Passeando pela cidade, ouvimos música de Gilberto Silva sendo tocado na soleira da porta de uma casinha. Paramos para conversar com o proprietário, Sr. Adão, um senhor de uns 80 anos, e ouvimos deliciosas histórias antigas da cidade. Conhecemos a Matriz de Santa Izabel, de 1886, e o pequeno Museu da cidade.


Mucugê - BA
Dali, seguimos em direção ao Sul, pois precisávamos voltar para casa!

Vista da Chapada Sul - BA - Indo embora!!!
DICAS IMPORTANTES!!! PASSEIOS E CURIOSIDADES IMPERDÍVEIS!!!

1- As estradas da Bahia são muito ruins... portanto, não tenha pressa, percorra as distâncias durante o dia e vá com calma!
2 - Lençóis é uma cidade cheia de atrações: vale a pena ficar pelo menos um dia por lá, para conhecer a cidade e seus encantos! A noite a badalação é grande... os barzinhos e restaurantes possuem boa infra-estrutura!
3 - Atrações imperdíveis: Poço Encantado, Gruta da Torrinha, Gruta da Pratinha, Poço Azul, Lapa Doce (não visitada) e suas inúmeras cachoeiras: a da Fumaça, com 340 m de queda é a mais famosa! (não fomos visitá-la, por falta de tempo!)
4 - Procure guias credenciados nas agências e Associações e condutores de visitantes!
5 - Na região, dirija com cuidado, pois há inúmeros animais soltos pelas estradas. Quase atropelamos um jegue maluco e, infelizmente, atropelamos um furão, que atravessou a pista!
6 - A Chapada Diamantina possui muitas trilhas para treking... vá equipado com botas/calçados confortáveis, não esqueça da água, lanchinho, roupa de banho, chapeú, repelente e... agasalho! Apesar de ser Bahia, a região é alta e, à noite, esfria bastante!
7 - Aproveite para degustar a culinária local, que é muito saborosa! E também, se esbalde nas águas mornas dos rios e cachoeiras da região, que são muitas!
8 - As cidades de Mucugê, Igatu e arredores, são imperdíveis!
9 - Para conhecer bem a região, separe pelo menos 7 dias para explorar bem todas as inúmeras atrações!
10 - Essa região é exotérica: há mandalas, artesanato específico, cristais de todos os tipos e cores, e também respira-se um ar cheio de misticismo por onde se vai... aproveite para "fazer um descarrego"...rsrsrsrs
BOM PASSEIO!!! DIVIRTA-SE!!!